Blog Brasil Católico Total NO TWITTER

Blog Brasil Católico Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

Você é o Visitante nº desde 3 janeiro 2014

Flag Counter

Seguidores = VOCÊS são um dos motivos para continuarmos nosso humilde trabalho de Evangelização

sábado, 26 de outubro de 2019

Por que os católicos ainda devem jejuar antes de comungar?

Um jejum eucarístico significativo demonstra nosso respeito a Jesus Cristo e o desejo que temos de recebê-lo como o mais importante alimento da nossa vida.

Embora se fale muito pouco do assunto hoje em dia, a ascese (ou seja, a prática da abnegação) é um elemento inegociável da espiritualidade católica e, portanto, da vida espiritual dos casais e das famílias. Todos nós, pecadores sempre necessitados de purificação, temos de examinar nossas consciências, fazer penitência e preparar-nos com diligência para receber os sacramentos.

O pior problema dos tempos modernos, já deplorado pelo Papa Pio XII, é a perda da noção de pecado. O problema, contudo, torna-se ainda mais grave devido à perda de muitos costumes que faziam os católicos lembrar-se de que são pecadores e precisam fazer penitência: abstinência de carne todas as sextas-feiras do ano; jejum diário ao longo da Quaresma inteira, e não só na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa; e o jejum eucarístico a partir da meia-noite, depois reduzido a três horas e, por fim, a somente uma hora.

Quando, em 1953, Pio XII reduziu o jejum eucarístico da meia-noite em diante para três horas antes da Missa, o gesto foi aclamado como uma memorável concessão da Igreja às necessidades modernas. E poderíamos, sim, reconhecer que o ato foi apropriado, dadas as circunstâncias da época.

Mas, em 1964, o Papa Paulo VI reduziu de três para uma hora antes da comunhão o jejum eucarístico, o que, na maiorias das vezes, quer dizer: fique sem comer pelo menos a caminho da igreja para a Missa de domingo. Ficou tão fácil observar a nova lei que, como irônica consequência, muitos católicos simplesmente a ignoram, já que, como observou Aristóteles, “parece não ser nada o pequeno desvio que faz errar o alvo”.


“Nossa Senhora recebendo a Eucaristia”, vitral do século XIX.
Um jejum eucarístico significativo demonstra nosso respeito a Jesus Cristo e o desejo que temos de recebê-lo como o mais importante alimento da nossa vida. Impõe-nos também uma obrigação moral que ajuda a salientar o dever de recebê-lo dignamente: lembra-te, cristão, do que estás prestes a fazer; pondera com cuidado se estás em estado de graça, de modo que possas aproximar-te do Senhor Jesus e comungá-lo da maneira mais devota. O antigo jejum de três horas tinha em mira, ao mesmo tempo, o Senhor, a fim de honrá-lo, e a nós, a fim de fazer-nos refletir sobre a nossa condição. Era uma disciplina que desencorajava comunhões “sociais”, indiferentes e impensadas.

O ambiente em que se vive num número não desprezível de paróquias é mais do que suficiente para acabar com a fé no Santíssimo Sacramento, que a Igreja confessa ser o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem devemos estar unidos, em comunhão de fé e caridade, antes de o comungarmos, na união de uma só carne.

O novo lecionário da Missa deixa totalmente de fora a exortação de S. Paulo a que todos examinem a própria consciência antes de receber a Eucaristia (cf. 1Cor 11, 27-29), antes presente em múltiplas passagens do lecionário tradicional. Leigos, homens e mulheres, distribuem hoje o Santíssimo Sacramento com toda informalidade. Músicas insossas e carregadas de sentimentalismo são incapazes de ressaltar o caráter sagrado dos mistérios e de suscitar nos fiéis a resposta de uma humilde adoração. A disciplina atual do jejum, como dissemos, é levíssima. Preparar-se para a Missa e dar ação de graças após comungar são práticas quase varridas do mapa.

Tudo isso, somado, torna tão banal e vulgar a recepção da Sagrada Comunhão que parece quase impensável que se possa negá-la a quem quer que seja.




Em algumas comunidades afeitas à Missa tradicional em latim, os fiéis costumam estar mais atentos ao dever de examinar a própria consciência e, se estiverem conscientes de algum pecado mortal, confessar-se antes de receber o Santíssimo Sacramento.Nessas mesmas comunidades, as confissões costumam acontecer antes e durante a Missa, ao menos aos domingos e dias de guarda um esquema bem adequado às necessidades espirituais de um católico comum. Nestes casos, há um padre a celebrar a Missa, enquanto outro atende as confissões. (Durante a consagração, as confissões são momentaneamente interrompidas; na hora da comunhão, o confessor auxilia o celebrante a distribuir as hóstias.)

Ali não se vêem multidões levantadas, formando filas banco após banco. Os que estão prontos para aproximar-se do banquete místico vão na frente, ajoelham-se em sinal de reverente adoração e recebem na língua, das mãos consagradas do sacerdote, o Corpo de Cristo. E tudo é feito com jeito, delicadeza e cuidado: é o homem que se dirige a Deus e, após ter removido os obstáculos que estava em suas mãos remover, implora a Ele o dom inestimável de sua própria vida divina.

O amor de quem sabe esperar

Estará a nossa falta de prática (na ausência de melhor termo) na “temperança eucarística” e na reverência devida ao Corpo do Senhor relacionada à destruição da virtude da castidade, assim como a falta desta está ligada à destruição do matrimônio (pois a falta de temperança sexual leva à perda de respeito pelo corpo do cônjuge)?

De fato, assim como a muitos parece não ser preciso esperar e pedir a graça de ser digno do dom de si que o Senhor nos faz na comunhão, assim também parece não haver necessidade de preparar-se, esperar e rezar para ser digno de receber o dom de outra pessoa e oferecer-se a ela como dom recíproco num matrimônio indissolúvel.
Na nossa sociedade e, infelizmente, até mesmo em certos grupos católicos, as pessoas não vêem nenhuma necessidade em ser castas antes ou durante o casamento. Tudo se resume ao “amor livre”. Mas um amor livre é barato e falso.



Não acontecerá o mesmo com a comunhão eucarística? Trata-se da suprema entrega mútua de amor: de Cristo a mim e do meu próprio ser a Cristo. Mantenho-me “casto” como preparação para esse matrimônio místico com o Salvador, e “casto” no sentido de não ter nenhum outro senhor de minha alma? Estou disposto a dar-me por inteiro a Ele, obedecendo-lhe aos mandamentos e ensinamentos? Não há dúvida de que Ele é e sempre será digno do meu amor; mas serei eu digno do dele?
Recuperar a disciplina do jejum, abolir o costume (existente em alguns lugares) de motivar toda a assembléia a levantar-se para comungar e reintroduzir o hábito de comungar de joelhos e na língua diretamente das mãos do sacerdotes: eis algumas medidas óbvias para combater essa irreverência epidêmica e a praga de tantas comunhões indignas.

São medidas que, com o passar do tempo, podem levar os casais a pensarem de outra maneira sobre si e seus corpos, sobre o cuidado e o respeito que todos devemos ter com o corpo de qualquer cristão, templo do Espírito Santo, e sobre a reverência — livre e sem manipulações — que se deve ao corpo do esposo. A intimidade matrimonial, ao fim e ao cabo, diz respeito à mútua abnegação sob os ditames da lei de Deus, e não a um consentidoegoísmo a dois”.

Padre Paulo Ricardo

Nenhum comentário: