HORA SANTA – MÊS de JULHO- R. P. MATÉO GRAWLEI-BOEVEY dos Sagrados Corações (PICPUS)
ULTRAJES PÚBLICOS A NOSSO SENHOR
Que afortunada surpresa a dos infelizes que na volta dum caminho se
encontravam de repente com Jesus, lá na Palestina! Que imensa consolação
para esses privilegiados de Jerusalém, de Naím, de Betânia, dirigir e
derramar com plena liberdade, naquele instante propício, as suas
súplicas e lágrimas sobre o Coração de Jesus!
Também nós, nesta hora bendita, somos do número desses felizes
privilegiados… Aqui Vos encontramos Jesus de Nazaré e do Tabernáculo.
Reparai em nós: Vivemos em vossa procura, para nos confortarmos um
instante, à sombra deliciosa do vosso Sacrário… E viemos também para
defender a vossa causa. Um bramido de raiva e blasfêmia advertiu-nos de
que os vossos inimigos jurados não Vos dão tréguas em Vos arrancar às
almas e à sociedade. Se haveis de sofrer, agonizar e morrer, ó Jesus,
eis aqui um pequeno rebanho que quer ser ferido ao lado e por causa do
Pastor.
Vós o dissestes, com a alma trasbordando de amargura, à vossa serva
Margarida Maria:
“Quero repartir a minha agonia; tenha necessidade de
corações vítimas”.
Disponha de nós, Senhor. Nós amamos-Vos ardentemente.
Nós amamos-Vos ardentemente. Nós todos Vos amamos.
(BREVE PAUSA)
Correi, Senhor, o véu que nos oculta o Santo dos Santos: o vosso
Divino Coração… Permiti aos vossos filhos meditar durante esta HORA
SANTA os sofrimentos que Vos causam os ultrajes dos homens, e a dor que
provais no ódio daqueles que o vosso Sangue remiu! Acendei a vossa luz
nas nossas almas, e deixai-nos, seguir-Vos passo a passo nesta incruenta
Rua Dolorosa, que começa nas sombras de Getsemani, para acabar no
último dia do mundo…
Não obstante a nossa indignidade, permiti aos vossos confidentes e
consoladores participarem do cálice dos vossos opróbrios e agonia…
Dai-nos, ó amável prisioneiro, um só privilégio: de Vos amarmos na
ignomínia da vossa Paixão de nos unirmos, durante esta HORA SANTA, à
vossa agonia, de Vos consolarmos até a morte, no Getsemani perpétuo do
vosso Coração sacramentado… e expirar sobre ele em íntima comunhão de
reparação e de amor.
(Peçamos luz e amor para contemplar Jesus Cristo no misterioso sacrifício da Eucaristia).
(PAUSA)
Voz de Jesus Cristo. — Alma diletíssima: na Hóstia
onde me vês, Eu vivo silencioso e mudo perpetuamente arrastado perante
osCoração de Jesus modernos… Não ouves o insolente interrogatório que me fazem
suportar, a Mim que sou o Poder supremo, a Verdade, e o Mestre único?… E
calo por teu amor, por ti, a quem salvo, sofrendo a condenação
ignominiosa dos poderosos da terra, juízes dos homens, não, porém da
minha doutrina…
Eles ambicionam uma autoridade tirânica, para a exercer
contra Mim. E Eu sou perpetuamente a sua Vítima… Para eles o trono, para
Mim o banco dos réus; para eles o cetro de ouro, para mim a cana de
irrisão; para eles o aplauso das turbas, para Mim a corte do desprezo, e
a túnica branca dos loucos; para eles o diadema e as homenagens, para
Mim a coroa de espinhos, os impropérios, o esquecimento: sempre o
esquecimento!
E, se talvez, em meio das suas falsas grandezas, estes poderosos da
terra recordam a minha Realeza, o meu nome vai desencadear tempestades
de ódio, perseguição e blasfêmia… E eis aí como sou chamado perante o
juízo do mundo, do mundo que vive porque Eu o consinto!
