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domingo, 29 de março de 2020
EVANGELHO DO DIA
Santo do dia - 29 de março
A narrativa do martírio sofrido pelos irmãos cristãos, Jonas e Barachiso, persas da cidade de Beth-Asa, em 327, é uma das páginas mais violentas do sofrimento católico. Entretanto, a descrição das torturas infligidas aos irmãos foi registrada por um pagão, o comandante da cavalaria do mandante imperador sanguinário.
Além do martírio, pouco se sabe da vida deles, bem como suas origens. A biografia conhecida dos dois, começa quando visitaram cristãos encarcerados na cidade de Hubahan. A Igreja da Pérsia sofria na época uma das mais cruéis perseguições de que se tem notícia, decretada e comandada pelo imperador Sapor. Jonas e Barachiso resolveram enfrentar os perigos para consolar os cristãos que, dias depois, seriam martirizados. Só naquela prisão, haviam nove condenados à morte.
Por sua atitude, ambos, foram presos e levados à presença do juiz. Aí começou a descrição de todo o terror. Como se negaram a adorar o rei, o sol e a lua, falsos deuses, o juiz mandou separá-los para tentar enganar os irmãos. Barachiso foi colocado no calabouço, enquanto Jonas era barbaramente açoitado. Depois, teve os pés atados e foi jogado nas águas cobertas de gelo.
O juiz chamou então Barachiso e relatou as torturas de Jonas, dizendo-lhe que seu irmão tinha sacrificado aos deuses. Barachiso não acreditou e fez um discurso tão eloqüente em defesa do cristianismo, que o juiz ordenou que seu processo continuasse somente à noite, longe do público, temeroso de que suas palavras acabassem convertendo ali mesmo alguns pagãos. Como castigo, mandou que colocassem ferros em brasa em seus braços. Os torturadores lhe deitaram chumbo derretido pelas narinas e olhos. Foi devolvido ao calabouço, pendurado por um dos pés.
No dia seguinte, o juiz tentou a mesma tática com Jonas, depois de mandar tirá-lo das águas geladas. Disse que Barachiso tinha abandonado sua religião. Este também não acreditou e respondeu com outro discurso fervoroso. Em contrapartida, os torturadores cortaram-lhe as mãos e os pés, arrancaram-lhe a língua e o couro cabeludo, jogaram seu corpo no piche em ebulição, depois cortaram seu corpo em pedaços e jogaram numa cisterna. Quanto a Barachiso, bateram-lhe com ferros pontiagudos, deitaram-lhe piche e enxofre ferventes pela boca, e o maltrataram até que não desse mais sinais de vida.
Realmente, trata-se de uma página chocante do cristianismo dos primeiros tempos, mas importante e cujo registro se faz necessário, para que continue preservada no conhecimento dos católicos dos nossos tempos. De maneira que se compreenda como a fé em Cristo sobrevive a todos os suplícios psicológicos e de sangue através dos séculos para a glória na eternidade de Jesus, o Redentor da Humanidade.
Santos Jonas e Barachiso, rogai por nós!
São Constantino
Era pagão, converteu-se ao Cristianismo e assumiu seriamente o chamado à santidade
Rei de uma região da Inglaterra, casou-se, mas não assumiu seriamente esta aliança, tanto que deixou a esposa para se dedicar às guerras militares. Nesta aventura de poder e fama, ele – como São Paulo – ‘caiu do cavalo’. Era pagão, converteu-se ao Cristianismo e assumiu seriamente o chamado à santidade.
Entrou para um mosteiro irlandês e descobriu seu chamado ao sacerdócio. Junto com outro santo, percorreu muitas regiões da Inglaterra anunciando o nome de Jesus, que tem o poder de nos dar a vitória sobre o ‘homem velho’.Constantino foi martirizado no ano de 598, atacado por pagãos duros de coração ante o Evangelho.
São Constantino, rogai por nós!
Além disso, Segundo era muito amigo do prefeito de Asti, Saprício, e com ele viajou para Tortona, onde corria o processo do bispo Marciano, o primeiro daquela diocese. Sem que seu amigo político soubesse, Segundo teria estado com o mártir e este encontro foi decisivo para a sua conversão.
Entretanto, esta só aconteceu mesmo durante outra viagem, desta vez a Milão, onde visitou no cárcere os cristãos Faustino e Jovita. Tudo o que se sabe dessa conversão está envolto em muitas tradições cristãs. Os devotos dizem que Segundo teria sido levado à prisão por um anjo, para lá receber o batismo através das mãos daqueles mártires. A água necessária para a cerimônia teria vindo de uma nuvem. Logo depois, uma pomba teria lhe trazido a Santa Comunhão.
Depois disso, aconteceu o prodígio mais fascinante, narrado através dos séculos, da vida deste santo, que conta como ele conseguiu atravessar a cavalo o Pó, sem se molhar, para levar a Eucaristia, que lhe fora entregue por Faustino e Jovita para ser dada ao bispo Marciano, antes do martírio. O Pó é um rio imponente, tanto nas cheias, quanto nas baixas, minúsculo apenas no nome formado por duas letras, possui mil e quinhentos metros cúbicos de volume d'água por segundo, nos seiscentos e cinqüenta e dois quilômetros de extensão, um dos mais longos da Itália.
