Santa Isabel da Hungria
Vida breve, mas intensa. Filha de André, rei da Hungria, e de
Gertrudes, nobre dama de Merano, queimou etapas atingindo a santidade em
24 anos, no decurso dos quais experimentou alegrias e dores com o ânimo
de quem está sempre agradecida a Deus.
Noiva aos 4 anos, esposa aos 14, mãe aos 15 e viúva aos 20 anos — quando
o marido, Luís IV, duque da Turíngia, morreu em Otranto, à espera de
embarcar com Frederico II para a cruzada na Terra Santa. O seu
matrimônio fora combinado, como ocorria entre as casas reinantes da
Europa.
Foi entretanto um matrimônio feliz sob todos os aspectos, a ponto de
fazer exclamar a jovem esposa, com toda a sinceridade: “Se eu amo tanto
uma criatura mortal, quanto não deverei amar ao Senhor!”. Amou a Deus
com toda a alma, amou-o no próximo, destinando riquezas materiais e
espirituais ao alívio dos infelizes.
Teve três filhos, Hermano, Sofia e Gertrudes, em seis anos de vida
conjugal. À morte do marido, Isabel retirou-se para Eisenach, depois
para o castelo de Pottenstein e, finalmente, escolheu como residência
uma modesta casa de Marburgo, onde erigiu, às próprias expensas, um
hospital, reduzindo-se à pobreza. Vendeu até o dote para completar a
obra. Para os pobres sempre havia lugar no hospital, e Isabel reservava
para si os trabalhos mais humildes.
Contra ela explodiram os maus humores reprimidos dos cunhados, que
suportavam mal sua generosidade para com os pobres. Privaram-na por fim
dos filhos e ela pôde viver plenamente o ideal franciscano de pobreza,
ingressando na Ordem Terceira, obediente às diretrizes de um rigoroso
confessor. À sua morte foi proclamada santa em altas vozes pelo povo.
Isso a tal ponto, que o papa Gregório IX, em 1235, quatro anos depois da
morte dela, inscreveu-a oficialmente no livro de ouro dos santos.
Sob seu nome surgiram várias congregações. Na Alemanha, as mulheres que
se dedicam ao cuidado dos doentes são chamadas simplesmente (mas não tão
facilmente) “Elisabethinerinnen”.
Santa Isabel da Hungria, rogai por nós!
São Roque Gonzales
"Matastes a quem tanto vos amava. Matastes meu corpo, mas minha alma está no céu."
Contam os escritos que estas palavras foram ouvidas pelos índios que
assassinaram o missionário jesuíta Roque Gonzalez e seus companheiros,
padres Afonso Rodrigues e João de Castillo, em 1628. As palavras foram
prodigiosamente proferidas pelo coração de padre Roque, ao ser
transpassado por uma flecha, porque o fogo não tinha conseguido
consumir.
Os três padres eram jesuítas missionários na América do Sul, no tempo da
colonização espanhola. Organizavam as missões e reduções implantadas
pela Companhia de Jesus entre os índios guaranis do hoje chamado Cone
Sul. O objetivo era catequizar os indígenas, ensinando-lhes os
princípios cristãos, além de formar núcleos de resistência indígena
contra a brutalidade que lhes era praticada pelos colonizadores
europeus. Elas impediam que eles fossem escravizados, ao mesmo tempo que
permitiam manter as suas culturas. Eram alfabetizados através da
religião e aprendiam novas técnicas de sobrevivência e os conceitos
morais e sociais da vida ocidental. Era um modo comunitário de vida em
que todos trabalhavam e tudo era dividido entre todos. O grande sucesso
fez que os colonizadores se unissem aos índios rebeldes, que invadiam e
destruíam todas as missões e reduções, matando os ocupantes e pondo fim à
rica e histórica experiência.
Roque foi um sacerdote e missionário exemplar. Era paraguaio, filho de
colonizadores espanhóis, nascido na capital, Assunção, em 1576. A
família pertencia à nobreza espanhola, o pai era Bartolomeu Gonzales
Vilaverde e a mãe era Maria de Santa Cruz, que o criaram na virtude e
piedade. Aos quinze anos, decidiu entregar sua vida a serviço de Deus.
Ingressou no seminário e, aos vinte e quatro anos de idade, foi ordenado
sacerdote. Padre Roque quis trabalhar na formação espiritual dos índios
que viviam do outro lado do rio Paraguai, nas fazendas dos
colonizadores.
O resultado foi tão frutífero que o bispo de Assunção o nomeou pároco da
catedral e depois vigário-geral da diocese. Mas ele renunciou às
nomeações para ingressar na Companhia de Jesus, onde vestiu o hábito de
missionário jesuíta em 1609. Depois, passou toda a sua vida a serviço
dos índios das regiões dos países do Paraguai, Argentina, Uruguai,
Brasil e parte da Bolívia. Em 1611, chefiou por quatro anos a redução de
Santo Inácio Guaçu. Em 1626, fundou quatro reduções: Candelária,
Caaçapa-Mirim, Assunção do Juí e Caaró.
Foi na Redução de Caaró, atualmente pertencente ao Brasil, que os
martírios ocorreram, em 15 de novembro de 1628. Depois de celebrar a
missa com os índios, padre Roque estava levantando um pequeno campanário
na capela recém-construída, quando índios rebeldes, a mando do invejoso
e feiticeiro Nheçu, atacaram aquela e a vizinha Redução de São Nicolau.
Mataram todos e incendiaram tudo. Padre João de Castillo morreu naquela
de São Nicolau, enquanto padre Afonso Rodrigues, que ficou na de Caaró,
morreu junto com padre Roque Gonzales, esse último com a cabeça
golpeada a machado de pedra.
Dois dias depois, os índios rebeldes voltaram para saquear os escombros.
Viram, então, que o corpo de padre Roque estava pouco queimado, então
transpassaram seu coração com uma flecha. Foi aí que ocorreu o prodígio
citado no início deste texto e mantido pela tradição. Eles foram
beatificados pelo papa Pio XI em 1934 e canonizados pelo papa João Paulo
II em 1988, em sua visita à capital do Paraguai. A festa de são Roque
Gonzales ocorre no dia 17 de novembro.
São Roque Gonzales, rogai por nós!