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domingo, 10 de agosto de 2014

Evangelho do Dia

EVANGELHO COTIDIANO

"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
 
19º Domingo do Tempo Comum 




Evangelho segundo S. Mateus 14,22-33. 
Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só. 

O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar.
Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. 

No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!»
Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.»
«Vem» disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus.
Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»
E, quando entraram no barco, o vento amainou.
Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!»



Comentário do dia: Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo
Comentário sobre o evangelho de Mateus, livro 11, cap. 5-6

«Passemos à outra margem» (Lc 8,22)
 


Jesus obrigou os discípulos a subirem para o barco e a irem à sua frente para a outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. A multidão não podia ir até à outra margem; não eram hebreus, no sentido espiritual da palavra, que se traduz como: «povos da outra margem». Essa obra estava reservada aos discípulos de Jesus: partirem para a outra margem, ultrapassarem o visível e o corpóreo, as realidades temporárias, e serem os primeiros a alcançar o invisível e o eterno. […] E, no entanto, os discípulos não conseguiram chegar antes de Jesus à outra margem […]; talvez Ele quisesse ensinar-lhes, através da experiência, que sem Ele não conseguiriam lá chegar. […] E que barco era esse no qual Jesus obrigou os discípulos entrar? Não seria a luta contra as tentações e as circunstâncias difíceis? […] 



Depois subiu à montanha a sós para orar. Por quem orava? Provavelmente pelas multidões, para que, ao serem enviadas depois de terem comido o pão bendito, não fizessem nada de contrário a esse envio de Jesus. Também pelos discípulos […], para que nada de mal lhes acontecesse no mar, com as vagas e o vento contrário. Apetece-me dizer que foi graças a essa oração de Jesus a seu Pai que os discípulos não sofreram nenhum mal, apesar de o mar, as vagas e o vento se encarniçarem contra eles. […] 



E nós, se um dia depararmos com tentações inevitáveis, lembremo-nos de que foi Jesus que nos mandou embarcar; não é possível chegar à outra margem sem suportar a prova das vagas e do vento contrário. Depois, quando nos virmos rodeados por inúmeras e penosas dificuldades, cansados de navegar no meio delas com a pobreza dos nossos meios, pensemos que a nossa barca está no meio do mar e que essas vagas tentam «fazer naufragar na nossa fé» (cf 1Tim 1,19). […] Tenhamos então a certeza de que «a noite adianta-se e o dia está próximo» (Rom 13,12), de que o Filho de Deus chegará junto de nós para amansar o mar, caminhando sobre as suas águas. 





Santo do dia - 10 de agosto

São Lourenço - Diácono e mártir

Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o declínio dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono Lourenço provocara na cidade uma grande impressão, a ponto dos pagãos - vendo tão serena coragem diante da tortura - começaram a se interrogar sobre a religião professada pelo heroico mártir.

Sua imagem, cingida de lenda (a paixão de São Lourenço, de um século posterior à sua morte, é pouco confiável) já nos escritores próximos de sua época, como Prudêncio, Dâmaso e Ambrósio, está ligada a sua tortura.O mártir, posto em uma grelha colocada sobre carvões ardentes, encontra um modo de gracejar:"Vede, deste lado já estou bem cozido; virai-me do outro". Mas a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha sido decapitado como o papa Sisto II - do qual era diácono e o havia precedido por três dias no martírio.


O papa Dâmaso, por outro lado, parece convalidar a tradição dos carvões ardentes e recorda o heróico testemunho de fé com eficaz síntese: "Verbera, carnífices, flammas, tormenta, catenas..."- açoites,carrascos,chamas,tormentos,cadeias,nada prevaleceu contra sua fidelidade a Cristo.


Mas ao lado dessa imagem de sofrimento aceito, há outra, de modo algum lendária, referente ao diácono encarregado de distribuir aos pobres a coleta dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato, encarregado de dirigir outros diáconos de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na iminência da prisão, o papa o tenha encarregado de distribuir aos pobres o pouco que a Igreja possuía.


Quando o imperador Valeriano - lê-se na Paixão - impôs-lhe a entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria reunido diante dele um grupo de mendigos: "Eis o nosso tesouro", disse-lhe, "podeis encontrá-lo por toda a parte". Foi sepultado na via Tiburtina, no Campus Veranus -Verano -,e sobre seu sepulcro foi erigida a basílica que leva seu nome, a primeira das igrejas que Roma dedicou ao seu popular mártir. 


São Lourenço, rogai por nós!

sábado, 9 de agosto de 2014

Santo do dia - 9 de agosto








São Fermo e são Rústico

Fermo e Rústico foram dois mártires da África do Norte. O primeiro teria morrido em Cartago, no tempo do imperador Décio, que empreendeu uma grande e dura perseguição aos cristãos nos anos de 249 até 251. O segundo teria sido morto, junto com outros, na região da Argélia, durante o império de Valeriano.