Passado este episódio extraordinário, Saprício, o prefeito, soube finalmente da conversão de seu amigo. Tentou de todas as formas fazer Segundo abandonar o cristianismo, mas, não conseguiu, mandou então que o prendessem, julgassem e depois de torturá-lo deixou que o decapitassem. Era o dia 30 de março do ano 119.
No local do seu martírio foi erguida uma igreja onde, num relicário de prata, se conservam as suas relíquias mortais. Uma vida cercada de tradições, prodígios, graças e sofrimentos foi o legado que nos deixou São Segundo de Asti, que é o padroeiro da cidade de Asti e de Ventimilha, cujo culto é muito popular no norte da Itália e em todo o mundo católico que o celebra no dia 29 de março.
São Segundo de Asti, rogai por nós!
sábado, 28 de março de 2020
Um grande Tratado sobre a Virgem Maria
Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo de seus pés, e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1)
Neste pequeno e robusto Tratado, São Luís, diz, logo na Introdução: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus veio ao mundo, e é também por meio dela que ele deve reinar no mundo” (n. 1, ed. Vozes). No final da Introdução completa: “Maria Santíssima tem sido até aqui desconhecida, e é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser. Quando portanto, e é certo, o conhecimento e o Reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma conseqüência necessária do conhecimento e do Reino da Santíssima Virgem Maria. Ela O deu ao mundo a primeira vez, e também da segunda O fará resplandecer” (n. 13).
Leia também: Maria é a Mãe da Igreja
A devoção a Nossa Senhora segundo São Luís de Montfort
Este é o livro que o demônio nunca quis que se difundisse
Consagrar as Famílias a Nossa Senhora
Maria, Onipotência Suplicante
A 12 de maio de 1853 foi promulgado, em Roma, “o decreto que declara seus escritos isentos de todo erro que pudessem servir de obstáculo à sua canonização” (n. 11). Estes escritos de São Luís foram tão inspirados que o próprio santo escreveu estas palavras proféticas: “Vejo claramente no futuro animais frementes que se precipitam com furor para estraçalhar com os dentes diabólicos estes pequeno escrito e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para escrevê-lo, ou para sepultá-lo, ao menos, no silêncio de um armário, a fim de que não veja a luz” (Tvd, n. 11).
São Luís morreu em 1716, e só em 1832 seu livro foi descoberto, por acaso, por um dos sacerdotes de sua Congregação, em Saint-Laurent-sur-Sèvre, na França.
Assista também: Quem foi São Luís G. de Montfort?
Padre Paulo e Prof. Felipe conversam sobre: Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem
Por que fazer a consagração a Virgem Santíssima segundo o método de S. Luís de Montfort?

Na encíclica “Redemptoris Mater” (1987), ele disse: “É-me grato recordar, dentre as muitas testemunhas de tal espiritualidade, a figura de São Luis Maria Grignion de Montfort, que propôs aos cristãos a consagração a Cristo pelas mãos de Maria como meio eficaz para viverem fielmente os compromissos batismais” (n. 48).
Prof. Felipe Aquino
A doutrina católica admite a predestinação? - Estevão Bettencourt, osb.
Abordamos aqui uma das questões mais elevadas da fé cristã. Para
penetrá-la, o estudioso tem que se resolver a não se deixar levar pelo
sentimentalismo nem pelo antropocentrismo. Mas estritamente pelos dados
da Revelação, que é sobrenatural (não, porém, anti-natural) e teocêntrica.
A questão da predestinação se prenda à do mal, de que trata “Pergunte
e Responderemos” nº 5/1957 qu. 1.
Tenha-se em vista o que aí se diz:
1)
a possibilidade de errar é inerente ao conceito mesmo da criatura;
2)
esta possibilidade se realizou no mundo quando o primeiro homem cometeu
livremente o erro ou o mal moral, o pecado;
3) os males físicos
(misérias e morte) são conseqüências do pecado;
4) a culpa dessas
desordens recai em última análise sobre o livro arbítrio do homem, não
sobre Deus;
5) Este se apiedou da criatura, tomando a sua sorte na
Encarnação e na morte de cruz, a fim de dar valor salvífico ao
sofrimento.
Entremos agora no tema da predestinação.
- Conceito e existência da predestinação
- O modo como Deus predestina
- A muitos fiéis impressiona o fato de que Deus predestina
positivamente alguns para a glória celeste, deixando que outros se
percam – fato firmemente atestado pela Sagrada Escritura e pela Tradição
cristã. Perguntam se não haveria nisto injustiça da parte do Senhor.
