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domingo, 26 de dezembro de 2021

Evangelho do Dia

Evangelho Cotidiano

"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68 

Sagrada Família: Jesus, Maria e José

Anúncio do Evangelho (Lc 2, 41-52)

O Senhor esteja convosco.

Ele está no meio de nós.

PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas, 

Glória a vós, Senhor.

41Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. 

49Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”50Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. 

51Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. 52E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.

 — Palavra da Salvação.

Glória a vós, Senhor.

MEDITANDO O EVANGELHO

 

«O encontraram no templo, sentado entre os mestres. Ficavam maravilhados com sua inteligência»

Hoje contemplamos, como continuação do Mistério da Encarnação, a inserção do Filho de Deus na comunidade humana por excelência, a família e, a progressiva educação de Jesus por parte de José e Maria. Como diz o Evangelho, «E Jesus ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens» (Lc 2,52).

O livro do Eclesiástico, lembra-nos que «Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe» (Si 3,2). Jesus tem doze anos e manifesta a boa educação recebida no lar de Nazaré. A sabedoria que mostra evidencia, sem dúvidas, a ação do Espírito Santo, mas também o inegável bom saber educador de José e Maria. A inquietação de Maria e José põe de manifesto sua solicitude educadora e sua companhia amorosa para com Jesus.

Não é necessário fazer grandes arrazoamentos para ver que hoje, mais do que nunca, é necessário que a família assuma com força a missão educadora que Deus lhe confiou. Educar é introduzir na realidade e, somente o pode fazer aquele que a vive com sentido. Os pais e mães cristãos devem educar desde Cristo, fonte de sentido e de sabedoria.

Difícilmente podem pôr remédio aos déficit de educação do lar. Tudo aquilo que não se aprende em casa não se aprende fora, se não é com grande dificuldade. Jesus vivia e aprendia com naturalidade no lar de Nazaré as virtudes que José e Maria exerciam constantemente: espírito de serviço a Deus e aos homens, piedade, amor ao trabalho bem feito, solicitude de uns pelos outros, delicadeza, respeito, horror ao pecado... As crianças, para crescerem com cristãos, necessitam testemunhos e, se estes são os pais, essas crianças serão afortunadas.

É necessário que todos vamos hoje buscar a sabedoria de Cristo para levá-la a nossas famílias. Um antigo escritor, Orígenes, comentado no Evangelho de hoje, dizia que é necessário que aquele que procura Cristo, o procure não de maneira negligente e com desleixo, como o fazem alguns que não o acham nunca. Há que procurá-lo com “inquietude”, com grande afã, como o procuravam José e Maria. + Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (Tremp, Lleida, Espanha)

Pensamentos para o Evangelho de hoje

  • «Como gostaríamos que o amor ao silêncio se renovasse e se reforçasse em nós, este hábito admirável e indispensável do espírito. —Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento e a interioridade» (São Paulo VI)

  • «O Senhor entrou humildemente na terra. Ele cresceu como uma criança normal, ele passou pelo teste de trabalho, mesmo também pela prova da cruz. No final, ele ressuscitou. O Senhor nos ensina que na vida nem tudo é mágico, o triunfalismo não é cristão» (Francisco)

  • «Jesus compartilhou, durante a maior parte da sua vida, a condição da grande maioria dos homens: uma vida cotidiana sem importância aparente, uma vida de trabalho manual, uma vida Religioso judeu sujeito à lei de Deus, uma vida em comunidade. De todo esse período nos é dito que Jesus foi "submetido" a seus pais e que 'ele progrediu em sabedoria, estatura e na graça diante de Deus e dos homens ' (Lc 2,51-52)» (Catecismo da Igreja Católica, n. 531)

     

domingo, 27 de dezembro de 2020

Evangelho do Dia

Evangelho Cotidiano

"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68 

Sagrada Família: Jesus, Maria e José - Domingo

Anúncio do Evangelho (Lc 2,22-40)

— O Senhor esteja convosco
— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a Vos, Senhor
 
22 Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23 Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24 Foram também oferecer o sacrifício — um par de rolas ou dois pombinhos — como está ordenado na Lei do Senhor. 25 Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26 e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.

27 Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28 Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30 porque meu olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.

