Santa Silvia

Sílvia era italiana, nascida em Roma em torno de 520,
numa família de origem siciliana de cristãos praticantes e caridosos. Os
dados sobre sua infância não são conhecidos. Porém a sua adolescência
coincidiu com um difícil e turbulento período histórico, o declínio do
Império Romanoe a tomada do mesmo pelos bárbaros góticos.
Ela entrou para a família dos Anici em 538, quando se casou com o
senador Jordão. Essa família romana era muito rica e influente, e muitos
nomes forneceu para a história do senado italiano. Sílvia foi residir
na casa do marido, um palácio que ficava nas colinas do monte Célio,
onde ele vivia com suas duas irmãs, Tarsila e Emiliana.
O casal logo teve dois filhos. O primeiro foi Gregório, nascido em 540, e
o segundo, que o próprio irmão citava com freqüência, nunca teve citado
o nome. As cunhadas Tarsila e Emiliana tornaram-se santas, incluídas no
calendário da Igreja, E seu primogênito foi o grande papa Gregório
Magno, santo, doutor da Igreja e a glória de Roma do século VI.
Sílvia soube conduzir essa família de verdadeiros cristãos e romanos
autênticos. Não permitiu que a o ambiente da Corte que freqüentavam
impedisse a santificação pela fé, mantendo sempre a pureza dos costumes
separada da notoriedade pública. As cunhadas são um exemplo da figura de
Sílvia, mãe providente e benfeitora, que soube conciliar as exigências
de uma família de político atuante, como era o marido Jordão, com o
desejo de perfeição espiritual representado pelas duas cunhadas.
Por falta de notícias precisas, a santidade de Sílvia aparece refletida
através daquela de seu filho. Sem dúvida, sobre são Gregório Magno o
exemplo e o ensinamento da mãe foi um peso que não se pode ignorar.
Embora ele tenha escrito muito pouco sobre a mãe e as tias, nas
pregações costumava citar-lhes o exemplo.
Dados encontrados sobre a vida de Silvia relatam que, quando o senador
Jordão morreu em 573, ela tratou de uma doença grave do filho Gregório,
que já adulto atuava no clero, levando pessoalmente as refeições até sua
pronta recuperação. Depois disso, entregou o palácio onde residia para
que o filho o transformasse num mosteiro.
Quando Gregório não precisou mais da sua ajuda e nem de sua orientação,
Sílvia retirou-se para a vida religiosa num dos mosteiros existentes
fora dos muros de Roma. No qual, com idade avançada, ela morreu
serenamente, num ano incerto, mas depois de 594.
O Martirológio Romano indica o dia 3 de novembro para o culto litúrgico
em lembrança da memória de santa Sílvia. Em 1604, suas relíquias foram
levadas para a igreja de santos André e Gregório, construída no antigo
mosteiro e palácio de monte Célio, onde o papa São Gregório Magno nasceu
e santa Sílvia viveu com as duas cunhadas santas.
São Humberto de Liège
Muito pouco se sabe sobre a vida de Humberto, que nasceu no ano 656.
Pertencia a uma família da nobreza, pois seu pai, Beltrão, era rei da
Aquilânia, hoje França. Desde a infância mostrou prazer pela caça,
crescendo forte e muito valente neste esporte. Conta a tradição que ele,
na juventude, salvou a vida do rei, seu pai, que fora atacado por uma
fera, numa de suas habituais caçadas.
Depois disso, foi enviado para estudar na Bélgica, mas seu pai, temendo
que a corrupção daquela Corte pudesse envolver o jovem príncipe
herdeiro, enviou-o aos cuidados do rei Pepino de Lotaríngia, Alemanha,
que o preparou na carreira militar. Carreira tão cheia de sucessos que
foi recompensado com um casamento. Para esposa, escolheu a filha do
conde Dagoberto de Louvânia. Da união nasceu um filho, Floriberto.
Segundo uma antiga tradição cristã, a conversão de Humberto ocorreu de
maneira surpreendente. Numa Sexta-feira da Paixão, dia de recolhimento
cristão, ele resolveu ir caçar. Durante a perseguição de um veado, este
parou diante do príncipe, que viu, entre os chifres do animal, um
crucifixo iluminado. No mesmo instante, ouviu uma voz dizendo: "Se não
voltares para Deus, cairás eternamente no inferno".