- A luz dos procedentes, vê-se que sentido tem a frase de São Paulo:
“Deus quer que todos os homens sejam salvos” (1 Tim 2,4). São Tomaz (I
Sent. D. 46, q. 1, a.1) a distingue nos termos seguintes:
- A atitude prática do cristão
Por predestinação entende-se em Teologia o desígnio, concebido por
Deus, de levar a criatura racional (o homem) ao fim sobrenatural, que é a
vida eterna. Note-se logo que este desígnio tem por exclusivo objeto a
bem-aventurança celeste; não há predestinação para o mal ou o inferno.
A Sagrada Escritura atesta amplamente a existência de tal desígnio no
Criador. De um lado, ela ensina que a Boa Notícia da salvação deve ser
anunciada a todos os povos (cf. Mt 28,19) e que Deus quer “sejam salvos
todos os homens e cheguem ao conhecimento da verdade” (cf. 1 Tim 2,4).
De outro lado, ela também diz que há homens que se perdem (cf. Jô 17,12)
e que o Senhor exerce uma providência especial para salvar os que não
se perdem:
“Sabemos que, com aqueles que O amam, Deus colabora em tudo para o
bem dos mesmos, daqueles que Ele chamou segundo o seu desígnio. Pois,
aqueles que de ante-mão Ele conheceu, Ele também os predestinou a
reproduzir a imagem de seu Filho… E, aqueles que Ele predestinou, Ele
também os chamou (à fé); os que Ele chamou, Ele também os justificou
(mediante o batismo); os que Ele justificou, Ele também os glorificou”
(Rom 8,28-30).
Cf. Ef 1,3-6; Rom 9,14; 11,33; Mt 20,23; 22,14; 24,22-24; Jô 6,39; 10,28.
Na base destes textos, não resta dúvida entre os teólogos, desde o
início do Cristianismo, sobre o fato da predestinação. Vejamos agora um
ponto mais árduo, que é
Está claro que o homem, como ser essencialmente relativo, depende do
Criador não somente quanto ao seu existir, mas também quanto ao agir; já
que ele nada é por si mesmo, também nada pode por si. É Deus, pois,
quem lhe outorga o dom de praticar atos bons e, mediante os seus atos
bons, chegar ao último fim, à bem-aventurança eterna. Esta conclusão se
torna particularmente imperiosa se se tem em vista o caso do cristão:
este é chamado a um fim sobrenatural (a visão de Deus face a face),
objetivo que, ultrapassando todas as exigências da natureza, só por
graça de Deus sobrenatural pode ser alcançado.
Estas proposições, claras em si mesmas, suscitam sério problema desde
que se indague:
como conciliar a primazia da ação de Deus no homem com a
liberdade de arbítrio da criatura?
Não se torna vã esta última debaixo
daquela?
Ou, vice-versa, não deve aquela retroceder para que seja esta
salvaguardada?
A fim de resolver a questão, dois sistemas são propostos pelos teólogos:
1) o sistema molinista: segundo L. Molina S. J. (+
1600), Deus oferece a sua graça a todo homem; este, posto diante da
oferta, livremente escolhe aceitá-la ou não; caso a aceite, a graça se
torna eficiente, e induz o homem a praticar o bem.
Estendendo a sua doutrina à questão da predestinação, Molina ensinava
que Deus, desde toda a eternidade, na sua “ciência média”, prevê como
cada um dos homens se comportaria com relação à graça nas mais variadas
circunstâncias da vida. Diante desta visão, o Criador decreta colocar
tal indivíduo em tais e tais circunstâncias em que Ele sabe que a
criatura aceitará a graça, e assim irá merecendo a salvação eterna.
Desta forma. Deus predestina para a glória, mas – note-se bem – praevisis meritis, depois de haver previsto os méritos da criatura.
2) o sistema tomista (que tem por pioneiro Domingos
Banes O.P. (+ 1604): partindo do princípio de que nada, absolutamente
nada, pode haver na criatura que não lhe venha de Deus, ensina que a
graça é eficaz por si mesma, anteriormente a qualquer determinação ou
atitude do homem; não é este quem determina aquela, mas é a graça que
predetermina a este, não moralmente apenas (por meio de exortações), mas
fisicamente (por sua moção intrínseca, soberana). Contudo a graça por
si eficaz não extingue a liberdade de arbítrio do homem; ao contrário,
movendo e predeterminando a criatura, move tudo que nesta se encontra,
isto é, as faculdades de agir e o livre arbítrio mesmo; ela dá ao homem
não somente agir, e tal agir
determinado, mas também a modalidade com que o homem costuma agir, isto
é, a liberdade; em conseqüência, sob a graça eficaz (na doutrina
tomista) o homem pratica infalivelmente a ação à qual Deus
predetermina, mas pratica-a sem perder a sua liberdade, antes atuando-a
plenamente. Como se vê, o tomismo é rigorosamente lógico: partindo dos
conceitos de Criador e criatura, ensina que Deus deve ser o Autor de
tudo aquilo de que também o homem é autor, até mesmo desta determinação
do homem e do modo livre de tal determinação; o homem deve a Deus não
somente a sua faculdade de livre arbítrio, mas também o uso preciso (tal
e tal modo de usar) dessa faculdade.
