Após acusação da ONU, Vaticano
afirma enfrentar pedofilia com transparência
Relatório das Nações
Unidas exige que a Igreja Católica denuncie pedófilos à polícia.
Comissão
também criticou severamente Igreja Católica por atitudes em relação à
homossexualidade, à contracepção e ao aborto
ONU exige que Vaticano denuncie os pedófilos à
polícia
Relatório acusa Santa Sé por medidas que permitiram
abuso de crianças
Vaticano promete divulgar detalhes sobre
comissão criada pelo Papa para evitar abusos
A comissão de Direitos da Infância da ONU denunciou
o Vaticano pela
adoção de políticas que permitiram que sacerdotes estuprassem e molestassem
dezenas de milhares de crianças, e exortou a Santa Sé a abrir seus arquivos
sobre pedófilos e clérigos que
Papa Francisco acena para fiéis na Praça
São Pedro, no Vaticano MAX ROSSI / REUTERS
Nas
conclusões de um relatório devastador, publicado nesta quarta-feira, o comitê
pediu à Santa Sé para “afastar de
imediato de suas funções todos os autores conhecidos e suspeitos de abusos
sexuais de crianças, assim como denunciá-los às autoridades competentes para
que os investiguem e sejam processados”. O documento também criticou
severamente a Igreja Católica por suas atitudes em relação à homossexualidade, à contracepção e ao aborto e pediu que suas políticas para garantir os direitos
das crianças e o seu acesso aos cuidados de saúde sejam revistas.
Perguntado
sobre o relatório, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que a Santa Sé está enfrentando a
pedofilia com transparência e que nos próximos dias anunciará a composição
e as funções da comissão criada pelo Papa Francisco para evitar o abuso contra
crianças. Sobre o cumprimento da
Convenção internacional dos Direitos da Criança, Lombardi acrescentou que novas
recomendações serão publicadas. -
Temos que responder a perguntas ou ataques. Muitas vezes, são representações
muito ideológicas ou parciais das questões e precisamos explicar nossa posição.
De nossa parte, pode ser uma resposta dessas recomendações porque é um longo
processo da convenção e da relação entre o comitê e as respostas dos Estados -
disse o porta-voz do Vaticano.
Em
comunicado, o Vaticano disse permanecer
comprometido a defender e proteger os direitos das crianças, mas lamenta a
tentativa de “interferir com os ensinamentos da Igreja Católica sobre a dignidade da
pessoa humana no exercício da liberdade religiosa”.
Acusações
duras
Há 15
dias, o Vaticano já havia sido publicamente confrontado, pela primeira vez, a
respeito de abusos sexuais de crianças por sacerdotes, em uma audiência da ONU
em Genebra. Autoridades da Santa Sé ouviram perguntas duras e diretas - por
exemplo, por que não liberam todas as informações que têm a respeito, e o que
estão fazendo para prevenir abusos futuros. O arcebispo Silvano Tomasi, enviado
do Vaticano às Nações Unidas, disse que tais
crimes “jamais poderiam ser
justificados”, que todas as crianças
devem ser “invioláveis” e que “prevenir abusos é uma preocupação real e imediata”.
No
informe divulgado nesta quarta-feira, a
comissão acusa o Vaticano de violar a Convenção de Direitos da Criança e
afirma que a Igreja Católica não fez ainda o suficiente para cumprir seu
compromisso de acabar com a pedofilia. -
Até agora violaram a convenção, porque não fizeram tudo o que deveriam para
acabar com o problema - disse Kirsten Sandberg, presidente da comissão.
O
documento destaca ainda “sua profunda
inquietude pelos abusos sexuais cometidos contra crianças por membros de
igrejas que operam sob a autoridade da Santa Sé”. “O comitê está muito
preocupado com o fato de a Santa Sé não ter reconhecido a amplitude dos crimes
cometidos, não ter tomado medidas apropriadas para afrontar os casos de
pedofilia e para proteger as crianças, além de ter adotado políticas e práticas
que permitiram a continuação dos abusos e da impunidade de seus autores”.
O informe
critica particularmente a política de transferir de paróquia os sacerdotes
pedófilos, prática que considera como uma tentativa de encobrir os crimes e
evitar que eles sejam julgados pelas autoridades civis. “A prática da mobilidade permitiu que muitos padres permaneçam em
contato com as crianças e seguissem abusando deles, além de continuar expondo
crianças de numerosos países a um alto risco de sofrer abusos sexuais”,
destaca o documento.
O órgão
pediu uma investigação interna de casos semelhantes, para que os responsáveis
possam ser processados e para que uma “compensação
total” possa ser paga às vítimas e às suas famílias. Em dezembro, o Papa Francisco criou uma comissão interna que
deveria investigar todos os casos de
abuso sexual infantil, além da conduta da hierarquia católica ao lidar com
eles.
Fonte: Reuters
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