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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Abra-se à Misericórdia!

Meditação sobre a Misericórdia

Para ler e meditar após rezar o Terço da Misericórdia

Jesus pediu a santa Faustina Kowalska que rezássemos o Terço da Misericórdia as 15h, diante do Sacrário, e, em seguida fizéssemos uma meditação sobre a sua Paixão. Jesus lhe pediu: As três horas da tarde, implora a Minha Misericórdia especialmente pelos pecadores e, ao menos por um breve tempo, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que me encontrei no momento da agonia…(Diário n. 1320).


Eu costumo fazer esta meditação:
Compadeço-me, Senhor Jesus, de Tua agonia mortal no Horto das Oliveiras naquela Quinta-feira santa, e naquele abandono terrível que sentiu na carne até diante do Pai, ao assumir todos os nossos pecados diante da Justiça Divina. O peso desta culpa sobre Ti foi tão grande, que o Senhor sentiu uma tristeza mortal. Compadeço-me do Sangue que o Senhor derramou ali nesta agonia, vislumbrando todo sofrimento que enfrentaria. 

Compadeço-me da consolação do Teu anjo da Guarda. O Senhor humanamente precisou dele, e também lhe agradeço pelo meu Anjo protetor.

E logo Judas chegou com os soldados para prendê-lo. Foste vendido pelo preço de um escravo: trinta moedas de prata. Um bando de criminosos veio prender o Inocente, o Santo dos Santos. 

Compadeço-me, Senhor, do beijo amargo de Judas. O amaste tanto e foste traído exatamente no dia em que mais nos amaste deixando para nós a Tua Presença na Eucaristia, para sempre. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, os amastes até o fim” (Jo 13,1).
O Senhor já sabia – “Um de vós que come comigo, vai me trair” (Mc 14,18). O mal se paga com o bem, nos ensinaste isso no Monte das Oliveiras, e viveste isso no monte do Horto. Ali o Senhor pagava pelos nossos pecados à Justiça Divina. Satanás cobrava-lhe uma culpa e uma pena que não devias, por isso, nos libertastes cumprindo por nós toda Justiça. O Senhor não lhe devia nada, então, como foi cobrado de uma pena que não devia, pagou assim toda a nossa culpa. Assim o Pai enganou a Satanás, como ele tinha enganado a Adão. O inimigo foi vencido no mesmo campo de batalha. Satanás acorrentou Adão, mas o Senhor acorrentou Satanás, como disse S. Agostinho.

Compadeço-me, Senhor, da Tua prisão, e dos maus tratos que sofreste nas mãos dos soldados ali no Horto, nos caminhos, na casa de Anás e Caifás, e aquela noite terrível no calabouço na casa de Caifás, depois daqueles insultos e maus tratos. Que noite pavorosa meu Senhor! Me deste a graça de um dia estar nessa cova branca que o acolheu naquela última noite. Na manhã de sexta-feira foste levado a Herodes e a Pilatos. O interrogaram por curiosidade e o desprezaram. O Rei do Céu foi desprezado pelos reis da Terra. O desprezo para contigo Jesus, foi completo. Completaste a medida do aniquilamento que esvazia a culpa de Adão. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, da Tua flagelação, preso na coluna, Tuas carnes foram rasgadas, Teu Sangue derramado, Tuas chagas abertas. Pagaste os nossos pecados da carne. Nosso corpo é Teu Templo, e no entanto, é tão profanado pela prostituição, pornografia, homossexualidade e tantas impurezas. O Rei, ao invés de ser coberto de um manto de púrpura, foi coberto por um manto de Sangue. Vendo-Te despedaçado, Senhor, imagino quão grandes são os pecados de todos nós, cometidos com nosso corpo! Sinto que ali o Senhor foi como que esmagado no moinho, como o trigo, para se tornar a farinha que daria o Pão da Eucaristia. Ali teu Sangue foi derramado, e o Senhor esmagado como as uvas no lagar, para se transformar no Vinho da Eucaristia. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, daquela dolorosa, humilhante e sangrenta coroação de espinhos! Quem pode suportar isso? Tua santa Cabeça foi perfurada por muitos espinhos para reparar os nossos muitos pecados de pensamentos, palavras, malícias, maus desejos, maledicências, provocações, invejas, ira, ciúme… Que abismo de tantos pecados é esse de toda a humanidade, Senhor?! O Rei ao invés de ser coroado com uma coroa de belos brilhantes, é coroado com uma coroa de grandes espinhos! Os soldados zombaram do Senhor, e lhe colocaram uma cana na mão, simulando um cetro de rei, e um manto púrpura. Sei que zombaram de Ti, Senhor, bateram em Sua cabeça coroada de espinhos e cuspiram em Teu Rosto santo. Pagavas assim os nossos pecados de soberba, orgulho, maus desejos, apegos desordenados, ira, inveja, maledicências, respeito humano, mentiras… Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, da Tua condenação à morte por Pilatos, em um julgamento iníquo; ele se acovardou diante das autoridades judias que Te entregaram por inveja. Pilatos sabia que eras inocente, mas foi covarde e o entregou para ser crucificado, e assim agradou o povo. Não permita Senhor, que para agradar o povo eu negue a Tua doutrina! Deus Pai soube, na Sua Sabedoria perfeita, usar da covardia de Pilatos, da inveja dos doutores da Lei e da traição de Judas, para cumprir Seu Plano misterioso de nossa Redenção. Ninguém foi obrigado a Te trair e negar, eles agiram livremente e por maldade. E o Senhor não abriu a boca, não se defendeu, foi como “uma ovelha muda levada ao matadouro”, como profetizou Isaías, para cumprir todo o plano do Pai. Obrigado, Senhor, porque bebeste este Cálice até a última gota, para que as portas do Céu se abrissem para nós! Submeteste-te a autoridade de Pilatos, e lhe revelaste a Tua divindade. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Leia também: A Divina Misericórdia
Terço da Misericórdia
Novena à Divina Misericórdia
Meditação da Paixão de Cristo
Os 25 segredos da luta espiritual que Jesus revelou a Santa Faustina

