Abade (291-371)
Os pais (pagãos) haviam-no mandado completar os estudos em Alexandria do Egito, onde Hilarião se converteu ao cristianismo, entusiasmado pela vida que levavam os monges, particularmente os eremitas, nas proximidades da cidade.
Assim, depois da morte dos pais, voltou à pátria para distribuir aos pobres todos os bens herdados, depois retirou-se a Maiuna, nas margens do deserto, e levou vida de árdua penitência, sendo alvo do demônio, que se lhe apresentava sob falsas aparências para tentá-lo.
Como sucedia naquela época, ao redor de um eremita, conviviam outros monges para fazer vida comum. Nasceu, assim, o primeiro convento palestino.
A fama de sua santidade e os dotes de taumaturgo atraíram-lhe cada vez mais numerosos discípulos, e Hilarião, para subtrair-se à não obstante afetuosa presença de tantos devotos, recorreu a uma verdadeira fuga em direção à Líbia. Depois de percorrer distâncias, aportou na Sicília. Mas também, ali, sua presença não passou despercebida. Subiu então a península itálica e encontrou refúgio na Dalmácia. Daí retomou o caminho do sul e sua última etapa foi a ilha de Chipre, onde viveu os últimos cinco anos, visitado, de tempos em tempos, por seu fiel discípulo Eusíquio.
Depois da morte do mestre, Eusíquio subtraiu-lhe o corpo, levando-o a Gaza, suscitando protestos dos cipriotas, que o consideravam seu santo protetor. Os cruzados, séculos depois, encontraram em Gaza sempre viva a devoção a esse santo eremita, testemunhada por uma igreja a ele dedicada, junto da qual eles construíram sua fortaleza. Parece que as relíquias do santo não tiveram estável morada na pátria, em Gaza, pois que, segundo uma tradição, teriam sido novamente furtadas e levadas para Duraval, na França, no tempo de Carlos Magno.
Santo Hilarião de Gaza, rogai por nós!
Mártires (século IV)
Úrsula nasceu no ano 362, filha dos reis da Cornúbia, na Inglaterra. Era
uma linda menina, meiga, inteligente e caridosa. Cresceu muito ligada à
religião, seguindo os princípios da fé e amor em Cristo. A fama de sua
beleza espalhou-se, e logo os pedidos de casamento surgiram. Mas, por
motivos políticos, seu pai aceitou a proposta feita pelo duque Conanus,
pagão, oficial de um grande exército amigo.
Quando soube que o pretendente não era cristão, Úrsula primeiro recusou,
mas depois, devendo obediência a seu pai e rei, aceitou, com a condição
de esperar três anos, período que achou suficiente para o duque
converter-se ou desistir da aliança. Para isso, rezava muito junto com
suas damas da Corte.
Este parecia ser um matrimônio inevitável. Na época acertada, uma
expedição com dois navios partiu levando Úrsula e suas damas. Eram
jovens virgens como ela e se casariam, também, com guerreiros escolhidos
pelo duque Conanus. As lendas e tradições falam em 11 mil virgens, mas,
depois, outros escritos da época e pesquisas arqueológicas revelaram
que eram 11 meninas. O fato real e trágico foi que, navegando pelo rio
Reno, quando chegaram a Colônia, na Alemanha, a cidade estava sob o
domínio do exército de Átila, rei dos hunos, povo bárbaro e pagão.
Logo os soldados hunos mataram todos da comitiva e, das virgens, apenas
Úrsula escapou, pois Átila ficou maravilhado com a beleza e juventude da
nobre princesa. Ele tentou seduzi-la e propôs-lhe casamento. A custo da
própria vida, Úrsula recusou-o, dizendo que já era esposa do mais
poderoso de todos os reis da Terra, Jesus Cristo. Cego de ódio, ele
mesmo a degolou. Tudo aconteceu em 21 de outubro de 383.
Em Colônia, uma linda igreja guarda o túmulo de santa Úrsula e suas companheiras.
Na Idade Média a italiana Ângela de Mérici, leiga e terciária
franciscana, fundou uma Congregação de religiosas chamada Companhia de
Santa Úrsula, destinada à formação cristã das famílias através da
educação das meninas, futuras mães em potencial. Um avanço para as
mulheres, pois até então só os homens eram contemplados com a instrução.
A fundadora escolheu santa Úrsula como padroeira após uma visão que
teve. Atualmente, as irmãs ursulinas, como são chamadas as filhas de
santa Ângela, celebrada em 27 de janeiro, estão presentes nos cinco
continentes. Com isso, a festa de santa Úrsula, no dia 21 de outubro,
mantém-se sedimentada e muito robusta em todo o mundo católico.
Santa Úrsula e companheiras, rogai por nós!
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