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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Santo do Dia - 25 de outubro

 Santo Antônio de Sant'Anna Galvão


Cheio do espírito da caridade, não media sacrifícios para aliviar os sofrimentos alheios. Por isso o povo a ele recorria em suas necessidades

Religioso franciscano (1739-1822)

O brasileiro Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo. Seu pai era Antônio Galvão de França, capitão-mor da província e terciário franciscano. Sua mãe era Isabel Leite de Barros, filha de fazendeiros de Pindamonhangaba. O casal teve 11 filhos. Eram cristãos caridosos, exemplares e transmitiram esse legado ao filho.

Quando tinha 13 anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas, ao lado do irmão José, que já estava no Seminário de Belém, na Bahia. Desse modo, na sua alma estava plantada a semente da vocação religiosa. Aos 21 anos, Antônio decidiu ingressar na Ordem franciscana, no Rio de Janeiro. Sua educação no seminário tinha sido tão esmerada que, após um ano, recebeu as ordens sacerdotais, em 1762. Uma deferência especial do papa, porque ele ainda não tinha completado a idade exigida.

Em 1768, foi nomeado pregador e confessor do Convento das Recolhidas de Santa Teresa, ouvindo e aconselhando a todos. Entre suas penitentes encontrou a irmã Helena Maria do Sacramento, figura que exerceu papel muito importante em sua obra posterior.

Irmã Helena era uma mulher de muita oração e de virtudes notáveis. Ela relatava suas visões ao frei Galvão. Nelas, Jesus lhe pedia que fundasse um novo Recolhimento para jovens religiosas, o que era uma tarefa difícil, devido à proibição imposta pelo marquês de Pombal em sua perseguição à Ordem dos jesuítas. Apesar disso, contrariando essa lei, frei Galvão, auxiliado pela irmã Helena, fundou, em fevereiro de 1774, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência.

No ano seguinte, morreu irmã Helena, e os problemas com a lei de Pombal não tardaram a aparecer. O convento foi fechado, mas frei Galvão manteve-se firme na decisão, mesmo desafiando a autoridade do marquês. Finalmente, devido à pressão popular, o convento foi reaberto e o frei ficou livre para continuar sua obra. Os 14 anos seguintes foram dedicados à construção e ampliação do convento e também de sua igreja, inaugurada em 1802. Quase um século depois, essa obra tornar-se-ia um "patrimônio cultural da humanidade", por decisão da UNESCO.

Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara, em Sorocaba. Lá, permaneceu 11 meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos da construção da Casa. Nesse meio tempo, ele recebeu diversas nomeações, até de guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo.

Com a saúde enfraquecida, recebeu autorização especial para residir no Recolhimento da Luz. Durante sua última enfermidade, frei Galvão foi morar num pequeno quarto, ajudado pelas religiosas que lhe prestavam algum alívio e conforto. Ele faleceu com fama de santidade em 23 de dezembro de 1822. Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra.


As Pílulas de Frei Galvão: inúmeras graças alcançadas 

 Certa ocasião, Frei Galvão foi à Guaratinguetá para pedir recursos para a construção do Mosteiro da Luz. Terminada sua missão, tinha que regressar por causa de compromissos no convento. Nisso, alguns homens vieram pedir que ele fosse até uma fazenda distante rezar por um amigo deles que estava padecendo com uma pedra no rim há dias. O homem estava quase morrendo. Impossibilitado de ir até lá, Frei Galvão teve uma inspiração: escreveu num pedacinho de papel uma frase do ofício de Nossa Senhora: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós”. Frei Galvão embrulhou o papelzinho em forma de pílula e deu aos amigos do doente dizendo que ele tomasse aquilo em clima de oração, rezando o terço de Nossa Senhora.

Mais tarde, espalhou-se a notícia da cura daquele doente. Tempos depois, o Frei foi procurado por um homem aflito. Sua esposa estava em trabalho de parto há quase um dia e corria risco de morte. O religioso fez três pílulas e deu ao homem com as mesmas recomendações. O homem levou as pílulas para a esposa, que as tomou e conseguiu dar à luz um filho com saúde. Daí em diante, a fama das pílulas de Frei Galvão se espalhou. O povo começou a procurá-las de tal maneira, que ele teve que pedir às irmãs do Recolhimento que produzissem as pílulas. Depois, ele as abençoava e as irmãs distribuíam para o povo. Desde esse tempo, há inúmeros relatos de graças alcançadas através das Pílulas de Frei Galvão.

Depois, o Recolhimento do frei Galvão tornou-se o conhecido Mosteiro da Luz, local de constantes peregrinações dos fiéis, que pedem e agradecem graças por sua intercessão. Frei Galvão foi beatificado pelo papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998, e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, em São Paulo, Brasil.

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, rogai por nós!

Oração:

Deus, pai de misericórdia, que fizeste  do bem-aventurado Frei Antônio de Sant’Anna Galvão um instrumento de caridade e de paz no meio dos irmãos, concedei-nos, por sua intercessão, favorecer sempre a verdadeira concórdia. Por Nosso Senhor Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 Referência:
Devocionário a Santo Frei Galvão – Editora Canção Nova. 


São Crispim e São Crispiniano
 Mártires (+285)

Crispim e Crispiniano eram irmãos de origem romana. Cresceram juntos e converteram-se ao cristianismo na adolescência. Ganhando a vida no oficio de sapateiro, eram muito populares, caridosos, e pregavam com ardor a fé que abraçaram. Quando a perseguição aos cristãos ficou mais insistente, os dois foram para a Gália, atual França.

As tradições seculares contam que, durante a fuga, na noite de Natal, os irmãos Crispim e Crispiniano batiam às portas buscando refúgio, mas ninguém os atendia. Finalmente, foram abrigados por uma pobre viúva que vivia com um filho. Agradecidos a Deus, quiseram recompensá-la, fazendo um novo par de sapatos para o rapazinho. 

Trabalharam rápido e deixaram o presente perto da lareira. Mas antes de partir, enquanto todos ainda dormiam, Crispim e Crispiniano rezaram pedindo amparo da Providência Divina para aquela viúva e o filho. Ao amanhecer, viram que os dois tinham desaparecido e encontraram o par de sapatos cheio de moedas.

