São Calisto I
Papa (+222)
Até o seu martírio defendeu a Misericórdia de Deus, que se
expressa pela Igreja, que perdoa os pecados dos que cumprem as condições
de penitência
Romano de Trastevere (está sepultado na igreja de Santa Maria, em
Trastevere, e não nas catacumbas que levam seu nome), filho de escravos,
Calisto não teve vida fácil.
O cristão Carpóforo, da família do imperador Cômodo, havia-lhe confiado a
administração dos bens da comunidade cristã. Não foi um hábil
administrador e, descoberto um grande desfalque, Calisto fugiu.
Capturado em Óstia, a ponto de zarpar, foi condenado a girar a roda de
um moinho. Carpóforo mostrou-se generoso, condenando-o a pagar o débito;
mas a justiça seguiu seu curso. Foi condenado à flagelação, depois
deportado para as minas da Sardenha.
Libertado, o papa Vítor ocupou-se pessoalmente dele — sinal de que
Calisto desfrutava certa fama, furto à parte. Para desviá-lo da
tentação, fixou-lhe um ordenado. O sucessor Zeferino foi igualmente
generoso: ordenou-o diácono e confiou-lhe a guarda do cemitério cristão
na via Ápia Antiga (as célebres catacumbas conhecidas em todo o mundo
com seu nome).
Numa área de 120 mil metros quadrados, com quatro pavimentos sobrepostos
e 20 quilômetros de corredores, estão guardados os corpos de numerosos
cristãos, de santa Cecília a são Fabiano.
Quando, em 217, o diácono Calisto foi eleito papa, explodiu a primeira
rebelião aberta de um grupo de cristãos “rigoristas”, por causa não só
das precedentes e bem notórias desventuras de Calisto, mas sobretudo em
virtude de sua atitude conciliadora para com os pecadores arrependidos —
ou melhor, para com aqueles cristãos pouco dispostos ao martírio, que
se tinham munido do libellum de fidelidade aos deuses de Roma, e que,
uma vez passada a tempestade, pediam para voltar ao redil.
Entre os rigoristas hostis ao novo papa, destacavam-se Tertuliano,
Novaciano e o sanguinário Hipólito que, com seus Philosophumena, atacou
violentamente Calisto, fazendo-se, depois, consagrar bispo;
posteriormente um grupo de padres romanos dissidentes elegeram-no papa.
Foi o primeiro antipapa da história e é, caso único, também santo,
graças a seu arrependimento e ao martírio sofrido em 235 na Sardenha.
Também Calisto parece ter sofrido o martírio, não pela mão do imperador
romano, mas durante uma convulsão em Todi. Os cristãos, não conseguindo
chegar até as catacumbas da Ápia Antiga, sepultaram-no na via Aurélia;
desta, Gregório III o transferiu para a basílica de Santa Maria, em
Trastevere.
São Calisto I, rogai por nós!
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segunda-feira, 14 de outubro de 2019
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