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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

O que é um judeu? O caso Herzl

Bruna Frascolla - VOZES

Sionismo

A escalada do conflito em Israel voltou os holofotes para o sionismo. De um lado, diz-se que o sionismo é uma coisa essencialmente maléfica; de outro, diz-se que ser contra o sionismo é o mesmo que tatuar uma suástica na testa
Arrisco dizer, porém, que a imensa maioria dos que falam sobre sionismo não fez mais que seguir as exortações e invectivas dos seus influencers prediletos, sem se dar ao trabalho de averiguar nada. 
Ninguém tem obrigação de saber sobre tudo, claro. 
Mas o mínimo que se espera é que, quando não temos a pretensão de conhecer um assunto, não subamos em palanques virtuais para pedir cabeças e dar chiliques.

Como faz parte da minha profissão escrever sobre as coisas – e como, ainda por cima, tenho interesse em história do pensamento racial por causa das semelhanças entre o neorracismo negro e o nazismo –, fiz o elementar: li O Estado Judeu (1895), de Theodor Herzl, a fim de comentá-lo aqui. Esse opúsculo é a fundação do sionismo (ou do “sionismo moderno”, como dizem os sionistas mais ousados que alegam que o sionismo está na Torá).

Theodor Herzl (1860 – 1904) nasce em Peste (metade de Budapeste), no Império Austro-Húngaro, numa família de judeus assimilados. O que é um judeu assimilado?

Bom, o judaísmo é pelo menos duas coisas ao mesmo tempo: uma religião e uma etnia
Ao contrário das demais religiões abraâmicas, o judaísmo não faz proselitismo e não está de portas abertas para a entrada de qualquer um. Nem sempre foi assim. 
Na Antiguidade tardia, os judeus converteram pelo menos dois grupos populacionais relevantes: algumas tribos nômades dos cazares, que ficavam rodando pela atual Ucrânia, Rússia e Cazaquistão, e algumas vilas etíopes. 
Os etíopes ficaram em relativo isolamento na maior parte da História, mas hoje judeus negros têm direito à cidadania israelense e, de fato, a esmagadora maioria vive lá hoje. 
Já os cazares, que deixaram de existir enquanto povo ou tribo, deixaram descendentes entre os judeus asquenazitas. Isso não quer dizer que os judeus asquenazitas não têm origem hebraica; quer dizer somente que são mestiços que têm o sangue dessa tribo extinta de língua túrquica.
De meados do século XIX a meados do século XX, floresceu o racismo científico. Por isso, o judaísmo era facilmente identificado com uma raça. À epoca de Herzl, portanto, um “judeu assimilado” era um indivíduo de raça judaica que aderiu à cultura do seu meio. 
Isso poderia incluir a conversão à cristandade, ou a adoção de um cientificismo ateu.
 
Theodor Herzl, então, era um judeu assimilado no Império Austro-Húngaro. Sua primeira língua era o alemão e ele era um fervoroso germanófilo em sua juventude: achava que a germanização progressiva faria os indivíduos de origem judaica, como ele, a evoluírem. No âmbito pessoal, tinha planos de ser um grande engenheiro. 
O motivo era o Canal de Suez, um grande um projeto utópico dos sansimonianos que acabou dando certo. 
Os sansimonianos eram engenheiros utópicos e predecessores tanto do positivismo como do marxismo. 
 Fizeram parte do movimento, inclusive, judeus sefarditas franceses, os Irmãos Pereire (um afrancesamento de Pereira), que eram banqueiros rivais dos Rothschild, também banqueiros judeus, porém asquenazitas.
 
Herzl não deu certo na engenharia e foi para as humanas. Virou jornalista, poeta e folhetinista (profissão hoje extinta, a do escritor de romances que saíam em capítulos nos jornais, como novela de TV, só que por escrito: Machado de Assis e Victor Hugo eram folhetinistas). 
Um episódio, porém, o converteu num ativista político: o Caso Dreyfus (1894 - 1906). 
Em resumo, um militar francês de origem judaica, Alfred Dreyfus, perdeu as patentes e foi condenado pela França à prisão perpétua por traição, mesmo sendo inocente.  
No fim, após grande comoção pública, Dreyfus foi inocentado e recuperou as patentes. A França é um país bem antissemita (basta comparar a boa vontade dos franceses para delatar aos nazistas gente de sangue judaico); assim, restou claro que o preconceito contra a origem racial de Dreyfus foi o motivo da condenação.
 
Para piorar, o demagogo Karl Lueger, na Áustria-Hungria natal de Herzl, arrastava multidões com sua pauta antissemita. Foi um modelo para o jovem austríaco Adolf Hitler. 
Assim, Theodor Herzl viu frustrada a sua ideia de viver reconhecido como um germânico pleno, cultor da língua. Daí resultou a sua ideia do Estado Judeu. O Caso Dreyfus começa em 1894; em 1895 sai Der Judenstaat, ou O Estado Judeu.

Mas o que é um judeu? Essa é uma questão com a qual Herzl se bate no seu opúsculo. Herzl decididamente não era um religioso: não se deu nem mesmo ao trabalho de circuncidar o filho. No entanto, a “fé” é apenas a segunda das duas coisas apontadas que unem o povo judeu, e aparece como fator de união só do meio para o fim do escrito. A primeira dela é o antissemitismo. Diz ele: “Nós somos um povo: nossos inimigos nos fizeram um só sem o nosso consentimento, como sempre acontece na História. Nós nos unimos no sofrimento, e no sofrimento descobrimos, de repente, a nossa força. Sim, nós temos a força para construir um Estado; na verdade, um Estado Modelo.” (Eis o alemão para quem quiser comparar: “Wir sind ein Volk – der Feind macht uns ohne unseren Willen dazu, wie das immer in der Geschichte so war. In der Bedrängniss stehen wir zusammen und da entdecken wir plötzlich unsere Kraft. Ja, wir haben die Kraft, einen Staat, und zwar einen Musterstaat zu bilden.” Basta ir no Wikisource, pois o texto original está em domínio público. Os direitos das traduções são outra história.)

