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domingo, 2 de abril de 2017

O cientificismo e a promoção do aborto


Na raiz da promoção massiva do aborto também está a falta de uma visão da vida como algo sagrado, ou como um mistério. 

O homem atual sente-se dominador da natureza, e não como administrador. Será que a Ciência não é culpada disso? Afinal, foi a Ciência que nos deu poder de manipular a natureza e portanto, em última análise, só por causa do poder que ganhamos dela é que nos sentimos donos da natureza.

Na realidade o argumento está mal colocado. É verdade que a Ciência nos deu poder sobre a natureza (ainda que limitado). Mas esse poder não é mau em si, pois pode ser empregado de uma forma boa ou má. Mais uma vez estamos diante do grande dilema existencial humano: fomos criados livres por Deus. Cabe a cada um de nós escolher qual caminho tomar e arcar com as consequências.

A Ciência é algo desejado por Deus desde o princípio pois é um fruto natural da inteligência humana, dom do Criador. Quando bem utilizada, faz com que admiremos a Criação e encontremos nela reflexos de Deus. Eu diria até mais, que quando a pesquisa científica é orientada de acordo com os princípios éticos da lei natural colocada por Deus no coração de todos os homens, essa Ciência contribui para os desígnios de Deus no mundo. Ou seja, a boa pesquisa científica faz parte dos muitos e tão diversos mecanismos que a Providência Divina utiliza para levar o mundo ao fim último desejado pelo Criador.

Um cientista que trabalha de acordo com a reta razão, acredite em Deus ou não, irá encontrar-se com o mistério no seu trabalho. Normalmente, esse mistério se revelará por meio da beleza da natureza. Mas também poderá aparecer na bondade de todas as coisas que notavelmente estão ordenadas para uma harmonia entre si. Além disso, as grandes leis que regem os fenômenos naturais são coerentes entre si e formam uma espécie de tecido lógico impressionante e mais admirável ainda por ser compreensível para nós. Ou seja, o cientista que usa bem sua razão irá encontrar na natureza os atributos de Deus: a beleza, a bondade e a verdade.

Mas o que significa um cientista agir com a reta razão? Significa muitas coisas, mas principalmente que ele não extrapola para além do mundo material as conclusões empíricas que a Ciência lhe permite obter. A Ciência fala sobre o mundo material, não sobre o que lhe causou ou sobre a finalidade para que foi criado.

Entretanto, muitos cientistas querem passar a ideia de que a Ciência permite concluir sobre as razões e as finalidades do universo, algo que é um abuso tremendo e que comumente chamamos de cientificismo, ou seja, uma espécie de doutrina científica que não encontra fundamento na própria Ciência mas que mesmo assim é assumida por muitas pessoas. Cabe denunciar este cientificismo sem, no entanto, confundi-lo com a Ciência em si. A consequência mais imediata do cientificismo é fazer o homem esquecer que a natureza foi criada e que não lhe pertence. Ou seja, que desde o início Deus nos colocou como meros administradores da sua criação e nos convidou a levá-la à plenitude com Ele, dando-nos um poder imenso de sermos co-criadores através do nosso trabalho.

Para o cientificista é lícito fazer qualquer violência à natureza desde que lhe seja conveniente. Muitos mascaram essa “conveniência” sob causas “bonitas”. É o caso das células tronco embrionárias, da eugenia, do aborto de tantos outros crimes contra a vida que são justificados com algo bom para o ser humano, como uma terapia ou a simples escolha de fazer da própria vida o que se quiser. Não vou entrar no mérito destes argumentos, mas quero sublinhar que no fundo eles têm uma origem comum: ganhamos tanto poder sobre a natureza com a Ciência que não percebemos mais o caráter sagrado da natureza como Criação de Deus. Muitos a veem como um meio para satisfazer os desejos do homem.

Só a fé cristã permite conciliar plenamente a Criação e a Razão que Deus nos deu. É somente sob a perspectiva de sermos também nós criaturas de Deus e de estarmos aqui para cumprir um desígnio sagrado que podemos tomar consciência de que a natureza deve ser usada para este mesmo desígnio e que não temos o direito de fazer violência contra a própria identidade das coisas.

Dizer que a vida humana só começa na 14ª semana de gravidez (ou qualquer outra semana) é um exemplo de como distorcemos a própria identidade das coisas. Não podemos estabelecer um momento para quando começa a vida humana. Não importa quando surgem as faculdades neurológicas do feto, ou quando ele tem ou não condições de sobreviver fora do útero materno.

De modo mais geral, nada que possa ser dito sobre as atividades naturais do feto pode ser usado como determinante do início da vida. Fazendo uma regressão extrema, nem mesmo o momento da entrada do espermatozoide no óvulo pode ser usado, pois não acontece num instante, mas num espaço de tempo.

