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quarta-feira, 24 de junho de 2020

São João Eudes e a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

São João Eudes e a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus


Com São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração como que atingiu a maioridade. Com efeito, graças à sua ação, esta devoção deixou de ser exclusivamente privada e se tornou pública e oficial. Com ele se instituiu o culto litúrgico ao Sagrado Coração.


Sua missão foi mais do que a de simples precursor de Paray-le-Monial. São Pio X chama-o “pai, doutor apóstolo” da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria.



Enérgico adversário do Jansenismo na França, São João Eudes estudou com os padres da Companhia de Jesus em Caen, ingressando depois no Oratório de Jesus e de Maria Imaculada. Ali tomou contacto com a espiritualidade do Cardeal de Bérulle (1575-1629), cuja nota tônica, colocada na contemplação do Verbo Encarnado, nisto muito se assemelha à do fundador dos jesuítas.


Essa espiritualidade tem como base a comtemplação da vida interior do Salvador e a consideração dos mais variados estados de sua alma. É muito rica, pois tais estados são variadíssimos, como a mutação das águas do oceano: ora são amenas, ora majestosas, ora fustigam os rochedos, ora são acolhedoras e acessíveis a todos.


A partir de fins da Idade Média a reflexão piedosa sobre a Humanidade Santíssima de Cristo cresceu muito, a ponto de se tornar uma forma usual de devoção. O Cardeal de Bérulle foi dos mais destacados expoentes desse movimento geral da piedade católica.


Segundo essa corrente – comumente chamada Escola Francesa – o devoto, ao considerar o interior divino, procura ser dócil aos movimentos que essa contemplação desperta em si. É o culto à vida interior de Cristo. Considera Sua adoração ao Padre Eterno, Sua abnegação e espírito de sacrifício, Seu amor e devotamento pelos homens.


A devoção ao Sagrado Coração está aí muito presente, pois, na literatura ascética do século XVII, “ Coração de Jesus” e “vida interior de Jesus” são expressões usadas indistintamente.

São João Eudes assimilou também nesta escola uma especial devoção a  Nossa Senhora, que se refletirá em toda sua atividade de escritor, fundador e missionário. Também faz parte da Escola Francesa a contemplação simultânea dos estados de alma de Jesus e Maria. Disso é um exemplo magnífico e conhecida oração Ó Jesus, que viveis em Maria, cuja íntegra é a seguinte:

“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei no vosso servo, com o espírito de vossa santidade, com a plenitude de vossa virtude, com a perfeição das vossas vias, com a comunicação das vossas graças; dominai sobre os poderes infernais, com o vosso espírito, para a glória do Pai”.


Seguindo o espírito da Escola Francesa, São João Eudes dirá que Maria é o paraíso de Jesus, que Maria está em Jesus, e que ela participou, em sintonia perfeita, dos vários estados da alma do Divino Salvador.


Ainda sob o influxo da Escola Francesa, este Santo aprendera a honrar, na Paixão, primordialmente as angústias e as aflições da alma de Nosso Senhor. Esta prática conduz os fiéis, ao contemplar a Paixão, a se deterem especialmente nos tormentos morais do Jardim das Oliveiras. Tais idéias serão o ponto de partida do ensinamento e do apostolado Santo.

Essa doutrina – muito elevada e muito própria a santificar – era, entretanto, apresentada pelo Cardeal de Bérulle e por sua escola em termos não facilmente acessíveis ao comum dos fiéis. Premido pelas necessidades de sua atividade missionária, São João Eudes, em suas pregações, a adaptará e a colocará ao alcance do povo.


Este Santo fundou duas congregações: uma masculina, a Congregação de Jesus e Maria, destinada à pregação de missões paroquiais e à direção de seminários, e outra feminina, a Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, para a regeneração das mulheres decaídas.


