EVANGELHO COTIDIANO
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
5º Domingo da Quaresma
Evangelho segundo S. João 12,20-33.
Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos
dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este
pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus».
Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a
Jesus.
Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado.
Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra,
não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo
conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará
também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me
desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora.
Pai, glorifica o teu nome».
Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O
glorifiquei e tornarei a glorificá-LO».
A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros
afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou».
Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por
vossa causa.
Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que
vai ser expulso o príncipe deste mundo.
E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim».
Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.
Comentário do dia: Cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI, Papa de 2005 a 2013)
"Um só Senhor", 1965
«Se morrer dará muito fruto»
Ser cristão é, antes de mais e sempre, arrancar-se ao egoísmo que vive
exclusivamente para si, para se entrar numa grande orientação inabalável de
vida de uns para os outros. No fundo, todas as grandes imagens escriturais
traduzem esta realidade. A imagem da Páscoa..., a imagem do Êxodo..., que
começa com Abraão e que se torna numa lei fundamental, ao longo de toda a
história sagrada: tudo isso é a expressão desse mesmo movimento fundamental que
consiste em repudiar uma existência virada sobre si mesma.
O Senhor Jesus enunciou esta realidade da maneira mais profunda na
comparação do grão de trigo, que mostra simultaneamente que essa lei essencial
não só domina toda a História, como marca, desde o princípio, a criação inteira
de Deus: «Em verdade vos digo, se o grão de trigo não cair na terra e não
morrer, ficará só; mas se ele morrer, dará muitos frutos.»
Na Sua morte e Ressurreição, Cristo cumpriu a lei do grão de trigo. Na
Eucaristia, no pão de trigo, tornou-se verdadeiramente no fruto cêntuplo (Mt
13,8)de que vivemos ainda e sempre. Mas, no mistério da santa Eucaristia onde
continua a ser para sempre Aquele que é verdadeira e plenamente «para nós»,
convida-nos a entrar, dia após dia, nessa lei que mais não é do que a expressão
da essência do amor verdadeiro...: sair de si mesmo para servir os outros. O
movimento fundamental do Cristianismo é, em última análise, o simples movimento
do amor pelo qual nós participamos no próprio amor criador de Deus.
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