Quando alcançaram o território francês, os dois irmãos estabeleceram-se na cidade de Soissons. Lá, seguiram uma rotina de dupla jornada, isto é, de dia eram missionários e à noite, em vez de dormir, trabalhavam numa oficina de calçados para sustentar-se e continuar fazendo caridade aos pobres. Quando a cruel perseguição imposta por Roma chegou a Soissons, era época do imperador Diocleciano e a Gália estava sob o governo de Rictiovaro. Os dois irmãos foram acusados e presos. Seus carrascos os torturaram até o limite, exigindo que abandonassem publicamente a fé cristã. Como não o fizeram, foram friamente degolados, ganhando a coroa do martírio.

O Martirológio Romano registra que as relíquias de seus corpos estavam sepultadas na belíssima igreja de Soissons, construída no século VI. Depois, parte delas foi transportada para Roma, onde foram guardadas na  igreja de São Lourenço da via Sperniandi.

A Igreja celebra os santos Crispim e Crispiniano como padroeiros dos sapateiros no dia 25 de outubro. Essa profissão, uma das mais antigas da humanidade, era muito discriminada, por estar sempre associada ao trabalho dos curtidores e carniceiros. Mas o cristianismo mudou a visão e ela foi resgatada graças ao surgimento dos dois santos sapateiros, chamados de mártires franceses.


São Crispim e São Crispiniano, rogai por nós!


São Gaudêncio

Bispo (+410)

Gaudêncio pode bem enumerar-se entre os grandes personagens do século IV, ao lado de santo Ambrósio, são Jerônimo e santo Agostinho.


“Tu tens um talento tão vivo”, escreve-lhe Rufino de Aquiléia, “e uma tal gentileza de espírito, que é necessário colocar por escrito e publicar tudo o que dizes nas conversas normais ou na pregação na igreja”. Todavia, Gaudêncio não se considerava um escritor, tampouco teria empunhado a pena, não fosse instado pelo amigo Benévolo, que — impedido por uma doença e não podendo dirigir-se à igreja para escutar suas lições sobre as Sagradas Escrituras — pediu-lhe uma cópia dos dez sermões. Gaudêncio o satisfez e, dado que o escrito era estritamente reservado ao amigo enfermo, aproveitou para redigir um longo prefácio. Nele, discorreu sobre o providencial desígnio divino que, a partir da dor física ou moral, sabe tirar um grande bem espiritual.

Benévolo não se contentou em ler e guardar os sermões para si. Mandou tirar cópias deles, enviando-os a alguns amigos. E um dos novos destinatários dirigiu-se ao bispo para pedir alguns esclarecimentos.

Assim Gaudêncio se tornou um escritor contra sua vontade, como contra sua vontade foi eleito bispo de Bréscia e retirado de sua solidão do cenóbio de Cesaréia da Capadócia.
Ao que parece, santo Ambrósio precisou recorrer a um subterfúgio para fazê-lo aceitar suceder ao bispo Filástrio, morto em 387. Foi o próprio Ambrósio que o consagrou bispo em Bréscia e depois o levou consigo a Milão para que houvesse um ciclo de homilias em sua igreja.

Em 405, Gaudêncio foi enviado pelo papa Inocêncio I a Constantinopla, para defender a causa do patriarca João Crisóstomo, mandado ao exílio pela intrigante imperatriz Eudóxia. Mal acolhida a delegação, Gaudêncio foi direto para o cárcere. São Crisóstomo, em tal ocasião, escreveu-lhe uma bela carta de consolação. 

Gaudêncio morreu em Bréscia, em 410, data infausta para a sorte do Império Romano.

São Gaudêncio, rogai por nós!


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt - 18 de outubro

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt

Na Capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, em Valendar junto ao Reno, a 18 de Outubro de 1914, o Padre José Kentenich fez uma conferência à Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, em que revelou uma “secreta ideia predilecta”. A “ideia predilecta”, que ele considerou “quase demasiado ousada para o público, mas não demasiado audaz” para a pequena comunidade da Congregação, era na sua essência a seguinte: “Não seria possível que a Capelinha da nossa Congregação chegue a ser ao mesmo tempo o nosso Tabor, onde  se manifeste a glória de Maria? Acção apostólica maior não poderia sem dúvida realizar, nem aos nossos vindouros, herança mais preciosa legar, do que mover Nossa Senhora e Soberana a estabelecer aqui dum modo especial o seu trono, para distribuir os seus tesouros e operar milagres de graça”.

Com estas palavras o Padre Kentenich apresentou aos jovens membros da Congregação o programa de oração e sacrifício “para fazer suave violência” à Mãe de Deus, a fim de que Ela se digne eleger a Capelinha de São Miguel como seu lugar de graças, origem e centro de um Movimento de Renovação e de Educação religioso-moral.

Como chegou o Padre Kentenich a esta ideia? Nela influíram a sua fé convicta e um facto concreto. A sua fé convicta dizia que a missão e a acção da Mãe de Deus não terminaram com a sua vida terrena, mas continuam até ao fim dos tempos. Mesmo após a sua passagem para a Santíssima Trindade, Maria continua, na sua qualidade de “companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a Obra da Redenção”, como mais tarde o Padre Kentenich viria a designá-la, a participar activamente com toda a sua pessoa e poder de intercessão na Obra Salvífica do seu divino Filho. Como a História da Igreja o demonstra Ela desenvolve a sua acção, de preferência, em lugares por Ela escolhidos como seus lugares de graças, e por meio de pessoas, que instrumentalmente se põem à sua disposição.

O facto concreto foi a fundação do lugar de peregrinação Valle di Pompei, em Itália, da qual o Padre Kentenich teve conhecimento pormenorizado no Verão de 1914. Se a fé e o sacrifício do advogado Bartolo Longo moveram a Mãe de Deus a fazer de Valle di Pompei um lugar da sua particular acção, não poderia suceder outro tanto em Schoenstatt, se surgissem pessoas animadas duma atitude abnegada e apostólica semelhante?

A “ideia predilecta” ateou-se nos corações dos congregados. Eles viram nela não uma ideia meramente humana, mas uma iniciativa da própria Mãe de Deus, que Maria lhes comunicou por meio do Padre Kentenich. Pela Consagração de congregados e sob a orientação do Padre Kentenich eles tomaram a iniciativa, puseram-se ao serviço da Mãe de Deus e, pela auto-educação na vida diária, entregaram-se por completo à concretização dessa “ideia predilecta”.

Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt
No início de 1915, os congregados schoenstattianos tiveram conhecimento da Congregação Mariana de Ingolstadt na Baviera que no séc. XVI, sob a orientação do venerando sacerdote Jacob Rem, S. J., assistiu a um extraordinário florescimento da piedade mariana, exercendo uma acção apostólica considerável. Uma vez que em Schoenstatt aspiravam a algo do género, eles deram ao seu empreendimento, iniciado em 18 de Outubro de 1914, o nome de “Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt”. Desta Congregação de Ingolstadt adoptaram eles também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”, que deram à Imagem de Maria, colocada na Capelinha de São Miguel, em Abril de 1915. Que este nome foi acertado, viria a confirmá-lo a evolução futura. A partir do novo Santuário, a Mãe de Deus desenvolveu uma acção extraordinária. Com efeito, em Schoenstatt, de modo diferente ao que acontece noutros lugares de peregrinação, Ela concedia não a graça de curas físicas, mas manifestava-se como Mãe e Educadora do “Homem Novo”, na “nova criação em Cristo Jesus”. Ela operava milagres nas almas, como se costuma dizer em Schoenstatt. Quem ia a Schoenstatt devia experimentar uma tríplice graça: a graça do acolhimento, a graça da transformação interior e a graça de fecundidade e missão apostólicas.
 
Na Primeira Guerra Mundial
Alguns dos congregados schoenstattianos entregaram-se de tal modo à “ideia predilecta”, que, nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, chegaram a oferecer a sua vida como vítimas à Mãe Três Vezes Admirável para a realização do Programa de 18 de Outubro de 1914. Entre eles sobressai em primeiro lugar José Engling que, antes da sua chamada para o serviço militar, tinha sido durante um ano prefeito da Congregação Schoenstattiana. Em 3 de Junho de 1918, na frente da Flandres, ele fez este pedido numa oração de consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt: “Se estiver de acordo com os Teus planos, aceita-me como vítima pelas tarefas, que confiaste à nossa Congregação”. Com a sua morte heróica, na tarde de 4 de Outubro de 1918, foi consumada a sua oferta. Próximo do local da sua morte, nas imediações de Cambrai, em França, encontra-se hoje um Santuário de Schoenstatt e um memorial simples, que se tornaram lugar de encontro para franceses e alemães. O processo de beatificação de José Engling foi encerrado em 1964 em Tréves, tendo já dado entrada em Roma.
 
Movimento Apostólico
Com o tempo, os congregados schoenstattianos, como soldados na frente de batalha, na caserna, e no hospital militar, foram ganhando companheiros dispostos a selar a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável e a abraçar os objectivos pedagógico - apostólicos de Schoenstatt. O Padre Kentenich viu nisso um sinal da Divina Providência. Após o regresso da guerra, fundou com eles, a 20 de Outubro de 1919, a “União Apostólica”, a primeira das comunidades apostólicas de Schoenstatt. Um ano mais tarde, a “União”, que primeiramente só compreendia homens e estudantes, foi aberta também às mulheres. Igualmente em 1920, o Padre Kentenich juntou à “União” a “Liga” que, de modo semelhante, mas com uma organização mais flexível, agrupava membros de todas as idades e profissões, sacerdotes e leigos, homens e mulheres. Em 1926, com a fundação das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o Padre Kentenich dava início aos Institutos Seculares de Schoenstatt. Uma década após o acto da fundação de 18 de Outubro de 1914, surgia, da Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, o “Movimento Apostólico de Schoenstatt”, que chegou a ser contado entre as forças mais vivas da Igreja na Alemanha.
 
Perseguição
A perseguição à Igreja, levada a cabo pelo nazismo entre os anos de 1933 e 1945, atingiu com particular violência o Movimento Apostólico de Schoenstatt. O Fundador, Padre José Kentenich, juntamente com vários sacerdotes colaboradores seus, foi para o campo de concentração de Dachau. Contudo, a perseguição produzia o oposto daquilo que as autoridades de então na Alemanha pretendiam. A Obra de Schoenstatt não sucumbiu, no meio das provações, cresceu em extensão e profundidade. Durante esse tempo, cresce a figura do Pe. Kentenich enquanto Pai Espiritual da Obra de Schoenstatt.

Assim como desde 1934 duas cruzes tumulares, colocadas atrás do Santuário em Schoenstatt, testemunham a coragem heróica da geração fundadora, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, também desde 1946 outras duas recordam aí as vítimas do regime nazi, tendo uma delas o nome do Padre Albert Eise que, em 1942, ofereceu em Dachau a sua vida como vítima, e a outra o do Padre Franz Reinisch, que no mesmo ano foi decapitado, morrendo como mártir da liberdade de consciência.

A Capelinha e as cruzes tumulares junto ao Santuário são um símbolo da lei da vida, segundo a qual Schoenstatt nasceu e continuará a existir: “Nada sem Ti – Nada sem nós”, isto é: Nada sem a Mãe de Deus, sem a Santíssima Trindade e a sua graça, mas também nada sem a ajuda dos colaboradores e instrumentos humanos, que Deus e a Mãe de Deus elegeram para a realização dos seus planos sobre Schoenstatt. De facto, Schoenstatt depende decisivamente da fidelidade e espírito de sacrifício de cada um dos seus membros.

Até à morte do Fundador
Nos anos a seguir a 1945, a Obra de Schoenstatt transpôs as fronteiras da Alemanha, chegando nomeadamente aos países de além-mar. O próprio Fundador empreendeu várias viagens longas pela África, América do Sul e América do Norte, para anunciar aí a mensagem de Schoenstatt, erigir Santuários da Mãe Três Vezes Admirável e procurar aliados para a fundação da Obra de Schoenstatt.

