"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
18º Domingo do Tempo Comum
Evangelho segundo S. Mateus
14,13-21.
Naquele tempo, quando Jesus ouviu que João Baptista tinha sido morto,
retirou-Se dali sozinho num barco, para um lugar deserto; mas o povo, quando
soube, seguiu-O a pé, desde as cidades. Ao desembarcar, Jesus viu uma
grande multidão e, cheio de misericórdia para com ela, curou os seus enfermos.
Ao entardecer, os discípulos
aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Este sítio é deserto e a hora já vai
avançada. Manda embora a multidão, para que possa ir às aldeias comprar
alimento.»
Mas Jesus disse-lhes: «Não é
preciso que eles vão; dai-lhes vós mesmos de comer.»
Responderam: «Não temos aqui senão
cinco pães e dois peixes.»
«Trazei-mos cá» disse Ele.
E, depois de ordenar à multidão que
se sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao
céu e pronunciou a bênção; partiu, depois, os pães e deu os aos discípulos, e
estes distribuíram-nos pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados;
e, com o que sobejou, encheram doze cestos.
Ora, os que comeram eram uns cinco
mil homens, sem contar mulheres e crianças.
Comentário do dia: Santo Atanásio (295-373), bispo de
Alexandria, doutor da Igreja
24ª Carta para a festa da Páscoa
«Um lugar deserto, afastado»
Todos os santos tiveram de fugir da
porta larga e do caminho espaçoso (Mt 7,13), vivendo a virtude em lugar
deserto: Elias, Eliseu […], Jacob. […] O deserto é o abandono da agitação da
vida, que proporciona ao homem a amizade com Deus. Abraão, quando saiu da terra
dos caldeus, foi chamado «amigo de Deus» (Tg 2,23). Também o grande Moisés,
quando saiu da terra do Egipto, […] falou com Deus face a face, foi salvo das
mãos dos seus inimigos e atravessou o deserto. Todos eles são a imagem da saída
das trevas para a luz admirável, e da subida para a cidade que está no céu (Heb
11,16), a prefiguração da verdadeira felicidade e da festa eterna.
Quanto a nós, temos conosco a
realidade que foi anunciada por sombras e símbolos, isto é, a imagem do Pai,
nosso Senhor Jesus Cristo (Col 2,17; 1,15). Se O recebermos como alimento em
todos os momentos, e se marcarmos com o seu sangue as portas da nossa alma,
seremos libertos dos trabalhos do Faraó e dos seus inspetores (Ex 12,7;
5,6ss). […] Agora, encontrámos o caminho para passar da terra ao céu. […] No
passado, por intermédio de Moisés, o Senhor precedia os filhos de Israel numa
coluna de fogo e numa espessa nuvem; agora, Ele próprio nos chama dizendo: «Se
alguém tem sede, venha a Mim e beba; daquele que crê em Mim sairão rios de água
viva, que jorra para a vida eterna» (Jo 7,37ss).
Portanto, que cada um se prepare
com um desejo ardente de ir a esta festa; que escute o chamamento do Salvador,
porque é Ele que nos consola a todos e a cada um em particular. Que aquele que
tem fome venha a Ele: Ele é o verdadeiro pão (Jo 6,32). Que aquele que tem
sede, venha a Ele: Ele é a fonte de água viva (Jo 4,10). Que o doente venha a
Ele: Ele é o Verbo, a Palavra de Deus, que cura os doentes. Se alguém está
sobrecarregado pelo peso do pecado e se arrepende, que se refugie a seus pés:
Ele é o repouso e o porto de salvação. Que o pecador tenha confiança, porque Ele
disse: «Vinde a Mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos
aliviarei» (Mt 11,28).
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