Contra o império de Mamon não há outro remédio senão o despojamento de Nazaré, pois é impossível servir a Deus e ao dinheiro.
Por ocasião da memória litúrgica de S. Clara de Assis, vale a pena refletir hoje sobre a importância do carisma franciscano
nos dias atuais. Deus, que age sempre na hora certa, enviou S.
Francisco à Igreja numa época em que, a passos lentos, começava a surgir
o que conhecemos hoje como burguesia medieval e, com ela, o poder
econômico adquiria cada vez mais autonomia e peso dentro da sociedade. É
nesse quadro de paulatina valorização do dinheiro e dos bens temporais
que o poverello de Assis irá exortar os cristãos a voltarem à pobreza evangélica,
inspirada no desprendimento total de Nosso Senhor e seus discípulos
mais fiéis.
Apesar dos abundantes frutos da Ordem Franciscana, aquele
poder econômico surgido nas primeiras cidades irá agigantando-se século
após século até converter-se no sistema financeiro que alimenta hoje
todas as revoluções que visam destruir o cristianismo, não só pelo
financiamento de pautas e agendas contrárias à moral cristã (como o
aborto, a eutanásia, os contraceptivos, a reprodução artificial, as
uniões homossexuais etc.), mas também pelo incentivo de uma busca
desenfreada por dinheiro, sucesso profissional e segurança econômica. O
resultado desse processo está à vista de todos: famílias esfaceladas,
filhos abortados, casamentos destruídos, irmãos digladiando-se como
abutres sobre o espólio de um pai falecido, pessoas reduzidas à condição
de números, descartáveis e substituíveis…
Contra esse império de Mamon
não há outro remédio senão o despojamento de Nazaré, pois “nenhum
servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro,
ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao
dinheiro” (Lc 16, 13). Que possamos empenhar-nos, começando por
nossos próprios hábitos, em exorcizar esse apego quase hipnótico às
riquezas e comodidades do mundo. Sem um coração desapegado, como iremos
entrar no Reino prometido aos pobres e pequeninos? — Que S. Francisco e
S. Clara de Assis intercedam por nós e alcancem-nos, por seus méritos e
preces, a graça de um coração pobre para o mundo, mas rico para Deus.
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