Para o desenvolvimento da Obra, foi de importância decisiva a provação por parte das instâncias da Igreja, do Episcopado alemão e da Santa Sé em Roma que, iniciada em 1949, durou, com algumas interrupções, até 1965. Em virtude desta provação, em 1951 o Padre Kentenich foi afastado da sua Fundação e exilado em Milwaukee (EUA). Como em todas as circunstâncias da sua história, a Família de Schoenstatt também viu, nesta medida, uma condução da Divina Providência. Efectivamente a Obra obteve em 1964, no dia do quinquagésimo aniversário da sua existência, a total aprovação da Igreja. Um ano mais tarde, o Fundador, recebido e louvado pelo Santo Padre, pôde regressar a Schoenstatt na Noite Santa de 1965.

Aqui, durante ainda quase três anos, ele trabalhou, com a maior dedicação e entrega, no aperfeiçoamento da Obra que Deus lhe confiou. Em 15 de Setembro de 1968, festa das sete dores de Maria, ele morreu com quase 83 anos de idade, precisamente após a celebração da Santa Missa na nova Igreja da Adoração, no Monte Schoenstatt. Sobre o seu túmulo, conforme o seu desejo, estão escritas as palavras: “DILEXIT ECCLESIAM” – Amou a Igreja.

Depois da morte do Fundador
Quando o Fundador duma comunidade da Igreja, duma Ordem ou dum Movimento religioso, morre, isso constitui sempre um profundo golpe para a vida da sua fundação. Então põe-se a questão sobre o que se vai passar com a Obra do Fundador.

Desde a morte do seu Fundador, a Obra de Schoenstatt, num crescimento discreto e constante, propagou-se sempre mais pelas diversas partes do mundo. Um sinal visível disto é o incremento por todo o mundo dos Centros de Schoenstatt em torno do Santuário da Mãe Três Vezes Admirável. Neste momento, existe já mais de uma centena destes Santuários, aos quais se junta quase todos os anos um novo.

Também para além da sua morte, a personalidade do Fundador encontra admiração e veneração crescentes. É cada vez maior o número de pessoas que experimentam junto do Padre Kentenich resposta clara e concreta para as questões e debates da vida moderna.

Dois anos após a sua morte, na audiência geral de 8 de Abril de 1970, Paulo VI, perante milhares de peregrinos, referiu-se a ele por mais de uma vez como “Sacerdote e cura de almas insigne” e apresentou-o aos fiéis como modelo de fidelidade e amor à Igreja.

Mais tarde, o Papa João Paulo II, em 17 de Novembro de 1980, na sua homilia, na catedral de Fulda, incluiu o Padre José Kentenich entre as figuras notáveis e exemplares de Sacerdotes do século XX, na Alemanha. Uma semana depois, em Roma, disse acerca dele: “Por ocasião da minha breve visita à Alemanha, reconhecido e grato pelo seu património espiritual, quis mencionar em Fulda especialmente o Padre Kentenich como uma das grandes figuras sacerdotais da história mais recente e, deste modo, honrá-lo duma forma particular”.

Cinco anos depois, o Papa João Paulo II prestou uma outra e mais significativa homenagem ao Padre Kentenich, quando em 1985, juntamente com representantes da Família de Schoenstatt de todas as partes do mundo e na presença de numerosos Bispos e Cardeais, presidiu em Roma à festa do 100º aniversário do Padre Kentenich.

Assim se compreende que a 10 de Fevereiro de 1975 tenho sido aberto pelo Bispo de Tréves o processo de beatificação do Padre Kentenich.

Querida  Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, rogai por nós!

 


sábado, 29 de abril de 2023

29 de abril - Santo do Dia

Santa Catarina de Sena

Catarina era apenas uma irmã leiga da Ordem Terceira Dominicana. Mesmo analfabeta, talvez tenha sido a figura feminina mais impressionante do cristianismo do segundo milênio. Nasceu em 25 de março de 1347, em Sena, na Itália. Seus pais eram muito pobres e ela era uma dos vinte e cinco filhos do casal. Fica fácil imaginar a infância conturbada que Catarina teve. Além de não poder estudar, cresceu franzina, fraca e viveu sempre doente. Mas, mesmo que não fosse assim tão debilitada, certamente a sua missão apostólica a teria fragilizado. Carregava no corpo os estigmas da Paixão de Cristo.

Desejando seguir o caminho da perfeição, aos sete anos de idade consagrou sua virgindade a Deus. Tinha visões durante as orações contemplativas e fazia rigorosas penitências, mesmo contra a oposição familiar. Aos quinze anos, Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Durante as orações contemplativas, envolvia-se em êxtase, de tal forma que só esse fato possibilitou que convertesse centenas de almas durante a juventude. Já adulta e atuante, começou por ditar cartas  ao povo, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz. Foi então que enfrentou a primeira dificuldade que  muitos achariam impossível de ser vencida: o cisma católico.

Dois papas disputavam o trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo. Ela viajou por toda a Itália e outros países, ditou cartas a reis, príncipes e governantes católicos, cardeais e bispos, e conseguiu que o papa legítimo, Urbano VI, retomasse sua posição e voltasse para Roma. Fazia setenta anos que o papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas.

Outra dificuldade, intransponível para muitos, que enfrentou serenamente e com firmeza, foi a peste, que matou pelo menos um terço da população européia. Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso, como o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", lido, estudado e respeitado até hoje. Catarina de Sena morreu no dia 29 de abril de 1380, após sofrer um derrame aos trinta e três anos de idade. Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva. Foi declarada "doutora da Igreja" pelo papa Paulo VI em 1970. 

Oração oficial
“Ó notável maravilha da Igreja, serva virgem, que, por causa de suas extraordinárias virtudes e pelo que conseguistes para a Igreja e a Sociedade, fostes aclamada e abençoada por todos, volte teu bondoso olhar para mim, que confiante na tua poderosa proteção pede, com todo o ardor da afeição e suplica a ti, que obtenha pelas tuas preces o favor que ardentemente desejo (dizer aqui a graça desejada).

Com a tua imensa caridade, recebestes de Deus os mais estupendos milagres e tornou-se a alegria e a esperança de todos nós, que oramos a ti e rogamos ao teu coração tu recebestes do Divino Redentor.

Serva e virgem, demonstre de novo o seu poder e da sua caridade; e o seu nome será novamente exaltado e abençoado; e consiga para nós a graça suplicada, com a eficácia de sua intercessão junto a Jesus, e ainda a graça especial de que um dia estejamos juntos no Paraíso em eterna alegria e felicidade. Amém.”

