São Clemente Maria Hofbauer
Batizado com o nome de João, ele nasceu num pequeno povoado da
Morávia, República Tcheca, em 26 de dezembro de 1751. De família muito
cristã e pobre, não pode se dedicar aos estudos até a adolescência. Seus
pais Paulo Hofbauer e Maria Steer tiveram doze filhos e ele tinha
apenas sete anos, quando ficou órfão de pai. Consta de suas anotações
que, nesse dia, sua mãe lhe mostrou um crucifixo e lhe disse: "A partir
de hoje, este é o teu Pai". João entendeu bem a orientação, decidindo, a
partir de então, que se tornaria padre e missionário.
Mas as condições em que vivia a família dificultaram a realização de seu
sonho. Aos quinze anos de idade, foi morar na cidade de Znaim, onde
aprendeu o ofício de padeiro. Três anos depois conseguiu o emprego que
mudou sua vida: padeiro do convento em Bruk, dos premonstratenses. A
vocação do jovem foi notada pelo abade, que o deixou estudar, inclusive
latim. Quando seu benfeitor morreu, João foi viver como eremita,
primeiro na Áustria e depois, com a permissão do bispo de Tívoli,
próximo à capela de Quintilio. Aí foi onde mudou o nome para o de
Clemente Maria, recebendo o hábito do bispo, que mais tarde se tornaria o
Papa Pio VII. Certa vez, em outra viagem a Roma, entrou por acaso numa
igreja de redentoristas. Foi o primeiro contato que teve com essa Ordem.
Depois de assistir à missa, pediu uma entrevista com o superior e,
impressionado com as Regras e a atuação da Congregação, pediu para
ingressar nela e foi admitido.
Um ano depois, tornou-se sacerdote redentorista. Seu sonho estava
realizado, mas seu trabalho, apenas começando. Fixou residência em
Varsóvia, onde fundou casas e recebeu dezenas de noviços. Reformou a
igreja de São Benon, que estava caindo aos pedaços e a pequena casa da
igreja tornou-se um grande e espaçoso convento. Durante vinte anos,
padre Clemente atuou nessa paróquia, convertendo pagãos e atraindo
multidões. Tanto que eram necessários vinte e cinco padres para atender
aos fiéis, celebrando diariamente duas missas em alemão e duas em
polonês. Com a expansão do trabalho, pôde fundar mais três conventos e
ativar as paróquias em volta da sua. Como capelão do convento e da
igreja das Ursulinas, teve uma influência extraordinária na cidade
inteira e até além da mesma. Fundou também um asilo para abrigar as
crianças vítimas das sucessivas guerras da região, uma escola para
crianças pobres e outra, de ensino superior, para meninos. Esta
atividade ele a continuou até 1808, quando Napoleão Bonaparte fechou a
igreja e dispersou a comunidade. Enfrentou com serenidade, com outros
redentoristas, a perseguição na Polônia, o fechamento da casa da Ordem e
até a prisão.
Clemente não desistiu. Foi realizar missões na Alemanha, Suíça e na
Áustria, onde fez o clero retomar os conceitos cristãos esquecidos.
Principalmente, aconselhou e encorajou alguns líderes do novo movimento
romântico e outros que trabalhavam para a renovação católica nos países
de idioma alemão. A intensa atividade dele chamou a atenção da polícia.
Mas, só a morte poderia impedir Clemente Maria de atuar, que se deu em
Viena, no dia 15 de março de 1820, cuja população consternada assumiu o
luto como o de um parente.
Foi beatificado em1888, e canonizado pelo Papa Pio X, em 1909. Cinco
anos depois o mesmo pontífice proclamou São Clemente Maria Hofbauer, o
padroeiro de Viena e, também, dos padeiros, numa singela lembrança da
profissão exercida na sua adolescência. É venerado como o principal
propagador da Congregação Redentorista, fora da Itália.
São Clemente Maria Hofbauer, rogai por nós!
