"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
3º Domingo da Páscoa - Ano A
Evangelho segundo S. Lucas 24,13-35.
Dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera.
Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer. Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos.
E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!»
Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.»
Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?»
E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica conosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles.
E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.
Comentário do dia: São João Paulo II (1920-2005), papa
Carta apostólica «Mane nobiscum Domine» §§24-28
Os dois discípulos de Emaús, depois de terem reconhecido o Senhor, «partiram imediatamente» (Lc 24,33) para comunicar o que tinham visto e ouvido. Quando se faz uma verdadeira experiência do Ressuscitado, alimentando-se do seu corpo e do seu sangue, não se pode reservar para si mesmo a alegria sentida. O encontro com Cristo, continuamente aprofundado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e evangelizar. Quis sublinhá-lo precisamente, referindo-me às palavras de Paulo: «Sempre que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha» (1Cor 11,26). O Apóstolo coloca em estreita inter-relação o banquete e o anúncio: entrar em comunhão com Cristo no memorial da Páscoa significa ao mesmo tempo experimentar o dever de fazer-se missionário do acontecimento que esse rito atualiza. A despedida no final de cada Missa constitui um mandato, que impele o cristão para o dever de propagação do Evangelho e de animação cristã da sociedade.
Para tal missão, a Eucaristia oferece, não apenas a força interior, mas também, em determinado sentido, o projeto. Na realidade, aquela é um modo de ser que passa de Jesus para o cristão e, através do seu testemunho, tende a irradiar-se na sociedade e na cultura. Para que isso aconteça, é necessário que cada fiel assimile, na meditação pessoal e comunitária, os valores que a Eucaristia exprime. […] Ou seja, ação de graças […]: [a eucaristia] induz-nos a um «obrigado» perene — nisto consiste a atitude eucarística — por tudo o que temos e somos […]; o caminho da solidariedade […]: o cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade, em todas as circunstâncias da vida […]; o serviço dos últimos […], um compromisso real na edificação duma sociedade mais equitativa e fraterna […]: inclinando-Se para lavar os pés dos seus discípulos (Jo 13,1), Jesus explica de forma inequívoca o sentido da Eucaristia.
Para tal missão, a Eucaristia oferece, não apenas a força interior, mas também, em determinado sentido, o projeto. Na realidade, aquela é um modo de ser que passa de Jesus para o cristão e, através do seu testemunho, tende a irradiar-se na sociedade e na cultura. Para que isso aconteça, é necessário que cada fiel assimile, na meditação pessoal e comunitária, os valores que a Eucaristia exprime. […] Ou seja, ação de graças […]: [a eucaristia] induz-nos a um «obrigado» perene — nisto consiste a atitude eucarística — por tudo o que temos e somos […]; o caminho da solidariedade […]: o cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade, em todas as circunstâncias da vida […]; o serviço dos últimos […], um compromisso real na edificação duma sociedade mais equitativa e fraterna […]: inclinando-Se para lavar os pés dos seus discípulos (Jo 13,1), Jesus explica de forma inequívoca o sentido da Eucaristia.
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