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domingo, 9 de abril de 2017

Evangelho do Dia - DOMINGO DE RAMOS


EVANGELHO COTIDIANO




"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR


Evangelho segundo S. Mateus 26,14-75.27,1-66.
Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes   e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar. 

No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’». 
 
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa. Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.  Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós há-de entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?».
Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há-de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido».

Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?». Respondeu Jesus: «Tu o disseste».
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: «Tomai e comei: Isto é o meu corpo».
Tomou em seguida um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos,
porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado pela multidão, para remissão dos pecados.
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira, até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no reino de meu Pai». 
 
Cantaram os salmos e seguiram para o monte das Oliveiras.
Então, Jesus disse-lhes: «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis por minha causa, como está escrito: ‘Ferirei o pastor. e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’.
Mas, depois de ressuscitar, preceder-vos-ei a caminho da Galileia».

Pedro interveio, dizendo: «Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu não me escandalizarei».
Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o galo cantar, Me negarás três vezes».
Pedro disse-lhe: «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei». E o mesmo disseram todos os discípulos.

Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade, chamada Getsémani, e disse aos discípulos: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.
Disse-lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo».
E, adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra, enquanto orava e dizia: «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres».
 
Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo!
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade».
Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados de sono.
Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes: «Dormi agora e descansai. Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos. Aproxima-se aquele que Me vai entregar».

Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.
O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O».
Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe: «Salve, Mestre!». E beijou-O.
Jesus respondeu- lhe: «Amigo, a que vieste?». Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-n’O.
 
Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha.  Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada.
Pensas que não posso rogar a meu Pai que ponha já ao meu dispor mais de doze legiões de Anjos?
Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim tem de acontecer?».

Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse: «Viestes com espadas e varapaus para Me prender como se fosse um salteador! Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar e não Me prendestes...
Mas, tudo isto aconteceu para se cumprirem as Escrituras dos profetas»
. Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
Os que tinham prendido Jesus levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. Pedro foi-O seguindo de longe, até ao palácio do sumo sacerdote. Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas, para ver como acabaria tudo aquilo.  Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho falso contra Jesus para O condenarem à morte,  mas não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por fim, apresentaram-se duas  que disseram: «Este homem afirmou: ‘Posso destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias’».
Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus: «Não respondes nada? Que dizes ao que depõem contra Ti?».
Mas Jesus continuava calado. Disse-Lhe o sumo sacerdote: «Eu Te conjuro pelo Deus vivo, que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste. E Eu digo-vos: vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu».
Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou. Que necessidade temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia.
Que vos parece?».
Eles responderam: «É réu de morte».
Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas. Outros esbofeteavam-n’O,
dizendo: «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe: R «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que dizes».
Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos circunstantes: «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
E, de novo, ele negou com juramento: «Não conheço tal homem».
Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro: «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
Começou então a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço tal homem». E, imediatamente, um galo cantou. 

Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera: «Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes». E, saindo, chorou amargamente.
Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram em conselho contra Jesus, para Lhe darem a morte.
Depois de Lhe atarem as mãos, levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos.
Então Judas, que entregara Jesus, vendo que Ele tinha sido condenado, tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,
dizendo: «Pequei, entregando sangue inocente». Mas eles replicaram: «Que nos importa? É lá contigo».
Então arremessou as moedas para o santuário, saiu dali e foi-se enforcar.
Mas os príncipes dos sacerdotes apanharam as moedas e disseram: «Não se podem lançar no tesouro, porque são preço de sangue».
E, depois de terem deliberado, compraram com elas o Campo do Oleiro, que servia para a sepultura dos estrangeiros.
Por este motivo se tem chamado àquele campo, até ao dia de hoje, «Campo de Sangue».
Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta: «Tomaram trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor me tinha ordenado».
Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador, que Lhe perguntou: «Tu és o rei dos judeus?». Jesus respondeu: «É como dizes».
 
Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos: «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
Mas Jesus não respondeu coisa alguma, a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa, o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos: «Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal, a mulher mandou-lhe dizer: «Não te prendas com a causa desse justo, pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes: «Qual dos dois quereis que vos solte?». Eles responderam: «Barrabás».
Disse-lhes Pilatos: «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?». Responderam todos: «Seja crucificado».
Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?». Mas eles gritavam cada vez mais: «Seja crucificado».
Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Estou inocente do sangue deste homem. Isso é lá convosco».
E todo o povo respondeu: «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-lh’O para ser crucificado.  Então os soldados do governador levaram Jesus para o pretório e reuniram à volta d’Ele toda a corte.  Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça e colocaram uma cana na sua mão direita. Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo: «Salve, rei dos judeus!».
Depois, cuspiam-Lhe no rosto e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e levaram--n’O para ser crucificado.
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.
Chegados a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro, indicando a causa da sua condenação: «Este é Jesus, o rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda.

Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo: «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz».
Os príncipes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e os anciãos, também troçavam d’Ele, dizendo:  «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Se é o rei de Israel, desça agora da cruz e acreditaremos. Confiou em Deus: Ele que O livre agora, se O ama, porque disse: ’’Eu sou Filho de Deus n’Ele.”»
Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra.
E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: «Eli, Eli, lemá sabactáni?», que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias».
Um deles correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.  Mas os outros disseram: «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos, e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram aterrados e disseram: «Este era verdadeiramente Filho de Deus».
Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem.
 
Entre elas encontrava-se Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tinha tornado discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. E Pilatos ordenou que lho entregassem. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no seu sepulcro novo, que tinha mandado escavar na rocha. Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro e retirou-se. 

Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas em frente do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, depois da Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos  e disseram-lhe: «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse quando ainda era vivo: ‘Depois de três dias ressuscitarei’.
Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança até ao terceiro dia, para que não venham os discípulos roubá-lo e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’. E a última impostura seria pior do que a primeira».

Pilatos respondeu: «Tendes à vossa disposição a guarda: ide e guardai-o como entenderdes».
Eles foram e guardaram o sepulcro, selando a pedra e pondo a guarda.

Comentário do dia: Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
Sermão sobre os Ramos

«Bendito o que vem em nome do Senhor»

É sob dois aspectos bem diferentes que a festa de hoje apresenta aos filhos dos homens Aquele que a nossa alma deseja (Is 26,9), «o mais belo dos filhos dos homens» (Sl 44,3). E ele atrai o nosso olhar sob esses dois aspectos; amamo-lo sob um e sob o outro, porque num e noutro Ele é o Salvador dos homens. [...]
Se considerarmos ao mesmo tempo a procissão de hoje e a Paixão, vemos Jesus, por um lado sublime e glorioso, por outro humilhado e doloroso. Porque na procissão Ele recebe honras reais, e na Paixão vemo-Lo castigado como um malfeitor. Aqui cercam-No a glória e a honra; além «não tem aparência nem beleza» (Is 53,2). Aqui temos a alegria dos homens e o orgulho do povo; além temos «a vergonha dos homens e o desprezo do povo» (Sl 21,7). Aqui aclamam-No dizendo: «Hosana ao Filho de David. Bendito seja o Rei de Israel que vem!» Além vociferam que merece a morte e escarnecem dele porque Se fez Rei de Israel. Aqui correm para Ele com palmas; além flagelam-Lhe o rosto com as mesmas palmas e batem-Lhe na cabeça com uma cana. Aqui cumulam-No de elogios; além afogam-No em injúrias. Aqui disputam-se para Lhe juncar o caminho com as vestes dos outros; além despojam-No das suas próprias vestes. Aqui recebem-No em Jerusalém como Rei justo e como Salvador; além é expulso de Jerusalém como um criminoso e um impostor. Aqui montam-No sobre um burro, rodeado de homenagens; além é pendurado da cruz, rasgado pelos chicotes, trespassado de chagas e abandonado pelos seus. [...]

Senhor Jesus, quer o teu rosto apareça glorioso quer humilhado, sempre nele vemos brilhar a sabedoria. Do teu rosto irradia o fulgor da luz eterna (Sb 7,26). Que brilhe sempre sobre nós, Senhor, a luz do teu rosto (Sl 4,7), nas tristezas como nas alegrias. [...] Tu és a alegria e a salvação de todos, quer Te vejam montado no burro, quer suspenso do madeiro da cruz. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

E os silêncios de Deus?

Muitas pessoas ficam desconcertadas ao verem o mal campear no mundo, sem que Deus pareça tomar parte na angústia dos que são vítimas da violência e da injustiça. Às vezes parece que Deus se torna mudo diante do nosso sofrimento; mas não é assim.
 
Alguém já disse que “Deus não fala, mas que tudo fala de Deus”. Isto é, Deus fala pela Revelação e pela vida, mas esta linguagem tem de ser decifrada. Seus silêncios aparentes são sábios e nos obrigam a exercitar o ouvido da alma, e criar novas antenas e ouvidos interiores, para ouvir a sua voz. Não é que Deus não fale, somos nós que não captamos sua palavra.