Santa Luísa de Marillac
Luísa nasceu em 12 de agosto de 1591, filha natural de Luís de
Marillac, senhor de Ferrières, aparentado com a nobreza francesa, cujas
posses permitiram dar à filha uma infância tranqüila. A menina aos três
anos foi para o Convento Real de Poissy, em Paris onde recebeu uma
educação refinada, quer no plano espiritual, quer no humanístico.
Porém, seu pai morreu quando ela tinha treze anos, sem deixar herança e,
felizmente, nem dívidas. Nessas circunstâncias Luísa foi tirada do
Convento, pela tia Valença, pois os Marillac não se dispuseram custear
mais sua formação. Ela desejava dedicar sua vida à Deus, para cuidar
dos pobres e doentes, mas agora com a escassez financeira teria de
esperar para atingir esse objetivo.
Durante dois anos viveu numa casa simples de moças custeando-se com
trabalhos feitos em domicílio, especialmente bordados Ela tentou
ingressar no mosteiro das capuchinhas das Filhas da Paixão que acabavam
de chegar em Paris, mas foi rejeitada pela aparência de saúde débil,
imprópria para a vida de mosteiro. Depois disso viu-se constrangida a
aceitar um casamento que os tios lhe arranjara. Foi com Antonio de Gràs,
que trabalhava como secretário da rainha. Com ele teve um filho, Miguel
Antonio. Viveu feliz, pois o marido a respeitava e amava a família. E
se orgulhava da esposa que nas horas vagas cuidava dos deveres de
piedade, mortificando-se com jejuns freqüentes, visitando os pobres, os
hospitais e os asilos confortando a todos com seu socorro. Até que ele
próprio foi acometido por grave e longa enfermidade e ela passou a se
dedicar primeiro à ele sem abandonar os demais. Mas com isso novamente
os problemas financeiros voltaram.
Nesse período teve dois grandes conselheiros espirituais: Francisco de
Sales e Vicente de Paulo, ambos depois declarados Santos pela Igreja.
Foi graças à direção deles, que pôde superar e enfrentar os problemas
que agitavam o seu cotidiano e a sua alma. Somente sua fé a manteve
firme e graças à sua força, suplantou as adversidades, até o marido
falecer, em 1625 e Miguel Antonio foi para o seminário.
Só então Luísa pôde dedicar-se totalmente aos pobres, doentes e velhos.
Isso ocorreu porque Vicente de Paulo teve a iluminação de colocar-la à
frente das Confrarias da Caridade, as quais fundara para socorrer as
paróquias da França, e que vinham definhando. Vicente encarregou-a de
visita-las, reorganiza-las, enfim dinamiza-las, e ela o fez durante
anos.
Em 1634 Luísa, com ajuda e orientação de Vicente de Paulo, fundou a
Congregação das Damas da Caridade, inicialmente com três senhoras da
sociedade, mas esse núcleo se tornaria depois uma Congregação de Irmãs.
Isso o porque serviço que estas Damas prestavam aos pobres era limitado
pelos seus deveres familiares e sociais e pela falta de hábito aos
trabalhos humildes e fatigantes. Era necessário colocar junto delas,
pessoas generosas, livres e totalmente consagradas a Deus e aos pobres.
Mas na Igreja não existiam porque a vida de consagração para as mulheres
estava concebida apenas como vida de clausura. Então, Vicente e Luísa,
em 1642 ousaram e, criam as Irmãs dos Pobres, as Filhas da Caridade, a
quem foram confiados os doentes, os enjeitados, os velhos, os mendigos,
os soldados feridos e os condenados às prisões.
Nascia um novo tipo de Irmã, com uma missão inédita para aqueles tempos:
uma vida consagrada em dispersão pelos caminhos do sofrimento humano,
assim estava criada a Congregação das Irmãs Filhas da Caridade, em 1642.
