Mariologia ou Mariomania
Parece
que tem muita gente preocupada com o crescimento de uma devoção
desequilibrada à Virgem Maria. Os abusos existem e ninguém os pode
negar. Mas será que é tudo abuso?
Ou o que está faltando mesmo é estudar
Mariologia?
No aniversário da aparição de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré, que deu origem ao culto da Medalha Milagrosa, esta aula pretende apresentar aos nossos alunos uma mariologia
autêntica, cujas bases não sejam nem uma visão emocionalmente
desequilibrada, própria de pessoas com dependência afetiva, nem uma
visão reducionista do papel de Maria, defendida por quem deseja
corresponder aos auspícios do ecumenismo. A mariologia desta aula será a de sempre, a mariologia católica que os santos cultivaram ao longo dos séculos e o Concílio Vaticano II ratificou na constituição Lumen Gentium.
Notem que o primeiro dogma mariano proclamado pela Igreja foi um dogma profundamente cristológico: o dogma da maternidade divina. E ainda que acusem a Igreja dessa época de estar contaminada pelo “romanismo” de Constantino, a verdade é que, desde o tempo apostólico, os cristãos já veneravam a Mãe de Deus pela sua especial proteção, algo que se verifica na mais antiga oração mariana: Sub tuum praesidium. Autores antiquíssimos, como é o caso de Santo Ireneu de Lion e Santo Inácio de Antioquia, já chamavam Maria de “nova Eva”, relacionando-a à restauração do gênero humano, conforme a promessa do Gênesis.
Para equilibrar as duas visões, Paulo VI proclamou o título de Maria, Mãe da Igreja, ainda durante as aulas conciliares. Desse modo, o Santo Padre confirmou tanto a posição de Maria como membro da Igreja quanto a sua singularidade entre os demais santos. Maria não é um membro qualquer, mas a Mãe desse corpo, cuja cabeça é Cristo.
No capítulo VIII da Lumen Gentium (n. 56), os padres conciliares atestam que
Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens. Como diz S. Ireneu, “obedecendo, ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano”.A devoção mariana, portanto, não pode ser uma coisa facultativa aos católicos, como o são as devoções a Santa Teresinha ou a São Pio de Pietrelcina, os quais, embora tenham vivido uma conduta exemplar, não foram eles mesmos “causa de salvação” para a humanidade. A Tradição afirma claramente a participação direta de Maria no mistério da redenção, motivo pelo qual se espera da Igreja a proclamação dos dogmas da “corredenção” e da “mediação de todas as graças”.
Ora, a mariologia católica revela-se, assim, como aceitação de duas realidades aparentemente distintas, mas intimamente relacionadas à cristologia, de modo que, para os fiéis, o estudo correto desse ensinamento desenvolve afetos enraizados nas verdades da fé. Exemplo disso é a consagração à Virgem Maria pelo método de São Luís de Montfort, que consiste em um ato de fé no papel corredentor de Nossa Senhora.
O estudo atento dessas verdades foi imprescindível para que o próprio Padre Paulo Ricardo, antes um pouco escrupuloso, percebesse em Nossa Senhora aquela que nos conduz mais fielmente ao encontro de Cristo e que, por essa razão, a devoção mariana, longe de nos afastar de Jesus, só nos é necessária para encontrá-lo, amá-lo e fielmente servi-lo, como ensina São Luís de Montfort (cf. Tratado, II, n. 62).
Essa é a verdadeira mariologia católica!
Site: Padre Paulo Ricardo
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