Deus não é indiferente diante dos acontecimentos deste mundo. Sempre pesou sobre a mente dos homens a aparente indiferença de Deus diante do desenrolar dos acontecimentos neste mundo. O povo sente-se, por vezes, desanimado e propenso a “fazer como todo o mundo faz”, visto que ser reto e digno parece custar muito caro e não trazer proveito. Até o salmista tem a tentação de agir como os maus (…), mas depois entende a sua triste sorte:
“Por pouco meus pés tropeçavam; um nada, e meus passos deslizavam. Porque invejei os arrogantes, vendo a prosperidade dos ímpios. Para eles não existem tormentos, sua aparência é sadia e robusta; a fadiga dos mortais não os atinge, não são molestados como os outros (…).

Refleti para compreender, e que fadiga era isto aos meus olhos! Até que entrei nos santuários divinos: entendi o destino deles! De fato, tu os pões em ladeiras, tu os fazes cair em ruínas. Ei-los num instante reduzidos ao terror, deixam de existir, perecem por causa do pavor! (…), Sim, os que se afastam de Ti se perdem (…). Quanto a mim, estar junto de Deus é o meu bem!” (Sl 72, 2-5. 16-19. 27s)


A Bíblia nos mostra que é exatamente nos momentos de maior luta, conflito, desespero e perplexidade que Deus prepara as suas ações mais belas.

A Páscoa cristã e a glória da Ressurreição de Jesus foram precedidas da cruel e dolorosa Paixão do Senhor, que deixou os apóstolos atônitos e perdidos. Mas, na manhã do domingo, ficou claro que o “fracasso” do Mestre se transformara em inacreditável vitória sobre a morte. Então, tudo se fez novo (…). Ele ressuscitou como o Kýrios, o Senhor da vida e da morte; a vida venceu a morte, as trevas foram dissipadas pela luz.
É no silêncio de Deus que o cristão aprende a crescer na fé e na confiança no Senhor. Não sejamos crianças na fé.

Assista também: Como perceber que Deus fala comigo?
Nesse silêncio sagrado somos obrigados a apurar os ouvidos interiores e a criar novas antenas para tentar compreender a vontade de Deus.
É preciso, então, não se deixar afundar na hora da tormenta, mas esperar com fé na Providência divina que não falha. No meio do fogo das tribulações, é preciso continuar a caminhar, ainda que gemendo e chorando, “como se visse o invisível” (Hb 11,27).

Este “avançar na fé” pode ser comparado a um complicado jogo de “quebra-cabeça”; no seu início não temos a menor ideia do quadro a compor, parece que o “quebra-cabeça” não tem solução, a charada é desafiadora; mas, devagar, com paciência, vamos juntando as peças (…) começa a surgir alguma coisa. Ao se combinar as peças começa a surgir o quadro, e então, vai ficando cada vez mais fácil, até o fim.

A vontade de Deus para nós é assim; os fatos da vida, isolados, parecem não ter sentido, mas, quando os vamos juntando na fé e analisando-os na esperança, vemos a sua mensagem. Às vezes é preciso olhar peça por peça, sem saber qual é a próxima que virá. Mas é preciso ir em frente, caminhar com perseverança.

A grande Edith Stein disse uma bela verdade: “Não sei para onde Deus me leva, mas sei que é Ele me conduz”. Isto basta.

Não podemos esperar que a mensagem esteja decifrada para começar a caminhar; assim não começaríamos nunca a viagem. Nunca encontraremos um discurso de Deus para nós, pronto e claro, e nem um caminho nitidamente traçado; não, Deus nos conduz no escuro da fé, onde Ele vai nos falando durante o caminho, como fez com os discípulos de Emaús. E, se não caminharmos, não ouviremos a Sua voz.

Por que Ele age assim? Na sua sabedoria infinita Ele tem motivos para agir assim conosco; logo, cabe a nós não nos calarmos diante Dele, mas responder na fé e na oração incessante.
“O justo vive da fé” (Rm 1,17; Gl 3,11; Hb 10,38). Mais do que a nossa vitória, Deus espera a nossa luta determinada, com fé e perseverança.

Ninguém conhece os caminhos da Providência divina, por onde Ele passa, o que quer com este golpe, o que está fazendo com esta aflição, morte, fracasso, desemprego (…).

Muitas Ordens religiosas foram provadas terrivelmente até se firmarem. Mas, porque os seus fundadores não desanimaram e não desistiram, a Igreja se tornou rica e santa por causa delas.

Deus não é um ser mudo; Ele se revelou e revelará; se Ele, por vezes, parece calar-se, Ele o faz sábia e providencialmente.