Abstraída a questão religiosa, o que é um judeu? Para Herzl, um judeu é aquele que é perseguido por ser judeu. Assim, uma consequência óbvia tirada pelos contemporâneos de Herzl é que ele fomentaria o antissemitismo para fazer prosperar o seu projeto político. Do mesmo jeito que os líderes do movimento negro precisam aumentar o racismo para provar que o seu próprio trabalho é fundamental. A pretensão de falar em nome da coletividade dos judeus também lembra o identitarismo. Mas o que me salta às vistas nesse trecho é a possibilidade de criar uma identidade baseada na opressão social, em vez de numa realidade concreta. Transfira isso para a definição de “mulher” e pense no que pode dar.

Herzl se defende das acusações de que ele precisa criar antissemitismo onde não há, ou aumentar onde já há. A sua defesa consiste em atacar a “assimilação”, dizendo ser ela impossível, exceto por meio dos casamentos mistos. Só por meio da miscigenação os judeus poderiam ser assimilados: “A assimilação, pela qual compreendo não só a mera aparência exterior das roupas, dos estilos de vida, dos costumes e da língua, mas, em vez disso, uma identificação em um sentido e um tipo... A assimilação generalizada dos judeus só poderia ser feita por meio dos casamentos mistos.” (Em alemão, procurar pelo parágrafo que começa com “Die Assimilirung, worunter…)

Resta perguntar, então, o porquê. Será o judaísmo considerado uma raça também por Herzl? Uma raça associada a um modo interno de sentir? A biologia molda o nosso sentido interno, de modo que acabar com o judaísmo só seria possível por meio de uma mudança biológica? Outra vez, isso lembra o cartaz dos racialistas na Avenida Paulista: “Miscigenação é genocídio.” E os tribunais de heteroidentificação racial também exigem uma conformação psicológica (que nada mais é que a adesão ao movimento) para reconhecer alguém como negro.

Seja como for, uma coisa relevante que transparece em Herzl é que as comunidades de origem judaica àquela altura mantinham o hábito de casar entre si, de modo que a “raça” permaneceria sem muita mestiçagem. (O exemplo que ele dá é o de um "casamento misto" reconhecido pela Hungria no qual uma judia se casava com um "judeu batizado".) A relevância do caráter racial para o debate sionista não pode ser diminuída, e o melhor exemplo disso é a politização que a questão da remotíssima miscigenação com os cazares (lá na antiguidade…) causou entre judeus e não-judeus no século XX, com a publicação do livro de Arthur Koestler, um judeu asquenazita que queria provar que não tinha nada a ver com semitas.

Mas bom, a maior diferença entre os negros e os judeus, no que concerne a essa questão, é que podemos sem pestanejar dizer o que é um negro: um negro é alguém de pele negra. 
Não há nada de cultural envolvido nessa questão; negros podem ser judeus, muçulmanos, ateus, brasileiros, congoleses, etíopes... 
Não faz sentido perguntar se um negro é assimilado; faz menos sentido ainda um negro dizer que “se descobriu” negro. Por outro lado, as discussões sobre assimilação eram habituais na Europa de Herzl; e é possível alguém se descobrir judeu após analisar o próprio histórico familiar. 
Afinal, o que é um judeu? Herzl não dá uma definição, nem toca nos critérios pelos quais alguém é reconhecido ou se reconhece como judeu.

Respondamos, então. Considerando a biologia algo apenas acidental, podemos com facilidade apontar o critério primário segundo o qual alguém é apontado como judeu: ter nascido de um ventre judaico. Ou seja, o judeu é o filho da judia (e não necessariamente do judeu). Judeu nasce judeu, não se torna. E como a própria judia pode ser ateia ou convertida a outra religião, resulta que esse critério cultural acaba redundando na matrilinearidade pura e simples. Assim, das três religiões abraâmicas, só uma tem porta de saída: se no islamismo podem te matar caso você queira sair, no judaísmo você continua sendo considerado judeu mesmo que nunca tenha sido nem sequer circuncidado.

O leitor deve saber da “conversão” ao judaísmo de figuras ilustres, tais como a filha de Trump, que se casou com um judeu e hoje é considerada judia. A mãe da israelense Shani Louk é uma alemã de origem católica que fez o mesmo trajeto da Ivanka Trump: casou com um judeu e foi aceita como judia. Não posso apontar fontes, porque meu conhecimento do assunto é oral e o judaísmo não tem Papa, de modo que não é fácil apontar uma doutrina oficial. De todo modo, explico o que eu aprendi oralmente: não é possível se tornar judeu; o que é possível é a autoridade religiosa reconhecer que você é uma alma judaica que foi, digamos assim, extraviada para um útero não-judaico.

Sei disso porque um familiar mestiço, judeu segundo critérios étnicos, resolveu virar judeu religioso e quis que o lado gentio da família aderisse à religião judaica junto com ele. De minha parte, achei a religião mais parecida com um transtorno obsessivo compulsivo generalizado, e não poderia haver proposta menos tentadora. E por aí eu entendi também por que tem tanto judeu ateu: dá trabalho demais ser religioso e é muito aflitivo, pois envolve passar o dia inteiro pensando nisso. A religião inclui até agradecimento a Hashem quando se vai ao banheiro. E Hashem é o modo de se referir a Deus, cujo nome não deve ser pronunciado ou escrito à toa.

Em seu opúsculo, Herzl menciona a acusação de que ele fortaleceria o antissemitismo justamente quando o processo de assimilação estaria quase concluído. 
 De fato, muitos europeus de origem judaica (como se costumava dizer então) haviam se convertido a diversas religiões cristas, ou haviam até nascido num lar cristão novo. 
Karl Popper, austro-húngaro, nasceu num lar cristão novo luterano; 
Edith Stein se converteu ao catolicismo, virou freira e foi canonizada; Jacques Maritain, filósofo católico francês, casou-se com uma judia que se converteu ao catolicismo junto com a irmã; 
Karl Polanyi, austro-húngaro, nasceu num lar cristão novo calvinista; 
Aurel Kolnai, austro-húngaro, converteu-se ao catolicismo… 
Que eu saiba, não existia isso de ser reconhecida como alma judaica para se casar com um judeu; ou, se havia, não havia interesse. A tendência parecia ser a de o grosso da tribo judaica se dissolver na cristandade (como as tribos europeias fizeram antes), sobrando só os ortodoxos, cuja identidade estaria fundada na observância à religião judaica… Até aparecer o sionismo. Aí ficamos fazendo cálculos de matrilinearidade, ou recorrendo a tribunais de heteroidentificação de alma, para decidir quem é judeu.