33 O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35 Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma”.

36 Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37 Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38 Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.

39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40 O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
 
 
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

 

domingo, 16 de junho de 2019

A Santíssima Trindade

É o mistério central da fé e da vida cristã. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.


 

1. A revelação do Deus uno e trino
“O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Compêndio, 44). Toda a vida de Jesus é revelação de Deus Uno e Trino: na anunciação, no nascimento, no episódio de sua perda e encontro no Templo quando tinha doze anos, em sua morte e ressurreição, Jesus se revela como Filho de Deus de uma forma nova com relação à filiação conhecida por Israel. No início de sua vida pública, também no momento de seu batismo, o próprio Pai testemunha ao mundo que Cristo é o Filho Amado (cf. Mt 3, 13-17 e par.) e o Espírito desce sobre Ele em forma de pomba. A esta primeira revelação explícita da Trindade corresponde à manifestação paralela na Transfiguração, que introduz o mistério Pascal (cf. Mt 17, 1- 5 e par.). Finalmente, ao despedir-se de seus discípulos, Jesus os envia a batizar em nome das três Pessoas divinas, para que seja comunicada a todo o mundo a vida eterna do Pai, do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28, 19).

No Antigo Testamento, Deus havia revelado sua unicidade e seu amor para com o povo eleito: Javé era como um Pai. Mas depois de haver falado muitas vezes por meio dos profetas, Deus falou por meio de seu Filho (cf. Hb 1, 1-2), revelando que Javé não é apenas como um Pai, mas que é Pai (cf. Compêndio, 46). Jesus se dirige a Ele em sua oração com o termo aramaico Abba, usado pelos meninos israelitas para se dirigirem ao próprio pai (cf. Mc 14, 36), e distingue sempre sua filiação daquela dos discípulos. Isto é tão chocante que se pode dizer que a verdadeira razão da crucificação é justamente o chamar-se a si mesmo Filho de Deus em sentido único. Trata-se de uma revelação definitiva e imediata [1], porque Deus se revela com sua Palavra: não podemos esperar outra revelação, porquanto Cristo é Deus (cf., por ex., Jo 20, 17) que se nos dá, inserindo-nos na vida que emana do regaço de seu Pai.

Em Cristo, Deus abre e entrega sua intimidade, que seria inacessível ao homem pelas próprias forças somente [2]. Esta mesma revelação é um ato de amor, porque o Deus pessoal do Antigo Testamento abre livremente seu coração e o Unigênito do Pai sai ao nosso encontro, para fazer-se uma só coisa conosco e levar-nos de volta ao Pai (cf. Jo 1, 18). Trata-se de algo que a filosofia não podia adivinhar, pois, fundamentalmente, só se pode conhecer mediante a fé.

2. Deus em sua vida íntima
Deus não só possui uma vida íntima, mas Deus é – identifica-se – com sua vida íntima, uma vida caracterizada por eternas relações vitais de conhecimento e de amor, que nos levam a expressar o mistério da divindade em termos de processões.
 
De fato, os nomes revelados das três Pessoas divinas exigem que se pense em Deus como o proceder eterno do Filho do Pai e, na mútua relação – também eterna – do Amor que “sai do Pai" (Jo 15, 26) e “toma do Filho" (Jo 16,14), que é o Espírito Santo. A Revelação nos fala, assim, de duas processões em Deus: a geração do Verbo (cf. Jo 17.6) e a processão do Espírito Santo. Com a característica peculiar de que ambas são relações imanentes, porque estão em Deus: mais, são o próprio Deus, uma vez que Deus é Pessoal; quando falamos de processão, pensamos ordinariamente em algo que sai de outro e implica mudança e movimento. Posto que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino (cf. Gn 1, 26-27), a melhor analogia com as processões divinas pode ser encontrada no espírito humano, em que o conhecimento que temos de nós mesmos não sai para fora: o conceito (a ideia) que fazemos de nós mesmos é distinta de nós mesmos, mas não está fora de nós. O mesmo podemos dizer do amor que temos para conosco.

