A Idade Média foi muito rica
em santos e santas, e, hoje, juntamente com Santa Margarida,
a Liturgia apresenta Santa Edwiges que nasceu na
Bavária, Alemanha em
1174 e tornou-se modelo dos três estados de vida femininos:
esposa, celibatária e viúva.
Ainda criança, já mostrava mais apego às coisas espirituais
do que às materiais, apesar de dispor de tudo o que quisesse
comprar ou possuir. Em vez de divertir-se em festas da
Corte, preferia manter-se recolhida para rezar.
Aos doze anos, como era convencionado na casa real, foi dada
em casamento a Henrique I, duque da Silésia e da Polônia.
Ela obedeceu aos pais e teve com o marido sete filhos.
Quando completou vinte anos, e ele trinta e quatro, sentiu o
chamado definitivo ao seguimento de Jesus. Então, conversou
com o marido e decidiram manter dentro do casamento o voto
de abstinência sexual.
Edwiges entregou-se, então, à piedade e caridade. Guardava
uma pequena parte de seus ganhos para si e o restante dava
em auxílio ao próximo. Quando descobriu que muitas pessoas
eram presas porque não tinham como saldar suas dívidas,
passou a ir pessoalmente aos presídios para libertar tais
prisioneiros, pagando-lhes as dívidas com seu próprio
dinheiro. Após estarem livres, ela também lhes conseguia um
emprego, de modo que pudessem sobreviver com dignidade.
Construiu o Mosteiro de Trebnitz, na Polônia, ajudou a
restaurar os outros e mandou erguer inúmeras igrejas. Desse
modo, organizou uma grande rede de obras de caridade e
assistência aos pobres. Além disso, visitava os hospitais
constantemente para, pessoalmente, cuidar e limpar as chagas
dos mais contaminados leprosos. Mas Edwiges tinha um
especial carinho pelas viúvas e órfãos.
Veio, então, um período de sucessivas desventuras
familiares. Num curto espaço de tempo, assistiu à morte, um
a um, dos seus seis filhos, ficando com vida apenas a filha
Gertrudes. Logo em seguida, foi a vez do marido. Henrique I
fora preso pelos inimigos num combate de guerra e, mesmo
depois de libertado, acabou morrendo, vitimado por uma
doença contraída na prisão.
Agora viúva, e apesar da dura provação, Edwiges continuou a
viver na virtude. Retirou-se do mundo, ingressou no convento
que ela própria construíra, do qual a filha Gertrudes se
tornara abadessa. Fez os votos de castidade e pobreza, a
ponto de andar descalça sobre a neve quando atendia suas
obras de caridade. Foi nessa época que recebeu o dom da
cura, e operou muitos milagres, em cegos e outros enfermos,
com o toque da mão e o sinal da cruz.
Com fama de santidade, Edwiges morreu no dia 15 de outubro
de 1243, no Mosteiro de Trebnitz, Polônia. Logo passou a ser
cultuada como santa e o local de sua sepultura tornou-se
centro de peregrinação para os fiéis cristãos. Em 1266, o
papa Clemente IV a canonizou oficialmente.
A Igreja designou o dia 16 de outubro para a celebração da
sua festa litúrgica.
O culto a santa Edwiges, padroeira dos pobres e endividados,
é muito expressivo ainda hoje em todo o mundo católico.
Santa Edwiges, rogai por nós!
São Geraldo Majela
Filho da modesta e pobre família do alfaiate Majela, Geraldo nasceu no dia 6 de abril de 1725, numa pequena cidade chamada Muro Lucano, no sul da Itália. De constituição física muito frágil, cresceu sempre adoentado, aprendendo o ofício com seu querido pai.
Aos quatorze anos de idade ficou órfão de pai e, com a aprovação da mãe, Benedita, quis tornar-se um frade capuchinho. Mas foi recusado por ter pouca resistência física. Entretanto o jovem Geraldo Majela não era de desistir das coisas facilmente. Arrimo de família, foi trabalhar numa alfaiataria da cidade. Mais tarde, colocou-se a serviço do bispo de Lacedônia, conhecido pelos modos rudes e severos, suportando aquele serviço por vários anos, até a morte do bispo.