Porém, uma fé que concorria com as confissões cristãs era a fé laica na ciência, o cientificismo que tanto atraíra o jovem Herzl à engenharia. E o que vemos no seu esboço de como deveria ser o Estado Judeu é a manifestação da fé na Ciência. Que fica para o próximo texto.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt - 18 de outubro

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt

Na Capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, em Valendar junto ao Reno, a 18 de Outubro de 1914, o Padre José Kentenich fez uma conferência à Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, em que revelou uma “secreta ideia predilecta”. A “ideia predilecta”, que ele considerou “quase demasiado ousada para o público, mas não demasiado audaz” para a pequena comunidade da Congregação, era na sua essência a seguinte: “Não seria possível que a Capelinha da nossa Congregação chegue a ser ao mesmo tempo o nosso Tabor, onde  se manifeste a glória de Maria? Acção apostólica maior não poderia sem dúvida realizar, nem aos nossos vindouros, herança mais preciosa legar, do que mover Nossa Senhora e Soberana a estabelecer aqui dum modo especial o seu trono, para distribuir os seus tesouros e operar milagres de graça”.

Com estas palavras o Padre Kentenich apresentou aos jovens membros da Congregação o programa de oração e sacrifício “para fazer suave violência” à Mãe de Deus, a fim de que Ela se digne eleger a Capelinha de São Miguel como seu lugar de graças, origem e centro de um Movimento de Renovação e de Educação religioso-moral.

Como chegou o Padre Kentenich a esta ideia? Nela influíram a sua fé convicta e um facto concreto. A sua fé convicta dizia que a missão e a acção da Mãe de Deus não terminaram com a sua vida terrena, mas continuam até ao fim dos tempos. Mesmo após a sua passagem para a Santíssima Trindade, Maria continua, na sua qualidade de “companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a Obra da Redenção”, como mais tarde o Padre Kentenich viria a designá-la, a participar activamente com toda a sua pessoa e poder de intercessão na Obra Salvífica do seu divino Filho. Como a História da Igreja o demonstra Ela desenvolve a sua acção, de preferência, em lugares por Ela escolhidos como seus lugares de graças, e por meio de pessoas, que instrumentalmente se põem à sua disposição.

O facto concreto foi a fundação do lugar de peregrinação Valle di Pompei, em Itália, da qual o Padre Kentenich teve conhecimento pormenorizado no Verão de 1914. Se a fé e o sacrifício do advogado Bartolo Longo moveram a Mãe de Deus a fazer de Valle di Pompei um lugar da sua particular acção, não poderia suceder outro tanto em Schoenstatt, se surgissem pessoas animadas duma atitude abnegada e apostólica semelhante?

A “ideia predilecta” ateou-se nos corações dos congregados. Eles viram nela não uma ideia meramente humana, mas uma iniciativa da própria Mãe de Deus, que Maria lhes comunicou por meio do Padre Kentenich. Pela Consagração de congregados e sob a orientação do Padre Kentenich eles tomaram a iniciativa, puseram-se ao serviço da Mãe de Deus e, pela auto-educação na vida diária, entregaram-se por completo à concretização dessa “ideia predilecta”.

Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt
No início de 1915, os congregados schoenstattianos tiveram conhecimento da Congregação Mariana de Ingolstadt na Baviera que no séc. XVI, sob a orientação do venerando sacerdote Jacob Rem, S. J., assistiu a um extraordinário florescimento da piedade mariana, exercendo uma acção apostólica considerável. Uma vez que em Schoenstatt aspiravam a algo do género, eles deram ao seu empreendimento, iniciado em 18 de Outubro de 1914, o nome de “Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt”. Desta Congregação de Ingolstadt adoptaram eles também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”, que deram à Imagem de Maria, colocada na Capelinha de São Miguel, em Abril de 1915. Que este nome foi acertado, viria a confirmá-lo a evolução futura. A partir do novo Santuário, a Mãe de Deus desenvolveu uma acção extraordinária. Com efeito, em Schoenstatt, de modo diferente ao que acontece noutros lugares de peregrinação, Ela concedia não a graça de curas físicas, mas manifestava-se como Mãe e Educadora do “Homem Novo”, na “nova criação em Cristo Jesus”. Ela operava milagres nas almas, como se costuma dizer em Schoenstatt. Quem ia a Schoenstatt devia experimentar uma tríplice graça: a graça do acolhimento, a graça da transformação interior e a graça de fecundidade e missão apostólicas.
 
Na Primeira Guerra Mundial
Alguns dos congregados schoenstattianos entregaram-se de tal modo à “ideia predilecta”, que, nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, chegaram a oferecer a sua vida como vítimas à Mãe Três Vezes Admirável para a realização do Programa de 18 de Outubro de 1914. Entre eles sobressai em primeiro lugar José Engling que, antes da sua chamada para o serviço militar, tinha sido durante um ano prefeito da Congregação Schoenstattiana. Em 3 de Junho de 1918, na frente da Flandres, ele fez este pedido numa oração de consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt: “Se estiver de acordo com os Teus planos, aceita-me como vítima pelas tarefas, que confiaste à nossa Congregação”. Com a sua morte heróica, na tarde de 4 de Outubro de 1918, foi consumada a sua oferta. Próximo do local da sua morte, nas imediações de Cambrai, em França, encontra-se hoje um Santuário de Schoenstatt e um memorial simples, que se tornaram lugar de encontro para franceses e alemães. O processo de beatificação de José Engling foi encerrado em 1964 em Tréves, tendo já dado entrada em Roma.
 