No tocante à predestinação, o tomismo conseqüentemente afirma que Deus a decreta ante praevisa merita, antes
de prever os méritos do homem: de maneira absoluta e independente, o
Criador determina levar tal e tal criatura à glória eterna e, por
conseguinte, conferir-lhe os meios necessários para que a alcance. Em
conseqüência desta predestinação é que o homem produzirá atos meritórios
no decorrer da sua vida; estes são gratuitos dons de Deus; não
desencadeiam o amor divino, mas, ao contrário, são desencadeados pelo
liberal beneplácito do Senhor.
Nos séculos XVII/XIX alguns teólogos procuraram sistemas
intermediários, conciliatórios entre o tomismo e o molinismo; recaíram,
porém, indiretamente neste ou naquele. De fato, os dois sistemas são
irredutíveis um ao outro. Quando foram pela primeira vez propostos na
história, o Papa Clemente VIII instituiu em Roma uma Comissão ou
Congregação dita “de autxiliis” (“concernente aos auxílios da graça”) a
fim de os julgar. As sessões da Congregação prolongaram-se de 2 de
janeiro de 1958 a 20 de agosto de 1607, tendo os Soberanos Pontífices
tomado parte pessoal nos estudos respectivos. Finalmente o Papa Paulo V
resolveu suspender o exame da questão, declarando lícito ensinar
qualquer dos dois sistemas, pois nenhum deles envolve heresia (um é
outro salvaguardam suficientemente a soberana ação de Deus e o livre
arbítrio do homem, embora o tomismo mais acentue aquela e o molinismo
mais realce a este). O Papa Bento XIV confirmou esta decisão em um
decreto de 13 de julho de 1748.
Fica, portanto, aos teólogos e fiéis católicos a liberdade de optar
entre as duas teorias acima propostas. O católico tanto pode ser tomista
como pode ser molinista; a ação do Espírito Santo em sua alma, a sua
conaturalidade com as coisas de Deus lhe sugerirão a atitude a tomar.
Há, porém, três pontos atinentes à doutrina estudada sobre os quais a
Santa Igreja se pronunciou definitivamente, de sorte que tanto
molinistas como tomistas os professam indistintamente:
1) a conversão do pecador a Deus, ou seja, o ato inicial da via da
salvação já é efeito da graça de Deus; é Deus quem primeiramente se
volta para o pecador e lhe dá os meios de se colocar em estado de graça;
não é o homem quem por suas forças naturais começa a procurar o Senhor,
recebendo d’Este em resposta a graça sobrenatural;
2) a perseverança final ou a morte em estado de graça (a boa morte) é
dom especial de Deus: não decorre dos mártires anteriores da pessoa,
mas pode ser implorada pela oração;
3) a predestinação “adequada” (isto é, o desígnio que compreende
todos os auxílios sobrenaturais, desde a graça da conversão até a graça
da boa morte) é gratuita ou anterior à previsão dos méritos da criatura.
E isto, tanto no tomismo como no molinismo… Também este reconhece que é
Deus quem gratuitamente decreta colocar o homem em tais e tais
circunstâncias nas quais Ele prevê que a criatura fará bom uso da graça
(o tomismo diria:… nas quais Ele predetermina a criatura a fazer
livremente bom o uso da graça).
As três proposições acima foram definidas por concílios, cujas
declarações se encontram em Denziger-Umberg, Enchiridion Symbolorum
176-180; 183-189, 191-193;200.
III. Um juízo sobre a questão – Não; em absoluto. Considere-se que
a) Deus a ninguém criou com destino positivo para a perdição ou a condenação.
Ensinavam o concílio de Valença (França) em 855: “In malis ipsorum
malitiam (Deus) praescivisse, quia ex ipsis est, non praedestinasse,
quia ex illo non est. – Deus viu de ante-mão a malícia dos maus, porque
provém deles, mas não a predestinou, porque não se deriva d’Ele” (Dz
322).
Foi condenada pelo episcopado da Gália no séc. V a seguinte
proposição: “Cristo, Senhor e Salvador nosso, não morreu pela salvação
de todos…; a preciência de Deus impele o homem violentamente para a
morte; e todo aquele que se perde, perde-se por vontade de Deus…; alguns
são destinados à morte, outros predestinados à vida” (carta de Fausto
de Riez, ed. Migne lat. T. 53,683).
Outras declarações da Igreja se encontram em Dz 200; 316-318; 321-323; 514; 816; 827.
b) Deus, porém, criou seres finitos (só pode haver um Infinito, Deus), aos quais é inerente a falibilidade, o “poder errar”.
c) Esta falibilidade, sendo congênita, naturalmente tende a se atuar
num ou noutro. Deus concede, sim, a qualquer indivíduo humano os meios
necessários para que se salve pois quer a salvação de todos os homens
(cf. 1 Tim 2,4); isto é doutrina freqüentemente afirmada pela Escritura e
a Tradição (cf. Dz 318); nenhum desses meios de salvação, porém, força a
liberdade humana; esta é sempre respeitada por Deus.
d) Por conseguinte, a menos que o Criador intervenha
extraordinariamente, algumas criaturas, em virtude da sua falibilidade
natural, se encaminham para a ruína eterna; o Criador não lhes faz
injustiça se permite que se percam, apesar de terem os meios necessários
para não se perderem.
e) Dado, porém, que Deus se empenhe infalivelmente pela salvação de
alguns (muito ou poucos) homens, predestinando-os à glória eterna, Ele
faz ato de pura misericórdia beneficia gratuitamente a estes, sem lesar
em absoluto aos outros, que, por sua natural falibilidade e apesar dos
auxílios divinos, se perdem (cf. a parábola dos operários na vinha,
comentado em “Pergunte e Responderemos” 1/1958 qu. 8).