A forte vocação religiosa sempre teve de ser sufocada, porque não o aceitavam. Com dezenove anos de idade, voltou para Muro Lucano, onde montou uma alfaiataria. Recebia um bom dinheiro. Dava tudo de necessário para sua mãe e suas irmãs, com o restante ajudava os pobres. Na cidade todos sabiam que Geraldo dava o dote necessário às moças pobres que desejavam ingressar na vida religiosa. E se preciso, conseguia a vaga de noviça.
Só em 1749, quando uma missão de padres redentoristas esteve em Muro Lucano, Geraldo conseguiu ingressar na vida religiosa. Tanto importunou o superior, padre Cafaro, que este acabou cedendo e o enviou para o convento de Deliceto, em Foggia.
Enquanto era postulante, passou por muitas tentações e aflições, mas resistiu e venceu todos os obstáculos. Professou os primeiros votos, aos vinte e seis anos de idade, naquele convento. E surpreendeu a todos com seu excelente trabalho de apostolado, simples, humilde, obediente, de oração e penitência. Chegou a ser encarregado das obras da nova Casa de Caposele; depois, como escultor, começou a fazer crucifixos. Possuindo os dons da cura e do conselho, converteu inúmeras pessoas, sendo muito querido no convento e na cidade.
Mas mesmo assim viu-se envolvido num escândalo provocado por uma jovem que ele ajudara. Foi em 1754, quando Néria Caggiano, não se adaptando à vida religiosa, voltou para casa. Para explicar sua atitude, espalhou mentiras e calúnias. Para isso escreveu uma carta ao superior, na época o próprio fundador, santo Afonso, acusando Geraldo de pecados de impureza com uma outra jovem.
Chamado para defender-se, Geraldo preferiu manter o silêncio. O castigo foi ficar sem receber a santa comunhão e sem ter contato com outras pessoas de fora do convento. Ele sofreu muito. Somente depois que a calúnia foi desmentida pela própria Néria, em uma outra carta, é que Geraldo pôde voltar a receber a eucaristia e a trabalhar com o afinco de sempre na defesa da fé e na assistência aos pobres. O povo só o chamava de "pai dos pobres".
Mas a fama de sua santidade, curiosamente, vinha das jovens mães. É que as socorridas por ele durante as aflições do parto contavam, depois, que só tinham conseguido sobreviver graças às orações que ele rezava junto delas, tendo o filho nascido sadio.
De saúde sempre frágil, Geraldo Majela morreu no dia 16 de outubro de 1755, no Convento de Caposele, com vinte e nove anos de idade. Após a sua morte, começaram a ser relatados milagres atribuídos à sua intercessão, especialmente em partos difíceis. Em 1893, ele foi beatificado, sendo declarado o padroeiro dos partos felizes. Em 1904, o papa Pio X canonizou-o e sua festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.
São Geraldo Majela, rogai por nós!
Santa Margarida Maria Alacoque
Quinta de um total de sete filhas de um tabelião da Borgonha, Margarida, ao ficar órfã de pai aos 12 anos, para poder seguir a vocação à vida religiosa, teve de vencer a oposição da mãe, que a queria casada com um honrado rapaz.
Foi acolhida no mosteiro da Visitação de Paray-le-Monial, aos 24 anos. Na festividade de são João Evangelista de 1673, a noviça Margarida Maria, recolhida em adoração diante do Santíssimo Sacramento, teve a primeira das visões particulares de Jesus, que se iriam repetir depois na primeira sexta-feira de cada mês.
Dois anos depois, Jesus manifestou-se a ela com o peito dilacerado, e, apontando com a mão o coração rodeado de luz, disse-lhe: “Eis o Coração que tanto amou os homens, não poupando nada, até exaurir-se para demonstrar seu amor. E em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidão”.
As extraordinárias visões trouxeram à irmã Margarida Maria sofrimentos e incompreensões. Jesus mesmo lhe indicou então o diretor espiritual na pessoa do santo sacerdote jesuíta Cláudio de la Colombière, que acolheu o pedido de Jesus para se empenhar pela instituição da Festa do Sagrado Coração.
Este culto, a despeito da feroz oposição dos círculos jansenistas, difundiu-se logo por toda a Igreja. Irmã Margarida Maria extinguiu-se docemente aos 43 anos apenas. Foi canonizada em 1920.
Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!
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