As suas relíquias encontram-se na igreja de São Fermo e São Rústico, em Verona, na Itália. Trata-se de um conjunto arquitetônico muito exótico, formado por duas igrejas, construídas uma sobre a outra, em momentos diferentes. Uma teria sido construída durante o século XIII e a outra pelo século XIV. A magnífica igreja superior guarda as urnas de Fermo e Rústico, os quais possuem uma história muito interessante, envolta de longínquas tradições cristãs do Oriente e do Ocidente.

Segundo elas, Fermo e Rústico não eram africanos, mas veronenses de origem. Teriam sido mortos decapitados por não renegarem a fé em Jesus Cristo no tempo do imperador Maximiano, entre 286 e 310. Depois disso, seus corpos teriam sido enviados a Cartago, no norte da África, para serem sepultados.

Porém suas relíquias tiveram novamente o rumo da Itália, entre 757 e 774, devido à aclamação do povo. O retorno foi patrocinado pelo bispo de Verona, Annone, que custeou o traslado das relíquias de volta à sua terra natal. Os dois mártires foram acolhidos com grande solenidade, quando os corpos foram depositados nas igrejas, que há muito tempo já haviam sido erguidas em honra de seus nomes.

Essa história está registrada em dois documentos: no "Translatio ss. Firmi et Rustici", da segunda metade do século VII, e no "Il ritmo pipiniano", escrito entre os séculos VIII e IX. Naquela época, o norte da África estava sob domínio dos vândalos de Genserico. Isso provocou uma emigração de cidadãos romanos, fugitivos, de volta à Itália.

Verona era a província que mais acolhia esses fugitivos. Ela teve, mesmo, como bispo, o norte-africano Zeno, também um fugitivo, que hoje é festejado como Padroeiro da cidade. Ele é um bom exemplo de como o povo veronense tinha grande veneração pelos mártires africanos. Assim, é bem possível que tenham adotando, também, os santos Fermo e Rústico, muito celebrados como padroeiros de Verona. 


São Fermo e são Rústico, rogai por nós!




Santa Edith Stein (Tereza Benedita da Cruz)
 



Edith Stein nasceu na cidade de Breslau, Alemanha, no dia 12 de outubro de 1891, em uma próspera família de judeus. Aos dois anos, ficou órfã do pai. A mãe e os irmãos mantiveram a situação financeira estável e a educaram dentro da religião judaica.

Desde menina, Edith era brilhante nos estudos e mostrou forte determinação, caráter inabalável e muita obstinação. Na adolescência, viveu uma crise: abandonou a escola, as práticas religiosas e a crença consciente em Deus. Depois, terminou os estudos com graduação máxima, recebendo o título de doutora em fenomenologia, em 1916. A Alemanha só concedeu esse título a doze mulheres na última metade do século XX.

Em 1921, ela leu a autobiografia de santa Teresa d'Ávila. Tocada pela luz da fé, converteu-se e foi batizada em 1922. Mas a mãe e os irmãos nunca compreenderam ou aceitaram sua adesão ao catolicismo. A exceção foi sua irmã Rosa, que se converteu e foi batizada no seio da Igreja, após a morte da mãe, em 1936.

Edith Stein começou a servir a Deus com seus talentos acadêmicos. Lecionou numa escola dominicana, foi conferencista em instituições católicas e finalizou como catedrática numa universidade alemã. Em 1933, chegavam ao poder: Hitler e o partido nazista. Todos os professores não-arianos foram demitidos. Por recusar-se a sair do país, os superiores da Ordem do Carmelo a aceitaram como noviça. Em 1934, tomou o hábito das carmelitas e o nome religioso de Teresa Benedita da Cruz. A sua família não compareceu à cerimônia.

Quatro anos depois, realizou sua profissão solene e perpétua, recebendo o definitivo hábito marrom das carmelitas. A perseguição nazista aos judeus alemães intensificou-se e Edith foi transferida para o Carmelo de Echt, na Holanda. Um ano depois, sua irmã Rosa foi juntar-se a ela nesse Carmelo holandês, pois desejava seguir a vida religiosa. Foi aceita no convento, mas permaneceu como irmã leiga carmelita, não podendo professar os votos religiosos. O momento era desfavorável aos judeus, mesmo para os convertidos cristãos.

A Segunda Guerra Mundial começou e a expansão nazista alastrou-se pela Europa e pelo mundo. A Holanda foi invadida e anexada ao Reich Alemão em 1941. A família de Edith Stein dispersou-se, alguns emigraram e outros desapareceram nos campos de concentração. Os superiores do Carmelo de Echt tentaram transferir Edith e Rosa para um outro, na Suíça, mas as autoridades civis de lá não facilitaram e a burocracia arrastou-se indefinidamente.

