São Luís Scrosoppi
Luís nasceu em 4 de agosto de 1804, em Udine, cidade do Friuli, no
Norte da Itália. Foi o último dos filhos de Antônia e Domingos
Scrosoppi, cristãos fervorosos que educaram os filhos dentro dos
preceitos da fé e na caridade. Aos doze anos, Luís ingressou no
seminário diocesano de Udine, e, em 1827, foi ordenado sacerdote.
A região do Friuli, a partir de 1800, mergulhou na miséria em
conseqüência das guerras e epidemias, o que serviu ao padre Luís de
estímulo para cuidar dos necessitados. Dedicou-se, com outros sacerdotes
e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das
"derelitas", as mais sozinhas e abandonadas jovens de Udine e dos
arredores. A elas ele disponibilizou todos os seus bens, suas energias e
seu afeto, sem economizar nada de si. Quando foi preciso, ele não
hesitou em pedir esmolas. A sua vida foi, de fato, uma expressão
palpável da grande confiança na Providência Divina.
Com essas senhoras, chamadas de "professoras", hábeis no trabalho de
costura e de bordado, que estavam aptas à alfabetização, dispostas a
colocarem suas vidas nas mãos do Senhor para servi-lo e optando por uma
vida de pobreza, padre Luís Scrosoppi fundou a Congregação das Irmãs da
Providência. Mas notou que necessitava de algo mais para dar
continuidade a essa obra. Por isso, aos quarenta e dois anos de idade,
em 1846, tornou-se um "filho de são Felipe" e, através do santo,
aprendeu a mansidão e a doçura, qualidades que lhe deram mais idoneidade
na função de fundador e pai da nova família religiosa.
Todas as obras feitas por padre Luís refletiram sua opção pelos mais
pobres e necessitados. Ele profetizou certa vez: "Doze casas abrirei
antes da minha morte", e sua profecia concretizou-se. Foram, realmente,
doze casas abertas às jovens abandonadas, aos doentes pobres e aos
anciãos que não tinham família. Porém Luís não se dedicava apenas às
suas obras de caridade. Ele também oferecia seu apoio espiritual e
econômico a outras iniciativas sociais de Udine, realizadas por leigos
de boa vontade. Era dele, também, a missão de sustentar todas as
atividades da Igreja, em particular as destinadas aos jovens do
seminário de Udine.
Depois de 1850, a Itália unificou-se, num clima anticlerical, e os fatos
políticos representaram um período difícil para Udine e toda a região
do Friuli. Uma das conseqüências foi o decreto de supressão da "Casa das
Derelitas" e da Congregação dos Padres do Oratório, de Udine. Após uma
verdadeira batalha, conseguiu salvar as "Casas", mas não conseguiu
impedir a supressão da Congregação do Oratório.
Já no fim da vida, padre Luís transferiu a direção de suas obras às
irmãs, que aceitaram a missão com serenidade e esperança. Quando sentiu
chegar o fim, dirigiu suas últimas palavras às irmãs, animando-as para
os revezes que surgiriam, lembrando-as: "... Caridade! Eis o espírito da
vossa família religiosa: salvar as almas e salvá-las com a caridade".
Morreu no dia 3 de abril de 1884. Toda a população de Udine e das
cidades vizinhas foram vê-lo pela última vez e pedir-lhe ajuda do
paraíso celeste.
No terceiro milênio, as irmãs da Providência continuam a obra do
fundador nos seguintes países: Romênia, Moldávia, Togo, Índia, Bolívia,
Brasil, África do Sul, Uruguai e Argentina.
Padre Luís Scrosoppi foi proclamado santo pelo papa João Paulo II em
2001. Nessa solenidade estava presente um jovem sul-africano que foi
curado, em 1996, da Aids. Por esse motivo, esse mesmo pontífice declarou
São Luis Scrosoppi padroeiro dos portadores do vírus da Aids e de todos
os doentes incuráveis. O jovem sul-africano que se curou desse vírus
entrou no Oratório de São Felipe Néri, tomando o nome de Luís.
São Luís Scrosoppi, rogai por nós!
São Ricardo Bachedine
Ricardo Bachedine nasceu na Inglaterra em 1197, já em meio a uma
tragédia familiar: os pais, que eram nobres e ricos, de repente caíram
na miséria. Logo depois, morreram e deixaram-lhe como herança muitas
dívidas e um casal de irmãos. Por isso Ricardo teve de deixar os estudos
com os beneditinos em Worcester e voltou para casa para ajudar a
restaurar as finanças. A situação melhorou e ele voltou para os estudos,
deixando as propriedades aos cuidados de um bom administrador,
resguardando, assim, os irmãos de qualquer imprevisto.
Ricardo completou sua formação na Universidade de Oxford, onde foi
eleito reitor. Desde então, começou sua atuação em prol da Igreja, pois
eram anos de grande corrupção moral.
O povo, ignorante e supersticioso, aceitava passivamente a vida devassa
dos nobres e do clero, que há muito estava afastado da disciplina
monástica. Ricardo, ao contrário, vivia com austeridade e passou a lutar
por uma reforma geral nos meios católicos, para com isso elevar o nível
de vida do povo, tanto material quanto espiritual. Na universidade,
favoreceu a aceitação dos frades franciscanos e dominicanos, que aos
poucos instituíram a volta da disciplina e da humildade entre os
religiosos e seus agregados.
Essa postura acabou gerando retaliações do rei Henrique III ao bispo da
Cantuária, sob a orientação de quem Ricardo agia. Perseguido pelo rei, o
bispo buscou exílio na França e Ricardo o acompanhou fielmente até que
morresse. Foi neste período que, por insistência do bispo, ordenou-se
sacerdote, apesar dos seus quarenta e cinco anos. Os seus talentos e sua
dedicação foram recompensados um ano depois, quando o arcebispo da
Cantuária consagrou-o bispo de Chichester. Henrique III ficou furioso,
apossando-se dos bens da diocese e proibindo Ricardo de assumir seu
cargo.
Mas Ricardo não se intimidou, voltou disfarçado de mendigo e, na
clandestinidade, atuou durante dois anos, organizando o trabalho
pastoral da diocese junto ao povo explorado. Entretanto o papa Inocêncio
IV perdeu a calma e ameaçou excomungar o rei, que teve de aceitar
Ricardo como bispo de Chichester. Assim, ele pôde atuar com liberdade
até morrer, em Dover, no dia 3 de abril de 1253, a caminho de uma
cruzada.
Ricardo foi sepultado no cemitério da catedral de Chichester e sua
santidade era tanta que, nove anos depois, o papa Ubaldo IV o canonizou.
Em 1276, com a presença do casal real dos ingleses e outras cabeças
coroadas da Europa, o corpo de são Ricardo foi transferido para um
relicário dentro do altar maior da catedral, o qual depois foi destruído
pelo cismático rei Henrique VIII, em 1528. Mas suas relíquias foram
secretamente levadas para várias igrejas da diocese. Somente em 1990
elas foram reunidas e voltaram para a catedral de Chichester, onde foram
depositadas na urna sob o mesmo altar.
São Ricardo é festejado, tanto pelos católicos como pelos anglicanos, no
dia 3 de abril, sendo venerado como padroeiro dos cavaleiros e dos
cocheiros.
São Ricardo Bachedine, rogai por nós!