De forma parecida, em Deus, o Filho procede do Pai e é sua Imagem, analogamente como o conceito é imagem da realidade conhecida. Só que esta imagem em Deus é tão perfeita que é o próprio Deus, com toda sua infinidade, sua eternidade, sua onipotência: o Filho é uma só coisa com o Pai, o mesmo Algo, essa é a única e indivisa natureza divina, ainda que sendo outro Alguém. O Símbolo Niceno-Constantinopolitano o expressa com a fórmula “Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro". O fato é que o Pai gera o Filho, doando-se a Ele, entregando-Lhe Sua substância e Sua natureza; não em parte como acontece com a geração humana, mas perfeita e infinitamente.

O mesmo pode ser dito acerca do Espírito Santo, que procede como o Amor do Pai e do Filho. Procede de ambos, porque é o dom eterno e incriado que o Pai entrega ao Filho, gerando-o, e que o Filho devolve ao Pai como resposta a Seu Amor. Este dom é dom de si, porque o Pai gera o Filho comunicando-lhe total e perfeitamente seu próprio Ser mediante seu Espírito. A terceira Pessoa é, portanto, o Amor mútuo entre o Pai e o Filho [3]. O nome técnico desta segunda processão é expiração. Seguindo a analogia do conhecimento e do amor, pode-se dizer que o Espírito age como a vontade que se move em direção ao Bem conhecido.

Estas duas processões chamam-se imanentes, e se diferenciam radicalmente da criação, que é transeunte, no sentido de que é algo que Deus realiza fora de si. Ao serem processões, dão conta da distinção em Deus, enquanto que, ao serem imanentes, dão razão da unidade. Por isso, o mistério do Deus Uno e Trino não pode ser reduzido a uma unidade sem distinções, como se as três Pessoas fossem apenas três máscaras; ou a três seres sem unidade perfeita, como se se tratasse de três deuses distintos, ainda que juntos.

As duas processões são o fundamento das distintas relações que em Deus se identificam com as Pessoas divinas: o ser Pai, o ser Filho e o ser expirado por Eles. De fato, como não é possível ser pai e ser filho da mesma pessoa, no mesmo sentido, assim, não é possível ser, ao mesmo tempo, a Pessoa que procede pela expiração e as duas Pessoas das quais procede. Convém esclarecer que, no mundo criado, as relações são acidentes, no sentido de que suas relações não se identificam com seu ser, ainda que o caracterizem profundamente, como no caso da filiação. Em Deus, posto que nas processões é doada toda a substância divina, as relações são eternas e se identificam com a própria substância.

Estas três relações eternas não só caracterizam, mas também se identificam com as três Pessoas divinas, posto que pensar no Pai significa pensar no Filho; e pensar no Espírito Santo, significa pensar naqueles em relação aos quais Ele é Espírito. Assim, as três Pessoas divinas são três Alguém, mas um único Deus. Não como se dá entre os homens que participam da mesma natureza humana, sem esgotá-la. As três Pessoas são cada uma toda a Divindade, identificando-se com a única Natureza de Deus [4]: as Pessoas são Uma na Outra. Por isso, Jesus disse a Felipe que quem O viu, viu o Pai (cf. Jo 14, 6), posto que Ele e o Pai são uma só coisa (cf. Jo 10, 30 e 17, 21). Esta dinâmica, que se chama tecnicamente pericoresis ou circumincessão (dois termos que fazem referência a um movimento dinâmico em que um se intercambia com o outro como em uma dança em círculo), ajuda a perceber que o mistério de Deus Uno e Trino é o mistério do Amor: “Ele mesmo é uma eterna comunicação de amor: Pai, Filho e Espírito Santo, e nos destinou a participar n'Ele" (Catecismo, 221).

3. Nossa vida em Deus

Sendo Deus eterna comunicação de Amor, é compreensível que esse Amor se extravase fora d'Ele em seu agir. Toda a ação de Deus na história é obra conjunta das três Pessoas, posto que se distinguem somente no interior de Deus. Não obstante, cada uma imprime nas ações divinas ad extra sua característica pessoal [5]. Usando uma imagem, poder-se-ia dizer que a ação divina é sempre única, como o dom que nós poderíamos receber da parte de uma família amiga, que é fruto de um só ato; mas, para quem conhece as pessoas que constituem a família, é possível reconhecer a mão ou a intervenção de cada uma, pela marca pessoal deixada por cada uma no único presente.