Não podemos cair no jogo de discutir quando a vida começa, pois a questão não é essa, mas se temos ou não o direito de interferir. O começo da vida está cercado de mistério, pois é o início da existência de todo ser humano. Tentar definir esse momento é assumir que a vida humana é algo somente natural e esquecer que temos alma, que fomos desejados desde toda a eternidade por Deus Criador e que também somos suas criaturas. Respeitar o caráter sagrado da vida é algo que só faz sentido se limitamos a Ciência ao seu lugar correto de método investigativo e não tentamos usá-la inapropriadamente para validar filosofias malignas.

É plenamente possível e necessário conciliar a Fé cristã com a Ciência. Somente assim poderemos admirar a criação e levá-la ao fim determinado pelo seu Criador. A vida, especialmente a vida humana, um grande mistério, que o cientista deve aprender a admirar e aceitar que não pode ser violado.

Alexandre Zabot - Físico e doutor em Astrofísica – Professor da UFSC





domingo, 15 de março de 2009

A propósito de uma excomunhão

A propósito de uma excomunhão
Por: IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO
Ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Desde que se tornou conhecida, pela divulgação na mídia, a declaração do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, de que incorreram na pena de excomunhão os que executaram e consentiram no aborto dos gêmeos que esperava a menina de 9 anos de Alagoinha
(PE), estuprada pelo padrasto, têm faltado pedras para atirar no referido prelado e na Igreja Católica.
Chocou o Brasil a notícia da gestação da menina pernambucana. Mas, em relação
ao aborto praticado, o que mais choca é a distorção de fatos, de modo a se justificar a
morte dos gêmeos, aproveitando-se também o episódio para se condenar a Igreja Católica
por sua intransigência.

Interessante notar que os mesmos que defendem ferrenhamente a separação da Igreja
e do Estado,
em nome do laicismo, não admitindo que a Igreja se manifeste em defesa da
vida por ocasião da discussão judicial sobre o aborto, são aqueles que, no presente episódio,
vêm prescrever o que a Igreja deve dizer ou pensar sobre seus dogmas e doutrina,
lembrando muito a incoerência voltariana do Tratado da Tolerância: devemos tolerar todos, menos “a infame” (a Igreja Católica).

Eis os fatos, segundo os testemunhos do Conselho Tutelar de Alagoinha e do pároco da
cidade:
em que pese o parecer unânime do referido conselho, contrário ao aborto, e da
vontade inicialmente manifestada pelo pai e pela mãe da menina pela preservação da vida dos netos, a pressão de uma assistente social, com a transferência da menina para outro hospital, o aborto foi realizado, com a maior rapidez, para evitar discussões, sempre sob o argumento, altamente discutível, de que a gestação levaria fatalmente à morte da mãe e das crianças.
E qual foi a declaração do tão criticado arcebispo?
Que o crime do aborto é mais grave do que o crime do estupro, estando os que o praticaram, e consentiram na sua realização, excomungados “ipso facto”.

Eis o direito aplicável à hipótese:
a) Código Penal Brasileiro —
ainda que seja crime, o aborto não se pune quando a gestação resulta de estupro (art. 128, II);
b) Código de Direito Canônico da Igreja Católica
— a excomunhão “latae sententiae” é aquela na qual incorre o fiel católico pelo simples fato de praticar o aborto, independentemente de processo e sentença expressa, em face da extrema gravidade do delito (cc. 1314, 1318 e 1398); para o fiel católico, a excomunhão significa ficar privado de receber os sacramentos (c. 1331, § 2º); pode ser levantada se estiver arrependido e houver se confessado (cc. 1355, § 2º, 1357, § 1º, e 1358, § 1º).

Ou seja, o que dom Fernando Cardoso Sobrinho fez foi apenas esclarecer que, pelo ato
que praticaram, os que provocaram o aborto da menina de Alagoinha deixaram de participar
da comunhão da Igreja Católica. Podem voltar a ela? Claro, desde que arrependidos do gravíssimo pecado que cometeram e devidamente perdoados pelo sacramento da confissão.

É questão de coerência. Ninguém é obrigado a pertencer à Igreja. Mas se o faz, deve estar
de acordo com sua doutrina, defendida em sua integralidade pela Igreja Católica por
mais de dois milênios. Diante de tantas contemporizações, sempre se buscando atenuar
as exigências do Evangelho, não é demais lembrar, como dizia um santo de nosso tempo,
que não é a doutrina de Cristo que deve se adaptar às épocas históricas, mas os tempos é que se devem abrir à luz do Evangelho.

Diante de tão triste episódio, só podemos nos solidarizar com a dor imensa da menina
estuprada e obrigada a abortar
, lamentar o sacrifício de duas vidas humanas, e nos colocar ao lado de dom José Cardoso Sobrinho, para, junto com ele, receber as pedras
que ainda continuarão a ser atiradas nele e na Igreja Católica pela intransigente defesa
da vida humana.