"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
28º Domingo do Tempo Comum
Evangelho
segundo S. Lucas 17,11-19.
Naquele
tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém passava entre a Samaria e a Galileia.
Ao entrar
numa aldeia, dez homens leprosos vieram ao seu encontro; mantendo-se à
distância, gritaram,
dizendo: «Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!»
Ao
vê-los, disse-lhes: «Ide e mostrai-vos aos sacerdotes.» Ora, enquanto iam a
caminho, ficaram purificados. Um deles,
vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta;
caiu aos
pés de Jesus com a face em terra e agradeceu-lhe. Era um samaritano. Tomando a
palavra, Jesus disse: «Não foram dez os que ficaram purificados? Onde estão os
outros nove?
Não houve
quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?»
E
disse-lhe: «Levanta-te e vai. A tua fé te salvou.»
Comentário
do dia: São
Claude de la Colombière (1641-1682), jesuíta
Retiro de
1674, quarta semana (Escritos espirituais)
«Caiu aos pés de Jesus com a face em terra e
agradeceu-Lhe»
Na
meditação do amor de Deus, fiquei emocionado à vista dos bens que recebi de
Deus desde o primeiro momento da minha vida até hoje. Que bondade! Que cuidado!
Que providência para o corpo e para a alma! Que paciência! Que bondade! […]
Deus fez-me penetrar, parece-me, e ver claramente esta verdade: em primeiro
lugar, que está em todas as criaturas; em segundo, que é tudo o que há de bom
nelas; e em terceiro, que nos faz todo o bem que recebemos delas. E pareceu-me
ver este rei de glória e de majestade aplicado a aquecer-nos na roupa que vestimos,
a refrescar-nos no ar que respiramos, a alimentar-nos na carne que comemos, a
alegrar-nos nos sons e nos objectos agradáveis, a produzir em mim todos os
movimentos necessários para viver e agir. Que maravilha!
Quem sou
eu, ó meu Deus, para ser assim servido por Vós em todo o tempo, com tanta
assiduidade e em todas as coisas, com tanto cuidado e amor! Sucede o mesmo com
todas as outras criaturas; mas tudo isto por mim, qual intendente zelador e
vigilante que manda trabalhar em todos os locais do reino para seu rei. O que é
mais admirável é o fato de Deus fazer isto por todos os homens, embora quase
ninguém pense nisso a não ser uma ou outra alma escolhida, uma ou outra alma
santa. É preciso que pelo menos eu pense nisso, que fique reconhecido.
Imagino que,
como Deus tem a sua glória como fim supremo de todas as suas ações, faz todas
estas coisas principalmente pelo amor daqueles que pensam nisso e que admiram a
sua bondade, que Lhe estão gratos, que aproveitam a ocasião para O amar; os
outros recebem os mesmos bens como por acaso e por sorte.[…] Deus traz-nos
incessantemente o ser, a vida, as ações de tudo o que criou no universo. É
essa a sua ocupação na natureza; a nossa deve ser a de receber sem cessar
aquilo que Ele nos envia de todos os lados, e de Lho remeter por ações de
graças, louvando-O e reconhecendo que Ele é o autor de todas as coisas. Prometi
a Deus fazê-lo, na medida das minhas possibilidades.
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