Este reconhecimento é possível porque conhecemos as Pessoas divinas naquilo que as distingue pessoalmente, mediante suas missões, quando Deus Pai enviou, juntamente o Filho e o Espírito Santo, na história (cf. Jo 3, 16-17 e 14-26), para que se fizessem presentes entre os homens: “são, principalmente, as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo as que manifestam as propriedades das Pessoas divinas" (Catecismo, 258). Eles são como as duas mãos do Pai [6] que abraçam os homens de todos os tempos, para levá-los ao seio do Pai. Se Deus está presente em todos os seres enquanto princípio do que existe, com as missões o Filho e o Espírito Santo se fazem presentes de forma nova [7]. A própria Cruz de Cristo manifesta ao homem de todos os tempos o eterno dom que Deus faz de Si mesmo, revelando em sua morte a íntima dinâmica de seu Amor que une as três Pessoas.

Isto significa que o sentido último da realidade, aquilo que todo homem deseja, o que foi buscado pelos filósofos e pelas religiões de todos os tempos, é o mistério do Pai que gera o Filho, no Amor, que é o Espírito Santo. Na Trindade se encontra, assim, o modelo originário da família humana [8] e sua vida íntima é a aspiração verdadeira de todo amor humano. Deus quer que todos os homens constituam uma só família, isto é, uma só coisa com Ele mesmo, sendo filhos no Filho. Cada pessoa foi criada à imagem e semelhança da Trindade (cf. Gn 1, 27) e está feita para existir em comunhão com os demais homens, e, sobretudo, com o Pai celestial. Aqui se encontra o fundamento último do valor da vida de cada pessoa humana, independentemente de suas capacidades ou de suas riquezas.

Mas o acesso ao Pai só se pode encontrar em Cristo, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo14, 6): mediante a graça, os homens podem chegar a ser um só corpo místico na comunhão da Igreja. Através da contemplação da vida de Cristo e através dos sacramentos, temos acesso à própria vida íntima de Deus. Pelo Batismo, somos enxertados na dinâmica de Amor da família das três Pessoas divinas. Por isso, na vida cristã, trata-se de descobrir que, a partir da existência ordinária, das múltiplas relações que estabelecemos, e de nossa vida familiar, que teve seu modelo perfeito na Sagrada Família de Nazaré, podemos chegar a Deus: “Procura o convívio com as três Pessoas, com Deus Pai, com Deus Filho, com Deus Espírito Santo. E para chegares à Trindade Santíssima, passa por Maria" [9]. Deste modo, pode-se descobrir o sentido da história, como caminho da trindade à Trindade, aprendendo com a “trindade da terra" – Jesus, Maria e José – a levantar o olhar para a Trindade do Céu.

Giulio Maspero
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 232-267.
Compendio do Catecismo da Igreja Católica, 44-49.

Opus Dei  - Obra de Deus

domingo, 27 de maio de 2018

A Santíssima Trindade

É o mistério central da fé e da vida cristã. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

1. A revelação do Deus uno e trino
“O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Compêndio, 44). Toda a vida de Jesus é revelação de Deus Uno e Trino: na anunciação, no nascimento, no episódio de sua perda e encontro no Templo quando tinha doze anos, em sua morte e ressurreição, Jesus se revela como Filho de Deus de uma forma nova com relação à filiação conhecida por Israel. No início de sua vida pública, também no momento de seu batismo, o próprio Pai testemunha ao mundo que Cristo é o Filho Amado (cf. Mt 3, 13-17 e par.) e o Espírito desce sobre Ele em forma de pomba. A esta primeira revelação explícita da Trindade corresponde à manifestação paralela na Transfiguração, que introduz o mistério Pascal (cf. Mt 17, 1- 5 e par.). Finalmente, ao despedir-se de seus discípulos, Jesus os envia a batizar em nome das três Pessoas divinas, para que seja comunicada a todo o mundo a vida eterna do Pai, do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28, 19).