O concílio de Quierzy na Gália em 853 declarava: “Quod quidam
salvantur, salvantis est donum; quod autem pereunt, pereuntilum est
meritum. – O fato de que alguns se salvam, deve-se a um dom d’Aquele que
os salva; o fato de que outros se perdem, deve-se ao mérito (mérito mau
ou demérito) dos que se perdem” (Dz 318).
Deus, no caso de uns, manifesta sua Bondade transcendente; no caso de outros patenteia sua Justiça; em todo e qualquer caso, porém, faz reluzir sua soberana Liberdade, a
qual não pode ser necessitada por bem algum criado, pois ela é o
princípio e a causa de qualquer bem: “Que é que te distingue dos outros?
E que tens que não hajas recebido? E, se o recebeste, porque te
vanglorias como se não o tivesses recebido?” (1 Cor 4,7).
A predestinação, portanto, não implica injustiça em Deus; não deixa,
porém, de constituir um mistério, mistério porque, com nosso intelecto
finito, não vemos plenamente como em Deus se conciliam Justiça,
Misericórdia e Liberdade, embora não nos seja plausível duvidar de que
de fato se associam em estupenda harmonia (na visão face a face de Deus,
no céu, contemplaremos a sábia combinação dos atributos divinos). – Em
particular, não podemos assinalar motivo por que Deus escolhe tal homem
para a glória, e não tal outro, por que escolheu Pedro e não Judas;
lembremo-nos de que não são os méritos do homem que a este atraem o amor
de Deus, mas é o amor antecipado de Deus que proporciona à criatura os
respectivos méritos Sto. Agostinho admoestava: “Quare hunc trahat (Deus)
et ilum non trahat, noli velle diiundicare, si non vis errare. – Porque
é que Deus atrai a este e não aquele, não queiras investigar, se não
queres errar” (In Io tr. 26 init.). Ante os desígnios do Criador, tome a
criatura uma atitude de silêncio reverente; confie em Deus, cuja
sabedoria e santidade certamente ultrapassam as de qualquer ser humano.
a) Deus quer que se salvem todos os homens, enquanto os considera em
si, como criaturas capazes de apreender a vida eterna, abstração feita
das circunstâncias particulares em que tal ou tal homem se possa
encontrar; deus a ninguém criou senão para a vida eterna;
b) O Criador, porém, não pode (não pode, por causa de sua Justiça)
querer que todos se salvem, se considera cada um nas circunstâncias
precisas em que ocorre ao Divino Juiz; alguns, com efeito, se Lhe
apresentam como criaturas que deliberadamente rejeitam ser salvas ou
recusam estar com Deus, pois se rebelaram conscientemente (por um pecado
grave) contra Ele e permanecem impenitentes ou apegados ao pecado; o
Senhor respeita o alvitre de tais homens e, em conseqüência, só pode
querer assinalar-lhes a sorte por que optaram (embora tenha feito tudo
para se salvarem).
É esta a famosa distinção entre “vontade antecedente” (isto é, que
considera seu objeto em si, abstraindo das circunstâncias concretas em
que ocorre) e “vontade conseqüente” (isto é, que considera o mesmo na
situação precisa em que se acha). S. Tomaz ilustra a doutrina lembrando o
que se dá com todo juiz justo:
este, em tese, antes de examinar as
causas judiciárias, quer que todo e qualquer homem permaneça em vida;
dado, porém, que se apresente algum homicida, ele não pode (porque é
justo) deixar de querer seja punido (e punido com a pena de morte, onde
esta é imposta pela lei).
O mistério da predestinação dos justos para a glória, embora
apresente seus aspectos luminosos, tem suas raízes na insondável
Magnificência divina; não podemos sempre assinalar a causa por que Deus
outorga tal dom a tal pessoa. A quem o interrogasse a respeito. Ele
diria com o Senhor da parábola: “Amigo, não cometo injustiça para
contigo… Toma o que te compete, e vai-te… Não tenho o direito de dispor
dos meus bens como me agrada? Ou tornar-se-á mau o teu modo de ver pelo
fato de que Eu sou bom?” (Mt 20,13-15).
Consciente disto, o cristão não se detém em perscrutar sutilmente o
que está acima do seu alcance, preocupando-se com questões curiosas ou
vãs atinentes à predestinação. Na orientação da sua conduta cotidiana,
tenha o fiel ante os olhos as três seguintes proposições:
1) Deus a ninguém absolutamente faz injustiça, nem no decorrer desta vida nem no momento do juízo final;
2) Muito ao contrário, o Criador se comporta para com todos qual Pai
cheio de amor ou como o primeiro Ator empenhado na salvação dos homens.
