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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Santo do Dia - 13 de novembro

Santo Estanislau Kostka

Religioso (1550-1568)

Em resposta às agressões do irmão, que também eram físicas, e as tentações da corte, o santo e penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos

 
 Santo Estanislau Kostka, penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos

O santo, que lembramos com muito carinho neste dia, nasceu na nobre e influente família dos Kostka, a qual possuía uma sólida vida de piedade familiar. Nasceu no castelo de Rostkow, na vila de Prasnitz (Polônia), a 28 de outubro de 1550. Nesse ambiente é que Estanislau cresceu na amizade e intimidade com Cristo.

 A semelhança do jovem santo polonês com o contemporâneo são Luís Gonzaga é extraordinária. Ambos provinham de rica e nobre família e conservavam a mesma candura em uma sociedade frívola, à qual se subtraíram com coragem, indo fazer parte da Companhia de Jesus.

Aos 14 anos, Estanislau foi confiado aos jesuítas de Viena  juntamente com seu irmão mais velho, Paulo. Devido a uma ordem do Imperador Maximiliano I, o internato jesuíta onde estudavam foi fechado, sobrando como refúgio o castelo de um príncipe luterano que, com Paulo, promoveu o calvário doméstico de Estanislau. Em resposta às agressões do irmão, que também eram físicas, e às tentações da corte, o santo e penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos: “Eu nasci para as coisas eternas e não para as coisas do mundo”.

Diante da pressão sofrida, a saúde de Estanislau cedeu; e, ao pedir que providenciassem um sacerdote para que pudesse comungar o Corpo de Cristo, recebeu a negativa dos homens, mas não a de Deus. Santa Bárbara apareceu-lhe, na companhia de anjos, portando Jesus Eucarístico e, em seguida, trazendo-lhe a saúde física, surgiu a Virgem Maria com o Menino Jesus.

Depois desse fato, o jovem discerniu sua vocação à vida religiosa como jesuíta, por isso, enfrentou familiares e, ousadamente, fugiu sozinho, a pé, e foi parar na Companhia de Jesus. Acolhido pelo Provincial, que o ouviu e se encantou com sua história, com somente 18 anos de idade, viveu apenas 9 meses no Noviciado porque adquiriu uma misteriosa febre e, antes de morrer, os sacerdotes ouviram do seus lábios sorridentes dizerem: “Maria veio buscar-me, acompanhada de virgens para me levar consigo”.

Dado que as autoridades austríacas haviam requisitado o edifício do colégio reservado para os estudantes forasteiros, Estanislau teve de recorrer a um quarto de aluguel, como todos os outros alunos, os quais, todavia, longe dos olhos dos severos mestres, foram presa fácil do belo mundo vienense.

Estanislau, ao contrário, manteve-se devoto e diligente, sem jamais deixar de freqüentar a vizinha igreja. Estava assim amadurecendo o propósito de consagrar-se ao Senhor e, para evitar a recusa do pai, voltou-se diretamente para o padre Pedro Canísio, provincial dos jesuítas e futuro santo.

Eludindo a vigilância do preceptor com um hábil estratagema, Estanislau deixou Viena na volta de Dillingen. A reação do pai foi mais violenta que a prevista: ameaçou de fazer expulsar todos os jesuítas da Polônia, mas o jovem não voltou atrás em seus passos. Foi enviado a Roma para completar o noviciado e os estudos de filosofia no Colégio Romano, acolhido por um outro santo, Francisco de Borja, em outubro de 1567.

Mas restava-lhe só um ano vida. Ele tinha prognosticado que morreria jovem, em um dia dedicado à Virgem, pela qual nutria uma terna devoção. Morreu efetivamente no dia da Assunção. Foi canonizado em 1767.


Santo Estanislau Kostka, rogai por nós!