Em 1648 São João Eudes conseguiu a aprovação de um Ofício e uma Missa do Coração de Maria, por ele compostos. Anos mais tarde, em 1672, obteve o mesmo para um Ofício e uma Missa próprios do Sagrado Coração de Jesus, igualmente compostos por ele, celebrados a partir de 20 de outubro daquele ano em várias dioceses da França. Por esta sua atividade, a Igreja o chama “autor do culto litúrgico dos Corações Sagrados de Jesus e Maria”.


Nesse mesmo ano, São João Eudes começou a pregar com freqüência a  devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A referida festa, celebrada nos seminários dirigidos pela Congregação fundada por ele, pouco a pouco transpôs seus muros e se difundiu pela França inteira.Quase todas as igrejas e comunidades religiosas que haviam adotado a festa do Coração  de Maria adotaram também o Coração de Jesus.


É interessante lembrar que, em 20 de outubro de 1674, a Princesa Francisca da Lorena, abadessa das beneditinas de São Pedro de Montmartre, fez celebrar solenemente o Ofício e a Festa do Sagrado Coração de Jesus na capela de seu mosteiro, em presença de uma parte da corte de Luís XIV. Era o ofício composto pelo Santo. No século XIX, nessa mesma colina de Montmartre, seria erguida uma monumental basílica, que se tornaria um dos símbolos da devoção ao Sagrado Coração.


São João Eudes foi missionário a vida inteira. Começará pregando a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Só no fim da vida passou a colocar ênfase no Sagrado Coração de Jesus. Mas, para o santo francês, as duas devoções têm uma sintonia completa. Ele popularizou, aliás a expressão “o Sagrado Coração de Jesus e Maria”, para mostrar a perfeita consonância de vontade, afetos, aspirações, vias e pensamentos entre a Mãe e o Filho. Os dois corações pulsavam em uníssono.


Para São João Eudes, o coração significa especialmente o interior, a vida íntima, os estados de alma. Esta característica ficará na devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos Tempos Modernos, que busca seu alimento sobretudo na contemplação reparadora das dores morais – menosprezos, ultrajes, esquecimentos – que o Divino Mestre e sua Igreja sofrem da parte dos homens ingratos e endurecidos pelo pecado.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

São João Eudes e a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus



Com São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração como que atingiu a maioridade. Com efeito, graças à sua ação, esta devoção deixou de ser exclusivamente privada e se tornou pública e oficial. Com ele se instituiu o culto litúrgico ao Sagrado Coração.


Sua missão foi mais do que a de simples precursor de Paray-le-Monial. São Pio X chama-o “pai, doutor apóstolo” da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria.



Enérgico adversário do Jansenismo na França, São João Eudes estudou com os padres da Companhia de Jesus em Caen, ingressando depois no Oratório de Jesus e de Maria Imaculada. Ali tomou contacto com a espiritualidade do Cardeal de Bérulle (1575-1629), cuja nota tônica, colocada na contemplação do Verbo Encarnado, nisto muito se assemelha à do fundador dos jesuítas.


Essa espiritualidade tem como base a comtemplação da vida interior do Salvador e a consideração dos mais variados estados de sua alma. É muito rica, pois tais estados são variadíssimos, como a mutação das águas do oceano: ora são amenas, ora majestosas, ora fustigam os rochedos, ora são acolhedoras e acessíveis a todos.


A partir de fins da Idade Média a reflexão piedosa sobre a Humanidade Santíssima de Cristo cresceu muito, a ponto de se tornar uma forma usual de devoção. O Cardeal de Bérulle foi dos mais destacados expoentes desse movimento geral da piedade católica.


Segundo essa corrente – comumente chamada Escola Francesa – o devoto, ao considerar o interior divino, procura ser dócil aos movimentos que essa contemplação desperta em si. É o culto à vida interior de Cristo. Considera Sua adoração ao Padre Eterno, Sua abnegação e espírito de sacrifício, Seu amor e devotamento pelos homens.


A devoção ao Sagrado Coração está aí muito presente, pois, na literatura ascética do século XVII, “ Coração de Jesus” e “vida interior de Jesus” são expressões usadas indistintamente.

