Ela pode ser a primeira santa carioca
Mais de 2 mil pessoas
estiveram presentes esta sexta-feira
(18), na Igreja Nossa Senhora da Glória,
no Largo do Machado, para acompanhar a cerimônia de abertura do processo de
beatificação e canonização de Odette Vidal de Oliveira. Conhecida como Odetinha, a menina - que morreu em 1939, aos 9 anos, de meningite e febre tifóide -, pode se transformar na primeira santa da
cidade do Rio de Janeiro. Uma espécie de caixão contendo os restos mortais
de Odetinha ficará exposto à visitação do público até o próximo domingo (20).
Fiéis participam do início
do processo de beatificação de Odetinha, na Igreja Nossa Senhora da Glória
Uma dessas testemunhas
citadas por Orani é Maria Cristina, a Tininha, de 82 anos, que se diz melhor
amiga de Odetinha na infância. “Embora tivesse tudo do melhor, ela tinha
simplicidade, o que falta para muitas pessoas hoje em dia. Quando criança,
ela era um amor como todas as outras, mas a bondade dela chamava atenção”, relatou
Tininha. Bondade esta também ressaltou
Maria Helena de Oliveira Araújo, de 89 anos, ex-babá de Odetinha, que trabalhou
para a família da Serva de Deus “dos 9
aos 60 e poucos anos”. “Como eu era muito pobre, ela sempre me dizia para usar
as roupas dela, dizendo que eu própria poderia abrir o armário e pegar o que
quisesse. Ela sempre foi muito boa e agora está no céu”, afirmou Maria
Helena. O afilhado da mãe de Odetinha, David Azoubel, de 74 anos, que convivia
e frequentava a casa da menina, lembrou das idas ao colégio Sion. “A mãe dela pedia para o motorista nos levar
na escola e, antes de chegar à porta, ela pedia para parar o carro e chamava as
outras crianças, que não tinham carro e estavam a pé, para embarcar. Ela
gostava de ver a felicidade no rosto dos outros. Canonizada ou não, para mim
ela é uma santa”, disse Azoubel, que lembrou a escassez de automóveis na
época no Brasil, para justificar o ato de bondade.Com mais de 40 anos de devoção à Odetinha e idas constantes ao cemitério São João Batista – onde o corpo da menina foi enterrado – para pedir proteção à família, a farmacêutica Maria Aparecida Jannuzzi Fonseca, 80 anos, garante que as orações sempre surtiram efeito. “Quando a minha filha era adolescente e saía de noite, eu rezava um terço inteiro para Odetinha pedindo proteção. Só me sentia mais calma depois da oração. Nunca aconteceu nada de mau com ela”, destacou, muito emocionada, Maria Aparecida.
Processo de beatificação
Primeiro, serão ouvidos
no Rio de Janeiro fiéis que possam reproduzir depoimentos de pessoas que conheceram Odette para
comprovar as onze virtudes necessárias, obtidas através de uma vida heroica e
santa, como esperança, humildade, castidade e bondade. Após a captação e o
armazenamento destes documentos, todo o material será enviado para Roma, para
ser analisado e aprovado pelo Vaticano.
Vida de Odetinha
Nascida no bairro de
Madureira, em 15 de setembro de 1930,
Odette Vidal Oliveira era filha de Augusto Ferreira Cardoso e Alice Vidal,
imigrantes portugueses vindos da região do Porto, ricos empresários do ramo de
carnes que, ao longo da vida, estabeleceram fortes laços com a Igreja através
de grandes doações e apoio. A garota, que estudou no colégio Sion, também morou
com sua família nos bairros de Botafogo, Copacabana e Laranjeiras.
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