Movimento Apostólico
Com o tempo, os congregados schoenstattianos, como soldados na frente de batalha, na caserna, e no hospital militar, foram ganhando companheiros dispostos a selar a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável e a abraçar os objectivos pedagógico - apostólicos de Schoenstatt. O Padre Kentenich viu nisso um sinal da Divina Providência. Após o regresso da guerra, fundou com eles, a 20 de Outubro de 1919, a “União Apostólica”, a primeira das comunidades apostólicas de Schoenstatt. Um ano mais tarde, a “União”, que primeiramente só compreendia homens e estudantes, foi aberta também às mulheres. Igualmente em 1920, o Padre Kentenich juntou à “União” a “Liga” que, de modo semelhante, mas com uma organização mais flexível, agrupava membros de todas as idades e profissões, sacerdotes e leigos, homens e mulheres. Em 1926, com a fundação das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o Padre Kentenich dava início aos Institutos Seculares de Schoenstatt. Uma década após o acto da fundação de 18 de Outubro de 1914, surgia, da Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, o “Movimento Apostólico de Schoenstatt”, que chegou a ser contado entre as forças mais vivas da Igreja na Alemanha.
 
Perseguição
A perseguição à Igreja, levada a cabo pelo nazismo entre os anos de 1933 e 1945, atingiu com particular violência o Movimento Apostólico de Schoenstatt. O Fundador, Padre José Kentenich, juntamente com vários sacerdotes colaboradores seus, foi para o campo de concentração de Dachau. Contudo, a perseguição produzia o oposto daquilo que as autoridades de então na Alemanha pretendiam. A Obra de Schoenstatt não sucumbiu, no meio das provações, cresceu em extensão e profundidade. Durante esse tempo, cresce a figura do Pe. Kentenich enquanto Pai Espiritual da Obra de Schoenstatt.

Assim como desde 1934 duas cruzes tumulares, colocadas atrás do Santuário em Schoenstatt, testemunham a coragem heróica da geração fundadora, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, também desde 1946 outras duas recordam aí as vítimas do regime nazi, tendo uma delas o nome do Padre Albert Eise que, em 1942, ofereceu em Dachau a sua vida como vítima, e a outra o do Padre Franz Reinisch, que no mesmo ano foi decapitado, morrendo como mártir da liberdade de consciência.

A Capelinha e as cruzes tumulares junto ao Santuário são um símbolo da lei da vida, segundo a qual Schoenstatt nasceu e continuará a existir: “Nada sem Ti – Nada sem nós”, isto é: Nada sem a Mãe de Deus, sem a Santíssima Trindade e a sua graça, mas também nada sem a ajuda dos colaboradores e instrumentos humanos, que Deus e a Mãe de Deus elegeram para a realização dos seus planos sobre Schoenstatt. De facto, Schoenstatt depende decisivamente da fidelidade e espírito de sacrifício de cada um dos seus membros.

Até à morte do Fundador
Nos anos a seguir a 1945, a Obra de Schoenstatt transpôs as fronteiras da Alemanha, chegando nomeadamente aos países de além-mar. O próprio Fundador empreendeu várias viagens longas pela África, América do Sul e América do Norte, para anunciar aí a mensagem de Schoenstatt, erigir Santuários da Mãe Três Vezes Admirável e procurar aliados para a fundação da Obra de Schoenstatt.

Para o desenvolvimento da Obra, foi de importância decisiva a provação por parte das instâncias da Igreja, do Episcopado alemão e da Santa Sé em Roma que, iniciada em 1949, durou, com algumas interrupções, até 1965. Em virtude desta provação, em 1951 o Padre Kentenich foi afastado da sua Fundação e exilado em Milwaukee (EUA). Como em todas as circunstâncias da sua história, a Família de Schoenstatt também viu, nesta medida, uma condução da Divina Providência. Efectivamente a Obra obteve em 1964, no dia do quinquagésimo aniversário da sua existência, a total aprovação da Igreja. Um ano mais tarde, o Fundador, recebido e louvado pelo Santo Padre, pôde regressar a Schoenstatt na Noite Santa de 1965.

Aqui, durante ainda quase três anos, ele trabalhou, com a maior dedicação e entrega, no aperfeiçoamento da Obra que Deus lhe confiou. Em 15 de Setembro de 1968, festa das sete dores de Maria, ele morreu com quase 83 anos de idade, precisamente após a celebração da Santa Missa na nova Igreja da Adoração, no Monte Schoenstatt. Sobre o seu túmulo, conforme o seu desejo, estão escritas as palavras: “DILEXIT ECCLESIAM” – Amou a Igreja.

Depois da morte do Fundador
Quando o Fundador duma comunidade da Igreja, duma Ordem ou dum Movimento religioso, morre, isso constitui sempre um profundo golpe para a vida da sua fundação. Então põe-se a questão sobre o que se vai passar com a Obra do Fundador.

Desde a morte do seu Fundador, a Obra de Schoenstatt, num crescimento discreto e constante, propagou-se sempre mais pelas diversas partes do mundo. Um sinal visível disto é o incremento por todo o mundo dos Centros de Schoenstatt em torno do Santuário da Mãe Três Vezes Admirável. Neste momento, existe já mais de uma centena destes Santuários, aos quais se junta quase todos os anos um novo.

Também para além da sua morte, a personalidade do Fundador encontra admiração e veneração crescentes. É cada vez maior o número de pessoas que experimentam junto do Padre Kentenich resposta clara e concreta para as questões e debates da vida moderna.

Dois anos após a sua morte, na audiência geral de 8 de Abril de 1970, Paulo VI, perante milhares de peregrinos, referiu-se a ele por mais de uma vez como “Sacerdote e cura de almas insigne” e apresentou-o aos fiéis como modelo de fidelidade e amor à Igreja.

Mais tarde, o Papa João Paulo II, em 17 de Novembro de 1980, na sua homilia, na catedral de Fulda, incluiu o Padre José Kentenich entre as figuras notáveis e exemplares de Sacerdotes do século XX, na Alemanha. Uma semana depois, em Roma, disse acerca dele: “Por ocasião da minha breve visita à Alemanha, reconhecido e grato pelo seu património espiritual, quis mencionar em Fulda especialmente o Padre Kentenich como uma das grandes figuras sacerdotais da história mais recente e, deste modo, honrá-lo duma forma particular”.

Cinco anos depois, o Papa João Paulo II prestou uma outra e mais significativa homenagem ao Padre Kentenich, quando em 1985, juntamente com representantes da Família de Schoenstatt de todas as partes do mundo e na presença de numerosos Bispos e Cardeais, presidiu em Roma à festa do 100º aniversário do Padre Kentenich.