São João Eudes assimilou também nesta escola uma especial devoção a Nossa Senhora, que se refletirá em toda sua atividade de escritor, fundador e missionário. Também faz parte da Escola Francesa a contemplação simultânea dos estados de alma de Jesus e Maria. Disso é um exemplo magnífico e conhecida oração Ó Jesus, que viveis em Maria, cuja íntegra é a seguinte:

“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei no vosso servo, com o espírito de vossa santidade, com a plenitude de vossa virtude, com a perfeição das vossas vias, com a comunicação das vossas graças; dominai sobre os poderes infernais, com o vosso espírito, para a glória do Pai”.


Seguindo o espírito da Escola Francesa, São João Eudes dirá que Maria é o paraíso de Jesus, que Maria está em Jesus, e que ela participou, em sintonia perfeita, dos vários estados da alma do Divino Salvador.


Ainda sob o influxo da Escola Francesa, este Santo aprendera a honrar, na Paixão, primordialmente as angústias e as aflições da alma de Nosso Senhor. Esta prática conduz os fiéis, ao contemplar a Paixão, a se deterem especialmente nos tormentos morais do Jardim das Oliveiras. Tais idéias serão o ponto de partida do ensinamento e do apostolado Santo.

Essa doutrina – muito elevada e muito própria a santificar – era, entretanto, apresentada pelo Cardeal de Bérulle e por sua escola em termos não facilmente acessíveis ao comum dos fiéis. Premido pelas necessidades de sua atividade missionária, São João Eudes, em suas pregações, a adaptará e a colocará ao alcance do povo.


Este Santo fundou duas congregações: uma masculina, a Congregação de Jesus e Maria, destinada à pregação de missões paroquiais e à direção de seminários, e outra feminina, a Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, para a regeneração das mulheres decaídas.


Em 1648 São João Eudes conseguiu a aprovação de um Ofício e uma Missa do Coração de Maria, por ele compostos. Anos mais tarde, em 1672, obteve o mesmo para um Ofício e uma Missa próprios do Sagrado Coração de Jesus, igualmente compostos por ele, celebrados a partir de 20 de outubro daquele ano em várias dioceses da França. Por esta sua atividade, a Igreja o chama “autor do culto litúrgico dos Corações Sagrados de Jesus e Maria”.


Nesse mesmo ano, São João Eudes começou a pregar com freqüência a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A referida festa, celebrada nos seminários dirigidos pela Congregação fundada por ele, pouco a pouco transpôs seus muros e se difundiu pela França inteira.Quase todas as igrejas e comunidades religiosas que haviam adotado a festa do Coração de Maria adotaram também o Coração de Jesus.


É interessante lembrar que, em 20 de outubro de 1674, a Princesa Francisca da Lorena, abadessa das beneditinas de São Pedro de Montmartre, fez celebrar solenemente o Ofício e a Festa do Sagrado Coração de Jesus na capela de seu mosteiro, em presença de uma parte da corte de Luís XIV. Era o ofício composto pelo Santo. No século XIX, nessa mesma colina de Montmartre, seria erguida uma monumental basílica, que se tornaria um dos símbolos da devoção ao Sagrado Coração.


São João Eudes foi missionário a vida inteira. Começará pregando a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Só no fim da vida passou a colocar ênfase no Sagrado Coração de Jesus. Mas, para o santo francês, as duas devoções têm uma sintonia completa. Ele popularizou, aliás a expressão “o Sagrado Coração de Jesus e Maria”, para mostrar a perfeita consonância de vontade, afetos, aspirações, vias e pensamentos entre a Mãe e o Filho. Os dois corações pulsavam em uníssono.


Para São João Eudes, o coração significa especialmente o interior, a vida íntima, os estados de alma. Esta característica ficará na devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos Tempos Modernos, que busca seu alimento sobretudo na contemplação reparadora das dores morais – menosprezos, ultrajes, esquecimentos – que o Divino Mestre e sua Igreja sofrem da parte dos homens ingratos e endurecidos pelo pecado.

terça-feira, 26 de junho de 2018

São João Eudes e a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus


Com São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração como que atingiu a maioridade. Com efeito, graças à sua ação, esta devoção deixou de ser exclusivamente privada e se tornou pública e oficial. Com ele se instituiu o culto litúrgico ao Sagrado Coração.


