Se o mundo, acorrentado sob o poder do demônio, odeia a Jesus Cristo, como não odiará também os que se gloriam do nome de cristãos?
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João(Jo 15, 18-21)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence. Mas, porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia.
Lembrai-vos
daquilo que eu vos disse: ‘O servo não é maior que seu senhor’. Se me
perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram a minha
palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto eles farão contra vós por
causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”.
Se somos verdadeiros amigos de Cristo, permanecendo em sua graça e
cumprindo seus mandamentos, quem o odeia há de também de nos odiar a
nós. É Ele mesmo quem o diz: “Porque Eu vos escolhi e apartei do mundo, o
mundo por isso vos odeia”. O Amor veio ao mundo, e não havia como as
forças do inferno, que dominam esta terra de pecado, não se perturbarem
com a sua chegada. Basta lembrar, por exemplo, a reação dos demônios ao
verem o Senhor aproximar-se: “Eis que se puseram a gritar: ‘Que tens a
ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar?’” (Mt
8, 29). Jesus veio, pois, para destruir o domínio do príncipe deste
século — aquele que é pai da mentira e homicida desde o princípio —,
para guerrear contra as potestades demoníacas que andam pelos ares,
rugindo como leões ferozes, buscando a quem devorar e precipitar consigo
no abismo da perdição eterna.
Ao enfrentar Satanás e seus demônios,
Cristo desafia também todo o “sistema” de pecado e iniquidade que, nas
SS. Escrituras, recebe o nome de mundo, ou seja, “o ambiente
anticristão que se respira entres os que vivem totalmente esquecidos de
Deus e entregues por completo às coisas da terra” (Antonio R. Marín, Teología de la Perfección Cristiana.
2.ª ed., Madrid: BAC, 2012, p. 297, n. 208). Trata-se, não do cosmos
criado por Deus, mas do mundo confeccionado pela perversidade do homem,
aliciado e subjugado pelos anjos maus. Ora, quem está submerso nessas
estruturas de pecado, de desprezo de Deus e da religião, por força
odiará e ridicularizará quem quer que se oponha ao espírito mundano: “Se
o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim”. Que o Senhor nos
conceda sempre a força de que precisamos para lutar contra o mundo;
para resistir às suas falsas máximas e perversos valores; para fazer
frente, com ânimo viril e determinado, às burlas dirigidas a Cristo e
sua Mãe; para não cairmos nos prazeres e diversões que, além de
consumirem tempo, de nada nos ajudam a ter uma vida santa; para
desprezar, enfim, os respeitos humanos e o medo insensato do “e o que
dirão de mim?”, que a tantos tem transformado em traidores de Cristo e
da Igreja.
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