Assim se compreende que a 10 de Fevereiro de 1975 tenho sido aberto pelo Bispo de Tréves o processo de beatificação do Padre Kentenich.

Querida  Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, rogai por nós!

 


terça-feira, 18 de outubro de 2022

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt - 18 de outubro

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Na Capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, em Valendar junto ao Reno, a 18 de Outubro de 1914, o Padre José Kentenich fez uma conferência à Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, em que revelou uma “secreta ideia predilecta”. A “ideia predilecta”, que ele considerou “quase demasiado ousada para o público, mas não demasiado audaz” para a pequena comunidade da Congregação, era na sua essência a seguinte: “Não seria possível que a Capelinha da nossa Congregação chegue a ser ao mesmo tempo o nosso Tabor, onde  se manifeste a glória de Maria? Acção apostólica maior não poderia sem dúvida realizar, nem aos nossos vindouros, herança mais preciosa legar, do que mover Nossa Senhora e Soberana a estabelecer aqui dum modo especial o seu trono, para distribuir os seus tesouros e operar milagres de graça”.

Com estas palavras o Padre Kentenich apresentou aos jovens membros da Congregação o programa de oração e sacrifício “para fazer suave violência” à Mãe de Deus, a fim de que Ela se digne eleger a Capelinha de São Miguel como seu lugar de graças, origem e centro de um Movimento de Renovação e de Educação religioso-moral.

Como chegou o Padre Kentenich a esta ideia? Nela influíram a sua fé convicta e um facto concreto. A sua fé convicta dizia que a missão e a acção da Mãe de Deus não terminaram com a sua vida terrena, mas continuam até ao fim dos tempos. Mesmo após a sua passagem para a Santíssima Trindade, Maria continua, na sua qualidade de “companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a Obra da Redenção”, como mais tarde o Padre Kentenich viria a designá-la, a participar activamente com toda a sua pessoa e poder de intercessão na Obra Salvífica do seu divino Filho. Como a História da Igreja o demonstra Ela desenvolve a sua acção, de preferência, em lugares por Ela escolhidos como seus lugares de graças, e por meio de pessoas, que instrumentalmente se põem à sua disposição.

O facto concreto foi a fundação do lugar de peregrinação Valle di Pompei, em Itália, da qual o Padre Kentenich teve conhecimento pormenorizado no Verão de 1914. Se a fé e o sacrifício do advogado Bartolo Longo moveram a Mãe de Deus a fazer de Valle di Pompei um lugar da sua particular acção, não poderia suceder outro tanto em Schoenstatt, se surgissem pessoas animadas duma atitude abnegada e apostólica semelhante?

A “ideia predilecta” ateou-se nos corações dos congregados. Eles viram nela não uma ideia meramente humana, mas uma iniciativa da própria Mãe de Deus, que Maria lhes comunicou por meio do Padre Kentenich. Pela Consagração de congregados e sob a orientação do Padre Kentenich eles tomaram a iniciativa, puseram-se ao serviço da Mãe de Deus e, pela auto-educação na vida diária, entregaram-se por completo à concretização dessa “ideia predilecta”.

Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt
No início de 1915, os congregados schoenstattianos tiveram conhecimento da Congregação Mariana de Ingolstadt na Baviera que no séc. XVI, sob a orientação do venerando sacerdote Jacob Rem, S. J., assistiu a um extraordinário florescimento da piedade mariana, exercendo uma acção apostólica considerável. Uma vez que em Schoenstatt aspiravam a algo do género, eles deram ao seu empreendimento, iniciado em 18 de Outubro de 1914, o nome de “Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt”. Desta Congregação de Ingolstadt adoptaram eles também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”, que deram à Imagem de Maria, colocada na Capelinha de São Miguel, em Abril de 1915. Que este nome foi acertado, viria a confirmá-lo a evolução futura. A partir do novo Santuário, a Mãe de Deus desenvolveu uma acção extraordinária. Com efeito, em Schoenstatt, de modo diferente ao que acontece noutros lugares de peregrinação, Ela concedia não a graça de curas físicas, mas manifestava-se como Mãe e Educadora do “Homem Novo”, na “nova criação em Cristo Jesus”. Ela operava milagres nas almas, como se costuma dizer em Schoenstatt. Quem ia a Schoenstatt devia experimentar uma tríplice graça: a graça do acolhimento, a graça da transformação interior e a graça de fecundidade e missão apostólicas.
 
Na Primeira Guerra Mundial
Alguns dos congregados schoenstattianos entregaram-se de tal modo à “ideia predilecta”, que, nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, chegaram a oferecer a sua vida como vítimas à Mãe Três Vezes Admirável para a realização do Programa de 18 de Outubro de 1914. Entre eles sobressai em primeiro lugar José Engling que, antes da sua chamada para o serviço militar, tinha sido durante um ano prefeito da Congregação Schoenstattiana. Em 3 de Junho de 1918, na frente da Flandres, ele fez este pedido numa oração de consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt: “Se estiver de acordo com os Teus planos, aceita-me como vítima pelas tarefas, que confiaste à nossa Congregação”. Com a sua morte heróica, na tarde de 4 de Outubro de 1918, foi consumada a sua oferta. Próximo do local da sua morte, nas imediações de Cambrai, em França, encontra-se hoje um Santuário de Schoenstatt e um memorial simples, que se tornaram lugar de encontro para franceses e alemães. O processo de beatificação de José Engling foi encerrado em 1964 em Tréves, tendo já dado entrada em Roma.
 
Movimento Apostólico
Com o tempo, os congregados schoenstattianos, como soldados na frente de batalha, na caserna, e no hospital militar, foram ganhando companheiros dispostos a selar a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável e a abraçar os objectivos pedagógico - apostólicos de Schoenstatt. O Padre Kentenich viu nisso um sinal da Divina Providência. Após o regresso da guerra, fundou com eles, a 20 de Outubro de 1919, a “União Apostólica”, a primeira das comunidades apostólicas de Schoenstatt. Um ano mais tarde, a “União”, que primeiramente só compreendia homens e estudantes, foi aberta também às mulheres. Igualmente em 1920, o Padre Kentenich juntou à “União” a “Liga” que, de modo semelhante, mas com uma organização mais flexível, agrupava membros de todas as idades e profissões, sacerdotes e leigos, homens e mulheres. Em 1926, com a fundação das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o Padre Kentenich dava início aos Institutos Seculares de Schoenstatt. Uma década após o acto da fundação de 18 de Outubro de 1914, surgia, da Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, o “Movimento Apostólico de Schoenstatt”, que chegou a ser contado entre as forças mais vivas da Igreja na Alemanha.
 