Mas calo… Na Eucaristia sou a encarnação da misericórdia e do amor.
Esta revolta contra a minha soberania… Este desconhecimento da minha
realeza soberana nas leis que regem os povos são um ultraje direto e uma
blasfêmia contra Mim, que Me deixo estar, apesar de tudo, entre os
homens, aniquilado, embora onipotente, no Sacramento do Altar.
Esta injúria, não é ela acaso um verdadeiro desafio ao Deus da
Eucaristia, que te fala desde o seu Tabernáculo, trocado tanta vez em
Pretório de Pilatos?… Aqui suporto, sem Me queixar, as afrontas dos
escravos e as mofas dos vilões. Aqui ninguém Me vem buscar, senão quando
os tribunais da terra decretam flagelar-Me para Me apresentarem depois
ensangüentado ao furor das turbas…
O meu divino Coração sente-se consolado com as vossas reparações!
Durante esta HORA SANTA o amor ardente dos meus compensa-Me das irrisões
dos poderosos. Vós, ricos humildes, e pobres resignados, sois o bálsamo
das minhas feridas. Desde aqui vos abençôo, amigos fidelíssimos. Falai,
meus filhos! Pedi milagres ao meu amor, vós os predestinados do meu
Coração. Falai, Eu sou o Rei das misericórdias infinitas.
(PAUSA)
As almas. — Senhor Jesus, a vossa alma, sensível à
nossa fidelidade, oferece-nos milagres e perdão! Dignai-vos, portanto,
espalhar as graças da vossa luz sobre os poderosos, os governantes, os
ricos, que associados à vossa autoridade, carecem conhecer-Vos, ó Jesus
na vossa Eucaristia, e proclamar que aceitam a vossa autoridade
redentora, manancial de paz e salvação.
Em reparação das afrontas que padecestes diante do iníquo Herodes, e das que suportais nos palácios dos grandes da terra…
(Todos repetem em voz alta as palavras em itálicos).
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Nas assembléias, onde se fazem as leis, e nos tribunais da justiça humana, tão sujeitos a erro…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Na consciência tão versátil e tortuosa dos que presidem aos destinos das nações…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Nos conselhos de tantos governantes que se levantam contra o vosso Calvário…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Nas sedições populares, exploradas para ultrajar a vossa doutrina…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Na colisão de tantos interesses, em que os miseráveis especuladores da terra só buscam o triunfo da fortuna e do orgulho…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Nas conjurações diabólicas, medidas na sombra contra o vosso sacerdócio e a vossa Igreja…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Na imprudente quietação de tantos cristãos na apatia e indolência de
muitos que pretendem adorar-Vos e ser fiéis, sem Vos seguirem até ao
Calvário…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
Na ambição desenfreada de grandeza e luxo, que seduz um grande número
de almas infelizes. à custa do vosso Sangue redentor e da sua eterna
condenação…
Realizai as vossas promessas de vitória, ó Divino Coração!
(PAUSA OU CÂNTICO)
Voz de Jesus. — Eu sou a santidade assim o afirmais
ajoelhados diante da minha Hóstia; assim o proclama o Céu unindo-se
durante esta HORA SANTA às vossas humildes adorações… Eu sou a
santidade, e, todavia Barrabás foi-Me preferido… Ah! E quantas vezes
esta ímpia preferência se repete por ódio, desprezo… Esquecimento!
Tal afronta abre uma ferida cruel no meu Coração: apesar disso Eu
contínuo no Tabernáculo, Deus de humildade O mundo frívolo e vão que
vive de soberba, não compreende Deus aniquilado, nascido num estábulo.
Reparai como as almas orgulhosas passam diante do meu Altar, afadigadas,
sequiosas de ostentação e ávidas da estima e dos aplausos dos homens.
