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sexta-feira, 25 de maio de 2018
Existe “cura gay”?
“A
‘cura gay’ não é aquilo que muitas vezes as pessoas pensam”. Uma
resposta firme, equilibrada e católica para a delicada questão da
homossexualidade.
É bastante conhecida a orientação da Igreja às pessoas que sentem
atração pelo mesmo sexo. O Catecismo da Igreja Católica diz, em seu
parágrafo 2359, que:
"As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas
virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes
pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça
sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã."
O que muitas vezes se pergunta é se a Igreja não estaria exigindo
demais dos homossexuais, pedindo-lhes que vivam a castidade. Não seria
um fardo demasiado pesado para se carregar? Por que não “liberar”
simplesmente que essas pessoas vivam seus desejos e “abrir” a doutrina da Igreja a esse tipo de situação?
Essas perguntas dizem respeito à realidade de “um número não
negligenciável de homens e de mulheres”, que “apresenta tendências
homossexuais profundamente enraizadas” (Catecismo, § 2358). Por isso, exigem uma resposta elaborada, minuciosa e profunda — justamente o que Padre Paulo Ricardo faz neste breve vídeo, extraído de nosso episódio ao vivo “Masturbação: nunca mais”.
Trocando em miúdos o que explica o padre, temos o seguinte. Em primeiro lugar, “é perfeitamente possível ser feliz sem praticar sexo”.
A frase pode escandalizar a muitos, mas é isso mesmo. As pessoas só
pensam o contrário porque ficaram cegas, obstinadas no pecado, e não
querem ouvir nada que aponte o erro de seus maus hábitos:
A imoralidade desenfreada que reina no mundo de hoje é uma das causas
principalíssimas — a mais importante depois da propaganda materialista e
ateia — da descristianização cada vez maior da sociedade moderna. O
mesmo Cristo nos avisa no Evangelho que “todo o que pratica o mal odeia a
luz” (Jo 3, 20). Não há nada que cegue tanto como a obstinação no pecado. [1]
Muita gente confunde, além disso, “felicidade” com “prazer”. Enquanto
esta é uma sensação principalmente animal, a primeira experiência só
pode ser feita pelos seres humanos, detentores que são de uma alma
imortal. A doutrina católica é clara em indicar que a suma felicidade de nossa vida consiste em conhecer e amar a Deus. Todo o resto, portanto, deve subordinar-se a isso. Se estamos fazendo o contrário, somos nós quem devemos mudar, não a Igreja.
São os homens que precisam converter-se a Deus, mudar a própria
mentalidade e vida, e conformá-los à vontade divina. Propor o contrário
seria paganizar a religião e colocá-la a serviço de nossos interesses.
Em segundo lugar, “a ‘cura gay’ não é aquilo que muitas vezes as pessoas pensam”.
Como a expressão “cura gay” já gerou muitos mal entendidos, expliquemos
o que queremos dizer com ela. Se existe uma “cura gay”, ela não consiste em
fazer uma pessoa, que tem atração pelo mesmo sexo, sentir-se atraída
pelo sexo oposto. Uma cura da sexualidade humana que se queira
“integral” precisa colocar em relevo, sempre, o sexo compatível com a
santidade: para quem deseja seguir a Cristo, o ato sexual só pode ser realizado dentro do Matrimônioe de um modo que não se feche à transmissão da vida.
O porquê desse ensinamento da Igreja poderia ser tranquilamente
destrinchado tanto racionalmente quanto a partir da Revelação divina.
Mas isso nos levaria longe demais. O que importa saber, à luz disso, é
que o modo como nossa sociedade, de modo geral, vem vivendo a
sexualidade, precisa ser profundamente transformado. Não são apenas os homossexuais, portanto, que precisam de curar-se. Um casal de namorados que se relaciona antes de casar-se,
um cônjuge que trai a própria esposa, um jovem que vive afundado na
masturbação e na pornografia, todos precisam ter a própria sexualidade
curada.
A Igreja não é homofóbica. O seu convite à castidade estende-se a todos os seus filhos, indiscriminadamente.
Por fim, “o celibato é o tempero da moral sexual”.
Convidar as pessoas à castidade pode significar muitas vezes, até para
pessoas casadas, uma renúncia, provisória ou definitiva, ao ato
conjugal. Por isso, falar de celibato não pode ser um “bicho de sete
cabeças” — como parece ser em muitos ambientes, de Igreja até! Por trás
de uma omissão a esse respeito está escondida muitas vezes a ideia de
que é impossível ser feliz e realizar-se sem sexo. Ou seja, estamos reduzindo a doutrina moral da Igreja aos postulados da revolução sexual.
A pergunta que precisamos nos fazer, ao fim e ao cabo, é se acreditamos mais em Freud ou em Jesus Cristo; se damos mais crédito ao que assistimos na televisão ou ao que lemos e ouvimos da Palavra de Deus. Só se tivermos fé no que nos ensina a Igreja, afinal, poderemos cumprir o que ela — não em seu próprio nome, mas em nome de Cristo — nos manda. Como diz G. K. Chesterton, “não é que o ideal cristão tenha sido tentado e considerado imperfeito; ele foi considerado difícil sem nem mesmo ser tentado” [2]. Tentemos, pois! O que está em jogo é a nossa realização neste mundo — e a nossa eterna salvação no outro.
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