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domingo, 16 de julho de 2023

Nossa Senhora do Carmo: “Senhora do Escapulário”

Nossa Senhora do Carmo: “Senhora do Escapulário”

 

 Vale a pena vivenciar a devoção à Virgem do Carmo e ao seu Santo Escapulário, pois na hora que mais precisar ela estará presente com seu poderoso e precioso manto.

Escrever sobre a presença de Maria em nossas vidas, em especial Nossa Senhora do Carmo, enaltecendo suas virtudes e mostrando suas graças, me faz questionar: será que os devotos da Virgem do Carmo realmente conhecem sua história, suas promessas e sua verdadeira devoção?
 Por que Maria entregou o Escapulário?
Por exemplo: Você sabe como surgiu essa devoção? Sabe quem teve a visão de Maria? Por que Maria entregou o Escapulário? Qual é o verdadeiro sentido em usar o Escapulário?


É, portanto, a partir destes questionamentos e constatações que proponho esta reflexão, a fim de resgatar a verdadeira história e devoção da Virgem do Carmo. Porém, mais do que o valor histórico da visão que São Simão Stock teve, é importante ressaltar a aceitação da Igreja e a aprovação da devoção do Escapulário, como um incentivo para uma vida cristã autêntica, onde sua essência continua sendo o seguimento do Mestre Jesus Cristo.
Immaculate/Shutterstock
Aqui, creio eu, vale um pensamento de Leonardo da Vinci que nos alerta: "Quanto mais conhecemos, mais amamos". Portanto, é isto que quero e pretendo estimular de modo especial: conhecer e compreender melhor a história da Virgem do Carmo para melhor amá-la e melhor venerá-la.

A devoção e história de Nossa Senhora do Carmo remonta inevitavelmente ao Monte Carmelo, onde o grande Profeta Elias viveu na solidão, como ermitão, em torno do ano de 850 a.C. Mas era um homem de Deus, pois deixava que o Senhor fizesse parte de sua vida. Desta forma, ele se colocava atento aos apelos de Deus. Era no Deus Único e Verdadeiro que o Profeta tirava forças e coragem para defender o seu povo.

No seu tempo, Elias enfrenta o rei Acab, anunciando a praga da seca e caminha para o deserto. Ali é alimentado por Deus com pão e carne (1Rs 17,4-6). Desta forma, Elias refaz a caminhada do povo, revivendo a história do passado e despertando na origem da fé o caminho do reencontro com Javé. O Profeta Elias foi um grande testemunho da presença de Deus naquele tempo (1Rs 17,1;18,15). Diante do povo, ele era um homem de Deus, que falava em nome de Javé (1Rs 17,24). Sempre se retirava na solidão (1Rs 17,3;19,3-8), seu alimento era o que a natureza oferecia (1Rs 17,4) e partilhava com os pobres destes alimentos (1Rs 17,15).

Após algum tempo, seguindo as ordens do Senhor, Elias se apresenta ao rei Acab e enfrenta a Rainha Jezabel, esposa do rei, que tinha interesses em desviar o povo de um Deus, único e verdadeiro, para adorar um falso deus chamado Baal. Ela mesma havia criado um grupo de falsos profetas que deveriam divulgar esta devoção ao deus Baal. Profeta Elias, diante de tal situação, revoltou-se e colocou-se para um grande desafio. Pediu que todo o povo de Israel fosse avisado e que se reunisse no Monte Carmelo. Ele estava sozinho diante de quatrocentos e cinquenta profetas de Baal; e assim, Elias enfrentou estes profetas sem medo algum e, diante do povo, provou que o Deus verdadeiro estava ao seu lado. Inspirados na coragem e no testemunho do profeta, o povo se rebelou contra os profetas e seu falso deus. A partir de então, foram crescendo grupos de profetas que viviam em comunidades. (1Rs 19,19-21), (2Rs 2,1-15)

Tempos depois, também inspirados pelos testemunhos de Elias e em seu modo de viver através da oração e do silêncio, um grupo de homens, vindo de várias partes da Europa, chegou ao Monte Carmelo procurando entregar suas vidas a Nosso Senhor Jesus Cristo. Entre 1206 e 1214, Santo Alberto redigiu uma regra para estes eremitas. A Regra da Ordem do Carmo foi aprovada definitivamente pelo Papa Inocêncio IV, em 1247.

Segundo a História, quando esta Ordem atravessou uma forte crise, seus discípulos foram expulsos, tendo então que se adaptar à realidade da Europa, e foi lá que ocorreu o grande milagre e a maravilhosa intervenção da Nossa Senhora, depois chamada Nossa Senhora do Carmo. Na Europa, os Carmelitas sofreram muito a ponto de se extinguir e foi neste momento que Nossa Senhora apareceu ao Superior Geral dos Carmelitas, chamado Simão Stock, na noite de 16 de julho de 1251, prometendo ajudar a Ordem e dando a ele o Escapulário, como sinal de aliança e proteção

Existem outros elementos importantes desta aparição, porém, meditemos sobre isto: Maria ou como também podemos chamá-la “Senhora do Escapulário”, apareceu num momento de extrema provação, dificuldade e porque não dizer num momento de “vida ou morte”.

Observe que você pode, sem medo, ter confiança e certeza nesta devoção, amor e fervor pela Virgem do Escapulário, pois desde o início ela se mostrou solidária e compassiva aos momentos extremados de dificuldade, sofrimento e provação.

Portanto, a partir deste fato histórico que muitas vezes passa despercebido, você pode tirar uma grande lição e uma inabalável certeza: Vale a pena vivenciar a devoção à Virgem do Carmo e ao seu Santo Escapulário, pois na hora que mais precisar, como aconteceu aos carmelitas, ela estará lá presente com seu poderoso e precioso manto.

Vários Papas promoveram o uso do Escapulário e Pio XII chegou a escrever: "Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo – e ainda – Escapulário não é 'carta-branca' para pecar; é uma 'lembrança' para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte".

Escapulário é a expressão de um manto que cai sobre os ombros, pois a palavra Escapulário vem do latim “scapulae” que tem como significado “ombros”. Ele pode ser confeccionado com materiais diferentes, mas o princípio é sempre o mesmo: um cordão longo ligando duas imagens: uma do Sagrado Coração de Jesus e outra de Nossa Senhora do Carmo, ou Virgem do Carmelo, como também é conhecida, com o Menino Jesus no colo.


Porém, para os cristãos, não deve importar o material do qual esse sacramental é feito, mas sim, o significado que tem ao se colocar sobre os ombros. Ele é a aceitação de um compromisso, um pacto velado que você assumiu: você cuida de sua fé e devoção e a Santa o cuida e protege.

Autor: Pe. Luiz Alberto Kleina
Reitor do Santuário Nossa Senhora do Carmo - Curitiba/PR

Fonte: A 12

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