Passam… e preferem-Me uma honra toda impostura…
Assim vivo retirado na sombra do meu Santuário, e ergo de cá a minha
voz: Aprendei de Mim que sou humilde e pobre… Sim, sou pobre, pois
renunciei a todos os bens da terra para vos comprar os tesouros do
Paraíso. Fiz-Me pobre e mendigo… e eis aí está porque sou desprezado
pelo mundo ambicioso de ouro e do seu falaz esplendor. Que valho Eu, que
nasci na pobreza de Belém, vivi na obscuridade de Nazaré, expirei na
nudez do Calvário, e Me perpetuo nos aniquilamentos da Eucaristia?
Por amor Me fiz pobre, e por bem amarga e inverossímil contradição
sou um pobre desprezado, a quem se prefere a miserável riqueza do mundo.
(BREVE PAUSA)
Estou coberto de feridas… Minhas mãos, que chamam e abençoam
atravessadas… Meus pés trespassados… A minha fronte dilacerada… A boca
lívida… escurecidos os olhos… ensangüentado o corpo… o Lado aberto… Ah!
como se arrepiam os mortais à vista de um Deus derramando sangue, eles,
que já desde o exílio querem as delícias dum paraíso antecipado… Quem Me
reduziu a tal estado? O amor que vos consagro, e a sede, em que o mundo
arde, de gozos e prazeres.
No meu santuário, onde permaneço, dou-Vos a paz e a felicidade, mas
através de espinhos e de Cruz. Onde estão os meus amigos, os meus fiéis,
os meus discípulos? Onde estão? Para onde foram? Abandonaram-Me para ir
à cata do prazer!… Preferem-me o lodo da culpa. Barrabás o último dos
homens, triunfa no mundo com os orgulhosos, libertinos, corruptores da
infância, depravadores do povo, envenenadores da imprensa… Barrabás
triunfa exaltado por quantos Me renegam e amaldiçoam nas leis… Políticos
desleais, ambiciosos de subir para lançarem sobre Mim a ignomínia e a
blasfêmia; poderosos, aclamados pelo mundo, que lhes atira flores e
oferece palmas de vitória…
E Eu, Jesus, quedo-Me solitário no meu Sacrário, preso do meu Amor,
abandonado dos bons, renegado dos pusilânimes, esquecido da maior parte…
condenado pelos governantes indignos, flagelado pela turbas levantadas
contra Mim… Amei os meu filhos até a morte… e os da minha casa
preferiram-Me o pó e a lama dos caminhos.
Considerai e vede se há dor semelhante à minha dor!…
(PAUSA)
As almas. — Ó Jesus, não é o discípulo acima do seu
mestre… Vós que nos destes o exemplo, quereis que Vos sigamos levando
com amor a cruz que salva. Nós pedimos-Vos essa graça nesta HORA SANTA,
com a abrasada caridade de Maria, Senhora das Dores; com o fervor de
Margarida Maria. Sim, nós abraçamos a cruz pelo triunfo do vosso Coração
na Santíssima Eucaristia. Escutai-nos, ó Jesus desde essa Hóstia; nós
vimos oferecer-Vos a oração de Getsemani, que é a oração do vosso
aniquilamento do Altar. Escutai-nos com a vossa doce benignidade.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a glória de ser pospostos a todos, por amor do vosso Coração dolorido.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a alegria de ser confundidos por amor do vosso amargurado Coração.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a graça de ser esquecidos por causadeo vosso Coração misericordiosos.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a honra imerecida de ser desprezados por amor do vosso Coração angustiado.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a recompensa de sermos escarnecidos pela glória do vosso Coração ferido.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a ambicionada felicidade de ser injuriado pelo triunfo do vosso Coração adorado.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a incomparável gozo de ser um dia perseguidos pelo amor do vosso Divino Coração.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a coroa de ser caluniados nos apostolado do vosso Coração Sagrado.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a amável regalia de ser atraiçoados em holocausto ao vosso Divino Coração.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Dai-nos a honra de ser aborrecidos em união com o vosso Coração agonizante.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Dai-nos o privilégio de ser condenados pelo mundo, por viver unidos ao vosso Coração Sagrado.
