Evangelho Cotidiano
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
3º Domingo da Quaresma
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Chegou, pois, a uma
cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da propriedade que Jacó tinha
dado a seu filho José. Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, cansado da
viagem, sentou-se junto à fonte. Era por volta do meio dia.
Veio uma mulher da Samaria buscar água. Jesus lhe disse: «Dá-me de
beber!» Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar algo para comer. A
samaritana disse a Jesus: «Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a
mim, que sou uma mulher samaritana?» De fato, os judeus não se
relacionam com os samaritanos. Jesus respondeu: «Se conhecesses o dom de
Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e
ele te daria água viva». A mulher disse: «Senhor, não tens sequer um
balde, e o poço é fundo; de onde tens essa água viva? Serás maior que
nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual bebeu ele mesmo, como
também seus filhos e seus animais?» Jesus respondeu: «Todo o que bebe
desta água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei,
nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma
fonte de água jorrando para a vida eterna».
A mulher disse então a Jesus: «Senhor, dá-me dessa água, para que eu não
tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água”. Ele lhe disse: “Vai
chamar teu marido e volta aqui!» — «Eu não tenho marido», respondeu a
mulher. Ao que Jesus retrucou: «Disseste bem que não tens marido. De
fato, tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é teu marido. Nisto
falaste a verdade».
A mulher lhe disse: «Senhor, vejo que és um profeta! Os nossos pais
adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis que em Jerusalém está o
lugar em que se deve adorar». Jesus lhe respondeu: «Mulher, acredita-me:
vem a hora em que nem nesta montanha, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a
salvação vem dos judeus. Mas vem a hora, e é agora, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Estes são
os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito, e os que o adoram
devem adorá-lo em espírito e verdade».
A mulher disse-lhe: «Eu sei que virá o Messias ( isto é, o Cristo );
quando ele vier, nos fará conhecer todas as coisas». Jesus lhe disse:
«Sou eu, que estou falando contigo».
Nisto chegaram os discípulos e ficaram admirados ao ver Jesus
conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: «Que procuras?», nem:
«Por que conversas com ela?». A mulher deixou a sua bilha e foi à
cidade, dizendo às pessoas: «Vinde ver um homem que me disse tudo o que
eu fiz. Não será ele o Cristo?» Saíram da cidade ao encontro de Jesus.
Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus: «Rabi, come!» Mas ele
lhes disse: «Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis». Os
discípulos comentavam entre si: “Será que alguém lhe trouxe alguma
coisa para comer?» Jesus lhes disse: «O meu alimento é fazer a vontade
daquele que me enviou e levar a termo a sua obra. Não dizeis vós: ‘Ainda
quatro meses, e aí vem a colheita! ’? Pois eu vos digo: levantai os
olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita!
Aquele que colhe já recebe o salário; ele ajunta fruto para a vida
eterna. Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe. Pois nisto
está certo o provérbio ‘Um é o que semeia e outro é o que colhe’: eu vos
enviei para colher o que não é fruto do vosso cansaço; outros se
cansaram e vós entrastes no que lhes custou tanto cansaço».
Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus por causa da
palavra da mulher que testemunhava: «Ele me disse tudo o que eu fiz». Os
samaritanos foram a ele e pediram que permanecesse com eles; e ele
permaneceu lá dois dias. Muitos outros ainda creram por causa da palavra
dele, e até disseram à mulher: «Já não é por causa daquilo que contaste
que cremos, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é
verdadeiramente o Salvador do mundo».
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
«Dá-me de beber!»
Hoje, como naquele meio-dia em
Samaria, Jesus aproxima-se da nossa vida, na metade de nosso caminho
Quaresmal, pedindo-nos como à Samaritana: «Dá-me de beber!» (Jo 4,7)
«Sua sede material —nos diz João Paulo II— é signo de uma realidade
muito mais profunda: manifesta o ardente desejo de que, tanto a mulher
com a que fala como os demais samaritanos, abram-se a fé ».
O Prefácio da celebração eucarística de hoje nos falará de que este
diálogo termina com uma troca salvífica onde o Senhor, «(...) ao pedir
água à Samaritana, já tinha infundido nela a graça da fé, e se quis
estar sedento da fé daquela mulher, foi para acender nela o fogo do amor
divino».
Esse desejo salvador de Jesus tornado “sede” é, hoje em dia também,
“sede” de nossa fé, de nossa resposta de fé perante tantos convites
quaresmais à conversão, à mudança, a nos reconciliar com Deus e os
irmãos, a nos preparar o melhor possível para receber uma nova vida de
ressuscitados na Pàscoa que se nos aproxima.
«Sou eu, que estou falando contigo» (Jo 4,26): esta direta e manifesta
confissão de Jesus sobre sua missão, coisa que não tinha feito com
ninguém antes, mostra igualmente o amor de Deus que se faz mais procura
do pecador e promessa de salvação que saciará abundantemente o desejo
humano da Vida verdadeira. É assim que, mais para frente neste mesmo
Evangelho, Jesus proclamará: «Se alguém tiver sede, venha a mim e beba,
quem crê em mim, como diz a Escritura: ‘Do seu interior manarão rios de
água viva’» (Jo 7,37b-38). Por isso, o teu compromisso é hoje sair de ti
e dizer aos homens:« Vinde ver um homem que me disse tudo...» (Jo
4,29). P.
Julio César
RAMOS González SDB
(Mendoza, Argentina)
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Há uma razão no cansaço de Jesus. A força de Cristo te criou, a fraqueza de Cristo te regenerou. Com sua força nos criou, com sua fraqueza veio nos buscar» (Santo Agostinho)
«No encontro com a Samaritana, junto ao poço, surge o tema da “sede” de Cristo, que culmina no grito da cruz: ‘Tenho sede’ (Jo 19,28). Certamente essa sede, como o cansaço, tem uma base física. Mas Jesus tinha sede da fé de todos nós» (Bento XVI)
«‘Se conhecesses o dom de Deus!’ (Jo 4, 10). A maravilha da oração revela-se precisamente, à beira dos poços aonde vamos buscar a nossa água: aí é que Cristo vem ao encontro de todo o ser humano; Ele antecipa-Se a procurar-nos e é Ele que nos pede de beber. Jesus tem sede, e o seu pedido brota das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, saibamo-lo ou não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.560)
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