A minha oração
Santa Catarina de Sena, vós que fostes instrumento de Deus para a Igreja e o povo, sendo admirada e um exemplo de vida dedicada a Deus, dai-nos a graça de nos mantermos perseverantes na fé transmitida pela Igreja e a buscar uma maior intimidade diária com nosso Amado; a fim de que um dia possamos contemplar a face Divina. Amém.”

 
Santa Catarina de Sena, rogai por nós!


São Pedro de Verona


Pedro nasceu em Verona no ano de 1205. Seus pais eram hereges maniqueus, adeptos da doutrina religiosa herética do persa Mani, Manes ou Maniqueu, caracterizada pela concepção dualista do mundo, em que espírito e matéria representam, respectivamente, o bem e o mal.

Entretanto, o único colégio que havia no local era católico e lá o menino não só aprendeu as ciências da vida como os caminhos da alma. Pedro se converteu e se separou da família, indo para Bolonha para terminar os estudos. Ali acabava de ser fundada a Ordem dos Dominicanos, onde ele logo foi aceito, recebendo a missão de evangelizar. Foi o que fez, viajando por toda a Itália, espalhando suas palavras fortes e um discurso de fé que convertiam as massas. Todas as suas pregações eram acompanhadas de graças, que impressionavam toda comunidade por onde passava. E isso logo despertou a ira dos hereges.

Primeiro inventaram uma calúnia contra ele. Achando que aquilo era uma  prova de Deus, Pedro não tentou provar inocência. Aguardou que Jesus achasse a hora certa de revelar a verdade. Foi afastado da pregação por  um bom tempo, até que a mentira se desfez sozinha, e ele foi chamado de volta e aclamado pela comunidade.

Voltando às viagens evangelizadoras, seus inimigos o afrontaram de novo tentando provar que suas graças não passavam de um embuste. Um homem fingiu estar doente, e outro foi buscar Pedro. Este, percebendo logo o que se passava, rezou e pediu a Deus que, se o homem estivesse mesmo doente, ficasse curado. Mas, se a doença fosse falsa, então que ficasse doente de verdade. O maniqueu foi tomado por uma febre violentíssima, que só passou quando a armadilha foi confessada publicamente. Perdoado por Pedro, o homem se converteu na mesma hora. Pedro anunciou, ainda, não só o dia de sua morte, como as circunstâncias em que ela ocorreria. E, mesmo tendo esse conhecimento, não deixou de fazer a viagem que seria fatal.

No dia 29 de abril de 1252, indo da cidade de Como para Milão, foi morto  com uma machadada por um maniqueu que o emboscou. O nome do assassino era Carin, que, mais tarde, confessou o crime e, cheio de remorso, se internou como penitente no convento dominicano de Forli.

Imediatamente, o seu culto se difundiu em meio a comoção e espanto dos fiéis, que passaram a visitar o seu túmulo, onde as graças aconteciam em profusão. Apenas onze meses depois, o papa Inocente IV canonizou-o, fixando a festa de são Pedro de Verona para o dia de sua morte.


São Pedro de Verona, rogai  por nós!

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Santo do Dia - 25 de outubro

 Santo Antônio de Sant'Anna Galvão


Cheio do espírito da caridade, não media sacrifícios para aliviar os sofrimentos alheios. Por isso o povo a ele recorria em suas necessidades

Religioso franciscano (1739-1822)

O brasileiro Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo. Seu pai era Antônio Galvão de França, capitão-mor da província e terciário franciscano. Sua mãe era Isabel Leite de Barros, filha de fazendeiros de Pindamonhangaba. O casal teve 11 filhos. Eram cristãos caridosos, exemplares e transmitiram esse legado ao filho.

Quando tinha 13 anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas, ao lado do irmão José, que já estava no Seminário de Belém, na Bahia. Desse modo, na sua alma estava plantada a semente da vocação religiosa. Aos 21 anos, Antônio decidiu ingressar na Ordem franciscana, no Rio de Janeiro. Sua educação no seminário tinha sido tão esmerada que, após um ano, recebeu as ordens sacerdotais, em 1762. Uma deferência especial do papa, porque ele ainda não tinha completado a idade exigida.

Em 1768, foi nomeado pregador e confessor do Convento das Recolhidas de Santa Teresa, ouvindo e aconselhando a todos. Entre suas penitentes encontrou a irmã Helena Maria do Sacramento, figura que exerceu papel muito importante em sua obra posterior.

Irmã Helena era uma mulher de muita oração e de virtudes notáveis. Ela relatava suas visões ao frei Galvão. Nelas, Jesus lhe pedia que fundasse um novo Recolhimento para jovens religiosas, o que era uma tarefa difícil, devido à proibição imposta pelo marquês de Pombal em sua perseguição à Ordem dos jesuítas. Apesar disso, contrariando essa lei, frei Galvão, auxiliado pela irmã Helena, fundou, em fevereiro de 1774, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência.

No ano seguinte, morreu irmã Helena, e os problemas com a lei de Pombal não tardaram a aparecer. O convento foi fechado, mas frei Galvão manteve-se firme na decisão, mesmo desafiando a autoridade do marquês. Finalmente, devido à pressão popular, o convento foi reaberto e o frei ficou livre para continuar sua obra. Os 14 anos seguintes foram dedicados à construção e ampliação do convento e também de sua igreja, inaugurada em 1802. Quase um século depois, essa obra tornar-se-ia um "patrimônio cultural da humanidade", por decisão da UNESCO.

Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara, em Sorocaba. Lá, permaneceu 11 meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos da construção da Casa. Nesse meio tempo, ele recebeu diversas nomeações, até de guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo.

Com a saúde enfraquecida, recebeu autorização especial para residir no Recolhimento da Luz. Durante sua última enfermidade, frei Galvão foi morar num pequeno quarto, ajudado pelas religiosas que lhe prestavam algum alívio e conforto. Ele faleceu com fama de santidade em 23 de dezembro de 1822. Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra.