Nós Vos amamos, ó Jesus! Concedei-nos a graça suprema de ser fiéis
com sacrifício de nós mesmo até ao holocausto, em reparação fervorosa
junto do vosso Coração imolado.
Oh! Sim, nós Vo-lo suplicamos: concedei-nos receber com amor a parte
que nos toca nos vilipêndios e da agonia do vosso Coração Sacramentado…
Consolai-Vos. Mestre amantíssimo: cada um de nós quer dirigir-Vos uma
palavra de humildade e de confiança, protestando que só Vos sois o seu
único bem e toda a sua esperança!…
(BREVE PAUSA)
Que tenho eu, ó Senhor, que Vós me não tenhais dado?
Que sei eu, que Vós me não tenhais ensinado?
Que valho eu, não estando perto de Vós?
Que mereço eu, se não estou unido a Vós?
Perdoai-me os erros que contra Vós hei cometido.
Criastes-me, sem eu o merecer,
Remistes-me sem eu o pedir,
Muito fizeste, criando-me,
Muito mais, remindo-me,
Pois o sangue que derramastes,
E a acerba morte que padecestes,
Não foi pelos anjos, que Vos louvam,
Mas por mim e pelos pecadores que Vos ofendem.
Se Vos reneguei, deixai-me reconhecer-Vos;
Se Vos injuriei, deixai-me houver-Vos;
Se Vos ofendi, deixai-me Servir-Vos;
Pois a vida que se não emprega em vosso serviço, mais é morte do que vida.
(PAUSA)
Voz de Jesus. — Como todos que estais aqui comigo
sois meus íntimos amigos, vou desafogar diante de vós o meu Coração
amargurado. Ouvi-Me: Sofre uma pena profunda, uma ferida que o dilacera:
Israel, meu povo predileto; Israel pediu a minha condenação, exigiu a minha morte e arvorou a minha cruz.
Israel, por amor de quem flagelei o Egito, flagelou-Me a Mim!
Despedacei as suas cadeias, e ele encadeou-Me a mim! Dei-lhe maná no
deserto, e corou-Me de espinhos a Mim! Fiz brotar água prodigiosa da
pedra, para lhe apagar a sede, e ele insultou a febre abrasadora da
minha agonia! Desci do céu, fiquei em arca misteriosa com ele no
deserto… tantas vezes o quis abrigar debaixo das minhas asas… e Israel
deu-Me a morte.
Porque é que o meu povo continua a despojar-Me da minha realeza?
Porque continua ainda a lançar sortes sobre a minha túnica, e a lançar
ao vento da irrisão o meu Evangelho de caridade e consolação?
Vede como as multidões se agitam rugindo contra a minha lei… como
povos inteiros, seduzidos pela soberba, rasgaram a unidade sagrada da
minha doutrina e a túnica inconsútil da minha Igreja!
O meu Coração soluça dentro do peito, ao ouvir, como no átrio de
Pilatos, o clamor das nações e dos Estados que Me apontam às turbas
sobre este pobre altar, gritando: Não queremos que este reine sobre nós.
Ó Israel, Eu te perdôo!
(BREVE PAUSA)
O meu Vigário é perpetuamente vítima das mofas da turba insensata…
Ele é o meu representante na terra… Na sua pessoa continuo eu a ser
esbofeteado pelos insultadoras da minha Igreja. E estes insultos são
para Mim particularmente dolorosos. Ai daquele que levanta a mão contra o
Pontífice, o Ungido do meu Pai!
Detende o seu braço justiceiro… interpondo esta HORA SANTA, em união
com o meu ultrajado Coração, pois quero usar de misericórdia.