Em julho de 1942, publicamente, os bispos holandeses emitiram sua posição formal contra os nazistas e em favor dos judeus. Hitler considerou uma agressão da Igreja Católica local e revidou. Em agosto, dois oficiais nazistas levaram Edith e sua irmã do Carmelo de Echt. No mesmo dia, outros duzentos e quarenta e dois judeus católicos foram deportados para os campos de concentração, como represália do regime nazista à mensagem dos bispos holandeses. As duas irmãs foram levadas em um comboio de carga, junto com outras centenas de judeus e dezenas de convertidos, ao norte da Holanda, para o campo de Westerbork. Lá, Edith Stein, ou a "freira alemã", como a identificaram os sobreviventes, diferenciou-se muito dos outros prisioneiros que se entregaram ao desespero, lamentações ou prostração total. Ela procurava consolar os mais aflitos, levantar o ânimo dos abatidos e cuidar, do melhor modo possível, das crianças. Assim ela viveu alguns dias, suportando com doçura, paciência e conformidade a vontade de Deus, seu intenso sofrimento, e dos demais.

No dia 7 de agosto de 1942, Edith Stein, Rosa e centenas de homens, mulheres e crianças foram de trem para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Dois dias depois, em 9 de agosto, foram mortas na câmara de gás e tiveram seus corpos queimados.

A irmã carmelita Teresa Benedita da Cruz foi canonizada em Roma, em 1998, pelo papa João Paulo II, que indicou sua festa para o dia de sua morte. A solenidade contou com a presença de personalidades ilustres, civis e religiosas, da Alemanha e da Holanda, além de alguns sobreviventes dos campos de concentração que a conheceram e de vários membros da família Stein. No ano seguinte, o mesmo sumo pontífice declarou santa Edith Stein, "co-Padroeira da Europa", junto com santa Brígida e santa Catarina de Sena. 


Santa Teresa Benedita da Cruz, rogai por nós!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

8 de agosto - Santo do dia

São Domingos de Gusmão

Domingos nasceu em 24 de junho de 1170, na pequena vila de Caleruega, na Velha Castela, atual Espanha. Pertencia a uma ilustre e nobre família, muito católica e rica: seus pais eram Félix de Gusmão e Joana d'Aza e seus irmãos, Antonio e Manes. O primeiro tornou-se sacerdote e morreu com odor de santidade. O segundo, junto com a mãe, foi beatificado pela Igreja.

Nesse berço exemplar, o pequeno Domingos trilhou o mesmo caminho de servir a Deus. Até mesmo o seu nome foi escolhido para homenagear são Domingos de Silos, porque sua mãe, antes de Domingos nascer, fez uma novena no santuário do santo abade. E, como conta a tradição, no sétimo dia ele lhe teria aparecido para anunciar que seu futuro filho seria um santo para a Igreja Católica.

Domingos dedicou-se aos estudos, tornando-se uma pessoa muito culta. Mas nunca deixou a caridade de lado. Em Calência, cidade onde se diplomou, surpreendeu a todos ao vender os objetos de seu quarto, inclusive os pergaminhos caros usados nos estudos, para ter um pequeno "fundo" e com ele alimentar os pobres e doentes.

Aos vinte e quatro anos, sentindo o chamado, recebeu a ordenação sacerdotal. Foi enviado para a diocese de Osma, onde se distinguiu pela competência e inteligência. Logo foi convidado para auxiliar o rei Afonso VII nos trabalhos diplomáticos do seu governo e também para representar a Santa Sé, em algumas de suas difíceis missões.

Durante a Idade Média, período em que viveu, havia a heresia dos albigenses, ou cátaros, surgida no sul da França. O papa Inocêncio III enviou-o para lá, junto com Diego de Aceber, seu companheiro, a fim de combater os católicos reencarnacionistas. Mas, devido à morte repentina desse caro amigo, Domingos teve de enfrentar a missão francesa sozinho. E o fez com muita eficiência, usando apenas o seu exemplo de vida e a pregação da verdadeira Palavra de Deus.

Em 1207, em Santa Maria de Prouille, Domingos fundou o primeiro mosteiro da Ordem Segunda, das monjas, destinado às jovens que, devido à carestia, estavam condenadas à vida do pecado. Os biógrafos narram que foi na igreja desse convento que Nossa Senhora apareceu para Domingos e disse-lhe para difundir a devoção do rosário, como princípio da conversão dos hereges e para a salvação dos fiéis. Por isso os dominicanos são tidos como os guardiões do rosário, cujo culto difundem no mundo cristão através dos tempos.

A santidade de Domingos ganhava cada vez mais fama, atraindo as pessoas que desejavam seguir o seu modelo de apostolado. Foi assim que surgiu o pequeno grupo chamado "Irmãos Pregadores", do qual fazia parte o seu irmão de sangue, o bem-aventurado Manes.

Em 1215, a partir dessa irmandade, Domingos decidiu fundar uma Ordem, oferecendo uma nova proposta de evangelização cristã e vida apostólica. Ela foi apresentada ao papa Inocêncio III, que, no mesmo ano, durante o IV Concílio de Latrão, concedeu a primeira aprovação. No ano seguinte, seu sucessor, o papa Honório III, emitiu a aprovação definitiva, dando-lhe o nome de Ordem dos Frades Predicadores, ou Dominicanos. Eles passaram a ser conhecidos como homens sábios, pobres e austeros, tendo como características essenciais a ciência, a piedade e a pregação.