Lembra o concílio de Trento, retomando palavras de Sto. Agostinho:
“Deus não manda o impossível, mas, dando os seus preceitos. Exorta-te
a fazer o que podes e a pedir-lhe a graça para o que não podes, e
auxilia-te para que o possas” (Sto Agostinho, de natura et gratia
43,50; Denziger 804).
Mais ainda:
“Deus não abandona a não ser que primeiro seja abandonado. – Non deserit nisi prius deseratur” (Dz 804).
3) A atitude prática do cristão encontras ótimo modelo em São Paulo:
a) de um lado, o Apóstolo, consciente da eficácia e da
responsabilidade do livre arbítrio, lutava qual bom atleta no estádio
para conseguir a incorruptível coroa da vida (cf. 1 Cor 9, 24-27). No
mistério da predestinação, muita coisa pode ficar oculta ao fiel;
contudo nunca lhe restará dúvida sobre o fato de que Deus exige de cada
um todo o zelo de que é capaz para chegar à salvação. Nisto se
diferencia a doutrina tradicional cristã de qualquer fatalismo ou
determinismo: Deus não retira ao homem o dom do livre arbítrio e da
responsabilidade própria com que o quis dignificar; nem há força
super-humana cega que de antemão torne vãos os esforços da criatura que
procura o Criador.
Portanto, errado estaria quem, com vistas à vida
eterna, tomasse atitude desinteressada e passiva, baseada em raciocínio
análogo ao seguinte: “Se tenho que quebrar a cabeça, nada me pode
preservar desta desgraça; não importa, pois, que me atire ou deixe de me
atirar à rua pela janela do quinto andar da casa”. Ó homem, nada há que
determine a tua sorte eterna independentemente do teu livre arbítrio ! O
decreto pelo qual Deus predestina alguém à salvação eterna, implica
sempre que esta será obtida mediante a livre cooperação do homem.
b) De outro lado, São Paulo, o lutador de Cristo, era feliz ao pensar
na sua sorte póstuma; assim também o cristão. Para o Apóstolo, morrer
equivalia a “dissolver-se para estar com Cristo” (cf. Flp 1,23), “deixar
de ser peregrino na terra a fim de viver na casa do Senhor” (cf. 2 Cor
5,8). Todo discípulo de Cristo, embora reconheça a possibilidade de
frustrar o seu último fim, tem confiança no Pai do céu e sabe que a
procura sincera de Deus na terra não poderá ficar vã junto ao Pai; vive,
por conseguinte, em demanda otimista da mansão celeste, consciente de
que Deus o chama continuamente a esta após lhe ter preparado os meios
para a conseguir. E, firme nesta crença, não permite que hipóteses
inconsistentes tomem na sua mente o lugar de verdades seguras.
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 5, Ano 1958, Página 184.
Transcrito do site: Canção Nova - Prof. Felipe Aquino
Santo do dia - 28 de outubro
Guntrano teve muitos descaminhos, muitas opções erradas. Teve muitas mulheres e muitos filhos. Como todo ser humano buscou a felicidade, porém, em lugares errados.
Um homem social, político e de grande influência, mas com o coração inquieto e desejoso de algo maior. Deu toda sua herança para um sobrinho e se decidiu a viver uma radicalidade cristã, ou seja, viver o chamado à santidade. Então, Guntrano passou a ouvir a Palavra de Deus e a acolher os conselhos dos bispos. Governou na justiça, a partir dos bons conselhos recebidos.Viveu a renúncia de si mesmo para abraçar a cruz e fazer a vontade de Deus. Faleceu com 68 anos, depois de consumir-se no amor a Deus e aos irmãos, sendo cristão na sociedade.
Ao se tornar papa em 432, Xisto III agindo com bastante austeridade e firmeza, nesta ocasião, Agostinho teve de lhe pedir moderação. Foi assim, que este papa conseguiu o fim definitivo da doutrina herege. Esta doutrina pelagiana negava o pecado original e a corrupção da natureza humana. Também defendia a tese de que o homem, por si só, possuía a capacidade de não pecar, dispensando dessa maneira a graça de Deus.
Ele também conduziu com sabedoria uma ação mais conciliadora em relação a Nestório, acabando com a controvérsia entre João de Antioquia e Cirilo, patriarca de Constantinopla, sobre a divindade de Maria. Em seguida, demonstrou a sua firme autoridade papal na disputa com o patriarca Proclo. Xisto III teve de escrever várias epístolas para manter o governo de Roma sobre a lliría, contra o imperador do Oriente que queria torná-la dependente de Constantinopla, com a ajuda deste patriarca.
Depois do Concílio de Éfeso em 431, em que a Mãe de Jesus foi aclamada Mãe de Deus, o papa Xisto III mandou ampliar e enriquecer a basílica dedicada à Santa Mãe das Neves, situada no monte Esquilino, mais tarde chamada Santa Maria Maior. Esta igreja é a mais antiga do Ocidente que foi dedicada a Nossa Senhora.