 

domingo, 8 de outubro de 2023

8 de outubro - Santo do Dia

São Luis Beltran


Muito se ocupou com a salvação das almas, sem descuidar de profetizar e denunciar as injustiças cometidas contra os indígenas e os negros escravos.  Luis Beltran nasceu em Valência (Espanha) em 1526, e foi o tipo de jovem aventureiro, aberto aos desafios. Obediente a voz do Senhor, venceu a oposição do pai e ingressou na Ordem Dominicana para ser sacerdote.

Com passos largos em direção à santidade (tinha apenas 23 anos quando recebeu a ordenação sacerdotal), assumiu a importante função de mestre dos noviços, até que decidiu aventurar-se na evangelização do novo mundo. Na Colômbia, Luis Beltran muito se ocupou com a salvação das almas, sem descuidar de profetizar e denunciar as injustiças cometidas contra os indígenas e posteriormente contra os negros escravos.

O preço da conversão de milhares de indígenas espalhados por toda Colômbia foi o sofrimento promovido por exploradores espanhóis. Por duas vezes procuraram envenená-lo e em outras quatro ocasiões o assaltaram ameaçando-o de morte. São Luis não se deixou amedrontar e só voltou para a Espanha pela obediência aos superiores e com a intenção de melhor recrutar e formar apóstolos para a evangelização da América.

Este bondoso amigo de todos assumiu cargos de direção na Ordem Dominicana, exerceu com grande eficácia o ministério da pregação, chegando a operar inúmeras conversões e alcançar milagres. No ano de 1569 São Luis, já na Espanha como formador de futuros missionários, pôde partilhar com palavras o que viveu nas inúmeras missões. Ensinava que a arma mais eficaz na conversão das almas é uma intensa vida de oração e de muito sacrifício, e que a pregação necessita de ser acompanhada pelas boas obras, caso contrário, o mau exemplo destruiria de maneira fatal a proclamação da Boa Nova.

São Luis Beltran faleceu em Valência no ano de 1581, com 56 anos de idade. A tal ponto enriqueceu o povo e a Igreja com sua vivência missionária que o próprio pai, antes de morrer, declarou-lhe: “Meu filho, uma das coisas que mais me afligiu na vida foi ver-te frade, mas hoje, o que me consola é saber-te frade!”


São Luis Beltran, rogai por nós!


Santa Pelágia 

 Penitente (século IV)

São duas as santas com este nome — ou quatro, segundo o Martirológio romano. Mas trata-se de um desdobramento.

A primeira é uma jovem mártir de Antioquia, que se jogou da janela para evitar a perda da virgindade. São João Crisóstomo louva a sua coragem, dando origem a intermináveis discussões.


O mesmo santo bispo narra as vicissitudes de uma célebre atriz, belíssima tanto quanto dissoluta que, depois da conversão, levou vida austera de penitência. Mas não diz seu nome. Assim, um autor desconhecido, que se nomeia Tiago, julgou bom dar-lhe o nome de Pelágia e escrever um longo relato sobre sua história.

Ao chegar a Antioquia junto com uma companhia de comediantes, a mulher provocou logo escândalo em razão de “costumes vulgares”, virando a cabeça de vários homens, até do irmão do imperador. Conseguiu distrair o próprio bispo Nono: o bom velho se pôs a olhá-la enquanto se dirigia em procissão para o sínodo. 

Desta leviandade, o bispo extraiu um útil assunto para seu sermão: se uma mulher se embeleza desse modo para agradar a um simples mortal, como deveremos nós adornar nossa alma destinada às místicas núpcias com Deus? E com a oração e a boa palavra conseguiu realmente recolocar no redil aquela bela criatura. 

Pelágia mudou de vida, recebeu o batismo e se retirou para viver como eremita em uma cela escavada junto ao monte das Oliveiras.

O pseudo -Tiago acrescenta que a mulher, para não ser objeto de desejos, travestiu-se de homem e viveu longamente em penitência, purificando-se, assim, dos passados desregramentos.