Em 1217, para atrair a juventude acadêmica para dentro do clero, o fundador determinou que as Casas da Ordem fossem criadas nas principais cidades universitárias da Europa, que na época eram Bolonha e Paris. Ele se fixou na de Bolonha, na Itália, onde se dedicou ao esplêndido desenvolvimento da sua obra, presidindo, entre 1220 e 1221 os dois primeiros capítulos gerais, destinados à redação final da "carta magna" da Ordem.

No dia 8 de agosto de 1221, com apenas cinqüenta e um anos de idade, ele morreu. Foi canonizado pelo papa Gregório IX, que lhe dedicava especial estima e amizade, em 1234. São Domingos de Gusmão foi sepultado na catedral de Bolonha e é venerado, no dia de sua morte, como Padroeiro Perpétuo e Defensor dessa cidade. 


São Domingos de Gusmão, rogai por nós!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

7 de agosto - Santo do dia

Santa Afra e suas companheiras
 
Afra era uma jovem pagã de costumes levianos, que vivia com sua mãe, Hilda, e três criadas: Digna, Eunômia e Eprepria. Orientada por sua mãe, Afra gostava de prestar culto e render homenagens a Vênus, uma das muitas deusas pagãs. Porém o que ela não poderia prever é que seria tocada pela fé cristã. Isso ocorreu quando descobriu que os dois desconhecidos que estavam hospedados em sua casa eram o bispo Narciso e seu diácono Félix.

Na época, ano 304, o imperador romano Diocleciano impunha uma severa perseguição aos cristãos. Esse foi o motivo que levou Narciso e Félix a fugir da fúria sangrenta que assolava a Espanha, indo parar em Augsburgo, na Baviera, Alemanha, quando foram acolhidos na residência de Afra, que, como sua mãe, nunca os tinha visto. Mas, na hora da refeição, à mesa, os dois começaram uma oração que chamou a atenção das duas e também das criadas ali presentes. Foi então que descobriram que os hóspedes eram cristãos e um deles era bispo da Igreja Católica.

Afra, a princípio, ficou confusa com os estrangeiros cristãos. Depois, mesmo sem conhecer o bispo Narciso, caiu aos seus pés e confessou sua vida de pecados. Ele, percebendo que Afra estava realmente arrependida e que sua alma clamava pelo perdão do Senhor, resolveu absolvê-la, desde que se convertesse e fosse batizada no cristianismo. Ela não só se converteu como ainda animou sua mãe e as outras companheiras para que fizessem o mesmo. Também decidiu ajudar Narciso e Félix a continuarem sua fuga, despistando os soldados do imperador.

Entretanto Afra foi traída e denunciada às autoridades pagãs. Presa, o perdão e a liberdade foram-lhe oferecidos, mas só se voltasse a reverenciar os falsos deuses. Afra negou-se e confirmou sua fé em Jesus Cristo. Foi levada para a ilha de Lesh, onde a despiram, amarraram num poste e depois queimaram viva.

O mesmo aconteceu, algum tempo, depois com as suas companheiras e sua mãe. Elas, que já se haviam convertido, tinham ido rezar junto à sepultura de Afra quando foram flagradas pelos soldados do imperador. Hilda, a exemplo de sua filha Afra, recusou-se a abandonar a fé cristã, sendo acompanhada na decisão também pelas três criadas.

Todas morreram queimadas vivas, ali mesmo, junto ao túmulo da mártir Afra.

Esta é uma das mais antigas tradições cristãs do povo alemão, que venera santa Afra como Padroeira da cidade de Augsburgo desde a Antigüidade, e que teve seu culto autorizado pela Igreja somente em 1064. A festa de santa Afra em Augsburgo acontece no dia 7 de agosto, embora, em algumas localidades, ocorra em outras datas. 


Santa Afra e suas companheiras, rogai por nós!


São Caetano de Thiene

Caetano nasceu em Vicência, na Itália, em outubro de 1480. Filho do conde Gaspar de Thiene e de Maria do Porto, desde muito jovem mostrava grande preocupação e zelo pelos pobres, abrindo asilos para os idosos e muitos hospitais para os doentes, especialmente para os incuráveis.

Estudou em Pádua, onde se diplomou nas matérias jurídicas, aos vinte e quatro anos de idade. Dedicava-se ao estado eclesiástico, mas sem ordenar-se, por considerar-se indigno. Nesse meio tempo, fundou, na propriedade da família, em Rampazzo, uma igreja dedicada a Santa Maria Madalena, que ainda hoje é a paróquia desta localidade.