Perseguição
A perseguição à Igreja, levada a cabo pelo nazismo entre os anos de 1933 e 1945, atingiu com particular violência o Movimento Apostólico de Schoenstatt. O Fundador, Padre José Kentenich, juntamente com vários sacerdotes colaboradores seus, foi para o campo de concentração de Dachau. Contudo, a perseguição produzia o oposto daquilo que as autoridades de então na Alemanha pretendiam. A Obra de Schoenstatt não sucumbiu, no meio das provações, cresceu em extensão e profundidade. Durante esse tempo, cresce a figura do Pe. Kentenich enquanto Pai Espiritual da Obra de Schoenstatt.

Assim como desde 1934 duas cruzes tumulares, colocadas atrás do Santuário em Schoenstatt, testemunham a coragem heróica da geração fundadora, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, também desde 1946 outras duas recordam aí as vítimas do regime nazi, tendo uma delas o nome do Padre Albert Eise que, em 1942, ofereceu em Dachau a sua vida como vítima, e a outra o do Padre Franz Reinisch, que no mesmo ano foi decapitado, morrendo como mártir da liberdade de consciência.

A Capelinha e as cruzes tumulares junto ao Santuário são um símbolo da lei da vida, segundo a qual Schoenstatt nasceu e continuará a existir: “Nada sem Ti – Nada sem nós”, isto é: Nada sem a Mãe de Deus, sem a Santíssima Trindade e a sua graça, mas também nada sem a ajuda dos colaboradores e instrumentos humanos, que Deus e a Mãe de Deus elegeram para a realização dos seus planos sobre Schoenstatt. De facto, Schoenstatt depende decisivamente da fidelidade e espírito de sacrifício de cada um dos seus membros.

Até à morte do Fundador
Nos anos a seguir a 1945, a Obra de Schoenstatt transpôs as fronteiras da Alemanha, chegando nomeadamente aos países de além-mar. O próprio Fundador empreendeu várias viagens longas pela África, América do Sul e América do Norte, para anunciar aí a mensagem de Schoenstatt, erigir Santuários da Mãe Três Vezes Admirável e procurar aliados para a fundação da Obra de Schoenstatt.

Para o desenvolvimento da Obra, foi de importância decisiva a provação por parte das instâncias da Igreja, do Episcopado alemão e da Santa Sé em Roma que, iniciada em 1949, durou, com algumas interrupções, até 1965. Em virtude desta provação, em 1951 o Padre Kentenich foi afastado da sua Fundação e exilado em Milwaukee (EUA). Como em todas as circunstâncias da sua história, a Família de Schoenstatt também viu, nesta medida, uma condução da Divina Providência. Efectivamente a Obra obteve em 1964, no dia do quinquagésimo aniversário da sua existência, a total aprovação da Igreja. Um ano mais tarde, o Fundador, recebido e louvado pelo Santo Padre, pôde regressar a Schoenstatt na Noite Santa de 1965.

Aqui, durante ainda quase três anos, ele trabalhou, com a maior dedicação e entrega, no aperfeiçoamento da Obra que Deus lhe confiou. Em 15 de Setembro de 1968, festa das sete dores de Maria, ele morreu com quase 83 anos de idade, precisamente após a celebração da Santa Missa na nova Igreja da Adoração, no Monte Schoenstatt. Sobre o seu túmulo, conforme o seu desejo, estão escritas as palavras: “DILEXIT ECCLESIAM” – Amou a Igreja.

Depois da morte do Fundador
Quando o Fundador duma comunidade da Igreja, duma Ordem ou dum Movimento religioso, morre, isso constitui sempre um profundo golpe para a vida da sua fundação. Então põe-se a questão sobre o que se vai passar com a Obra do Fundador.

Desde a morte do seu Fundador, a Obra de Schoenstatt, num crescimento discreto e constante, propagou-se sempre mais pelas diversas partes do mundo. Um sinal visível disto é o incremento por todo o mundo dos Centros de Schoenstatt em torno do Santuário da Mãe Três Vezes Admirável. Neste momento, existe já mais de uma centena destes Santuários, aos quais se junta quase todos os anos um novo.

Também para além da sua morte, a personalidade do Fundador encontra admiração e veneração crescentes. É cada vez maior o número de pessoas que experimentam junto do Padre Kentenich resposta clara e concreta para as questões e debates da vida moderna.

Dois anos após a sua morte, na audiência geral de 8 de Abril de 1970, Paulo VI, perante milhares de peregrinos, referiu-se a ele por mais de uma vez como “Sacerdote e cura de almas insigne” e apresentou-o aos fiéis como modelo de fidelidade e amor à Igreja.

Mais tarde, o Papa João Paulo II, em 17 de Novembro de 1980, na sua homilia, na catedral de Fulda, incluiu o Padre José Kentenich entre as figuras notáveis e exemplares de Sacerdotes do século XX, na Alemanha. Uma semana depois, em Roma, disse acerca dele: “Por ocasião da minha breve visita à Alemanha, reconhecido e grato pelo seu património espiritual, quis mencionar em Fulda especialmente o Padre Kentenich como uma das grandes figuras sacerdotais da história mais recente e, deste modo, honrá-lo duma forma particular”.

Cinco anos depois, o Papa João Paulo II prestou uma outra e mais significativa homenagem ao Padre Kentenich, quando em 1985, juntamente com representantes da Família de Schoenstatt de todas as partes do mundo e na presença de numerosos Bispos e Cardeais, presidiu em Roma à festa do 100º aniversário do Padre Kentenich.

Assim se compreende que a 10 de Fevereiro de 1975 tenho sido aberto pelo Bispo de Tréves o processo de beatificação do Padre Kentenich.

