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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Mais um brasileiro Santo? e surfista! - Processo de beatificação já o colocou como Servo de Deus

Um surfista a caminho da santidade - Atualmente é Servo de Deus

Conheça os milagres atribuídos a Guido Schäffer, o médico e seminarista brasileiro que morreu surfando no Rio de Janeiro, está conquistando uma legião de fiéis e já tem processo de canonização em andamento no Vaticano 

A vida do cardiologista Bernardo Amorim, de 46 anos, mudou drasticamente no ano passado. Vítima de uma doença nervosa que o deixou com o corpo todo paralisado, ele começou uma árdua batalha para restabelecer os movimentos. A mãe Eliana Amorim chegou a ouvir dos médicos que o filho só voltaria a andar em aproximadamente seis meses e que, talvez, o exercício da medicina ficaria comprometido. Porém, o inesperado os surpreendeu. “Antes mesmo de sair do hospital ele já conseguia ficar em pé e dar alguns passos”, conta a mãe. “Hoje, quase um ano depois, Bernardo trabalha e dirige.” O rápido restabelecimento de Amorim não foi creditado a nenhum tratamento inovador ou revolucionário. Mas a um médico e seminarista morto há seis anos, que está arrebatando milhares de fieis. Guido Schäffer morreu em 2009, aos 34 anos, enquanto surfava, e em 17 de janeiro deste ano a Arquidiocese do Rio de Janeiro abriu um processo junto ao Vaticano para torná-lo santo motivada pelos inúmeros relatos de graças atribuídas a ele. 

Foi para o ‘santo surfista’ que Eliana pediu quando se deparou com a situação do filho. “Orei ao Guido, disse que Bernardo amava a medicina e pedi que ele pudesse voltar a trabalhar”, diz a mãe, que acredita ter sido atendida. “Depois da morte de Guido Schäffer, médicos, seminaristas e amigos começaram a comentar que ele deveria ser reconhecido como exemplo de vida cristã”, disse à ISTOÉ o cardeal Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro. “Era uma pessoa que trabalhou como médico e atuou de forma próxima dos pobres e doentes.” Mais do que isso, era um surfista carioca que pode atrair o rebanho jovem, tão arredio à Igreja Católica nos dias de hoje. Afinal, os mais novos podem se identificar com a história dele.

HOMENAGEM
Eliana Amorim, mãe de Bernardo, que teve o corpo todo paralisado,
visita o túmulo do seminarista carioca: "orei ao Guido para que
meu filho voltasse a andar e trabalhar"

Guido Schäffer era um típico jovem de classe média alta da Zona Sul do Rio de Janeiro. Formou-se em medicina, namorava, se divertia, era muito popular. Até que uma viagem mudou sua vida. Em 2000, quando visitou o santuário de Fátima, em Portugal, com seus pais, revelou à família que queria ser padre. A mãe Nazareth Schäffer foi pega de surpresa. “Como ele era médico e tinha uma namorada firme, imaginei que continuaria na medicina e se casaria”, diz. A mãe ponderou as dificuldades da vida sacerdotal. “Mas para todo questionamento, meu filho tinha uma resposta segura”, diz. Decidido, Schaffer uniu o seminário à medicina e, nas horas livres, ia à praia surfar. Amigos e familiares ficavam surpresos com a forma com que ele se relacionava com os jovens. E como se entregava aos mais necessitados, doando as próprias roupas, se necessário. “Ele mostrava que a santidade é possível no mundo de hoje a qualquer pessoa”, diz padre Jorjão, da igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, espécie de guia espiritual do surfista. “Ele tinha traços de liderança e uma grande preocupação social, tanto que fundou um grupo de oração com os jovens da paróquia”, diz o religioso.

