"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
27º Domingo do Tempo Comum
Evangelho segundo S. Lucas 17,5-10.
Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé.»
O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a essa amoreira: 'Arranca-te daí e planta-te no mar', e ela havia de obedecer-vos.»
«Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, quando ele regressar do campo: 'Vem cá depressa e senta-te à mesa'?
Não lhe dirá antes: 'Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, enquanto eu como e bebo; depois, comerás e beberás tu'?
Deve estar grato ao servo por ter feito o que lhe mandou?
Assim, também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: 'Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.'»
Comentário do dia: Jean-Pierre de Caussade (1675-1751), jesuíta
Abandono à providência divina, cap. 9, 122
Encontrar Deus tanto nas coisas mais simples e insignificantes como nas maiores é ter uma fé fora do comum, grande e extraordinária. Contentar-se com o momento presente é saborear e adorar a vontade divina em tudo o que se tiver de sofrer ou de fazer, naquilo que compõe o momento presente nas suas sucessões. Graças à vivacidade da sua fé, estas almas simples adoram a Deus igualmente nos estados mais humildes; nada derruba a sua fé, […] nada as espanta, nada as desgosta.
Maria verá fugir os apóstolos, mas manter-se-á firme aos pés da cruz e reconhecerá o seu Filho, mesmo desfigurado pelos escarros e pelas chagas. […] A vida da fé mais não é que seguir a Deus através daquilo que O disfarça, O desfigura, O destrói e, por assim dizer, O aniquila. Eis a vida de Maria, do estábulo ao Calvário: ser fiel a um Deus que todos desconhecem, abandonam e perseguem. De igual modo, as almas de fé atravessam uma sucessão contínua de mortes, de véus, de sombras e de aparências que tornam irreconhecível a vontade de Deus; e seguem-na e amam-na até à morte de cruz, e sabem que há que deixar passar as sombras e correr atrás deste Sol divino. Da aurora ao poente, por mais escuras e espessas que sejam as nuvens que O escondem, este Sol ilumina, aquece e inflama os corações fiéis que O bendizem, O louvam, O contemplam.
Maria verá fugir os apóstolos, mas manter-se-á firme aos pés da cruz e reconhecerá o seu Filho, mesmo desfigurado pelos escarros e pelas chagas. […] A vida da fé mais não é que seguir a Deus através daquilo que O disfarça, O desfigura, O destrói e, por assim dizer, O aniquila. Eis a vida de Maria, do estábulo ao Calvário: ser fiel a um Deus que todos desconhecem, abandonam e perseguem. De igual modo, as almas de fé atravessam uma sucessão contínua de mortes, de véus, de sombras e de aparências que tornam irreconhecível a vontade de Deus; e seguem-na e amam-na até à morte de cruz, e sabem que há que deixar passar as sombras e correr atrás deste Sol divino. Da aurora ao poente, por mais escuras e espessas que sejam as nuvens que O escondem, este Sol ilumina, aquece e inflama os corações fiéis que O bendizem, O louvam, O contemplam.
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