No Antigo Testamento, Deus havia revelado sua unicidade e seu amor para com o povo eleito: Javé era como um Pai. Mas depois de haver falado muitas vezes por meio dos profetas, Deus falou por meio de seu Filho (cf. Hb 1, 1-2), revelando que Javé não é apenas como um Pai, mas que é Pai (cf. Compêndio, 46). Jesus se dirige a Ele em sua oração com o termo aramaico Abba, usado pelos meninos israelitas para se dirigirem ao próprio pai (cf. Mc 14, 36), e distingue sempre sua filiação daquela dos discípulos. Isto é tão chocante que se pode dizer que a verdadeira razão da crucificação é justamente o chamar-se a si mesmo Filho de Deus em sentido único. Trata-se de uma revelação definitiva e imediata [1], porque Deus se revela com sua Palavra: não podemos esperar outra revelação, porquanto Cristo é Deus (cf., por ex., Jo 20, 17) que se nos dá, inserindo-nos na vida que emana do regaço de seu Pai.

Em Cristo, Deus abre e entrega sua intimidade, que seria inacessível ao homem pelas próprias forças somente [2]. Esta mesma revelação é um ato de amor, porque o Deus pessoal do Antigo Testamento abre livremente seu coração e o Unigênito do Pai sai ao nosso encontro, para fazer-se uma só coisa conosco e levar-nos de volta ao Pai (cf. Jo 1, 18). Trata-se de algo que a filosofia não podia adivinhar, pois, fundamentalmente, só se pode conhecer mediante a fé.

2. Deus em sua vida íntima
Deus não só possui uma vida íntima, mas Deus é – identifica-se – com sua vida íntima, uma vida caracterizada por eternas relações vitais de conhecimento e de amor, que nos levam a expressar o mistério da divindade em termos de processões.
 
De fato, os nomes revelados das três Pessoas divinas exigem que se pense em Deus como o proceder eterno do Filho do Pai e, na mútua relação – também eterna – do Amor que “sai do Pai" (Jo 15, 26) e “toma do Filho" (Jo 16,14), que é o Espírito Santo. A Revelação nos fala, assim, de duas processões em Deus: a geração do Verbo (cf. Jo 17.6) e a processão do Espírito Santo. Com a característica peculiar de que ambas são relações imanentes, porque estão em Deus: mais, são o próprio Deus, uma vez que Deus é Pessoal; quando falamos de processão, pensamos ordinariamente em algo que sai de outro e implica mudança e movimento. Posto que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino (cf. Gn 1, 26-27), a melhor analogia com as processões divinas pode ser encontrada no espírito humano, em que o conhecimento que temos de nós mesmos não sai para fora: o conceito (a ideia) que fazemos de nós mesmos é distinta de nós mesmos, mas não está fora de nós. O mesmo podemos dizer do amor que temos para conosco.

De forma parecida, em Deus, o Filho procede do Pai e é sua Imagem, analogamente como o conceito é imagem da realidade conhecida. Só que esta imagem em Deus é tão perfeita que é o próprio Deus, com toda sua infinidade, sua eternidade, sua onipotência: o Filho é uma só coisa com o Pai, o mesmo Algo, essa é a única e indivisa natureza divina, ainda que sendo outro Alguém. O Símbolo Niceno-Constantinopolitano o expressa com a fórmula “Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro". O fato é que o Pai gera o Filho, doando-se a Ele, entregando-Lhe Sua substância e Sua natureza; não em parte como acontece com a geração humana, mas perfeita e infinitamente.

O mesmo pode ser dito acerca do Espírito Santo, que procede como o Amor do Pai e do Filho. Procede de ambos, porque é o dom eterno e incriado que o Pai entrega ao Filho, gerando-o, e que o Filho devolve ao Pai como resposta a Seu Amor. Este dom é dom de si, porque o Pai gera o Filho comunicando-lhe total e perfeitamente seu próprio Ser mediante seu Espírito. A terceira Pessoa é, portanto, o Amor mútuo entre o Pai e o Filho [3]. O nome técnico desta segunda processão é expiração. Seguindo a analogia do conhecimento e do amor, pode-se dizer que o Espírito age como a vontade que se move em direção ao Bem conhecido.