Em maio de 2009, porém, Guido estava surfando com os amigos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, quando sofreu um acidente e bateu com a cabeça na prancha. A contusão na nuca ocasionou um desmaio e o conseqüente afogamento. Os amigos mais próximos diziam que, se pudesse escolher, ele queria morrer na praia. “Ficava impressionado com o jovem que amava o surfe, amava a Deus e falava dele com desenvoltura”, diz o companheiro de ondas Eduardo Martins. “Ele tinha uma conexão com o mar, as melhores ondas iam sempre nele.” Os amigos de praia se tornaram, em 1998, líderes do grupo de oração Fogo do Espírito Santo. “Guido parecia ter vitalidade e carisma, por isso unia a parte mundana, representada pelo esporte, com um lado espiritual e assim se tornou um bom exemplo para os jovens que pensam que a religião católica é ultrapassada”, afirma Denise Gimenez Ramos, professora de psicologia clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

 A partir do clamor daqueles que conviveram com Guido Schäffer, uma carta assinada por Dom Orani inaugurou o processo de beatificação. Desde então, iniciou-se a fase Arquidiocesana, a primeira das quatro etapas até o processo de canonização (leia quadro), e agora ele é Servo de Deus. A Arquidiocese do Rio deverá coletar depoimentos sobre as possíveis graças do seminarista. Segundo o coordenador da Comissão Histórica do Processo de Beatificação, Dom Roberto Lopes, a meta é ouvir trinta testemunhas, entre colegas de trabalho, surfistas e seminaristas. “O processo está ocorrendo de forma muito rápida pois, como a morte de Guido é recente, é mais fácil verificar documentos e encontrar pessoas que conviveram com ele”, diz.

O especialista em psicologia da religião da PUC-SP Edênio Valle acredita que faltam estímulos para os mais novos frequentarem a igreja. Por isso vê com bons olhos o processo de Guido. “Santos jovens deixam um modelo para uma sociedade que carece de referências e ele era um rapaz que optou por uma vida saudável e cristã ao mesmo tempo”, diz. Ângela, a irmã do seminarista, lembra que desde muito moço ele mostrava ter dom para a evangelização. “Meu irmão falava da fé e religião para os amigos enquanto eu ficava com vergonha”, diz.

O jovem médico morreu antes de concluir o curso de Teologia, mas a dona de casa Valéria Junqueira, que o conheceu no grupo de oração credita ao “São Guidinho” a recuperação do marido Alberto. “Meu filho Alexandre era amigo de Guido e depois que ele morreu comecei a orar por ele”, diz. Depois do acidente de Schäffer, o marido teve uma crise de diverticulite. Foi internado às pressas em um hospital público e os médicos chegaram a considerar que não sobreviveria. Valéria orou a Guido pela vida do marido. “Nosso pedido foi ouvido e por um milagre ele foi curado sem precisar da cirurgia, mesmo com todas as dificuldades e as condições precárias do lugar.”

O surfista também atuava com as irmãs Missionárias da Caridade, ordem criada por Madre Tereza de Calcutá, e era reconhecido pelo atendimento que prestava aos moradores de rua. Além disso, tinha por hábito orientar pessoas com qualquer tipo de aflição. A funcionária pública Juliana Gomes de Almeida, 37 anos, contou a ele que não conseguia engravidar. O seminarista aconselhou que ela procurasse um grupo de mulheres com o mesmo problema. Mesmo depois de sua morte, o grupo de orações não se desfez. “Fiz um tratamento delicado e, de repente, o médico disse que estava grávida”, diz Juliana. “Tenho certeza que foi uma graça do Guido, o próprio médico ficou muito impressionado.” 

Padre Jorjão gosta de lembrar que o surfista “transbordava Deus, sem renunciar suas características.” “Ele era o sacerdote que eu mesmo desejava ser”, diz. Em uma de suas falas mais celebradas, o papa João Paulo II (1920-2005) afirmou que eram necessários santos de calça jeans e tênis, em alusão à necessidade do contato com a juventude. Resta então esperar até que o processo seja concluído, porque, ao que tudo indica, Guido Schäffer pode chegar ao altar de bermuda e chinelos.

Por: - Helena Borges e Fabíola Perez - Isto É