Em 1506, estava em Roma, exercendo a função de secretário particular do papa Júlio II. Na qualidade de escritor das cartas apostólicas, fez contato e conviveu com cardeais famosos, aprendendo muito com todos eles. Mas a principal virtude que Caetano cultivava era a humildade para observar muito bem antes de reprovar o mal alheio. Para melhor compreender, basta lembrar que ele viveu no período do esplendor renascentista, no qual o próprio Vaticano não primava pelo exemplo de moralidade e nem brilhava pela santidade dos costumes.

Assim sendo, como homem inteligente e preparado, não se retirou para um ermo; ao contrário, encorajou-se para uma ação reformadora, começando por si mesmo. Costumava dizer que "Cristo espera e ninguém se mexe". Participou do movimento laical Oratório do Divino Amor, que procurava estudar e praticar as Sagradas Escrituras. Só então, depois de muita reflexão, decidiu-se pela ordenação sacerdotal, em 1516.

Tinha trinta e seis anos de idade quando celebrou sua primeira missa na basílica de Santa Maria Maior. Nesta ocasião, ele mesmo relatou depois, Nossa Senhora apareceu-lhe e colocou-lhe nos braços o Menino Jesus. Foi para Veneza em 1520, onde colaborou na fundação do hospital dos incuráveis. Três anos depois, incansável, voltou para Roma, onde, na companhia dos companheiros do Oratório - Bonifácio Colli, Paulo Consiglieri e João Pedro Carafa, bispo de Chiete -, fundou a Ordem dos Teatinos Regulares, que tinha como objetivo a renovação do clero.

Quando o papa Clemente VII aprovou a congregação, Caetano renunciou a todos os seus bens para dedicar-se única e exclusivamente à vida comum. O mesmo ocorreu com o bispo Carafa, que abdicou também da sua vida episcopal. Anos mais tarde, ele veio a tornar-se o papa Paulo IV, um dos grandes reformadores da Igreja.

A nova congregação começou somente com os quatro, depois passaram para doze e esse número aumentou bastante em pouco tempo. São os primeiros clérigos regulares. Não são monges, pois são de vida ativa, porém vivendo em obediência: sob uma regra de vida comum, como religiosos, cujos membros renunciam a todos os seus bens terrenos, devendo viver de seu trabalho apostólico e de ofertas espontâneas dadas pelos fiéis, contando, apenas, com a Providência divina. Carafa foi o primeiro superior geral, embora a idéia da fundação fosse de Caetano de Thiene, que, na sua humildade, sempre se manteve de lado.

Caetano morreu de fadiga, após uma vida de muito trabalho e sofrimento, aos sessenta e seis anos de idade, em Nápoles, no dia 7 de agosto de 1547. Foi canonizado em 1671. O seu corpo é venerado no dia de sua morte, na belíssima basílica de São Paulo Maior, mas que é chamada por todos os fieis e peregrinos de basílica de São Caetano, localizada na praça principal da cidade. 


São Caetano de Thiene, rogai por nós!

São Sisto II 

Os anos que se seguiram de 250 até 260 foram uns dos mais terríveis e ao mesmo tempos gloriosos do Cristianismo; terríveis devido à fúria dos imperadores Décio e Valeriano, e gloriosos por conta da têmpera dos inúmeros mártires, que foram os que mais glorificaram a Deus.

O Santo Papa Sisto II, a quem celebramos neste dia, foi um destes homens que soube transformar o terrível em glória, a partir do seu testemunho de fé, amor e esperança em Cristo Jesus. Pertence à lista de cinco consecutivos Papas mártires, São Sisto II governou a Igreja durante um ano (257 – 258) e neste tempo semeou a paz e a unidade no seio da Igreja de Cristo.

Foi Sisto decapitado pela polícia durante uma cerimônia clandestina que ele celebrava num cemitério da via Ápia. Foram ao mesmo tempo executados seis dos sete diáconos que o rodeavam. Só pouparam algum tempo o diácono Lourenço, seu tesoureiro, a quem deixaram quatro dias para entregar os bens da Igreja. Assim se procedia desde que o imperador Valeriano (+260) estabelecera a pena de morte “sem julgamento, só com verificação de identidade”, contra os Bispos, padres e diáconos da religião cristã.
Desta forma, São Sisto II e seus companheiros mártires entregaram suas vidas em sinal de fidelidade a Cristo e foram recompensados com o tesouro da eternidade no Céu.


São Sisto II e companheiros mártires, rogai por nós!

 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS CRISTO NO MONTE TABOR

EVANGELHO:
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias"

Pedro ainda estava falando quando uma nuvem luminosa os envolveu e da nuvem saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho amado, em quem pus toda a minha afeição. Ouvi-o!" Quando ouviram isso os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: levantem-se, e não tenham medo. 

Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao desceram da montanha, Jesus lhes ordenou: "A ninguém contem esta visão até que o Filho do homem tenha ressuscitado dos mortos" (Mt 17, 1-9).

 Ao transfigurar-se no Tabor, Jesus não quis somente fortalecer os apóstolos,
mas todos os fiéis  - incluindo  cada um de nós -, até o fim do mundo.
 