Querida  Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, rogai por nós!


 

 

 

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt

, Na Capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, em Valendar junto ao Reno, a 18 de Outubro de 1914, o Padre José Kentenich fez uma conferência à Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, em que revelou uma “secreta ideia predilecta”. A “ideia predilecta”, que ele considerou “quase demasiado ousada para o público, mas não demasiado audaz” para a pequena comunidade da Congregação, era na sua essência a seguinte: “Não seria possível que a Capelinha da nossa Congregação chegue a ser ao mesmo tempo o nosso Tabor, onde  se manifeste a glória de Maria? Acção apostólica maior não poderia sem dúvida realizar, nem aos nossos vindouros, herança mais preciosa legar, do que mover Nossa Senhora e Soberana a estabelecer aqui dum modo especial o seu trono, para distribuir os seus tesouros e operar milagres de graça”.

Com estas palavras o Padre Kentenich apresentou aos jovens membros da Congregação o programa de oração e sacrifício “para fazer suave violência” à Mãe de Deus, a fim de que Ela se digne eleger a Capelinha de São Miguel como seu lugar de graças, origem e centro de um Movimento de Renovação e de Educação religioso-moral.

Como chegou o Padre Kentenich a esta ideia? Nela influíram a sua fé convicta e um facto concreto. A sua fé convicta dizia que a missão e a acção da Mãe de Deus não terminaram com a sua vida terrena, mas continuam até ao fim dos tempos. Mesmo após a sua passagem para a Santíssima Trindade, Maria continua, na sua qualidade de “companheira e colaboradora permanente de Cristo em toda a Obra da Redenção”, como mais tarde o Padre Kentenich viria a designá-la, a participar activamente com toda a sua pessoa e poder de intercessão na Obra Salvífica do seu divino Filho. Como a História da Igreja o demonstra Ela desenvolve a sua acção, de preferência, em lugares por Ela escolhidos como seus lugares de graças, e por meio de pessoas, que instrumentalmente se põem à sua disposição.

O facto concreto foi a fundação do lugar de peregrinação Valle di Pompei, em Itália, da qual o Padre Kentenich teve conhecimento pormenorizado no Verão de 1914. Se a fé e o sacrifício do advogado Bartolo Longo moveram a Mãe de Deus a fazer de Valle di Pompei um lugar da sua particular acção, não poderia suceder outro tanto em Schoenstatt, se surgissem pessoas animadas duma atitude abnegada e apostólica semelhante?

A “ideia predilecta” ateou-se nos corações dos congregados. Eles viram nela não uma ideia meramente humana, mas uma iniciativa da própria Mãe de Deus, que Maria lhes comunicou por meio do Padre Kentenich. Pela Consagração de congregados e sob a orientação do Padre Kentenich eles tomaram a iniciativa, puseram-se ao serviço da Mãe de Deus e, pela auto-educação na vida diária, entregaram-se por completo à concretização dessa “ideia predilecta”.

Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt
No início de 1915, os congregados schoenstattianos tiveram conhecimento da Congregação Mariana de Ingolstadt na Baviera que no séc. XVI, sob a orientação do venerando sacerdote Jacob Rem, S. J., assistiu a um extraordinário florescimento da piedade mariana, exercendo uma acção apostólica considerável. Uma vez que em Schoenstatt aspiravam a algo do género, eles deram ao seu empreendimento, iniciado em 18 de Outubro de 1914, o nome de “Paralelo Ingolstadt-Schoenstatt”. Desta Congregação de Ingolstadt adoptaram eles também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”, que deram à Imagem de Maria, colocada na Capelinha de São Miguel, em Abril de 1915. Que este nome foi acertado, viria a confirmá-lo a evolução futura. A partir do novo Santuário, a Mãe de Deus desenvolveu uma acção extraordinária. Com efeito, em Schoenstatt, de modo diferente ao que acontece noutros lugares de peregrinação, Ela concedia não a graça de curas físicas, mas manifestava-se como Mãe e Educadora do “Homem Novo”, na “nova criação em Cristo Jesus”. Ela operava milagres nas almas, como se costuma dizer em Schoenstatt. Quem ia a Schoenstatt devia experimentar uma tríplice graça: a graça do acolhimento, a graça da transformação interior e a graça de fecundidade e missão apostólicas.
 
Na Primeira Guerra Mundial
Alguns dos congregados schoenstattianos entregaram-se de tal modo à “ideia predilecta”, que, nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, chegaram a oferecer a sua vida como vítimas à Mãe Três Vezes Admirável para a realização do Programa de 18 de Outubro de 1914. Entre eles sobressai em primeiro lugar José Engling que, antes da sua chamada para o serviço militar, tinha sido durante um ano prefeito da Congregação Schoenstattiana. Em 3 de Junho de 1918, na frente da Flandres, ele fez este pedido numa oração de consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt: “Se estiver de acordo com os Teus planos, aceita-me como vítima pelas tarefas, que confiaste à nossa Congregação”. Com a sua morte heróica, na tarde de 4 de Outubro de 1918, foi consumada a sua oferta. Próximo do local da sua morte, nas imediações de Cambrai, em França, encontra-se hoje um Santuário de Schoenstatt e um memorial simples, que se tornaram lugar de encontro para franceses e alemães. O processo de beatificação de José Engling foi encerrado em 1964 em Tréves, tendo já dado entrada em Roma.
 
Movimento Apostólico
Com o tempo, os congregados schoenstattianos, como soldados na frente de batalha, na caserna, e no hospital militar, foram ganhando companheiros dispostos a selar a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável e a abraçar os objectivos pedagógico - apostólicos de Schoenstatt. O Padre Kentenich viu nisso um sinal da Divina Providência. Após o regresso da guerra, fundou com eles, a 20 de Outubro de 1919, a “União Apostólica”, a primeira das comunidades apostólicas de Schoenstatt. Um ano mais tarde, a “União”, que primeiramente só compreendia homens e estudantes, foi aberta também às mulheres. Igualmente em 1920, o Padre Kentenich juntou à “União” a “Liga” que, de modo semelhante, mas com uma organização mais flexível, agrupava membros de todas as idades e profissões, sacerdotes e leigos, homens e mulheres. Em 1926, com a fundação das Irmãs de Maria de Schoenstatt, o Padre Kentenich dava início aos Institutos Seculares de Schoenstatt. Uma década após o acto da fundação de 18 de Outubro de 1914, surgia, da Congregação Mariana do Seminário de Schoenstatt, o “Movimento Apostólico de Schoenstatt”, que chegou a ser contado entre as forças mais vivas da Igreja na Alemanha.
 