Estas duas processões chamam-se imanentes, e se diferenciam radicalmente da criação, que é transeunte, no sentido de que é algo que Deus realiza fora de si. Ao serem processões, dão conta da distinção em Deus, enquanto que, ao serem imanentes, dão razão da unidade. Por isso, o mistério do Deus Uno e Trino não pode ser reduzido a uma unidade sem distinções, como se as três Pessoas fossem apenas três máscaras; ou a três seres sem unidade perfeita, como se se tratasse de três deuses distintos, ainda que juntos.

As duas processões são o fundamento das distintas relações que em Deus se identificam com as Pessoas divinas: o ser Pai, o ser Filho e o ser expirado por Eles. De fato, como não é possível ser pai e ser filho da mesma pessoa, no mesmo sentido, assim, não é possível ser, ao mesmo tempo, a Pessoa que procede pela expiração e as duas Pessoas das quais procede. Convém esclarecer que, no mundo criado, as relações são acidentes, no sentido de que suas relações não se identificam com seu ser, ainda que o caracterizem profundamente, como no caso da filiação. Em Deus, posto que nas processões é doada toda a substância divina, as relações são eternas e se identificam com a própria substância.

Estas três relações eternas não só caracterizam, mas também se identificam com as três Pessoas divinas, posto que pensar no Pai significa pensar no Filho; e pensar no Espírito Santo, significa pensar naqueles em relação aos quais Ele é Espírito. Assim, as três Pessoas divinas são três Alguém, mas um único Deus. Não como se dá entre os homens que participam da mesma natureza humana, sem esgotá-la. As três Pessoas são cada uma toda a Divindade, identificando-se com a única Natureza de Deus [4]: as Pessoas são Uma na Outra. Por isso, Jesus disse a Felipe que quem O viu, viu o Pai (cf. Jo 14, 6), posto que Ele e o Pai são uma só coisa (cf. Jo 10, 30 e 17, 21). Esta dinâmica, que se chama tecnicamente pericoresis ou circumincessão (dois termos que fazem referência a um movimento dinâmico em que um se intercambia com o outro como em uma dança em círculo), ajuda a perceber que o mistério de Deus Uno e Trino é o mistério do Amor: “Ele mesmo é uma eterna comunicação de amor: Pai, Filho e Espírito Santo, e nos destinou a participar n'Ele" (Catecismo, 221).

3. Nossa vida em Deus

Sendo Deus eterna comunicação de Amor, é compreensível que esse Amor se extravase fora d'Ele em seu agir. Toda a ação de Deus na história é obra conjunta das três Pessoas, posto que se distinguem somente no interior de Deus. Não obstante, cada uma imprime nas ações divinas ad extra sua característica pessoal [5]. Usando uma imagem, poder-se-ia dizer que a ação divina é sempre única, como o dom que nós poderíamos receber da parte de uma família amiga, que é fruto de um só ato; mas, para quem conhece as pessoas que constituem a família, é possível reconhecer a mão ou a intervenção de cada uma, pela marca pessoal deixada por cada uma no único presente.

Este reconhecimento é possível porque conhecemos as Pessoas divinas naquilo que as distingue pessoalmente, mediante suas missões, quando Deus Pai enviou, juntamente o Filho e o Espírito Santo, na história (cf. Jo 3, 16-17 e 14-26), para que se fizessem presentes entre os homens: “são, principalmente, as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo as que manifestam as propriedades das Pessoas divinas" (Catecismo, 258). Eles são como as duas mãos do Pai [6] que abraçam os homens de todos os tempos, para levá-los ao seio do Pai. Se Deus está presente em todos os seres enquanto princípio do que existe, com as missões o Filho e o Espírito Santo se fazem presentes de forma nova [7]. A própria Cruz de Cristo manifesta ao homem de todos os tempos o eterno dom que Deus faz de Si mesmo, revelando em sua morte a íntima dinâmica de seu Amor que une as três Pessoas.

Isto significa que o sentido último da realidade, aquilo que todo homem deseja, o que foi buscado pelos filósofos e pelas religiões de todos os tempos, é o mistério do Pai que gera o Filho, no Amor, que é o Espírito Santo. Na Trindade se encontra, assim, o modelo originário da família humana [8] e sua vida íntima é a aspiração verdadeira de todo amor humano. Deus quer que todos os homens constituam uma só família, isto é, uma só coisa com Ele mesmo, sendo filhos no Filho. Cada pessoa foi criada à imagem e semelhança da Trindade (cf. Gn 1, 27) e está feita para existir em comunhão com os demais homens, e, sobretudo, com o Pai celestial. Aqui se encontra o fundamento último do valor da vida de cada pessoa humana, independentemente de suas capacidades ou de suas riquezas.

