Santo André Bobola

Filho
de pais nobres, cristãos e poloneses, André nasceu no dia 30 de
novembro de 1591, na cidade de Sandomir. Aos vinte anos, ingressou no
seminário dos jesuítas de Vilna, atual Vilnius, Lituânia. Lá se ordenou
sacerdote em 1622, com o desejo único de evangelizar, mas acabou se
tornando enfermeiro durante uma epidemia de cólera, dando prioridade a
esse trabalho.
Depois
foi eleito superior em Bobruik, percorrendo a região por vinte anos,
com seu apostolado de pregação e evangelização. O sacerdócio era um
risco contínuo nesse território devastado pelas freqüentes guerras entre
poloneses, lituanos, russos "brancos" e "moscovis", suecos e cossacos.
Esses nômades foram também para a Polônia, que tentava controlar o
ingresso com normas rígidas de permissão, sem interromper, contudo, os
confrontos sangrentos.
Além
do conflito político, havia o religioso entre os católicos romanos; os
cristãos orientais, divididos entre si; e os grupos da Reforma. É nesse
cenário que padre Bobola marcou sua presença de fé tranqüila e pacífica,
alicerçada pelo estudo e pelo gosto pessoal pelos diálogos e debates
vigorosos com as demais pessoas.
Ele
não vivia sem a pregação. Todos, católicos ou não, admiravam sua
coragem. Os inimigos o chamavam de "caçador de almas", com uma aversão
que era mais um reconhecimento ao seu valor e a sua coragem diante de
tudo e de todos.
Uma
revolta dos cossacos, a serviço do Império Russo, inimigo da Polônia,
desencadeou uma perseguição político-religiosa sem precedentes. As
igrejas, conventos e seminários foram incendiados e os católicos,
torturados e martirizados. Todavia padre André Bobola não desistiu do
apostolado, nem diminuiu sua pregação. No dia 16 de maio de 1657, os
cossacos o capturaram e, após muito suplício e tortura, foi cruelmente
assassinado.
Os
católicos levaram seu corpo para Pinsk, onde todos foram venerá-lo,
mesmo os ortodoxos e os dissidentes. Ali suas relíquias repousaram até o
ano de 1808, quando foi trasladado para Polock, na Rússia Branca,
antiga União Soviética.
Em
1922, depois da revolução bolchevista, seu corpo foi levado para um
museu médico em Moscou. Mas no ano seguinte o entregaram a uma comissão
de jesuítas, depois de acertos oficiais entre o papa Pio XI e as
autoridades do governo russo.
Assim,
a urna do jesuíta mártir foi conduzida a Roma, em 1924, e depositada na
igreja de Jesus. Em 1938, o papa Pio XI o proclamou santo e suas
relíquias seguiram, numa última viagem, a Varsóvia, Polônia. Santo André
Bobola viveu apenas sessenta e seis anos, mas seu corpo viajou por toda
a Europa ao longo de três séculos. Ele foi declarado padroeiro da
Polônia, junto com Nossa Senhora de Czestochowa, e apóstolo da
Lituânia.
Santo André Bobola, rogai por nós!
São João Nepomuceno

João
nasceu em 1330, em Nepomuk, na Boêmia, atual República Checa. Apesar
de os pais serem pobres e ter idade avançada, João conseguiu formar-se
doutor em teologia e direito canônico na universidade de Praga, uma das
mais modernas e avançadas da época, fundada pelo rei Carlos IV. Mas
desde muito cedo João sabia que sua verdadeira vocação era o
sacerdócio, a pregação.
Quando, finalmente, recebeu a unção
sacerdotal, pôde colocar em prática o seu talento de orador sacro, e o
fez de forma tão brilhante que foi convidado a ser capelão e confessor
na corte, onde teve muito trabalho, pois o rei Venceslau IV era uma
pessoa difícil e de mau-caráter. Mas a rainha e imperatriz Joana da
Baviera era muito pia, bondosa e caridosa, e o tomou para diretor
espiritual e confessor particular.