As Pílulas de Frei Galvão: inúmeras graças alcançadas 

 Certa ocasião, Frei Galvão foi à Guaratinguetá para pedir recursos para a construção do Mosteiro da Luz. Terminada sua missão, tinha que regressar por causa de compromissos no convento. Nisso, alguns homens vieram pedir que ele fosse até uma fazenda distante rezar por um amigo deles que estava padecendo com uma pedra no rim há dias. O homem estava quase morrendo. Impossibilitado de ir até lá, Frei Galvão teve uma inspiração: escreveu num pedacinho de papel uma frase do ofício de Nossa Senhora: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós”. Frei Galvão embrulhou o papelzinho em forma de pílula e deu aos amigos do doente dizendo que ele tomasse aquilo em clima de oração, rezando o terço de Nossa Senhora.

Mais tarde, espalhou-se a notícia da cura daquele doente. Tempos depois, o Frei foi procurado por um homem aflito. Sua esposa estava em trabalho de parto há quase um dia e corria risco de morte. O religioso fez três pílulas e deu ao homem com as mesmas recomendações. O homem levou as pílulas para a esposa, que as tomou e conseguiu dar à luz um filho com saúde. Daí em diante, a fama das pílulas de Frei Galvão se espalhou. O povo começou a procurá-las de tal maneira, que ele teve que pedir às irmãs do Recolhimento que produzissem as pílulas. Depois, ele as abençoava e as irmãs distribuíam para o povo. Desde esse tempo, há inúmeros relatos de graças alcançadas através das Pílulas de Frei Galvão.

Depois, o Recolhimento do frei Galvão tornou-se o conhecido Mosteiro da Luz, local de constantes peregrinações dos fiéis, que pedem e agradecem graças por sua intercessão. Frei Galvão foi beatificado pelo papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998, e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, em São Paulo, Brasil.

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, rogai por nós!

Oração:

Deus, pai de misericórdia, que fizeste  do bem-aventurado Frei Antônio de Sant’Anna Galvão um instrumento de caridade e de paz no meio dos irmãos, concedei-nos, por sua intercessão, favorecer sempre a verdadeira concórdia. Por Nosso Senhor Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 Referência:
Devocionário a Santo Frei Galvão – Editora Canção Nova. 


São Crispim e São Crispiniano
 Mártires (+285)

Crispim e Crispiniano eram irmãos de origem romana. Cresceram juntos e converteram-se ao cristianismo na adolescência. Ganhando a vida no oficio de sapateiro, eram muito populares, caridosos, e pregavam com ardor a fé que abraçaram. Quando a perseguição aos cristãos ficou mais insistente, os dois foram para a Gália, atual França.

As tradições seculares contam que, durante a fuga, na noite de Natal, os irmãos Crispim e Crispiniano batiam às portas buscando refúgio, mas ninguém os atendia. Finalmente, foram abrigados por uma pobre viúva que vivia com um filho. Agradecidos a Deus, quiseram recompensá-la, fazendo um novo par de sapatos para o rapazinho. 

Trabalharam rápido e deixaram o presente perto da lareira. Mas antes de partir, enquanto todos ainda dormiam, Crispim e Crispiniano rezaram pedindo amparo da Providência Divina para aquela viúva e o filho. Ao amanhecer, viram que os dois tinham desaparecido e encontraram o par de sapatos cheio de moedas.

Quando alcançaram o território francês, os dois irmãos estabeleceram-se na cidade de Soissons. Lá, seguiram uma rotina de dupla jornada, isto é, de dia eram missionários e à noite, em vez de dormir, trabalhavam numa oficina de calçados para sustentar-se e continuar fazendo caridade aos pobres. Quando a cruel perseguição imposta por Roma chegou a Soissons, era época do imperador Diocleciano e a Gália estava sob o governo de Rictiovaro. Os dois irmãos foram acusados e presos. Seus carrascos os torturaram até o limite, exigindo que abandonassem publicamente a fé cristã. Como não o fizeram, foram friamente degolados, ganhando a coroa do martírio.

O Martirológio Romano registra que as relíquias de seus corpos estavam sepultadas na belíssima igreja de Soissons, construída no século VI. Depois, parte delas foi transportada para Roma, onde foram guardadas na  igreja de São Lourenço da via Sperniandi.

A Igreja celebra os santos Crispim e Crispiniano como padroeiros dos sapateiros no dia 25 de outubro. Essa profissão, uma das mais antigas da humanidade, era muito discriminada, por estar sempre associada ao trabalho dos curtidores e carniceiros. Mas o cristianismo mudou a visão e ela foi resgatada graças ao surgimento dos dois santos sapateiros, chamados de mártires franceses.


São Crispim e São Crispiniano, rogai por nós!


São Gaudêncio

Bispo (+410)

Gaudêncio pode bem enumerar-se entre os grandes personagens do século IV, ao lado de santo Ambrósio, são Jerônimo e santo Agostinho.


“Tu tens um talento tão vivo”, escreve-lhe Rufino de Aquiléia, “e uma tal gentileza de espírito, que é necessário colocar por escrito e publicar tudo o que dizes nas conversas normais ou na pregação na igreja”. Todavia, Gaudêncio não se considerava um escritor, tampouco teria empunhado a pena, não fosse instado pelo amigo Benévolo, que — impedido por uma doença e não podendo dirigir-se à igreja para escutar suas lições sobre as Sagradas Escrituras — pediu-lhe uma cópia dos dez sermões. Gaudêncio o satisfez e, dado que o escrito era estritamente reservado ao amigo enfermo, aproveitou para redigir um longo prefácio. Nele, discorreu sobre o providencial desígnio divino que, a partir da dor física ou moral, sabe tirar um grande bem espiritual.

Benévolo não se contentou em ler e guardar os sermões para si. Mandou tirar cópias deles, enviando-os a alguns amigos. E um dos novos destinatários dirigiu-se ao bispo para pedir alguns esclarecimentos.

Assim Gaudêncio se tornou um escritor contra sua vontade, como contra sua vontade foi eleito bispo de Bréscia e retirado de sua solidão do cenóbio de Cesaréia da Capadócia.
Ao que parece, santo Ambrósio precisou recorrer a um subterfúgio para fazê-lo aceitar suceder ao bispo Filástrio, morto em 387. Foi o próprio Ambrósio que o consagrou bispo em Bréscia e depois o levou consigo a Milão para que houvesse um ciclo de homilias em sua igreja.