Verdadeiro Homem
Um dos principais mistérios de nossa Fé é a encarnação do Verbo. Com efeito, quem poderia excogitar a possibilidade de uma das Pessoas da Santíssima Trindade unir sua natureza divina à humana, e - sem deixar de ser verdadeiro Deus - se tornar também verdadeiro Homem? Nunca, pelo simples raciocínio, nenhum homem - e nem mesmo algum Anjo - conceberia tal conúbio entre Criador e criatura. Para conhecermos esse belo e atraente mistério, era necessário que o próprio Deus no-lo revelasse.

O Redentor foi radical em assumir a humana condição, dentro da frágil contingência desta (excluído o pecado, como também qualquer defeito). Por exemplo, ao escolher as mais modestas circunstâncias para nascer: a total pobreza, uma gruta, o auge do inverno, tendo por berço apenas uma manjedoura.

São inúmeros os episódios do Evangelho nos quais transparece a natureza humana de Jesus: o ter de fugir para o Egito, levado por Maria e José, a fim de poupar-se da espada de Herodes; o trabalhar como humilde carpinteiro, até os 30 anos de idade, evitando chamar a atenção do povo; o fazer penitência durante 40 dias no deserto, suportando as agruras de um terrível jejum; o verter sangue no Jardim das Oliveiras, em meio ao temor e à angústia ante a Paixão; o externar fraqueza física durante sua flagelação e enquanto carregava a cruz ao alto do Calvário. Por fim, a sua morte, como a de qualquer ser humano, e no pior dos suplícios.

Como diz São Paulo: "Sendo Ele de condição divina, não reteve avidamente sua condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens" (Fl 2, 5-7).
Sem uma especial assistência da graça, seria inevitável para qualquer um, ao ouvir a narração desses fatos, concluir que Jesus não passava de uma mera criatura humana.

Verdadeiro Deus
Por isso, o Unigênito Filho de Deus, para sustentar nossa fé, tornou patente sua origem eterna e incriada em muitos outros fatos e circunstâncias: a anunciação à Santíssima Virgem por meio de um Arcanjo; o aviso a São José, em sonhos, da concepção virginal de Maria; a aparição de uma multidão de anjos aos pastores, perto da gruta de Belém, para lhes anunciar o nascimento de Jesus; a moção sobrenatural no interior dos Santos Reis Magos, sobre a providencialidade daquele Menino. Sobretudo foi categórica sua glorificação, efetuada pelo Pai e pelo Espírito Santo, no momento do batismo no Jordão:
"Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando Ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição'" (Lc 3, 21-22).

O próprio Salvador, ao afirmar "quem crê em Mim tem a vida eterna" (Jo 6, 47), não fazia referência à sua natureza humana, mas sim à sua divindade.

A multiplicação dos milagres, cujo auge foi a ressurreição de Lázaro, tornou a todos evidente o pleno poder de Jesus sobre a natureza: "Subiu Ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia. Os discípulos achegaram-se a Ele e o acordaram, dizendo: ‘Senhor, salva-nos, nós perecemos!' E Jesus perguntou: ‘Por que este medo, gente de pouca fé?' Então, levantando-se, deu ordem aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: ‘Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?'" (Mt 8, 23-27).

Essa mesma pergunta pervadiria a mente de todos os que, durante aqueles ditosos três anos nos quais o próprio Deus caminhou pelas estradas da Palestina, d'Ele puderam aproximar-se. Seria Elias que voltara, ou algum dos outros profetas? Ou teria surgido um novo profeta? A resposta germinou nas almas mais virtuosas, ou mais predispostas a amar a verdade, e, pode-se dizer, desabrochou por inteiro na confissão de Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo!" (Mt 16, 16), ou no Calvário, quando, em meio ao terremoto, raios e trovões consecutivos à mor­te de Jesus, brotaram dos lábios do centurião romano as entusiasmadas palavras: "Este homem era realmente o Filho de Deus" (Mc 15, 39).

Apesar dessas - e de tantas outras - manifestações serem mais que suficientes para levar os homens ao ato de fé na divindade de Nosso Senhor, apareceram heresiarcas a negá-la, já no começo do cristianismo. Aliás, uma das razões pelas quais São João, o discípulo amado, escreveu seu Evangelho, entre os anos 80 e 100 de nossa era, foi para reafirmar ser Jesus verdadeiro Deus. E o conjunto dos Evangelhos, procurando sublinhar a mesma verdade, por mais de cinqüenta vezes dá-Lhe o título de Filho de Deus. É necessário ter essas considerações em vista, para melhor analisarmos e compreendermos a Transfiguração do Senhor.