Compadeço-me, Senhor, da cruz pesada colocada em seus ombros flagelados, derrubando-o por terra. Teu cansaço era tão grande que obrigaram Simão Irineu a Te ajudar a levar a cruz. E Tu aceitaste Senhor. Vejo que eu também preciso ser ajudado quando a minha cruz pesar demais e me jogar por terra. 

Compadeço-me, Senhor, das vezes que o Senhor caiu sob o peso do lenho pesado dos nossos pecados. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, do Teu encontro doloroso com Nossa Senhora das Dores. Foi o encontro da Paixão com a Compaixão, das lágrimas com o Sangue. Aquela Espada predita por Simeão atravessou-lhe a alma por ser o Senhor um “Sinal de contradição”, um NÃO dito ao pecado, ontem, hoje e sempre! Tua Mãe guardou aquelas palavras no coração com toda atenção, esperando a sua hora. Eis que ela chegou! Que a Virgem nos acompanhe também, Senhor, nas horas amargas de nossa vida, pois Tu a deste para ser também nossa Mãe. Que Ela nos ajude a aceitar a Tua santa vontade em nossa vida, qualquer que seja. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, daquele encontro com as outras mulheres, que certamente estavam com a Tua Mãe, Maria Madalena, Maria de Cléofas e outras, que te consolaram e foram consoladas pelo Senhor. “Orem, não por mim, mas pelos teus filhos…”. Meu Senhor, que mesmo nas amarguras da dor eu saiba consolar quem me consola, que a auto piedade não tome nunca conta de meu espirito. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Assista também: A Festa da Divina Misericórdia

Compadeço-me, Senhor, daquele lenço suave de Verônica que enxugou o Teu rosto ensanguentado. Que gesto bonito e caridoso! Era tudo que aquela mulher podia fazer por Ti naquela hora. E Tu a recompensaste deixando Teu rosto divino e humano gravado no seu pano. Oh, Jesus, deixa tua Face bendita marcada em minha alma todas as vezes que eu enxugar o Teu rosto sofrido na face de um irmão! Que eu veja em cada um deles, Senhor, um verdadeiro irmão, onde Tu estás sofrendo. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, da Tua chegada ao Calvário. Ali te arrancaram as vestes já coladas em Teu corpo, e o Sangue verteu novamente em dores renovadas. E crucificaram-Te. Pregaram Tuas mãos e Teus pés, violentamente, sem piedade, e o levantaram no madeiro entre o Céu e a terra em dores indizíveis, inimagináveis, inenarráveis. O cirurgião Pierre Barbet as conheceu bem e se desconcertou… Ele estudou a Tua Paixão por vinte e cinco anos, e escreveu o livro “A Paixão de Cristo segundo cirurgião”. Enquanto gemias de dor, os soldados dividiam suas vestes e sorteavam o Teu manto. O Senhor entregou-nos tudo, morreu sem nada, nem mesmo as roupas… Por este gesto concede-nos a graça do desprendimento de tudo nesta vida. Que eu possa caminhar entre as coisas que passam abraçando somente as que não passam. Que eu me apegue somente a Ti, Senhor, esvaziando-me do resto. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, das Tuas ultimas palavras e orações por nós na cruz. Sentiste o profundo abandono de todos os pecadores que se afastam de Deus. Perdoaste os inimigos que o matavam, cumprindo o que mandou-nos: “perdoar os inimigos e orar pelos que nos perseguem”. Tu és coerente Jesus, por isso vencestes o mundo. “Quando Eu for levantado no madeiro, atrairei todos a Mim”. Sim, Senhor, atraíste todos a Ti. Por isso, toda humanidade Te respeita e nós te adoramos. Assumiste na cruz a culpa de todos nós e sentistes o abandono do pecador que foge da Justiça divina – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste!”.