Na qual Luísa fez os votos perpétuos, sendo consagrada pelo próprio
Vicente de Paulo. A obra, sob a direção dela foi notável. Quando Paris
foi assolada pela guerra e peste, em 1652, as Irmãs chegaram a atender
quatorze mil pessoas, de todas as categorias sociais, sendo inclusive as
primeiras Irmãs a serem requisitadas para o atendimento dos soldados
feridos, nos campos de batalhas.
Luísa morreu em 15 de março de 1660. Foi beatificada em 1920, e
canonizada pelo Papa Pio XI, em 1934. Suas relíquias repousam na Capela
da Visitação da Casa Matriz das Irmãs da Caridade, em Paris, França.
Santa Luísa de Marillac foi proclamada Padroeira das Obras Sociais e de
todos os assistentes sociais, pelo Papa João XXIII, em 1960.
Santa Luísa de Marillac, rogai por nós!
São Longuinho
Longuinho viveu no primeiro século, e dele muito se falou e
escreveu, sendo encontrado em todos os registros contemporâneos da
Paixão de Cristo. Existem citações sobre ele nos evangelhos, epistolas
dos Santos Padres, e martirológios tanto orientais como nos ocidentais.
Estes relatos levaram a uma combinação de diferentes situações, mas, em
todas foi identificado como um soldado centurião presente na cena da
Crucificação.
Os apóstolos escreveram que ele foi o primeiro a reconhecer Cristo como
"o filho de Deus" (27:54 Mateus; 15:39 Marcos; 23:47 Lucas). Em meio ao
coro dos insultos e escárnios, teria sido a única voz favorável a
afirmar Sua Divindade. Identificado pelo apóstolo João (19:34), como o
soldado que "perfurou Jesus com uma lança". Fato este que o definiu
como um soldado centurião e que lhe deu o nome Longuinho, derivado do
grego que significa "uma lança". Outros textos dizem que era o
centurião, comandante dos poucos soldados que guardava o sepulcro do
crucifixo, e que presenciava as crucificações, portanto presenciou a de
Jesus. Depois, da qual, se converteu.
Segundo a tradição,os crucificados tinham seus pés quebrados para
facilitar a retirada da cruz, mas, como Jesus já estava com os pés
soltos, um dos soldados perfurou o lado do seu corpo com uma lança. O
sangue que saiu deste ferimento de Jesus respingou em seus olhos. Caindo
em si, comovido e tocado pela graça, o soldado se converteu. Abandonou
para sempre o exército e sua moradia, se tornou um monge que percorreu a
Cesarea e a Capadócia, atual Turquia, levando a palavra de Cristo e
mais tarde, promovia prodígios pela graça do Espírito Santo.
Entretanto, o governador de Cesarea, que estava irritado com a conversão
de seu secretário, descobriu sua identidade de centurião e o denunciou a
Poncio Pilatos em Jerusalém. Este, acusou Longuinho de desertor ao
imperador e o condenou a morte, caso não oferecesse incenso no altar do
imperador, renegando a fé. Longuinho se manteve fiel a Cristo, por isto
foi torturado, tendo seus dentes arrancados, a língua cortada e,
depois, decapitado.
No Oriente são inúmeros os dias do calendário para as suas homenagens, o
mais freqüente ainda é em 16 de Outubro. Na Europa e nas Américas, a
comemoração ocorre no dia 15 de Março, como indica o Livro dos Santos do
Vaticano.
São Longuinho, à luz de muitas tradições, comumente é invocado pelos
devotos para encontrar objetos perdidos. Os artistas ao longo do tempo
foram atraídos pela singularidade de sua figura e o representaram em
suas obras na cena da crucificação, com lança ou sem lança, mas sempre
presente. Em Roma, na basílica de São Pedro, na base de um dos quatro
pilares que sustentam a imensa cúpula que cobre o espaço do altar do
trono do Sumo Pontífice, está a estátua do centurião São Longuinho, que
foi o primeiro a acreditar na divindade de Cristo.
São Longuinho, rogai por nós!