Conveniência da Transfiguração
Jesus poderia ter descido à Terra acompanhado de legiões de anjos, e manifestado em todo o esplendor sua infinita grandeza divina. Contudo não agiu assim. Revelou-nos sua natureza incriada de forma progressiva, e aos poucos foi se tornando mais categórico.
Diante de um povo ansioso por riquezas e grandezas materiais, era conveniente usar de muita cautela no fazer-se conhecer enquanto Deus: "Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o Messias" (Mt 16,20). Ao longo do Evangelho, diversas vezes Ele repete essa proibição, obrigando a observá-la até os próprios demônios: "Quando os espíritos imundos o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: ‘Tu és o Filho de Deus!' Ele os proibia severamente que o dessem a conhecer" (Mc 3,12). No mesmo sentido, após a Transfiguração no monte Tabor, disse Ele aos três apóstolos: "A ninguém contem esta visão até que o Filho do homem tenha ressuscitado dos mortos" (Mt 17,9). Caso a notícia se espalhasse, receava Jesus que surgisse um movimento meramente exterior e materialista, da parte de quem ansiava por um Messias tem­poral, restaurador do poderio de Israel sobre as outras nações.

Nesse contexto, como situar a Transfiguração?
Um ensino puramente doutrinário não é capaz de, por si só, mover o homem a transformar sua vida. Um antigo adágio ilustra esta verdade de modo lapidar: "As palavras comovem, os exemplos arrastam". Sobretudo quando o exemplo é íntegro e esplendoroso na verdade e no bem, tem ele uma força tal que age sobre as tendências da alma, convidando a um certo caminho - e às vezes impondo-o.

Ademais, há outro fator indispensável para arrebatar qualquer coração, e mantê-lo firme na reforma iniciada: a clareza do fim. Se este não estiver claro, o ânimo arrefecerá quando surgirem os primeiros lampejos das dificuldades e dos dramas, tão comuns em toda mudança de vida.

Ao tratar da Transfiguração de Jesus, assim se exprime São Tomás de Aquino sobre essa necessidade muito própria à criatura humana: "Para trilharmos bem um caminho, é necessário termos um conhecimento prévio do fim. Assim, o arqueiro não lança com acerto a seta, senão mirando primeiro o alvo que deve alcançar. (...) E isso sobretudo é necessário, quando o caminho é difícil e áspero, a jornada laboriosa, mas belo o fim" (3, q.45, a.1, c).

Ora, para efetivar a Redenção com a morte na Cruz, e para formar a Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo ia submeter os apóstolos a provas duríssimas. Era muito conveniente, portanto, que fizesse co­nhecer experimentalmente, pelo menos a três deles, os fulgores de sua glória. Desse modo, não só se sentiriam robustecidos para enfrentar os traumas de sua Paixão, como também mais facilmente ajudariam seus irmãos a solidificar a Santa Igreja, e fortaleceriam os fiéis ao longo dos tempos.

Fulgor no Tabor, para suportar as agruras do Calvário
No mesmo tópico acima citado, São Tomás de Aquino continua a esclarecer, com sua genialidade habitual e sapiencial clareza:
"O Senhor, depois de haver anunciado a sua Paixão aos discípulos, con­vidou-os a lhe imitarem o exemplo. (...) Ora, o fim de Cristo, na sua Paixão, era alcançar não somente a glória da alma, que tinha desde o princípio da sua concepção, mas também a do corpo (...). E a essa glória também conduz os que imitam seu exemplo da Paixão, segundo diz a Escritura: Por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus. Por isso era conveniente que manifestasse aos seus discípulos a sua claridade luminosa; e tal é a Transfiguração, que também concederá aos seus, segundo diz o Apóstolo (São Paulo): Reformará o nosso corpo abatido para o fazer conforme o seu corpo glorioso. Donde dizer (São) Beda: foi conseqüência de uma pia providência que, tendo gozado por breve tempo da contemplação da felicidade eterna, tolerassem mais fortemente as adversidades" (3, q. 45, a. 1, c).

Já muito anteriormente a São Tomás, o Papa São Leão Magno comentara: "Para que os apóstolos con­cebessem com toda a sua alma essa ditosa fortaleza, não tremessem ante a aspereza da cruz, não se envergonhassem de Cristo e não tivessem por degradante o padecer... manifestou-lhes o esplendor de sua glória, porque, embora cressem na majestade de Deus, ignoravam o poder do corpo sob o qual a divindade se ocultava... Pois, estando ainda revestidos da carne mortal, não podiam ver e compreender, de modo algum, a inefável e inacessível divindade, visão reservada na vida eterna para os limpos de coração" (Sermão 51).

E continuando o mencionado sermão, São Leão Magno afirma: "Cada membro [do Corpo Místico de Cristo] pode almejar a participação na glória que, com antecipação, resplandeceu na cabeça. O que já antes havia sido previsto pelo Senhor, quando falava da majestade de sua vinda: então os justos brilharão como um sol no Reino de seu Pai (Mt 3, 33)."

A Transfiguração do Senhor foi uma excepcional graça mística concedida aos três apóstolos escolhidos, no alto do Tabor. Sua recordação ficou como uma fonte de sólida confiança, que lhes permitiu suportar os maiores sofrimentos, pois, assistindo a ela, tiveram um vislumbre da luz plena e refulgente da eternidade.

