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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Cisma - Divisão Igreja Romana x Igreja Ortodoxa

Cisma

A causa principal do rompimento doutrinário que deu origem as Igrejas Ortodoxas e a Romana.
Se a Igreja, espalhada no conjunto da bacia mediterrânica e organizada em redor dos seus cinco patriarcados (Roma. Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém), soube guardar no princípio a sua unidade global, (seguramente, largos sectores da parte oriental da Igreja desligaram-se dela após o Concílio de Calcedônia - as Igrejas da Armênia, da Etiópia, do Egito), esta unidade tornar-se-á mais aleatória depois da queda do Império romano do Ocidente.

As divergências culturais - uso do latim no Ocidente, do grego no Oriente bem depressa cederão o passo às divergências de ordem político-religiosa que resultaram da separação do mundo mediterrânico em entidades políticas distintas. A anarquia merovíngia no Ocidente que, por muitas vezes, fez do papa o único elemento estável, reforça a autoridade jurídica do primeiro romano, o qual anteriormente desfrutava apenas de uma primazia de honra.

O desenvolvimento do Império de Carlos Magno (séculos VIII e IX) havia de acentuar esta tendência para ver na parte ocidental da Igreja o modelo e o guia de toda a Igreja. Na impossibilidade de se fazer reconhecer por Bizâncio, Carlos Magno será tentado a utilizar argumentos teológicos para demonstrar o caráter de subordinação do Império do Oriente, e, por conseqüência, igualmente da sua Igreja.
E muito embora os papas desta época tenham ainda reagido contra a introdução oficial de tais argumentos nos cânones da Igreja, o pomo de discórdia lançado pelos "livros de Carlos Magno" - a questão do Filioque - dividirá cada vez mais o Ocidente e o Oriente cristãos.

O Filioque - "o Espírito Santo procede do Pai e do Filho" - é um acrescentamento tardio, feito por um sínodo ocidental (Toledo, século VI), ao texto primitivo do Concílio de Nicéia que afirma que o "Espírito Santo procede do Pai." A ofensa pareceu muito grave aos olhos da parte oriental da Igreja, e isso por duas razões. Por um lado, um órgão eclesiástico - ocidental, na ocorrência - arrogou-se o direito, sem consultar o conjunto do corpo eclesial, de modificar uma formulação doutrinal elaborada por um concílio ecumênico que representava a Igreja universal.
A introdução do "Filioque" constituía, já só por si, uma ferida aberta na unidade da Igreja.
Por outro lado, o próprio conteúdo do acrescento manifesta uma divergência doutrinal profunda sobre a natureza de Deus.

Se para os Padres do Concílio de Nicéia o Espírito Santo não pode proceder senão do Pai porque Deus é, primeiro que tudo, pessoal - Pai, Filho e Espírito Santo, antes de ser Essência divina única - para os teólogos ocidentais de Toledo que seguem sobre este ponto o grande teólogo ocidental Sto Agostinho, Deus é, antes do mais, Essência divina única, o que permite então falar de uma dupla origem do Espírito Santo - do Pai "e do Filho." A introdução progressiva do "Filioque" no Ocidente será o índice das divergências doutrinais cada vez mais profundas que, por seu turno, terão repercussões sobre a doutrina da Igreja, pregada respectivamente pelas duas partes da cristandade, estas doutrinas divergentes que alargam reciprocamente o fosso que se vai cavar cada vez mais.

Na sua reação contra o cesaropapismo carolíngio. os papas acabarão por chegar a confundir cada vez mais a sua autoridade espiritual de patriarcas do Ocidente com uma autoridade jurídica de coerção, o seu primado de honra com o poder universal e absoluto. Em conseqüência, conforme já se disse ' , "reformando a Igreja do Ocidente, os papas tentaram estender as suas reformas ao Oriente e fracassaram. Este fracasso contribuiu ainda para apertar a unidade de uma cristandade ocidental monolítica e fechada sobre si mesma."

Um dos incidentes maiores desta luta manhosa devia ser a tentativa feita pelo papa Nicolau I de depor o patriarca de Constantinopla, Fócio, eleito regularmente, que respondeu com uma "encíclica," acusando o papa de heresia. Compreendiam-se cada vez menos, faltando cada vez mais uma linguagem comum. Em 1014, por ocasião da coroação do imperador Henrique II, a Igreja ocidental introduziu oficialmente na sua liturgia o uso do Filioque, decisão que precipitou o movimento de ruptura. agora inevitável.

Apesar do espírito muito compreensivo de alguns pontífices (como João VIII, 872-882) e do desejo dos Orientais de continuarem a ver na pessoa do Papa o primado de honra de toda a Igreja, as divergências culturais, doutrinais, políticas e eclesiásticas que cavavam um fosso cada vez mais profundo entre a parte ocidental e oriental da única Igreja de Cristo, acabaram por provocar a ruptura. Paradoxalmente, estas divergências aparecerão, no momento do drama, sob a forma de querelas incidentes sobre questões menores relativas aos ritos exteriores, tais como o uso do pão sem fermento, o celibato dos padres, etc.

Para regular estes diferendos, legados do papa Leão IX dirigiram-se a Constantinopla em 1054 onde, perante as reticências do patriarca que punha em dúvida a sua boa-fé, os emissários de Roma depuseram sobre o altar de Santa Sofia a bula de excomunhão que acusava os Gregos, entre outras coisas, de terem "subtraído (sic) o Filioque" da confissão de fé e de admitirem o casamento dos padres.

Em 1204, por ocasião do saque de Constantinopla pelos Cruzados latinos, o irreparável - sob o ponto de vista humano será consumado: não se falará mais, daí para diante, da Igreja de Cristo, mas da Igreja latina romana à qual faz frente a Igreja oriental ortodoxa.

Os concílios "de união" (Lião e Florença, nos séculos XIV e XV), pelos seus fracassos, apenas tornam mais doloroso o escândalo do primeiro grande cisma da Igreja que, rompendo o equilíbrio interno do Corpo de Cristo, abrirá a porta aos cismas posteriores da cristandade ocidental - a Reforma e as seqüelas de outras divisões. Daqui por diante, as duas partes da cristandade evoluirão separadamente.