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sábado, 22 de setembro de 2018

Lemos a Biblia

A Bíblia não é o único caminho de salvação do católico. A Bíblia não é tudo, mas é Algo que nenhum católico interessado no seu progresso espiritual pode permitir-se ignorar.

Alimentamos a nossa alma com a Palavra Encarnada de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, presente na Sagrada Eucaristia. E também nutrimos a nossa mente e o nosso coração com a Palavra de Deus que nos foi entregue pelos patriarcas, profetas e Apóstolos que escreveram os livros da Bíblia. O que eles nos dão é palavra de Deus. Ainda que não tivessem necessariamente que perceber o que ocorria, Deus inspirou os autores dos livros bíblicos para que escrevessem o que escreveram. E, ao escrevê-lo, Deus preservou-os do erro por um ato especial da sua providencia. Depois, por um novo ato da sua providência, fez que os livros escritos sob a sua inspiração se conservassem através de milhares de anos e de gerações sucessivas. Finalmente, pela infalível autoridade da sua Igreja, indicou quais, de entre todos os livros aparentemente sagrados, foram os únicos realmente inspirados por Ele.
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Note como a Tradição Apostólica também é importante:
“Foi a Tradição Apostólica que levou a Igreja a decidir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros santos. Esta lista integral é chamada “Cânon” das Escrituras. Comporta, para o Antigo Testamento, 46 (45, se contar Jeremias e as Lamentações como um só) escritos, e, para o Novo, 27” (n. 120; cf. também os ns. 121-7).

Esta é a Bíblia (da palavra grega biblion, que significa “o livro”). Contém setenta e três divisões ou “livros”, conforme são chamados, alguns dos quais são omitidos em certas edições protestantes da Bíblia. Escrita por autores diferentes (todos inspirados por Deus), a Bíblia começa pelo livro do Gênesis, atribuído ao patriarca Moisés, e termina com o livro do Apocalipse, escrito pelo Apóstolo São João. Poderíamos dizer que Deus teve muito trabalho para nos dar a Bíblia e, naturalmente, espera que a leiamos.

Se alguma organização, dessas que existem para pesquisar a opinião pública, fizesse um levantamento entre as famílias católicas para saber quantas têm e quantas usam a Bíblia, os resultados poderiam ser surpreendentes. Já que não se fez tal pesquisa (pelo menos que eu saiba), só podemos fazer conjeturas: penso que são bem poucos os lares católicos em que há uma Bíblia, e que são menos ainda aqueles em que é lida.
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A Bíblia na Liturgia
A Igreja faz um uso muito amplo da Bíblia na sua liturgia. Muitas partes da Santa Missa e do ritual dos sacramentos, grande parte da Liturgia das Horas e de outros ritos oficiais foram tirados da Bíblia. A Bíblia é também um livro precioso para a pregação sacerdotal: a maioria dos sermões ou homilias não são senão comentários a alguma verdade básica contida na Sagrada Escritura.

Precisamos ler a Palavra de Deus regularmente
À vista de todos estes fatos – mas especialmente tendo em conta que a Bíblia é a palavra inspirada por Deus -, é de se estranhar que não haja mais católicos que leiam a Bíblia regularmente, para seu enriquecimento pessoal e para seu progresso espiritual.

Não nos admira muito que os protestantes nos superem na propagação e no uso da Bíblia: para o protestante, a Bíblia é tudo; para nós, é apenas uma parte do nosso ambiente religioso, mas é uma parte muitíssimo importante, de modo que, se a descuramos, perdemos uma grande riqueza espiritual.

Dizemos – e assim cremos – que a essência da vida cristã está no esforço por reproduzirmos em nós a imagem de Cristo. O nosso fim é fazermo-nos semelhantes a Cristo. Queremos aprender a ver a vida como Ele vê, e não viver aos nossos dias de m modo fragmentário, com a vida de família, o trabalho que nos obtém o pão, o descanso, as responsabilidades sociais e as relações pessoais frequentemente em conflito entre si. A nossa semelhança com Cristo dar-nos-á a chave para alcançarmos essa unidade de vida, para vivermos uma vida coerente, como Cristo julga, falar e agir como Cristo falaria e agiria.

 Esta semelhança com Cristo preencherá o nosso molde pessoal e modificar-se-á de acordo com as nossas características individuais, numa gloriosa diversidade de formas; mas o princípio fundamental e unificador será sempre a semelhança com Cristo, que jamais se poderá deixar de notar;

Não podemos moldar-nos segundo a imagem de Cristo se não o conhecemos bem. Para conhecê-lo, o melhor caminho é o Evangelho. Melhor que a imagem de segunda mão que possamos extrair de sermões e livros de espiritualidade, é a imagem sem aditivos que d’Ele nos dão os quatro evangelistas. Depois, nas epístolas de Paulo, Pedro, Judas Tadeu, Tiago e João encontraremos os ensinamentos de Cristo desenvolvidos, especialmente a doutrina sobre a lei da caridade.

Voltando ao Antigo Testamento, encontraremos nos seus livros históricos o grandioso plano de Deus para a salvação do homem, que veremos manifestar-se lentamente ao longo de muitos séculos. Nos livros proféticos, veremos Cristo vir até nós como uma sombra que se projeta sobre a parede de uma casa. Nos livros sapienciais, acharemos os princípios de uma conduta e uma vida virtuosa que Deus incutiu na humanidade através de longos períodos de experiência humana. Tudo isto e mais encontraremos na Bíblia, se a lermos regularmente, na atitude de reverência e oração que a palavra de Deus exige.

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É importante verificar se estamos lendo uma versão autorizada da Bíblia

Devemos, evidentemente, ler uma versão autorizada da Bíblia. Não é que haja duas Bíblias, a “católica” e a “protestante”, a “boa” e a “má”. Há uma só Bíblia, a que Deus inspirou e foi escrita livro após livro, século após século, em hebreu antigo e em grego. 

Os frágeis manuscritos originais permanecem há muito, mas ainda se conservam cópias manuscritas que remontam aos primeiros tempos do Cristianismo de São Jerônimo (a chamada “Vulgata”), derivam as traduções modernas para as línguas da atualidade. São as versões em língua vernácula da Bíblia.

Se for traduzida para uma língua moderna por um perito ou peritos bíblicos, e depois aprovada pelo Papa e pelos bispos de um país como tradução adequada, então essa tradução chama-se versão aprovada ou autorizada. Isto significa que essa versão está livre de erros na medida em que as coisas humanas o podem estar. Um católico só pode ler essas versões aprovadas. Mesmo uma tradução da Bíblia feita por um escriturista católico só pode ser utilizada pelos católicos depois de uma aprovação oficial da Igreja. Vemos, pois, que, à hora de escolhermos uma Bíblia, não se trata de optar por uma católica contra outra protestante, mas por uma versão aprovada contra outra que não tem aprovação. Convém, por isso, certificar-se de que se trata de uma versão aprovada, antes de comprá-la.
Mas interessa muito que a tenhamos e leiamos. Se ainda não o fizemos, comecemos hoje!

Retirado do livro: “A Fé Explicada”. Leo Trese. Ed. Quadrante.


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