Desta maneira ele ofereceu aos fiéis um grande monumento ao culto da bem-aventurada Virgem Maria, à qual prestamos um culto de hiperdulia, ou seja, de veneração maior do que o prestado aos outros santos. Xisto III, mandou vir da Palestina as tábuas de uma antiga manjedoura, que segundo a tradição havia acolhido o Menino Jesus na gruta de Belém, dando origem ao presépio. Introduziu no Ocidente a tradição da Missa do Galo celebrada na noite de Natal, que era realizada em Jerusalém desde os primeiros tempos da Igreja.
Durante o seu pontificado, Xisto III promoveu uma intensa atividade edificadora, reformando e construindo muitas igrejas, como a exuberante basílica de São Lourenço em Lucina, na Itália.
Morreu em 19 de agosto de 440, deixando a indicação do sucessor, para aquele que foi um dos maiores papas dos primeiros séculos, Leão Magno. A Igreja indicou sua celebração para o dia 28 de março, após a última reforma oficial do calendário litúrgico.
São Xisto III, rogai por nós!
sexta-feira, 27 de março de 2020
Santo do dia - 27 de março
Ruperto era um nobre descendente dos condes que dominavam a região do médio e do alto Reno, rio que percorre os Alpes europeus. Os Rupertinos eram parentes dos Carolíngios e o centro de suas atividades estava em Worms, onde Ruperto recebeu sua formação junto aos monges irlandeses.
No ano 700, sua vocação de pregador se manifestou e ele dirigiu-se à Baviera, na Alemanha, com este intuito. Com o apoio do conde Téodo da Baviera, que era pagão e foi convertido por Ruperto, fundou uma igreja dedicada a São Pedro, perto do lago Waller, a dez quilômetros de Salzburgo. Mas, o local não condizia ainda com os objetivos de Ruperto, que conseguiu do conde outro terreno, próximo do rio Salzach, nos arredores da antiga cidade romana de Juvavum.
Nesse terreno, o mosteiro que o bispo Ruperto construiu é o mais antigo da Áustria e veio a ser justamente o núcleo de formação da nova cidade de Salzburgo. Teve para isso o apoio de doze concidadãos, dois dos quais também se tornaram santos: Cunialdo e Gislero. Fundou, ao lado deste, um mosteiro feminino, que entregou a direção para sua sobrinha, a abadessa Erentrudes. Foi o responsável pela conversão total da Baviera e, é claro, de toda a Áustria.
Morreu no dia 27 de março de 718, um domingo de Páscoa, depois de rezar a missa, no mosteiro de Juvavum. Antes, como percebera que a morte estava próxima, fez algumas recomendações e pedido de orações à sua sobrinha, e irmã espiritual, Erentrudes. Suas relíquias estão guardadas na belíssima catedral de Salzburgo, construída no século XVII. Ele é o padroeiro de seus habitantes e de suas minas de sal.
São Ruperto, reconhecido como o fundador da bela cidade de Salzburgo, cujo significado é cidade do sal, aparece retratado com um saleiro na mão, tamanha sua ligação com a própria origem e desenvolvimento da cidade. Foi seu primeiro bispo e sua influência alastrou-se tanto, que é festejado nesse dia, não só nas regiões de língua alemã, como também na Irlanda, onde estudou, porque alí foi tomado como modelo pelos monges irlandeses.
São Ruperto, rogai por nós!
quinta-feira, 26 de março de 2020
Santo do dia - 26 de março
Lúcia nasceu no dia 13 de janeiro de 1672, em Corneto Tarquínia, proximidades de Roma, numa família honrada e abastada. Quando ainda tinha um ano de idade, Lúcia perdeu a mãe e alguns anos mais tarde, o pai. Ela foi entregue, para ser formada e educada, às Irmãs beneditinas e junto delas a menina descobriu o dom que tinha para ensinar.
Muito dedicada aos estudos da Sagrada Escritura, e com a alma cheia de caridade, tomou para si, ainda no início da adolescência a função de ensinar o catecismo às crianças. Tantos eram os pequenos que a procuravam e tão cativante era sua forma de transmitir a Palavra do Senhor, que logo o padre do local a nomeou oficialmente a catequista paroquial. Certo dia, passou pela sua cidade o cardeal Marcantonio Barbarigo, que conheceu Lúcia, reconheceu sua vocação e levou-a para acabar seus estudos com as Irmãs clarissas.
Preparada, foi colocada na liderança de uma missão que ele julgava essencial para corrigir os costumes cristãos de sua diocese: fundar escolas católicas em diversas cidades. Lúcia, em sua humildade, a princípio relutou, achando que a função estava acima de suas possibilidades. Mas o cardeal insistiu e ela iniciou seu trabalho que duraria quarenta anos.