Em 405, Gaudêncio foi enviado pelo papa Inocêncio I a Constantinopla, para defender a causa do patriarca João Crisóstomo, mandado ao exílio pela intrigante imperatriz Eudóxia. Mal acolhida a delegação, Gaudêncio foi direto para o cárcere. São Crisóstomo, em tal ocasião, escreveu-lhe uma bela carta de consolação. 

Gaudêncio morreu em Bréscia, em 410, data infausta para a sorte do Império Romano.

São Gaudêncio, rogai por nós!


terça-feira, 18 de outubro de 2022

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt - 18 de outubro

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Na Capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, em Valendar junto ao Reno, a 18 de Outubro de 1914, o Padre José Kentenich fez uma conferência à Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, em que revelou uma “secreta ideia predilecta”. A “ideia predilecta”, que ele considerou “quase demasiado ousada para o público, mas não demasiado audaz” para a pequena comunidade da Congregação, era na sua essência a seguinte: “Não seria possível que a Capelinha da nossa Congregação chegue a ser ao mesmo tempo o nosso Tabor, onde  se manifeste a glória de Maria? Acção apostólica maior não poderia sem dúvida realizar, nem aos nossos vindouros, herança mais preciosa legar, do que mover Nossa Senhora e Soberana a estabelecer aqui dum modo especial o seu trono, para distribuir os seus tesouros e operar milagres de graça”.

Com estas palavras o Padre Kentenich apresentou aos jovens membros da Congregação o programa de oração e sacrifício “para fazer suave violência” à Mãe de Deus, a fim de que Ela se digne eleger a Capelinha de São Miguel como seu lugar de graças, origem e centro de um Movimento de Renovação e de Educação religioso-moral.

Como chegou o Padre Kentenich a esta ideia? Nela influíram a sua fé convicta e um facto concreto. A sua fé convicta dizia que a missão e a acção da Mãe de Deus não terminaram com a sua vida terrena, mas continuam até ao fim dos tempos. Mesmo após a sua passagem para a Santíssima Trindade, Maria continua, na sua qualidade de “companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a Obra da Redenção”, como mais tarde o Padre Kentenich viria a designá-la, a participar activamente com toda a sua pessoa e poder de intercessão na Obra Salvífica do seu divino Filho. Como a História da Igreja o demonstra Ela desenvolve a sua acção, de preferência, em lugares por Ela escolhidos como seus lugares de graças, e por meio de pessoas, que instrumentalmente se põem à sua disposição.

O facto concreto foi a fundação do lugar de peregrinação Valle di Pompei, em Itália, da qual o Padre Kentenich teve conhecimento pormenorizado no Verão de 1914. Se a fé e o sacrifício do advogado Bartolo Longo moveram a Mãe de Deus a fazer de Valle di Pompei um lugar da sua particular acção, não poderia suceder outro tanto em Schoenstatt, se surgissem pessoas animadas duma atitude abnegada e apostólica semelhante?

A “ideia predilecta” ateou-se nos corações dos congregados. Eles viram nela não uma ideia meramente humana, mas uma iniciativa da própria Mãe de Deus, que Maria lhes comunicou por meio do Padre Kentenich. Pela Consagração de congregados e sob a orientação do Padre Kentenich eles tomaram a iniciativa, puseram-se ao serviço da Mãe de Deus e, pela auto-educação na vida diária, entregaram-se por completo à concretização dessa “ideia predilecta”.

Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt
No início de 1915, os congregados schoenstattianos tiveram conhecimento da Congregação Mariana de Ingolstadt na Baviera que no séc. XVI, sob a orientação do venerando sacerdote Jacob Rem, S. J., assistiu a um extraordinário florescimento da piedade mariana, exercendo uma acção apostólica considerável. Uma vez que em Schoenstatt aspiravam a algo do género, eles deram ao seu empreendimento, iniciado em 18 de Outubro de 1914, o nome de “Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt”. Desta Congregação de Ingolstadt adoptaram eles também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”, que deram à Imagem de Maria, colocada na Capelinha de São Miguel, em Abril de 1915. Que este nome foi acertado, viria a confirmá-lo a evolução futura. A partir do novo Santuário, a Mãe de Deus desenvolveu uma acção extraordinária. Com efeito, em Schoenstatt, de modo diferente ao que acontece noutros lugares de peregrinação, Ela concedia não a graça de curas físicas, mas manifestava-se como Mãe e Educadora do “Homem Novo”, na “nova criação em Cristo Jesus”. Ela operava milagres nas almas, como se costuma dizer em Schoenstatt. Quem ia a Schoenstatt devia experimentar uma tríplice graça: a graça do acolhimento, a graça da transformação interior e a graça de fecundidade e missão apostólicas.
 
Na Primeira Guerra Mundial
Alguns dos congregados schoenstattianos entregaram-se de tal modo à “ideia predilecta”, que, nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, chegaram a oferecer a sua vida como vítimas à Mãe Três Vezes Admirável para a realização do Programa de 18 de Outubro de 1914. Entre eles sobressai em primeiro lugar José Engling que, antes da sua chamada para o serviço militar, tinha sido durante um ano prefeito da Congregação Schoenstattiana. Em 3 de Junho de 1918, na frente da Flandres, ele fez este pedido numa oração de consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt: “Se estiver de acordo com os Teus planos, aceita-me como vítima pelas tarefas, que confiaste à nossa Congregação”. Com a sua morte heróica, na tarde de 4 de Outubro de 1918, foi consumada a sua oferta. Próximo do local da sua morte, nas imediações de Cambrai, em França, encontra-se hoje um Santuário de Schoenstatt e um memorial simples, que se tornaram lugar de encontro para franceses e alemães. O processo de beatificação de José Engling foi encerrado em 1964 em Tréves, tendo já dado entrada em Roma.
 
Movimento Apostólico
Com o tempo, os congregados schoenstattianos, como soldados na frente de batalha, na caserna, e no hospital militar, foram ganhando companheiros dispostos a selar a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável e a abraçar os objectivos pedagógico - apostólicos de Schoenstatt. O Padre Kentenich viu nisso um sinal da Divina Providência. Após o regresso da guerra, fundou com eles, a 20 de Outubro de 1919, a “União Apostólica”, a primeira das comunidades apostólicas de Schoenstatt. Um ano mais tarde, a “União”, que primeiramente só compreendia homens e estudantes, foi aberta também às mulheres. Igualmente em 1920, o Padre Kentenich juntou à “União” a “Liga” que, de modo semelhante, mas com uma organização mais flexível, agrupava membros de todas as idades e profissões, sacerdotes e leigos, homens e mulheres. Em 1926, com a fundação das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o Padre Kentenich dava início aos Institutos Seculares de Schoenstatt. Uma década após o acto da fundação de 18 de Outubro de 1914, surgia, da Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, o “Movimento Apostólico de Schoenstatt”, que chegou a ser contado entre as forças mais vivas da Igreja na Alemanha.
 