Sim, para a apostasia de tantas nações: para a descrença pública de
tantos Estados: para as afrontas imprudentes ao meu Vigário; para o ódio
refinado e legal contra o meu sacerdócio; para a iníqua tolerância e
favor dado aos modernos fariseus: para este cúmulo de pecados; para esta
pobre e corte que me ferem…; com voz bem uníssona, como duma só alma,
rogai piedade ao meu Coração. Invocai a minha misericórdia.
As almas. — Prisioneiro de amor. Jesus Sacramentado,
que a nossa oração atravesse as grades do vosso cárcere, e chegue a Vós
como incenso de adoração e desagravo, que Vos oferecemos, pelas mãos de
Maria Imaculada.
(PAUSA)
Voz de Jesus. — Tudo, no meu amor pelos homens, foi
consumado com a instituição da Santa Eucaristia: Tudo! Mas, ah! A
ingratidão humana consumou, também para comigo, neste maravilhoso
Sacramento, a obra da dor suprema.
Meus filhos, onde estáveis quando sobre o Calvário Eu era envolvido
no silêncio duma solidão mais cruel do que a do sepulcro? Amigos do meu
Coração, onde estáveis, quando meus olhos velados pelas lágrimas da
agonia, só viam semblantes ferozes de verdugos?…
Onde estáveis vós,
então?… E quando, com o pensamento em vós, meus predestinados, tive sede
de vos ver unidos à minha alma infinitamente angustiada, porque foram
então meus lábios umedecidos com o fel da ausência… da covardia… do
esquecimento… da tibieza, por aqueles mesmos que eu convidara para o meu
banquete familiar?
Bem o sabeis: esta história não sucedeu só há vinte séculos…
Contemplai-Me na Hóstia, e dizei-Me: a ingratidão não é o pão amargo e
cotidiano do Deus feito alimento dos homens?… Quanto e em que vos hei
contristado na minha prisão voluntária, para selardes as suas portas com
o abandono em que se deixa um sepulcro vazio e destruído?…
Oh! Vinde, rodeai-Me, abraçai-vos os meus pés. Quero sentir-vos perto de Mim na agonia mística do meu Coração sacramentado.
Hora desejada, hora bendita e afortunada, esta HORA SANTA, durante a
qual o vosso Deus recupera a sua herança, o preço do seu Sangue!
Eu vos abençôo por que tive fome, e vós, deixando o vosso descanso,
viestes dar-Me o pão da caridade… Considero-vos meus porque tive sede, e
destes-Me a compaixão das vossas lágrimas; aperto-vos ao meu Coração
desolado porque estive tristíssimo na solidão deste cárcere, e viestes
fazer-Me deliciosa companhia. Em verdade, em verdade vos digo que os
vossos nomes estão escritos para sempre em caracteres de fogo e sangue
no mais secreto do meu Coração amante.
Descansai sobre ele, como Eu descanso agora sobre o vosso, filhos prediletos do meu amor!
A alma. — Viemos, ó Mestre, não para repousar, mas
para sofrer convosco, para ter parte no vosso cálice, para reparar as
culpas que Vos ofendem, e pedir a vinda do vosso Reino! Por isso, com a
alma cheia da vossa graça, nós não Vos deixaremos, sem Vos confiar o
único desejo dos vossos consoladores e amigos… o de Vos ver reinar, e
avançar triunfante por intermédio do vosso Coração… Revelai-Vos a estes
vossos humildes apóstolos, para que sintam os ardores inefáveis que só a
vossa possessão e o vosso reinado podem apagar.
Cedei, pois, Jesus amantíssimo, e em meio das aflições e sobressaltos da vida.
