Blog Brasil Católico Total NO TWITTER

Blog Brasil Católico Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

Você é o Visitante nº desde 3 janeiro 2014

Flag Counter

Seguidores = VOCÊS são um dos motivos para continuarmos nosso humilde trabalho de Evangelização

Mostrando postagens com marcador disposições canônicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador disposições canônicas. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Súplica ao Santo Padre

Santíssimo Padre,
É com grande preocupação que constatamos ao nosso redor a degradação gradual do matrimônio e da família, origem e fundamento de toda a sociedade humana. Esta dissolução está se acelerando com força, sobretudo através da promoção legal dos comportamentos mais imorais e mais depravados. A lei de Deus, mesmo simplesmente natural, é hoje pisoteada publicamente, os pecados mais graves se multiplicam de modo dramático e clamam vingança ao Céu.

Santíssimo Padre,
Não podemos negar que a primeira parte do Sínodo dedicado aos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização” nos deixou profundamente alarmados. Temos ouvido e lido, de grandes autoridades eclesiásticas – que se atribuem vosso respaldo, sem serem desmentidas – afirmações tão contrárias à verdade, tão opostas à doutrina clara e constante da Igreja sobre a santidade do matrimônio, que nossa alma tem ficado profundamente perturbada. Todavia, o que mais nos preocupa são algumas das suas palavras que dão a entender que poderia haver uma evolução da doutrina para responder às novas necessidades do povo cristão. Nossa preocupação brota da condenação que São Pio X fez, na encíclica Pascendi, do alinhamento do dogma a supostas exigências contemporâneas. Pio X e vós, Santo Padre, receberam a plenitude do poder de ensinar, santificar e governar em obediência a Cristo, que é a cabeça e pastor do rebanho em todo tempo e em qualquer lugar, e de quem o Papa deve ser o verdadeiro Vigário na terra. O objeto de uma condenação dogmática não pode se converter, com o tempo, em uma prática pastoral autorizada.

Deus, autor da natureza, estabeleceu a união estável entre homem e mulher com vistas a perpetuar a espécie humana. A Revelação do Antigo Testamento nos ensina de modo claríssimo que o matrimônio, único e indissolúvel, entre um homem e uma mulher, foi estabelecido por Deus, e que suas características essenciais foram subtraídas à livre escolha dos homens para permanecer sob a proteção divina particular: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Ex 20, 17).

O evangelho nos ensina que o próprio Jesus, em virtude de sua autoridade suprema, restaurou definitivamente o casamento, alterado pela corrupção dos homens, em sua pureza primitiva: “O que Deus uniu, o homem não separa”(Mt 19, 6).

É glória da Igreja Católica ao longo dos séculos ter defendido contra “ventos e marés”, apesar das solicitações, ameaças e tentações, a realidade humana e divina do matrimônio. Ela sempre carregou bem alta – ainda que homens corruptos a abandonavam apenas por este motivo – a bandeira da fidelidade, da pureza e da fecundidade que caracterizam o verdadeiro amor conjugal e familiar.

Agora que se aproxima a segunda parte deste Sínodo dedicado à família, acreditamos, em consciência, que é nosso dever expressar à Santa Sé apostólica a mais profunda angústia que toma conta de nós ao pensar nas “conclusões” que poderão ser propostas nesta ocasião, se por grande infortúnio elas forem um novo ataque contra a santidade do matrimônio e da família, um novo enfraquecimento da sociedade conjugal e dos lares. Esperamos de todo coração, no entanto, que o Sínodo fará obra de misericórdia recordando, para o bem das almas, a doutrina salvífica integral referente ao matrimônio.
Temos plena consciência, no atual contexto, que as pessoas que se encontram em situações matrimoniais irregulares devem ser acolhidas pastoralmente, com compaixão, a fim de lhes mostrar o rosto misericordioso do Deus de amor que a Igreja dá a conhecer.
Entretanto, a lei de Deus, expressão do Seu amor eterno para com os homens, constitui em si mesma a suprema misericórdia para todos os tempos, todas as pessoas e todas as situações. Rezamos, pois, para que a verdade evangélica do matrimônio, que deveria proclamar o Sínodo, não seja contornada mediante múltiplas “exceções pastorais” que distorcem seu verdadeiro sentido, ou por uma legislação que aboliria quase infalivelmente seu real alcance. Quanto a isto, não podemos esconder que as recentes disposições canônicas do Motu proprio Mitis Iudex Dominus Iesus, que permitem declarações de nulidade aceleradas, abrirão, de fato, as portas a um processo de “divórcio católico” sem levar o nome de tal, apesar das referências à indissolubilidade do matrimônio que o acompanham. Estas disposições vão na direção da evolução dos costumes contemporâneos, sem tratar de retificá-las de acordo com a lei divina; como, então, não ficar abalada com o destino dos filhos nascidos desses casamentos anulados de modo expresso, que serão as tristes vítimas da “cultura do descarte”?
No século XVI, o Papa Clemente VII recusou a Henrique VIII o divórcio solicitado por ele. Diante da ameaça do cisma anglicano, o papa manteve, contra todas as pressões, o ensinamento inalterável de Cristo e de sua Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. Veremos agora esta decisão desaprovada por um “arrependimento canônico”?
Nestes últimos tempos, em todo o mundo, numerosas famílias se mobilizaram corajosamente contra as leis civis que minam a família natural e cristã e incentivam publicamente os comportamentos infames, contrários à moralidade mais elementar. A Igreja pode abandonar aqueles que, por vezes em detrimento próprio e sempre sob zombaria e ataques, conduziram este combate necessário, porém difícil? Isto constituiria um contra-testemunho desastroso e seria para essas pessoas uma fonte de desgosto e desalento. Os homens da Igreja, pelo contrário, por sua própria missão, devem oferecer-lhes um apoio firme e motivado.
Santo Padre,
Pela honra de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela consolação da Igreja e de todos os fiéis católicos, pelo bem da sociedade e de toda a humanidade, neste momento crucial, nós vos suplicamos, pois, que façais ressoar no mundo uma palavra da verdade, de clareza e de firmeza, em defesa do matrimônio cristão e até mesmo simplesmente humano, em apoio ao seu fundamento, ou seja, a diferença e a complementaridade dos sexos, em apoio à sua unicidade e à sua indissolubilidade.
Confiamos esta humilde súplica ao patrocínio de São João Batista, que conheceu o martírio por ter defendido publicamente, contra uma autoridade civil comprometida com um “recasamento” escandaloso, a santidade e a unicidade do matrimônio; suplicando ao Precursor para conceder a Vossa Santidade a coragem de recordar ao mundo inteiro a verdadeira doutrina sobre o matrimônio natural e cristão.
Na festa de Nossa Senhora das Dores, 15 de setembro de 2015
+ Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X