A missão exigiu imensos esforços, tantos foram os sacrifícios a que teve de se submeter. Contudo, nada a afastou da tarefa recebida. Nessas quatro décadas preparou professoras, catequistas, fundou escolas e organizou-as em muitas cidades e dioceses. Quando o cardeal Barbarigo faleceu, as dificuldades aumentaram. Lúcia uniu-se então a outras professoras e catequistas, juntando todas numa congregação, fundou em 1692, o Instituto das Professoras Pias. A fama do seu trabalho chegou ao Vaticano e em 1707, o Papa Clemente XI pediu para que Lúcia criasse uma de suas escolas em Roma.
Lúcia Filippini faleceu aos sessenta anos, no dia 25 de março de 1732, de câncer, mas docemente e feliz pela sua vida entregue à Deus e às crianças, sementes das novas famílias que são a seiva da sociedade. Seu corpo descansa na catedral de Montefiascone, onde começaram as escolas católicas do Instituto das Professoras Pias Filippinas, como são chamadas atualmente.
A festa litúrgica à Santa Lúcia Filippini foi marcada para o dia 26 de março, pelo Papa Pio XI, na solenidade de sua canonização, em 1930. Hoje, as escolas das professoras pias filippinas além de atuarem em toda a Itália, estão espalhadas por todo território norte americano, num trabalho muito frutífero junto à comunidade católica.
Santa Lúcia Filippini, rogai por nós!
São Bráulio
O santo de hoje, foi bispo de 631 a 651. Nasceu em uma família muito sensível à vontade do Senhor: uma irmã foi para a vida religiosa e tornou-se abadessa. Outro irmão foi para uma Abadia e outro, chegou a bispo.
Depois de entrar para uma vida de oração e contemplação numa abadia, Bráulio conheceu em Sevilha Santo Isidoro, escritor e santo. Fecundo escritor e grande pastor, São Bráulio foi escolhido para bispo em Saragoça, participando ativamente em três Concílios de Toledo.São Bráulio, rogai por nós!
Mais tarde, foi chamado pelo imperador Carlos Magno para evangelizar as terras que dominava. Entretanto, este empregava métodos de conversão junto aos povos conquistados, não condizentes com os princípios do cristianismo. Logo de início, por exemplo, obrigava os soldados vencidos a se converterem pela força, sob pena de serem condenados à morte se não se batizassem.
Como conseqüência dessa atitude autoritária estourou a revolta de Widukindo e Ludgero teve que fugir, seguindo para Roma. Depois foi para Montecassino, onde aprimorou seus estudos sobre o catolicismo e vestiu o hábito de monge, sem contudo emitir os votos.
A revolta de Widukindo foi a muito custo dominada em 784 e o próprio Carlos Magno foi a Montecassino pedir que Ludgero retornasse para seu trabalho evangelizador, que então produziu muitos frutos. Pregou o evangelho na Saxônia e em Vestfália. Carlos Magno ofereceu-lhe o bispado de Treves, mas ele recusou. Ludgero emitiu os votos tomando o hábito definitivo de monge e fundou um mosteiro, ao redor do qual cresceu a cidade de Muester , cujo significado, literalmente, é mosteiro, e da qual foi eleito o primeiro bispo.
Ludgero não parou mais, fundou várias igrejas e escolas, criou novas paróquias e as entregou aos sacerdotes que ele mesmo formara. Ainda encontrou tempo para retomar a evangelização na Frísia, realizando o seu sonho de contribuir para a conversão de sua pátria, a Holanda, e fundar outro mosteiro, este beneditino, em Werden, antes de morrer, que ocorreu no dia 26 de março de 809.
O corpo de Ludgero foi sepultado na capela do mosteiro de Werden. Os fiéis tornaram o local mais uma meta de peregrinação pedindo a sua intercessão para muitas graças e milagres, que passaram a ocorrer em abundância. O culto à São Ludgero, que ocorre neste dia é muito intenso especialmente na Holanda, Suécia, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Itália, países cujo solo pisou durante seu ministério.
São Ludgero, rogai por nós!
quarta-feira, 25 de março de 2020
Anunciação da Encarnação do Filho de Deus - 25 de março
Anunciação da Encarnação do Filho de Deus
Contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que cria todas as coisas com sua Palavra
Neste dia, a Igreja festeja solenemente o anúncio da Encarnação do Filho de Deus. O tema central desta grande festa é o Verbo Divino que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.
Hoje é o dia em que a eternidade entra no tempo ou, como afirmou o Papa São Leão Magno: “A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade.”
Com alegria contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que na origem do mundo cria todas as coisas com sua Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:
“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem e disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Não temas , Maria, conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo:’ O Espírito Santo descerá sobre ti. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tu palavra’” (cf. Lc 1,26-38).
Sendo assim, hoje é o dia de proclamarmos: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14a). E fazermos memória do início oficial da Redenção de TODOS, devido à plenitude dos tempos. É o momento histórico, em que o SIM do Filho ao Pai precedeu o da Mãe: “Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,7). Mas não suprimiu o necessário SIM humano da Virgem Santíssima.
Cumprindo desta maneira a profecia de Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). Por isso rezemos com toda a Igreja:
“Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.