Sua missão foi mais do que a de simples precursor de Paray-le-Monial. São Pio X chama-o “pai, doutor apóstolo” da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria.



Enérgico adversário do Jansenismo na França, São João Eudes estudou com os padres da Companhia de Jesus em Caen, ingressando depois no Oratório de Jesus e de Maria Imaculada. Ali tomou contacto com a espiritualidade do Cardeal de Bérulle (1575-1629), cuja nota tônica, colocada na contemplação do Verbo Encarnado, nisto muito se assemelha à do fundador dos jesuítas.


Essa espiritualidade tem como base a comtemplação da vida interior do Salvador e a consideração dos mais variados estados de sua alma. É muito rica, pois tais estados são variadíssimos, como a mutação das águas do oceano: ora são amenas, ora majestosas, ora fustigam os rochedos, ora são acolhedoras e acessíveis a todos.


A partir de fins da Idade Média a reflexão piedosa sobre a Humanidade Santíssima de Cristo cresceu muito, a ponto de se tornar uma forma usual de devoção. O Cardeal de Bérulle foi dos mais destacados expoentes desse movimento geral da piedade católica.


Segundo essa corrente – comumente chamada Escola Francesa – o devoto, ao considerar o interior divino, procura ser dócil aos movimentos que essa contemplação desperta em si. É o culto à vida interior de Cristo. Considera Sua adoração ao Padre Eterno, Sua abnegação e espírito de sacrifício, Seu amor e devotamento pelos homens.


A devoção ao Sagrado Coração está aí muito presente, pois, na literatura ascética do século XVII, “ Coração de Jesus” e “vida interior de Jesus” são expressões usadas indistintamente.

São João Eudes assimilou também nesta escola uma especial devoção a Nossa Senhora, que se refletirá em toda sua atividade de escritor, fundador e missionário. Também faz parte da Escola Francesa a contemplação simultânea dos estados de alma de Jesus e Maria. Disso é um exemplo magnífico e conhecida oração Ó Jesus, que viveis em Maria, cuja íntegra é a seguinte:

“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei no vosso servo, com o espírito de vossa santidade, com a plenitude de vossa virtude, com a perfeição das vossas vias, com a comunicação das vossas graças; dominai sobre os poderes infernais, com o vosso espírito, para a glória do Pai”.


Seguindo o espírito da Escola Francesa, São João Eudes dirá que Maria é o paraíso de Jesus, que Maria está em Jesus, e que ela participou, em sintonia perfeita, dos vários estados da alma do Divino Salvador.


Ainda sob o influxo da Escola Francesa, este Santo aprendera a honrar, na Paixão, primordialmente as angústias e as aflições da alma de Nosso Senhor. Esta prática conduz os fiéis, ao contemplar a Paixão, a se deterem especialmente nos tormentos morais do Jardim das Oliveiras. Tais idéias serão o ponto de partida do ensinamento e do apostolado Santo.

Essa doutrina – muito elevada e muito própria a santificar – era, entretanto, apresentada pelo Cardeal de Bérulle e por sua escola em termos não facilmente acessíveis ao comum dos fiéis. Premido pelas necessidades de sua atividade missionária, São João Eudes, em suas pregações, a adaptará e a colocará ao alcance do povo.


Este Santo fundou duas congregações: uma masculina, a Congregação de Jesus e Maria, destinada à pregação de missões paroquiais e à direção de seminários, e outra feminina, a Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, para a regeneração das mulheres decaídas.


Em 1648 São João Eudes conseguiu a aprovação de um Ofício e uma Missa do Coração de Maria, por ele compostos. Anos mais tarde, em 1672, obteve o mesmo para um Ofício e uma Missa próprios do Sagrado Coração de Jesus, igualmente compostos por ele, celebrados a partir de 20 de outubro daquele ano em várias dioceses da França. Por esta sua atividade, a Igreja o chama “autor do culto litúrgico dos Corações Sagrados de Jesus e Maria”.


