Apresentação de Nossa Senhora
O episódio da apresentação no templo não é narrado nas Sagradas
Escrituras, mas em evangelhos apócrifos, em particular no
Proto-evangelho de são Tiago, que a Igreja não considera inspirado por
Deus.
No entanto, a celebração deste dia é antiga. Era celebrada já no século
VI em Jerusalém, e a Igreja do Oriente, que acolheu e conservou
zelosamente as tradicionais festas marianas, reserva à apresentação de
Maria uma memória particular, como um dos mistérios da vida daquela que
Deus escolheu para Mãe de seu Unigênito.
A Igreja do Ocidente, ao manter essa festividade também com a reforma do
calendário litúrgico, entendeu praticar um gesto “ecumênico”.
Na Liturgia das Horas, lê-se: “Neste dia da solene consagração da igreja
de Santa Maria Nova, construída junto ao templo de Jerusalém,
celebramos com os cristãos do Oriente aquela consagração que Maria fez a
Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja
graça ficara plena na sua Imaculada Conceição”.
Se bem que não se encontre na tradição hebraica a oferta de meninas ao
templo (e menos ainda na tenra idade de três anos, como se lê nos
apócrifos, segundo os quais “Maria morou no templo do Senhor como uma
pomba, recebendo o alimento das mãos de um anjo”), os cristãos celebram
hoje aquele particular oferecimento de Maria a Deus, feito no segredo de
sua alma, que a preparou para acolher o Filho de Deus.
Esta menininha — diz são Germano de Constantinopla na homilia sobre a
Apresentação — prepara o aposento para acolher a Deus, “mas não é o
templo que a santifica e purifica, e sim a sua presença que purifica
inteiramente o templo”.
A memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos
explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado
proto-evangelho de Tiago, livro de Tiago, ou ainda, História do
nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui
real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa
Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém.
Os manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito
tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou
totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua
concepção imaculada. Tanto no Oriente, quanto no Ocidente observamos
esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria
sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no
Missal
Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através
daquela muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo
Agostinho, em um dos seus Sermões:
“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé,
pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos
nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse
criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para
ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade
gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz
porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.
A Beata Maria do Divino Coração dedicava devoção especial à festa da
Apresentação de Nossa Senhora, de modo que quis que os atos mais
importantes da sua vida se realizassem neste dia.
Foi no dia 21 de novembro de 1964 que o Papa Paulo VI, na clausura da
3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de
Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.
Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!
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