Teu coração misericordioso acolheu a Dimas que te implorou estar em Teu Reino. Tua misericórdia de fato é infinita! Que graça extraordinária ele recebeu de confiar em Ti! Certamente Tua Mãe rezava pelos que eram condenados contigo. Foi o primeiro a receber o bilhete do Céu. Oh, Jesus, lembra-te de cada um de nós no Reino de Tua glória. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Depois de nos ter dado tudo, a Tua vida, Teu Sangue, Teu Amor, ainda nos destes a Tua Mãe. Certamente porque precisamos dela para chegar ao Céu, como ensinaram os santos doutores. “Filho, eis ai a tua Mãe!”. É impressionante que São João logo “a levou para a sua casa”. Eu também já a trouxe para a minha. Que Ela nos guarde, proteja e interceda por nós sem cessar diante de Ti. Sei que a Ela o Senhor nada pode negar.

Compadeço-me, Senhor, do vinagre que lhe deram para aplacar a dor, mas que o rejeitaste, para estar lúcido até o fim, e poder dizer conscientemente ao Pai – “Tudo está consumado!”. Tua sede física era cruel, por causa da perda de todo Teu Sangue, mas era também – como viram os Padres da Igreja – “a sede de Tua alma” pela salvação das nossas almas. És o bom Pastor que não quer perder nenhuma ovelha para o Lobo. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

Compadeço-me, Senhor, de Tua Morte, que matou a nossa morte eterna e nos abriu o Céu. Vestiste a nossa natureza para poder experimentar a morte em nossa defesa contra ela. Pelo Batismo fomos sepultados nela e ressuscitados para uma vida nova (cf. Rom 6,4 s). Obrigado, Senhor, a eternidade será insuficiente para Te agradecer tão grande amor por nós! Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós!

breviariodaconfiancaMesmo depois de morto, ainda te rasgaram o peito com a lança, e do Teu sagrado Coração perfurado saiu Sangue e Água; dai nasceu a Igreja, Tua esposa, “como Eva nasceu do lado aberto de Adão”, como nos ensinaram os santos Padres. Daí brotaram os sete Sacramentos de nossa redenção.

E Tua Mãe o recebeu destruído, em Seus braços maternos. Que dor no coração desta Mãe, que recebeu nos Seus braços o Filho de Deus humanado e destruído como jamais foi um ser humano! E ela o depôs, as pressas, no túmulo novo de José de Arimateia, esse bom amigo. E ali Ela viveu a soledade, a solidão do Sábado do silêncio, em que o Rei dormiu. Pela dolorosa Paixão de Teu Filho, Pai, tende piedade de nós! Nós te adoramos e bendizemos, Senhor Jesus, porque pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo!

Encerro essa meditação com uma frase de São Boaventura, que resume o quanto essa prática faz bem para a nossa alma:
“Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias a Paixão do Senhor. Nada contribui tanto para a santidade das pessoas como a Paixão de Cristo”.

Medite sempre a Paixão de Jesus Cristo e abra-se a Sua MISERICÓRDIA!

Por: Prof. Felipe Aquino

http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2016/01/21/abra-se-a-misericordia/ 



 

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O que é o 'estado' do Purgatório?

O que é o purgatório?

Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório. Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo: "Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu" (CIC, §1030). Logo, as almas do Purgatório "estão certas da sua salvação eterna", e isto lhes dá grande paz e alegria. Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II: "Mesmo que a alma tenha de sujeitar´se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus."(Alocução de 03 de julho de 1991; LR n. 27 de 07/7/91) O Catecismo da Igreja ensina que: "A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados."

A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438´1445) e de Trento (1545´1563)" (§ 1031). "Este ensinamento baseia´se também sobre a prática da oração pelos defundos de que já fala a Escritura Sagrada: 'Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado' (2 Mac 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos"(§1032). Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra´se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés.

Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: "Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado". (2 Mac 12,44s) Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé. Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, §1), e gozar de sua visão face´a´face. Mas, como Deus é "Três vezes Santo", como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: "sem a santidade ninguém pode ver a Deus" (Hb 12, 14).

Então, a misericórdia de Deus dá´nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna. O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva´o a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raíz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.

Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor "receberá uma recompensa"; mas, se não resistir, o seu autor "sofrerá detrimento", isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador "se salvará, mas como que através do fogo", isto é, com sofrimentos. O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3).

O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.

Pensamentos Consoladores sobre o Purgatório

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567´1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que "é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório".

Eis o que ele nos diz:

1. As almas alí vivem uma contínua união com Deus.

2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar´se no inferno a apresentar´se manchadas diante de Deus.

3. Purificam´se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4. Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7. São consoladas pelos anjos.

8. Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9. As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama´lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11. O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor. ( Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981)