Nesse mesmo ano, São João Eudes começou a pregar com freqüência a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A referida festa, celebrada nos seminários dirigidos pela Congregação fundada por ele, pouco a pouco transpôs seus muros e se difundiu pela França inteira.Quase todas as igrejas e comunidades religiosas que haviam adotado a festa do Coração de Maria adotaram também o Coração de Jesus.


É interessante lembrar que, em 20 de outubro de 1674, a Princesa Francisca da Lorena, abadessa das beneditinas de São Pedro de Montmartre, fez celebrar solenemente o Ofício e a Festa do Sagrado Coração de Jesus na capela de seu mosteiro, em presença de uma parte da corte de Luís XIV. Era o ofício composto pelo Santo. No século XIX, nessa mesma colina de Montmartre, seria erguida uma monumental basílica, que se tornaria um dos símbolos da devoção ao Sagrado Coração.


São João Eudes foi missionário a vida inteira. Começará pregando a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Só no fim da vida passou a colocar ênfase no Sagrado Coração de Jesus. Mas, para o santo francês, as duas devoções têm uma sintonia completa. Ele popularizou, aliás a expressão “o Sagrado Coração de Jesus e Maria”, para mostrar a perfeita consonância de vontade, afetos, aspirações, vias e pensamentos entre a Mãe e o Filho. Os dois corações pulsavam em uníssono.


Para São João Eudes, o coração significa especialmente o interior, a vida íntima, os estados de alma. Esta característica ficará na devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos Tempos Modernos, que busca seu alimento sobretudo na contemplação reparadora das dores morais – menosprezos, ultrajes, esquecimentos – que o Divino Mestre e sua Igreja sofrem da parte dos homens ingratos e endurecidos pelo pecado.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

São João Eudes e a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Com São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração como que atingiu a maioridade. Com efeito, graças à sua ação, esta devoção deixou de ser exclusivamente privada e se tornou pública e oficial. Com ele se instituiu o culto litúrgico ao Sagrado Coração.


Sua missão foi mais do que a de simples precursor de Paray-le-Monial. São Pio X chama-o “pai, doutor apóstolo” da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria.



Enérgico adversário do Jansenismo na França, São João Eudes estudou com os padres da Companhia de Jesus em Caen, ingressando depois no Oratório de Jesus e de Maria Imaculada. Ali tomou contacto com a espiritualidade do Cardeal de Bérulle (1575-1629), cuja nota tônica, colocada na contemplação do Verbo Encarnado, nisto muito se assemelha à do fundador dos jesuítas.


Essa espiritualidade tem como base a comtemplação da vida interior do Salvador e a consideração dos mais variados estados de sua alma. É muito rica, pois tais estados são variadíssimos, como a mutação das águas do oceano: ora são amenas, ora majestosas, ora fustigam os rochedos, ora são acolhedoras e acessíveis a todos.


A partir de fins da Idade Média a reflexão piedosa sobre a Humanidade Santíssima de Cristo cresceu muito, a ponto de se tornar uma forma usual de devoção. O Cardeal de Bérulle foi dos mais destacados expoentes desse movimento geral da piedade católica.


Segundo essa corrente – comumente chamada Escola Francesa – o devoto, ao considerar o interior divino, procura ser dócil aos movimentos que essa contemplação desperta em si. É o culto à vida interior de Cristo. Considera Sua adoração ao Padre Eterno, Sua abnegação e espírito de sacrifício, Seu amor e devotamento pelos homens.


A devoção ao Sagrado Coração está aí muito presente, pois, na literatura ascética do século XVII, “ Coração de Jesus” e “vida interior de Jesus” são expressões usadas indistintamente.