Foi procurar seu confessor, o bispo Lamberto, que dirigia a sede
episcopal de Liège, na Bélgica, e converteu-se sinceramente, tornando-se
católico fervoroso. Pouco tempo depois, sua mulher morreu e seu pai
agonizou em seus braços. A partir desses fatos, Humberto desistiu da
vida da Corte. Abriu mão do trono em favor do irmão, mas deixou-lhe a
tarefa de educar seu filho Floriberto, que mais tarde ordenou-se
sacerdote. Entregou ao menino parte da herança e o restante doou aos
pobres, indo dedicar-se à vida espiritual, recolhendo-se num mosteiro
beneditino, entregando-se ao estudo da religião e trabalhando como
horteleiro e pastor. Nessa ocasião, foi a pé, em peregrinação, para
Roma, visitar os túmulos de são Pedro e são Paulo.
Ao retornar, Humberto procurou o bispo Lamberto, que o ordenou sacerdote
e o enviou para evangelizar as populações que viviam nos bosques de
Ardene. Mas pouco depois, Lamberto, que havia transferido a sede
episcopal para Maastrich, Holanda, foi assassinado pelos inimigos do
cristianismo. Humberto, então, foi convocado pelo papa Sérgio I, que, em
Roma,o consagrou sucessor daquele bispo no ano 71.
Anos depois, por sua conduta de homem justo, reto na fé em Cristo, na
obediência ao papa, e austero na pertinência e caridade cristã, recebeu
do Espírito Santo o dom dos milagres e da sabedoria. O seu bispado foi
de transformação, pois fundou e reformou igrejas, mosteiros, e instituiu
vasta assistência aos pobres e doentes abandonados. Os pagãos que
habitavam os bosques foram batizados e a região tornou-se uma grande
comunidade cristã. A sua fama de santidade espalhou-se e, em 722, pôde
retornar a sede episcopal para Liège.
Ficaram célebres os milagres operados por Deus através de suas mãos,
como ele mesmo apregoava. Mas certo dia do ano 727, Humberto ouviu uma
voz que anunciava a aproximação de sua morte. Entregou todas as
atividades nas mãos dos seus sacerdotes e dedicou-se ao jejum, às
orações e à penitência, falecendo no mesmo ano.
Sepultado na Catedral de São Pedro, em Liège, teve sua festa indicada
para o dia 3 de novembro, data em que suas relíquias foram trasladadas
para o altar maior dessa catedral em 743. O seu culto, muito difundido
na Europa, espalhou-se para todo o mundo cristão ocidental, que venera
são Humberto de Liège como o padroeiro dos caçadores.
São Humberto de Liège, rogai por nós!
São Martinho de Porres
Este humilde “filho de pai desconhecido”, recusado pelo pai porque
de pele escura (sua mãe era uma negra do Panamá, de origem africana),
representa a desforra da santidade sobre os preconceitos humanos. Mesmo
sendo filho de um fidalgo espanhol, Martinho foi criado em pobreza
extrema pela mãe até os 8 anos, quando o pai, arrependido de o ter
abandonado, levou-o consigo, ainda que por pouco tempo, para viver no
Equador.
Abandonado de novo a si mesmo, recebeu todavia do pai uma magra pensão
para poder pagar a mensalidade da escola. Aos 15 anos foi aceito no
convento dominicano do Rosário, em Lima, mas apenas na qualidade de
oblato, isto é, como terciário, ou melhor, como doméstico, visto que só
teve a missão de manter limpo o convento. Martinho é de fato
representado com uma vassoura. Teve ainda o encargo de cortar os cabelos
dos frades e por este seu serviço prestado à comunidade Paulo VI o
proclamou, em 1966, padroeiro dos barbeiros e cabeleireiros.
Finalmente, seus superiores deram-se conta de que Martinho tinha outros
dotes e o admitiram ao noviciado e depois à profissão solene, como irmão
cooperador. Não mudaram, entretanto, suas funções, e Martinho continuou
a ser a gata-borralheira do convento, até que o eco de sua santidade se
difundiu por todo o país.
Entre os outros extraordinários carismas, como os êxtases e as
profecias, teve o dom da bilocação. Foi visto na China, no Japão, na
África, confortando missionários extenuados ou perseguidos, sem nunca,
entretanto, se ter afastado de Lima. Operou autênticos milagres durante a
epidemia de peste, curando todos os que acorriam a ele pedindo ajuda.
Curou os 60 confrades atingidos pelo morbo. Voltava sua atenção a todas
as criaturas, incluindo os animais.
Continuou, com inalterada simplicidade, a desempenhar os serviços
reservados aos irmãos leigos, mesmo quando a ele recorriam teólogos e
autoridades civis, para pedir conselho. Morreu em 3 de novembro de 1639.
Foi canonizado por João XXIII em 6 de maio de 1962.
São Martinho de Porres, rogai por nós!