"Per crucem, ad lucem"
Deus deseja conferir-nos eternamente sua própria felicidade, fazendo-nos partícipes de sua natureza no esplendor da glória. É fundamental para nós pensarmos, com constância, na glória eterna, como um prêmio imensamente grande a nós oferecido. Nada há de melhor do que essa meditação para enfrentarmos as dificuldades e as cruzes do dia-a-dia.

Muitas são as ofertas de uma felicidade passageira que encontramos hoje em dia, apresentando fórmulas "mágicas"... fora do único caminho que é Jesus Cristo e sua Igreja. Tudo não passa de pura ilusão. Fomos criados para o Céu! Eis o que nos dá ânimo, resolução e alegria. "Per crucem, ad lucem" - "Pela cruz, chegaremos à luz".

Aqui está uma observação importante a ser feita: muitos há que nos mostram a cruz do Senhor, e isto é ótimo e digno de todo louvor! Todavia, não basta. O objetivo de nossa existência não é a dor, nem o sacrifício. Não podemos nos esquecer da luz, nosso verdadeiro destino. A cruz não é o ponto final de nosso processo humano: é apenas o caminho.

Graças místicas
A Transfiguração de Jesus fortificou as virtudes da fé e da caridade nos Apóstolos.
Enquanto a fé nos faz crer na divindade de Cristo e em suas promessas, a caridade nos conduz a uma entranhada união com Deus. São duas virtudes extremamente interdependentes. Sem a fé na esplendorosa vida eterna que nos espera, a caridade tende a desaparecer.

Mas, se a fé e a caridade dos apóstolos tanto lucraram com a Transfiguração do Senhor, não haverá algo, nessa mesma linha, que poderá auxiliar a vida espiritual de cada um de nós? A resposta é inteiramente positiva. Deus derrama graças místicas sobre todos os que trilham as vias da salvação, em intensidade maior ou menor, segundo o caso. Mas ninguém está excluído de recebê-las. Quem no-lo afirma é o famoso teólogo dominicano, Pe. Réginald Garrigou-Lagrange:
"Para esses autores, a vida mística não é coisa extraordinária, como as vi­sões e revelações, mas algo eminente na via normal da santidade. Consideram eles que isso é comum para as almas chamadas a se santificar na vida ativa, como São Vicente de Paulo. Absolutamente não duvidam que os Santos de vida ativa tenham tido normalmente a contemplação infusa bastante freqüente dos mistérios da Encarnação redentora, da Missa, do Corpo Místico de Jesus Cristo, do preço da vi­da eterna, se bem que esses Santos diferem dos puramente contemplativos, no sentido de que neles essa contemplação infusa é mais imediatamente dirigida à ação."
É claro que tais graças místicas não isentam ninguém de realizar os esforços próprios à prática das virtudes, tal como no-lo refere em outro trecho o mesmo autor:
"Conforme o que acabamos de dizer, vê-se que a ascética está ordenada à mística.
"Acrescentemos por fim que, para todos os autores católicos, a mística que não pressupõe uma ascese séria é uma falsa mística: foi a dos quietistas." 

Um "Tabor" em nossos corações
É fora de dúvida, pois, que Deus concede "Tabores", ou seja, graças místicas, a cada um de nós.
Quem não terá sentido, alguma vez, uma alegria interior, um palpitar do coração, uma emoção calma mas profunda, ao assistir a uma bela cerimônia? Ao apreciar o canto gregoriano, por exemplo? Ou ao contemplar alguma imagem? Quiçá ao ver um lindo vitral banhado de luz, dentro de uma igreja silenciosa, que deixa lá fora os ruídos do mundo? São mil ocasiões em que a graça sensível nos visita, e nos concede contemplações interiores, prédegustações da felicidade perfeita que nos espera no Céu.

Dois Doutores da Igreja, Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, mestres da vida espiritual, dizem que a Providência costuma conceder aos principiantes graças místicas que depois irão experimentar novamente só no fim de suas vidas. Tal proceder divino visa for­talecer essas almas para atravessarem os períodos de aridez. É um modo comum de Deus agir: dá-nos consolações - o Tabor - para, quando vier a hora do Getsêmani, termos forças, sabendo que o fim será mais cheio de alegria e esperança.

São graças que nos animam a enfrentar os sacrifícios desta vida. Trata-se de experiências místicas que nos tornam patente quanto Jesus nos ama e quer nossa eterna glória.
Assim, ao longo de nossa existência terrena, já iremos experimentando um pouco das delícias eternas, e as tendas tão desejadas por São Pedro sobre o monte da transfiguração, Jesus as irá levantando no "Tabor" de nossos corações. 
Para tal, Ele exige de nós apenas uma condição: que não Lhe coloquemos obstáculos.


Fonte: Revista Arautos do Evangelho