São João Eudes assimilou também nesta escola uma especial devoção a Nossa Senhora, que se refletirá em toda sua atividade de escritor, fundador e missionário. Também faz parte da Escola Francesa a contemplação simultânea dos estados de alma de Jesus e Maria. Disso é um exemplo magnífico e conhecida oração Ó Jesus, que viveis em Maria, cuja íntegra é a seguinte:

“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei no vosso servo, com o espírito de vossa santidade, com a plenitude de vossa virtude, com a perfeição das vossas vias, com a comunicação das vossas graças; dominai sobre os poderes infernais, com o vosso espírito, para a glória do Pai”.


Seguindo o espírito da Escola Francesa, São João Eudes dirá que Maria é o paraíso de Jesus, que Maria está em Jesus, e que ela participou, em sintonia perfeita, dos vários estados da alma do Divino Salvador.


Ainda sob o influxo da Escola Francesa, este Santo aprendera a honrar, na Paixão, primordialmente as angústias e as aflições da alma de Nosso Senhor. Esta prática conduz os fiéis, ao contemplar a Paixão, a se deterem especialmente nos tormentos morais do Jardim das Oliveiras. Tais idéias serão o ponto de partida do ensinamento e do apostolado Santo.

Essa doutrina – muito elevada e muito própria a santificar – era, entretanto, apresentada pelo Cardeal de Bérulle e por sua escola em termos não facilmente acessíveis ao comum dos fiéis. Premido pelas necessidades de sua atividade missionária, São João Eudes, em suas pregações, a adaptará e a colocará ao alcance do povo.


Este Santo fundou duas congregações: uma masculina, a Congregação de Jesus e Maria, destinada à pregação de missões paroquiais e à direção de seminários, e outra feminina, a Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, para a regeneração das mulheres decaídas.


Em 1648 São João Eudes conseguiu a aprovação de um Ofício e uma Missa do Coração de Maria, por ele compostos. Anos mais tarde, em 1672, obteve o mesmo para um Ofício e uma Missa próprios do Sagrado Coração de Jesus, igualmente compostos por ele, celebrados a partir de 20 de outubro daquele ano em várias dioceses da França. Por esta sua atividade, a Igreja o chama “autor do culto litúrgico dos Corações Sagrados de Jesus e Maria”.


Nesse mesmo ano, São João Eudes começou a pregar com freqüência a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A referida festa, celebrada nos seminários dirigidos pela Congregação fundada por ele, pouco a pouco transpôs seus muros e se difundiu pela França inteira.Quase todas as igrejas e comunidades religiosas que haviam adotado a festa do Coração de Maria adotaram também o Coração de Jesus.


É interessante lembrar que, em 20 de outubro de 1674, a Princesa Francisca da Lorena, abadessa das beneditinas de São Pedro de Montmartre, fez celebrar solenemente o Ofício e a Festa do Sagrado Coração de Jesus na capela de seu mosteiro, em presença de uma parte da corte de Luís XIV. Era o ofício composto pelo Santo. No século XIX, nessa mesma colina de Montmartre, seria erguida uma monumental basílica, que se tornaria um dos símbolos da devoção ao Sagrado Coração.


São João Eudes foi missionário a vida inteira. Começará pregando a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Só no fim da vida passou a colocar ênfase no Sagrado Coração de Jesus. Mas, para o santo francês, as duas devoções têm uma sintonia completa. Ele popularizou, aliás a expressão “o Sagrado Coração de Jesus e Maria”, para mostrar a perfeita consonância de vontade, afetos, aspirações, vias e pensamentos entre a Mãe e o Filho. Os dois corações pulsavam em uníssono.


Para São João Eudes, o coração significa especialmente o interior, a vida íntima, os estados de alma. Esta característica ficará na devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos Tempos Modernos, que busca seu alimento sobretudo na contemplação reparadora das dores morais – menosprezos, ultrajes, esquecimentos – que o Divino Mestre e sua Igreja sofrem da parte dos homens ingratos e endurecidos pelo pecado.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Santo do dia - 17 de setembro

Santa Hildegarda


Hildegarda, descendente de nobre e riquíssima família alemã, nasceu no castelo de Böckekheim, na bela região do rio Reno, em 1098. Como era o costume na época, aos oito anos de idade foi entregue aos cuidados de religiosas, mais especificamente da abadessa Jutta, do convento das monjas beneditinas. Lá, recebeu os primeiros fundamentos dos ensinamentos de Cristo, aprendendo o desapego que deveria ter com as coisas e vaidades mundanas.