Não se sabe exatamente como
foi seu martírio e como tudo ocorreu, mas o rei Venceslau, que desejava
controlar a Igreja, não estava satisfeito com a possível chegada de um
novo bispo, enviado por Roma a pedido da rainha.
A tradição
lembra, porém, que o rei teria exigido que João violasse o segredo da
confissão da rainha, coisa a que ele se negou e, por isso, foi torturado
e morto. Depois, às escondidas, seu corpo foi jogado nas águas do rio
Moldávia, em 16 de maio de 1383.
No dia seguinte, a população
percebeu um cadáver boiando no rio, circundado por uma luz misteriosa
com cinco estrelas. Ao recolhê-lo, reconheceram que se tratava do
capelão João. A cidade toda, então, ficou sabendo o que acontecera com
ele e reconheceu no rei Venceslau o autor daquela crueldade. Assim, em
procissão, o corpo foi levado e enterrado na igreja da Santa Cruz, onde
permanece até hoje.
Em 1729, ele foi canonizado. Hoje são João
Nepomuceno é celebrado como o mártir da confissão e venerado por todos
os habitantes da cidade de Praga.
São João Nepomuceno, rogai por nós!
São Simão Stock

Simão
nasceu em 1165, no castelo da família em Kent, Inglaterra. O seu pai
era governador local, e tinha parentesco com a casa real do seu país.
A
família, cristã e pia, proporcionou-lhe uma formação intelectual e
religiosa aprimorada. Aluno aplicado e inteligente, freqüentou o colégio
de Oxford desde os sete anos de idade. Mesmo sendo conduzido para uma
carreira que trouxesse glórias terrenas, o que Simão desejava era poder
seguir a vida religiosa: para servir a Deus, para a glória de Deus.
Aos
doze anos, deixou o castelo paterno para viver como eremita. Retirou-se
para o interior da floresta perto de Oxford, e nela viveu sua
existência consagrada ao Senhor. A morada escolhida era o velho tronco
oco de um carvalho. Logo essa notícia se empalhou e o estranho monge
passou a ser chamado de Simão "Stock". Assim ele viveu por vinte anos,
empenhado na contemplação, na oração e penitência.
Certa noite,
sonhou com Nossa Senhora, que lhe dizia para juntar-se aos monges
vindos do mosteiro de Monte Carmelo. A Ordem dos Carmelitas é uma das
mais antigas e a primeira criada em homenagem a Maria naquele mosteiro
na Palestina. Mesmo não entendendo direito o sonho, Simão obedeceu a
Maria. Voltou para o castelo e aos estudos, formou-se em teologia e
recebeu as sagradas ordens. Enquanto aguardava a chegada dos monges,
percorria as aldeias visitando pobres e doentes, e evangelizando. Em
1213, os carmelitas chegaram à Inglaterra. Simão pôde, finalmente,
receber o hábito da Ordem.
Após dois anos, por seu mérito e
virtudes, foi nomeado coadjutor na direção da Ordem. E finalmente, em
1216, ocupou o cargo de vigário-geral de todas as províncias européias.
Era
o período dos mais delicados para esses monges, pois eram perseguidos
por outras ordens, e a dos carmelitas quase foi extinta. Diante das
circunstâncias, Simão Stock, então prior-geral, enviou delegados ao papa
Honório III para informá-lo da situação crucial, e pedir sua proteção.
Ao mesmo tempo, convidou todos os carmelitas a rezarem pedindo ajuda a
Maria para a Ordem que lhe foi dedicada, até que viesse a resposta de
Roma.