Perseguição
A perseguição à Igreja, levada a cabo pelo nazismo entre os anos de 1933 e 1945, atingiu com particular violência o Movimento Apostólico de Schoenstatt. O Fundador, Padre José Kentenich, juntamente com vários sacerdotes colaboradores seus, foi para o campo de concentração de Dachau. Contudo, a perseguição produzia o oposto daquilo que as autoridades de então na Alemanha pretendiam. A Obra de Schoenstatt não sucumbiu, no meio das provações, cresceu em extensão e profundidade. Durante esse tempo, cresce a figura do Pe. Kentenich enquanto Pai Espiritual da Obra de Schoenstatt.

Assim como desde 1934 duas cruzes tumulares, colocadas atrás do Santuário em Schoenstatt, testemunham a coragem heróica da geração fundadora, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, também desde 1946 outras duas recordam aí as vítimas do regime nazi, tendo uma delas o nome do Padre Albert Eise que, em 1942, ofereceu em Dachau a sua vida como vítima, e a outra o do Padre Franz Reinisch, que no mesmo ano foi decapitado, morrendo como mártir da liberdade de consciência.

A Capelinha e as cruzes tumulares junto ao Santuário são um símbolo da lei da vida, segundo a qual Schoenstatt nasceu e continuará a existir: “Nada sem Ti – Nada sem nós”, isto é: Nada sem a Mãe de Deus, sem a Santíssima Trindade e a sua graça, mas também nada sem a ajuda dos colaboradores e instrumentos humanos, que Deus e a Mãe de Deus elegeram para a realização dos seus planos sobre Schoenstatt. De facto, Schoenstatt depende decisivamente da fidelidade e espírito de sacrifício de cada um dos seus membros.

Até à morte do Fundador
Nos anos a seguir a 1945, a Obra de Schoenstatt transpôs as fronteiras da Alemanha, chegando nomeadamente aos países de além-mar. O próprio Fundador empreendeu várias viagens longas pela África, América do Sul e América do Norte, para anunciar aí a mensagem de Schoenstatt, erigir Santuários da Mãe Três Vezes Admirável e procurar aliados para a fundação da Obra de Schoenstatt.

Para o desenvolvimento da Obra, foi de importância decisiva a provação por parte das instâncias da Igreja, do Episcopado alemão e da Santa Sé em Roma que, iniciada em 1949, durou, com algumas interrupções, até 1965. Em virtude desta provação, em 1951 o Padre Kentenich foi afastado da sua Fundação e exilado em Milwaukee (EUA). Como em todas as circunstâncias da sua história, a Família de Schoenstatt também viu, nesta medida, uma condução da Divina Providência. Efectivamente a Obra obteve em 1964, no dia do quinquagésimo aniversário da sua existência, a total aprovação da Igreja. Um ano mais tarde, o Fundador, recebido e louvado pelo Santo Padre, pôde regressar a Schoenstatt na Noite Santa de 1965.

Aqui, durante ainda quase três anos, ele trabalhou, com a maior dedicação e entrega, no aperfeiçoamento da Obra que Deus lhe confiou. Em 15 de Setembro de 1968, festa das sete dores de Maria, ele morreu com quase 83 anos de idade, precisamente após a celebração da Santa Missa na nova Igreja da Adoração, no Monte Schoenstatt. Sobre o seu túmulo, conforme o seu desejo, estão escritas as palavras: “DILEXIT ECCLESIAM” – Amou a Igreja.

Depois da morte do Fundador
Quando o Fundador duma comunidade da Igreja, duma Ordem ou dum Movimento religioso, morre, isso constitui sempre um profundo golpe para a vida da sua fundação. Então põe-se a questão sobre o que se vai passar com a Obra do Fundador.

Desde a morte do seu Fundador, a Obra de Schoenstatt, num crescimento discreto e constante, propagou-se sempre mais pelas diversas partes do mundo. Um sinal visível disto é o incremento por todo o mundo dos Centros de Schoenstatt em torno do Santuário da Mãe Três Vezes Admirável. Neste momento, existe já mais de uma centena destes Santuários, aos quais se junta quase todos os anos um novo.

Também para além da sua morte, a personalidade do Fundador encontra admiração e veneração crescentes. É cada vez maior o número de pessoas que experimentam junto do Padre Kentenich resposta clara e concreta para as questões e debates da vida moderna.

Dois anos após a sua morte, na audiência geral de 8 de Abril de 1970, Paulo VI, perante milhares de peregrinos, referiu-se a ele por mais de uma vez como “Sacerdote e cura de almas insigne” e apresentou-o aos fiéis como modelo de fidelidade e amor à Igreja.

Mais tarde, o Papa João Paulo II, em 17 de Novembro de 1980, na sua homilia, na catedral de Fulda, incluiu o Padre José Kentenich entre as figuras notáveis e exemplares de Sacerdotes do século XX, na Alemanha. Uma semana depois, em Roma, disse acerca dele: “Por ocasião da minha breve visita à Alemanha, reconhecido e grato pelo seu património espiritual, quis mencionar em Fulda especialmente o Padre Kentenich como uma das grandes figuras sacerdotais da história mais recente e, deste modo, honrá-lo duma forma particular”.

Cinco anos depois, o Papa João Paulo II prestou uma outra e mais significativa homenagem ao Padre Kentenich, quando em 1985, juntamente com representantes da Família de Schoenstatt de todas as partes do mundo e na presença de numerosos Bispos e Cardeais, presidiu em Roma à festa do 100º aniversário do Padre Kentenich.

Assim se compreende que a 10 de Fevereiro de 1975 tenho sido aberto pelo Bispo de Tréves o processo de beatificação do Padre Kentenich.

Querida  Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt, rogai por nós!