Assim, depois de conhecer e conviver na comunidade religiosa, Hildegarda pediu para ser aceita entre as beneditinas, ingressando como noviça sem dificuldade alguma. Quando, em 1136, a superiora Jutta morreu, a direção do mosteiro passou para as mãos de Hildegarda. Além desse convento sob seu governo, ela fundou outros dois: em 1147, o de Bingen e, em 1165, o de Eibingen, ambos na Alemanha.

Desde a infância, ela apresentava uma personalidade muito carismática e um alto grau de elevação mística. Aos poucos, esses dons acabaram se manifestando como visões, definidas por ela mesma como "lux vivens", ou seja, luz vivificante. Um dia, Hildegarda ouviu uma voz superior, que ela identificou como do Espírito Santo, ordenando-lhe que escrevesse todas as revelações que lhe eram feitas.

Apesar de não ser letrada, Hildegarda acabou por desenvolver uma grande atividade literária. Por esses dons, acabou adquirindo muito conhecimento sobre medicina e ciências naturais, transmitidos, depois, por livros precisos que escreveu sobre essas matérias, reconhecidos cientificamente. Mas o seu talento enciclopédico expressou-se, em particular, no canto e na música. Ela foi, talvez, a primeira mulher musicista da história da Igreja Católica.
O final de sua vida foi muito sofrido e amargurado. Além de estar muito doente, ainda foi vítima de injustiças e mentiras, devido ao seu rigor como superiora séria e disciplinada.

Aos oitenta e dois anos, no dia 17 de setembro de 1179, Hildegarda morreu, no seu Convento de Bingen. Pôde, finalmente, ir descansar ao lado do Senhor.

Essa mulher extraordinária, mística beneditina, cientista, conselheira de bispos e imperadores, seguiu influenciando a espiritualidade católica, mesmo depois de sua morte, por meio de seus escritos, traduzidos em quase todas as línguas do mundo, desde a Idade Média até os nossos dias. No século XX, em 1921, ainda a influência do seu carisma inspirou a criação uma nova congregação, a das Irmãs de Santa Hildegarda.

Com a fama de sua santidade reconhecida ainda em vida, fez com que vigorasse um culto expressivo e ininterrupto, mantido entre os fiéis do mundo todo. O local de sua sepultura tornou-se um dos centros de peregrinação mais visitado. Santa Hildegarda teve a sua veneração litúrgica autorizada pela Igreja, para ser comemorada no dia de sua morte. 


Santa Hildegarda, rogai por nós! 


São Roberto Belarmino
Roberto Francisco Rômulo Belarmino veio ao mundo no dia 4 de outubro de 1542, em Montepulciano, Itália. Era filho de pais humildes e católicos de muita fé. Tiveram doze filhos, dos quais seis abraçaram a vida religiosa, tal foi a influência do ambiente cristão que proporcionaram a eles com os seus exemplos.

O menino Roberto nasceu franzino e doente. Talvez por ter tido tantos problemas de saúde nos primeiros anos de existência, dedicou atenção especial aos doentes durante toda a vida.

Embora constantemente enfermo, Roberto demonstrou desde muito cedo uma inteligência surpreendente, que o levou ao magistério e a uma carreira eclesiástica vertiginosa. Em 1563, foi nomeado professor do Colégio de Florença e, um ano depois, passou a lecionar retórica no Piemonte. Em 1566, foi para o Colégio de Pádua, onde também estudou teologia e, em 1567, mudou para a escola de Louvain, sendo, então, já muito conhecido em todo o país como excelente pregador.