Perseguição
A perseguição à Igreja, levada a cabo pelo nazismo entre os anos de 1933 e 1945, atingiu com particular violência o Movimento Apostólico de Schoenstatt. O Fundador, Padre José Kentenich, juntamente com vários sacerdotes colaboradores seus, foi para o campo de concentração de Dachau. Contudo, a perseguição produzia o oposto daquilo que as autoridades de então na Alemanha pretendiam. A Obra de Schoenstatt não sucumbiu, no meio das provações, cresceu em extensão e profundidade. Durante esse tempo, cresce a figura do Pe. Kentenich enquanto Pai Espiritual da Obra de Schoenstatt.

Assim como desde 1934 duas cruzes tumulares, colocadas atrás do Santuário em Schoenstatt, testemunham a coragem heróica da geração fundadora, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, também desde 1946 outras duas recordam aí as vítimas do regime nazi, tendo uma delas o nome do Padre Albert Eise que, em 1942, ofereceu em Dachau a sua vida como vítima, e a outra o do Padre Franz Reinisch, que no mesmo ano foi decapitado, morrendo como mártir da liberdade de consciência.

A Capelinha e as cruzes tumulares junto ao Santuário são um símbolo da lei da vida, segundo a qual Schoenstatt nasceu e continuará a existir: “Nada sem Ti – Nada sem nós”, isto é: Nada sem a Mãe de Deus, sem a Santíssima Trindade e a sua graça, mas também nada sem a ajuda dos colaboradores e instrumentos humanos, que Deus e a Mãe de Deus elegeram para a realização dos seus planos sobre Schoenstatt. De facto, Schoenstatt depende decisivamente da fidelidade e espírito de sacrifício de cada um dos seus membros.

Até à morte do Fundador
Nos anos a seguir a 1945, a Obra de Schoenstatt transpôs as fronteiras da Alemanha, chegando nomeadamente aos países de além-mar. O próprio Fundador empreendeu várias viagens longas pela África, América do Sul e América do Norte, para anunciar aí a mensagem de Schoenstatt, erigir Santuários da Mãe Três Vezes Admirável e procurar aliados para a fundação da Obra de Schoenstatt.

Para o desenvolvimento da Obra, foi de importância decisiva a provação por parte das instâncias da Igreja, do Episcopado alemão e da Santa Sé em Roma que, iniciada em 1949, durou, com algumas interrupções, até 1965. Em virtude desta provação, em 1951 o Padre Kentenich foi afastado da sua Fundação e exilado em Milwaukee (EUA). Como em todas as circunstâncias da sua história, a Família de Schoenstatt também viu, nesta medida, uma condução da Divina Providência. Efectivamente a Obra obteve em 1964, no dia do quinquagésimo aniversário da sua existência, a total aprovação da Igreja. Um ano mais tarde, o Fundador, recebido e louvado pelo Santo Padre, pôde regressar a Schoenstatt na Noite Santa de 1965.

Aqui, durante ainda quase três anos, ele trabalhou, com a maior dedicação e entrega, no aperfeiçoamento da Obra que Deus lhe confiou. Em 15 de Setembro de 1968, festa das sete dores de Maria, ele morreu com quase 83 anos de idade, precisamente após a celebração da Santa Missa na nova Igreja da Adoração, no Monte Schoenstatt. Sobre o seu túmulo, conforme o seu desejo, estão escritas as palavras: “DILEXIT ECCLESIAM” – Amou a Igreja.

Depois da morte do Fundador
Quando o Fundador duma comunidade da Igreja, duma Ordem ou dum Movimento religioso, morre, isso constitui sempre um profundo golpe para a vida da sua fundação. Então põe-se a questão sobre o que se vai passar com a Obra do Fundador.

Desde a morte do seu Fundador, a Obra de Schoenstatt, num crescimento discreto e constante, propagou-se sempre mais pelas diversas partes do mundo. Um sinal visível disto é o incremento por todo o mundo dos Centros de Schoenstatt em torno do Santuário da Mãe Três Vezes Admirável. Neste momento, existe já mais de uma centena destes Santuários, aos quais se junta quase todos os anos um novo.

Também para além da sua morte, a personalidade do Fundador encontra admiração e veneração crescentes. É cada vez maior o número de pessoas que experimentam junto do Padre Kentenich resposta clara e concreta para as questões e debates da vida moderna.

Dois anos após a sua morte, na audiência geral de 8 de Abril de 1970, Paulo VI, perante milhares de peregrinos, referiu-se a ele por mais de uma vez como “Sacerdote e cura de almas insigne” e apresentou-o aos fiéis como modelo de fidelidade e amor à Igreja.

Mais tarde, o Papa João Paulo II, em 17 de Novembro de 1980, na sua homilia, na catedral de Fulda, incluiu o Padre José Kentenich entre as figuras notáveis e exemplares de Sacerdotes do século XX, na Alemanha. Uma semana depois, em Roma, disse acerca dele: “Por ocasião da minha breve visita à Alemanha, reconhecido e grato pelo seu património espiritual, quis mencionar em Fulda especialmente o Padre Kentenich como uma das grandes figuras sacerdotais da história mais recente e, deste modo, honrá-lo duma forma particular”.

Cinco anos depois, o Papa João Paulo II prestou uma outra e mais significativa homenagem ao Padre Kentenich, quando em 1985, juntamente com representantes da Família de Schoenstatt de todas as partes do mundo e na presença de numerosos Bispos e Cardeais, presidiu em Roma à festa do 100º aniversário do Padre Kentenich.

Assim se compreende que a 10 de Fevereiro de 1975 tenho sido aberto pelo Bispo de Tréves o processo de beatificação do Padre Kentenich.

Querida  Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, rogai por nós!