Primeiro veio a resposta da Santíssima Virgem. Simão estava
em profunda oração contemplativa quando viu aparecer a Mãe de Deus,
cercada de anjos, que lhe mostrou o santo escapulário da Ordem,
dizendo-lhe: "Este será o privilégio para ti e todos os carmelitas; quem
morrer vestindo-o, se salvará". Mandou distribuí-lo aos monges da Ordem
para tranqüilizá-los. Segundo a tradição, a aparição ocorreu no dia 16
de julho de 1251.
Depois chegou a decisão do papa Inocêncio, por
meio de uma mensagem datada de 13 de janeiro de 1252, entregue a ele
pelos representantes que voltaram. Nela, o sumo pontífice informava que
declarava a existência legal da Ordem dos Carmelitas e autorizava a
continuar a criação dos seus mosteiros na Europa. Foi assim que Simão
agiu, inclusive promovendo a mudança estrutural da Ordem, que passou da
vida monástica eremítica oriental, para aquela seguida no Ocidente, dos
mendicantes ou apostólicos.
A devoção ao escapulário se difundiu
rapidamente à cristandade toda, do Ocidente ao Oriente, como um sinal
da proteção maternal de Maria e do próprio empenho de seguir Jesus como
sua Santíssima Mãe. Simão morreu, com quase cem anos, em 16 de maio de
1265, no mosteiro de Bordeaux, na França, onde foi enterrado. A festa a
são Simão Stock é celebrada, no dia 16 de maio, desde 1524, culto que a
Igreja depois confirmou e incluiu no seu calendário litúrgico.
São Simão Stock, rogai por nós!
Santo Ubaldo
Ubaldo
nasceu de nobre família alemã em 1085, na cidade de Gúbio, Itália.
Entretanto foi criado por um tio, porque ficou órfão ainda muito
criança. Aos quinze anos de idade, resolveu que seria monge ermitão,
para estar longe do burburinho e das ilusões da cidade. Seu tio não
permitiu, preferindo que ele fosse conviver com os cônegos de São
Segundo, para completar os estudos. Com eles Ubaldo ficou até ser
chamado pelo bispo João, que o ordenou sacerdote em 1114 e o manteve
como auxiliar incansável na reforma eclesiástica que promovia naquela
diocese.
Mas
neste mesmo ano foi eleito prior da comunidade religiosa de São
Mariano, nos arredores de Gúbio, e titular da catedral. À pequena
comunidade ele deu um novo desenvolvimento ascético, nos moldes de são
Pedro Damião, que tinha transformado o mosteiro de Fonte Avelana em um
centro exemplar de vida religiosa. E para lá se dirigiu também Ubaldo,
depois do incêndio de 1126, que destruiu a catedral e a comunidade, com
os religiosos tendo de se dispersarem.
Acontece que Ubaldo teve
atuação tão exemplar nesse período, que em 1129 foi nomeado bispo de
Gúbio pelo papa Honório II, que o consagrou pessoalmente. Assim ele
voltou para sua cidade, agora também sua sede episcopal. Além de ganhar a
confiança do povo quase de imediato, por causa da defesa intransigente
dos fracos e oprimidos pelos senhores feudais, Ubaldo passou a ser
considerado herói por ter evitado a invasão da cidade pelo terrível
Frederico Barba-Roxa, em 1155. Para isso usou suas armas mais eficazes:
persuasão, caridade e doçura.
Ubaldo era um pacificador. Diz a
tradição que, certa vez, ele se colocou literalmente entre dois grupos
adversários que brigavam no centro de Gúbio. Somente ao ver seu amado
bispo no chão, ferido pelos participantes de ambos os lados, é que o
povo percebeu a violência descabida praticada, a luta cessou e a paz
passou a reinar na cidade.
Ele morreu no dia 16 de maio de 1160,
tendo sido proclamado padroeiro de Gúbio imediatamente após o
falecimento. Com isso a sua canonização foi rápida, ocorrida pouco mais
de trinta anos depois. Em 1192, foi proclamado santo Ubaldo, sendo
celebrado no dia de sua morte.
Santo Ubaldo, rogai por nós!