Em 1571, tendo concluído todos os estudos, recebeu a ordenação sacerdotal e entrou para a Companhia de Jesus. Unindo a sabedoria das ciências terrenas, o conhecimento espiritual e a fé, escreveu os três volumes de uma das obras teológicas mais consultadas de todos os tempos: "As controvérsias cristãs sobre a fé", um tratado sobre todas as heresias.

Mais tarde, em 1592, Belarmino foi nomeado diretor do Colégio Romano, que contava com duzentos e dois professores e dois mil estudantes, entre os quais duzentos jesuítas. Lá, realizou um trabalho de tamanha importância que, algum tempo depois, foi nomeado para o cargo de superior provincial napolitano, função em que ficou apenas por dois anos, pois o papa Clemente VIII reclamava sua presença em Roma, para auxiliá-lo como consultor no seu pontificado. Nesse período, produziu outra obra famosa: "Catecismo", que teve dezenas de edições e foi traduzido para mais de cinqüenta idiomas.

Com a morte do papa Clemente VIII, o seu sucessor, papa Leão XI, governou a Igreja apenas por vinte e sete dias, vindo a falecer também. Foi assim que o nome de Roberto Belarmino recebeu muitos votos nos dois conclaves para a eleição do novo sumo pontífice. Mas, no segundo, surgiu o novo papa, Paulo V, que imediatamente o chamou para trabalharem juntos no Vaticano. Esse trabalho ocupou Belarmino durante os vinte e dois anos seguintes.

Morreu aos setenta e nove anos de idade, em 17 de setembro de 1621, apresentando graves problemas físicos e de surdez, conseqüência dos males que o acompanharam por toda a vida. Com fama de santidade ainda em vida, suas virtudes foram reconhecidas pela Igreja, sendo depois beatificado, em 1923. A canonização de são Roberto Belarmino foi proclamada em 1930. No ano seguinte, recebeu o honroso título de doutor da Igreja. A sua festa litúrgica foi incluída no calendário da Igreja na data de sua morte, a ser celebrada em todo o mundo cristão. 


São Roberto Belarmino, rogai por nós!
 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

10 de fevereiro - Santo do dia

Santa Escolástica

Hoje, recordamos o testemunho daquela que foi irmã gêmea de São Bento, pai do monaquismo cristão. Ambos nasceram em 480, em Núrsia, região de Umbria, Itália.

Santa Escolástica começou a seguir Jesus muito cedo. Mulher de oração, ela sempre foi acompanhando o irmão por meio de intercessão. Depois, ao falecer seus pais, ela deu tudo aos pobres. Junto com uma criada, que era amiga de confiança e seguidora também de Cristo, foi ter com São Bento, que saiu da clausura para acolhê-la. Com alguns monges eles dialogaram e ela expressou o desejo de seguir Cristo através das regras beneditinas.

São Bento discerniu pela vocação ao ponto de passar a regra para sua irmã e ela tornou-se a fundadora do ramo feminino: as Beneditinas. Não demorou muito, muitas jovens começaram a seguir Cristo nos passos de São Bento e de Santa Escolástica.

Uma vez por ano, eles se encontravam dentro da propriedade do mosteiro. Certa vez, num último encontro, a santa, com sua intimidade com Deus, teve a revelação de que a sua partida estava próxima. Então, depois do diálogo e da partilha com seu irmão, ela pediu mais tempo para conversar sobre as realidades do céu e a vida dos bem-aventurados. Mas São Bento, que não sabia do que se tratava, por causa da regra disse não. Ela, então, inclinou a cabeça, fez uma oração silenciosa e o tempo, que estava tão bom, tornou-se uma tempestade. Eles ficaram presos no local e tiveram mais tempo.

A reação de São Bento foi de perguntar o que ela havia feito e desejar que Deus a perdoasse por aquilo. Santa Escolástica, na simplicidade e na alegria, disse-lhe: “Eu pedi para conversar, você não aceitou. Então, pedi para o Senhor e Ele me atendeu”.

Passados três dias, São Bento teve a visão de uma pomba que subia aos céus. Era o símbolo da partida de sua irmã. Não demorou muito, ele também faleceu.

Santa Escolástica, rogai por nós!