São Leão II
O papa Leão II era filho de um médico chamado Paulo e nasceu na
Sicília. Os outros poucos dados que temos sobre ele foram extraídos do
seu curto período à frente do governo da Igreja de Roma, quase onze
meses.
Em 681, ele já estava em Roma, onde exercia a função de esmoler-mor da
Igreja. Era um homem extremamente culto, eloqüente, professor de
ciências, profundo conhecedor de literatura eclesiástica. Além de falar
fluentemente o grego e o latim, era especialista em canto e salmodia.
Por tudo isso os historiadores entendem que ele deve ter sido um mestre
em alguma escola teológica cristã, de seu tempo e sua região.
Foi eleito dias após a morte do papa Ágato. Mas o centro do império, em
Constantinopla, opunha-se à sua posse, por não ter tido tempo suficiente
para influenciar na escolha do sucessor ao pontificado, como seria mais
conveniente aos interesses dos bispos do Oriente.
Então, num verdadeiro ato de chantagem, o imperador exigiu uma
compensação financeira. Um ano demoraram as negociações entre Roma e
Constantinopla, até que o imperador desistiu da absurda exigência e o
papa Leão II pôde assumir o governo da Santa Sé, sendo consagrado em 17
de agosto de 682.
Sua primeira providência foi confirmar o VI Concílio Ecumênico.
Enalteceu de maneira mais didática os argumentos do seu antecessor,
aliviando a tensão que se formara com os bispos do Oriente.
Depois, instituiu a aspersão da água benta nos ritos litúrgicos e sobre o
povo. Também conseguiu que a escolha do bispo de Ravena ficasse sujeita
à determinação de Roma e não por indicação política, como ocorria na
época. E ainda fez valer sua autoridade diante do abuso do poder dos
bispos usurpadores dos bens da Igreja.
Zelou pela pureza da fé e dos costumes, dando ele próprio o exemplo,
confortando os pobres com vigoroso socorro espiritual e material, por
meio de obras de caridade financiadas pela Igreja.
Mandou restaurar a igreja de Santa Bibiana especialmente para acolher as
relíquias dos santos mártires Simplício, Faustino e Beatriz, que ainda
estavam sepultados num campo que antes fora um templo pagão. Além disto,
por ter muita devoção pelos soldados mártires são Sebastião e são
Jorge, propagou-a entre os fiéis, que passaram a considerá-los
padroeiros dos militares.
O papa Leão II morreu no dia 3 de julho de 683, sendo festejado como santo pela Igreja no dia do seu trânsito.
São Leão II, rogai por nós!
São Tomé
Embora na nossa memória a presença de são Tomé faça sempre pensar em
incredulidade e nos lembre daqueles que "precisam ver para crer", sua
importância não se resume a permitir a inclusão na Bíblia da dúvida
humana. Ela nos remete, também, a outras fraquezas naturais do ser
humano, como a aflição e a necessidade de clareza e pé no chão. Mas, e
principalmente, mostra a aceitação dessas fraquezas por Deus e seu Filho
no projeto de sua vinda para nossa salvação.
São três as grandes passagens do apóstolo Tomé no livro sagrado. A
primeira é quando Jesus é chamado para voltar à Judéia e acudir Lázaro.
Seu grupo tenta impedir que se arrisque, pois havia ameaças dos inimigos
e Jesus poderia ser apedrejado. Mas ele disse que iria assim mesmo e,
aflito, Tomé intima os demais: "Então vamos também e morramos com ele!"
Na segunda passagem, demonstra melancolia e incerteza. Jesus reuniu os
discípulos no cenáculo e os avisou de que era chegada a hora do
cumprimento das determinações de seu Pai. Falou com eles em tom de
despedida, conclamando-os a segui-lo: "Para onde eu vou vocês sabem. E
também sabem o caminho". Tomé queria mais detalhes, talvez até tentando
convencer Jesus a evitar o sacrifício: "Se não sabemos para onde vais,
como poderemos conhecer o caminho?". A resposta de Jesus passou para a
história: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai
senão por mim".
E a terceira e definitiva passagem foi a que mais marcou a trajetória do
apóstolo. Foi justamente quando todos lhe contaram que o Cristo havia
ressuscitado, pois ele era o único que não estava presente ao evento.
Tomé disse que só acreditaria se visse nas mãos do Cristo o lugar dos
cravos e tocasse-lhe o peito dilacerado. A dúvida em pessoa, como se vê.
Mas ele pôde comprovar tanto quanto quis, pois Jesus lhe apareceu e
disse: "Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos!... Não sejas incrédulo,
acredita!" Dessa forma, sua incredulidade tornou-se apenas mais uma
prova dos fatos que mudaram a história da humanidade.
O apóstolo Tomé ou Tomás, como também é chamado, tinha o apelido de
Dídimo, que quer dizer "gêmeo e natural da Galiléia". Era pescador
quando Jesus o encontrou e o admitiu entre seus discípulos.
Após a crucificação e a ressurreição, pregou entre os medos e os partas,
povos que habitavam a Pérsia. Há também indícios de que tenha levado o
Evangelho à Índia, segundo as pistas encontradas por são Francisco
Xavier no século XVI. Morreu martirizado com uma lança, segundo a antiga
tradição cristã. Sua festa é comemorada em 3 de julho.
São Tomé, rogai por nós!