(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas afeições caducas e enganadoras da terra…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas desilusões da amizade terrena, nas fraquezas do amor humano…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas seduções tentadoras da vaidade, nos abrolhos tão freqüentes do caminho…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas castas e legítimas alegrias dos lares que Vos adoram…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas veleidades da adulação e da fortuna enganadora…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas horas de paz da consciência, e nos momentos de remorso salutar…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas tribulações dos nossos, ao ver sofrer quem amamos…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nos desfalecimentos do coração, quando sentimos o cansaço do exílio…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
Nas incessantes contradições, nos dias da incerteza e de amargo quebranto…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
No momento da tentação, na hora suprema do apartamento da terra e da última Comunhão…
Vinde!… Temos sede do vosso adorável Coração!
(PAUSA OU CÂNTICO)
As almas. — Ao ver-Vos, ó Jesus, tão perto e tão
benigno, longe de exclamar como o vosso apóstolo: “Afastai-Vos, Senhor,
porque somos miseráveis pecadores…” queremos, ao contrário, vir ao vosso
encontro encurtar a distância e apertar uma feliz intimidade entre o
vosso Coração e os nossos.
(LENTO E PAUSADO)
Vinde, ó Jesus, vinde repousar sobre o nosso amor, quando os soberbos
governantes da terra blasfemarem da vossa Lei e do vosso Nome…
recordai-Vos de que somos vossos… de que estamos consagrados à glória do
vosso divino Coração!
Vinde, ó Jesus, vinde repousar sobre o nosso amor, quando as
multidões, reunidas por Lúcifer e os sectários seus sequazes, assaltarem
os vossos santuários e reclamarem o vosso Sangue… recordai-Vos de que
somos vossos… de que estamos consagrados à glória do vosso Divino
Coração!…
Vinde, ó Jesus, vinde repousar sobre os vitupérios e as cadeias, com
que os poderosos do mundo e presumidos sábios, cujo orgulho condenastes
com firmeza, ultrajarem a vossa Igreja… recordai-Vos de que somos
vossos… de que estamos consagrados à glória do vosso Divino Coração!…
Vinde, ó Jesus, vinde repousar sobre o nosso amor, quando milhares de
cristãos, esquecidos da vossa adorável Pessoa, Vos magoaram cruelmente
com a sua ociosa indiferença, que é um frio punhal cravado no vosso
peito sacrossanto… Recordai-Vos de que somos vossos… de que estamos
consagrados à glória do vosso Divino Coração!…
Vinde, ó Jesus, vinde repousar sobre o nosso amor, quando tantos, que
se dizem bons e virtuosos, Vos regateiarem avaramente o seu afeto, Vos
oferecerem uma mesquinha, confidência, e Vos negarem o conforto do seu
sacrifício e santidade… recordai-Vos de que somos vossos… de que estamos
consagrados à glória do vosso Divino Coração!…
Vinde, ó Jesus, vinde repousar sobre o nosso amor, quando Vos oprimir
a deslealdade, quando Vos amargar a tibieza das almas predestinadas,
que por vocação deveriam ser inteiramente vossas e santas… então como
sempre, nessa hora de desolação sem igual… recordai-Vos de que somos
vossos; volvei a nós os vossos olhos tristes e suplicantes e não Vos
esqueçais de que somos vossos filhos, consagrados para sempre à glória
do vosso Divino Coração!…
Um Padre Nosso e Ave Maria pelas intenções íntimas dos presentes.
Um Padre Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores.
Um Padre
Nosso e Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração,
especialmente pela Comunhão diária, pela HORA SANTA, e pela Entronização
do Sagrado Coração nas famílias).
(PAUSA)
Vós sois, ó Jesus, o Deus escondido. Escondei-Vos na minha alma; e
transformado eu noutra Hóstia humilde, fiquemos, Senhor, eternamente
unidos, como na Comunhão, como nesta HORA SANTA… Vós no meu pobre
coração, e eu perdido para sempre no abismo de luz do vosso Coração
sacratíssimo.
Venha a nós o vosso Reino!…
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