Por: Professor Felipe Aquino


 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A importância da confiança na misericórdia de Deus



Sabemos que a desesperança do perdão dos próprios pecados ofende a Deus. Muitas vezes no **Diálogo**, Deus insiste com Santa Catarina de Sena sobre isso: “Mesmo para os pecadores, minha misericórdia sempre constitui um fiozinho de esperança; não fosse ela cairiam como os demônios para a condenação eterna. É bondade minha que os maus possam esperar no meu perdão.”   “Este pecado de desespero desagrada-me e prejudica os homens mais do que todos os males… porque no pecado de desespero o homem não é movido por fraqueza alguma. O ato de desesperar-se não inclui debilidade, mas somente intolerável dor. Quem desespera, despreza minha misericórdia e julga que seu pecado é maior que minha bondade. Quem cai neste pecado já não se arrepende, já não sente dor pela culpa. Poderá o responsável queixar-se do castigo recebido, mas não da ofensa cometida. Por essa razão são condenados. Como vês, é o pecado do desespero que conduz a alma ao inferno. **Minha misericórdia é maior que todos os pecados que um homem possa cometer**. Entristece-me o fato de que alguém considere suas faltas maior que o meu perdão. Este é o pecado que não será perdoado nem neste mundo e nem no outro.”

Quando fala deste, que é o “pecado contra o Espírito Santo”, o Catecismo da Igreja ensina que:  “A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna” (§1864).

O mais importante é entender e crer que:
“A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo. É nesta Igreja que a alma revive, ela que estava morta pelos pecados, a fim de viver com Cristo, cuja graça nos salvou.”
“Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero. Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado” (§981-2).
Deus disse a Santa Catarina que: “Foi na dispensa da hierarquia eclesiástica que Eu guardei o Corpo e o Sangue do meu Filho”.

A quem deseja meditar com profundidade nesse assunto da confiança e misericórdia de Deus, recomendo vivamente ler o livro de Mons. Ascânio Brandão, **OBreviário da Confiança** (Ed. Cléofas, 2013).

Não adianta irritar-se consigo mesmo e condenar-se após um pecado. Isto seria um mal maior, é orgulho refinado. O remédio é levantar-se humildemente, aceitar com resignação à própria falta e ir buscar o perdão junto à misericórdia infinita de Deus que nunca nos falta. Cristo nos deixou a Igreja e a Confissão para isso.

São Francisco de Sales ensinava que: “Quanto mais nos sentirmos miseráveis, tanto mais devemos confiar na misericórdia de Deus. Porque entre a misericórdia e a miséria, há uma ligação tão grande que uma não pode se exercer sem a outra”. “Considerai vossos defeitos com mais dó que indignação, com mais humildade que severidade e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno”; e ainda dizia: “É orgulho não nos conformarmos com a nossa fraqueza e a nossa miséria”.

Deus às vezes permite as nossas quedas, como se deu com São Pedro, para nos tornar humildes. É pelas nossas próprias faltas que conhecemos a nossa miséria e passamos a confiar só em Deus. Judas e São Pedro pecaram gravemente na hora da Paixão do Senhor, mas Pedro não se desesperou, foi humilde,  confiou na misericórdia de Jesus e se salvou; Judas caiu no remorso e suicidou-se. A diferença foi a confiança na misericórdia de Jesus. É por isso que Santa Faustina tanto recomendou o **Terço da Misericórdia**, que se possível deve ser rezado diante do Santíssimo Sacramento; e, de modo especial diante dos moribundos.

Não podemos esquecer de que a alegria de Deus e dos seus anjos é ver um pecador arrependido. “Haverá mais alegria no céu por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de penitência”. Com que alegria Jesus perdoou Madalena, a mulher adúltera, a samaritana, Zaqueu… e tantos outros!

“As lágrimas dos penitentes são tão preciosas, que são recolhidas na terra para serem elevadas até o Céu, e a sua virtude e tão grande que se estende até os anjos”, disse Bossuet. Os anjos estimam mais as lágrimas de arrependimento dos pecadores que a dos inocentes. A amargura do arrependimento tem para eles mais valor do que o mel da devoção.

Cada tropeço é uma grande ocasião que temos para aprender a sermos humildes. Santo Afonso dizia que: “Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação, na medida em que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças que Deus nos deu, depois de tantas ofensas”.

Enfim, a humildade é a grande força daquele que quer a santidade. Santa Teresa o disse: “Quem possui as virtudes da humildade e do desapego bem pode lutar contra todo o inferno junto e o mundo inteiro com suas seduções”.

Essas duas virtudes, diz a Santa, tem a propriedade de se esconderem de quem as possui, de maneira que nunca as vê, nem se persuade de as ter, mesmo que lhe digam. São João da Cruz, disse que: “Visões, revelações, sentimentos celestes e tudo quanto se pode imaginar de mais elevado, não valem tanto quanto o menor ato de humildade”.

Autor: Prof. Felipe Aquino