Mas o acesso ao Pai só se pode encontrar em Cristo, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo14, 6): mediante a graça, os homens podem chegar a ser um só corpo místico na comunhão da Igreja. Através da contemplação da vida de Cristo e através dos sacramentos, temos acesso à própria vida íntima de Deus. Pelo Batismo, somos enxertados na dinâmica de Amor da família das três Pessoas divinas. Por isso, na vida cristã, trata-se de descobrir que, a partir da existência ordinária, das múltiplas relações que estabelecemos, e de nossa vida familiar, que teve seu modelo perfeito na Sagrada Família de Nazaré, podemos chegar a Deus: “Procura o convívio com as três Pessoas, com Deus Pai, com Deus Filho, com Deus Espírito Santo. E para chegares à Trindade Santíssima, passa por Maria" [9]. Deste modo, pode-se descobrir o sentido da história, como caminho da trindade à Trindade, aprendendo com a “trindade da terra" – Jesus, Maria e José – a levantar o olhar para a Trindade do Céu.

Giulio Maspero
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 232-267.
Compendio do Catecismo da Igreja Católica, 44-49.

Opus Dei  - Obra de Deus


 

 

 

domingo, 31 de dezembro de 2017

Evangelho do Dia



EVANGELHO COTIDIANO

"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ - Festa

Evangelho segundo S. Lucas 2,22-40.
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor,  como está escrito na Lei do Senhor: "Todo o filho primogênito varão será consagrado ao Senhor",   e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. 

Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor;  e veio ao templo, movido pelo Espírito. 
Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito,  Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando:
Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos:
luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo. 
O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d'Ele se dizia.
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: "Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição;
- e uma espada trespassará a tua alma - assim se revelarão os pensamentos de todos os corações". 
Havia também uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações.
Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré.  Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
Comentário do dia: São João Paulo II (1920-2005), papa
Angelus de 28/12/1980
O mistério da Sagrada Família

Irmãos, fomos em espírito a Belém no dia de Natal, a Belém onde o Verbo divino Se fez carne, tendo diante dos olhos da fé o mistério insondável do Deus encarnado por nós, homens, e para nossa salvação. Mas este mistério reveste ao mesmo tempo a forma, tão nossa conhecida, da família, da família humana. Com efeito, nessa noite em que a Virgem Maria, esposa de José, trouxe Jesus ao mundo, revelou-se a família que a Igreja venera hoje com devoção.

Partindo desta Sagrada Família de Belém e de Nazaré da qual Cristo, o próprio Filho do Deus vivo, Se tornou Filho, a Igreja pensa hoje em todas as famílias do mundo, dirigindo-se a cada uma e rezando por cada uma. Esta festa é a Jornada da Família. Assim como a família de Nazaré foi o lugar privilegiado do amor, o meio particular onde reinou o respeito mútuo das pessoas umas pelas outras e pela sua vocação, assim como foi também a primeira escola onde a mensagem cristã foi intensamente vivida, assim também a família cristã deve ser uma comunidade de amor e de vida, os seus dois valores fundamentais.

Neste dia, convido-vos a todos a meditar e a viver conscientemente aquilo que Deus, a Igreja e a humanidade inteira esperam hoje da família. Convido-vos a unir-vos à minha oração por todas as famílias: «Deus, "do qual provém toda a paternidade no Céu e na Terra" (Ef 3,15), Tu, Pai, que és amor e vida, faz com que nesta Terra, por teu Filho Jesus Cristo, nascido de mulher, e pelo Espírito Santo, fonte da caridade divina, cada família se torne um verdadeiro santuário da vida e do amor para as gerações que se renovam sem cessar. Que a tua graça oriente os pensamentos e as ações dos esposos para o maior bem das suas famílias; que o amor, reforçado pela graça do sacramento, seja mais forte que todas as fraquezas e crises. E que a Igreja possa cumprir com fruto a sua missão na família e pela família.»