 

A Virtude da Castidade 

Pelágia e tantos outros santos tinham a mesma convicção, e por isso não hesitaram em entregar a sua vida, afinal é melhor morrer para esse mundo do que padecer a eternidade no inferno. Essas mulheres, mártires por virtude da castidade, foram honradas com um culto público, porque aquele tirar-se a vida foi considerado como um ato de obediência a Deus. 

Muitas santas virgens assim agiram, como vimos e veremos no transcorrer dos dias e dos meses. Salvaram com a morte sua castidade. Essa atitude exalta a beleza e a virtude de modo heróico, enquanto, nos nossos dias, tantas pessoas se entregam aos prazeres da carne ou se deixam convencer a perder a sua virgindade para provarem que amam. Santa Pelágia preferiu provar seu amor a Jesus, e ali gozar das riquezas e prazeres celestes.

Minha oração

“Ó querida Pelágia, mesmo jovem, seu coração já estava maduro para compreender o valor da castidade por isso pedimos a tua virtude sobre nós para que possamos viver retamente e conscientemente. Que um dia cheguemos a amar a castidade mais que a nossa vida! Amém.”


Santa Pelágia, rogai por nós!


domingo, 2 de abril de 2023

2 de abril - Santo do Dia

 Santa Maria do Egito (Egípcia)


Maria do Egito foi canonizada como penitente porque escolheu essa forma de expiar os pecados cometidos numa vida de vícios mundanos. Entregou-se muito jovem ao mundo dos prazeres, sem regra nem moral.

Ela morreu em 431, mas temos sua confissão feita no deserto, um ano antes de morrer, ao monge Zózimo, também ele canonizado mais tarde. Nessa ocasião, ainda estava vagando penitente pelo deserto, era já uma senhora e contou ao monge sua história. Disse que fugiu de casa aos doze anos e se instalou em Alexandria, no Egito, vivendo de sua beleza e sedução, arrastando dezenas de almas ao torvelinho do vício. Vida que levou durante dezessete anos, até o dia de sua conversão, que ocorreu de forma muito significativa.

Por diversão e curiosidade fútil, Maria decidiu acompanhar os romeiros que se dirigiam à Terra Santa para a "Festa da Santa Cruz". Ao chegar à porta da igreja, entretanto, não conseguiu entrar. A multidão passava por ela e ia para o interior do templo sem nenhum problema, mas ela não conseguia pisar no solo sagrado. Uma força invisível a mantinha do lado de fora e, por mais que tentasse, suas pernas não obedeciam a seu comando.

Ela teve, então, um pensamento que lhe atingiu a mente como um raio. Uma voz lhe disse que seus pecados a tinham tornado indigna de comparecer diante de Deus, o que a fez chorar amargamente. Dali onde estava, podia ver uma imagem de Nossa Senhora. Maria rezou e pediu à Santíssima Mãe que intercedesse por ela. Prometeu viver na penitência do deserto o resto da vida, se Deus a perdoasse naquele momento. No mesmo instante, a força invisível sumiu e ela pôde, enfim, entrar.

Após ter confessado e comungado, a ex-mundana tornou-se totalmente uma penitente religiosa, vivendo já havia quarenta e sete anos no deserto, rezando e se alimentando de sementes, ervas e água. Retirou-se do mundo completamente. Um dia antes de morrer, foi encontrada, pelo monge Zózimo, andando sobre as águas do rio Jordão. Ele inicialmente julgou tratar-se de uma miragem, pois estava cumprindo a penitência da Quaresma, como era seu costume. Mas foi tranqüilizado por essa idosa penitente, Maria, que, depois dessa confissão, lhe pediu a eucaristia. Voltou para o deserto, onde faleceu no dia seguinte.

A morte de Maria só foi descoberta um ano depois, quando o monge, na mesma época, foi visitá-la novamente. Encontrou-a morta na solidão, mas seu corpo estava perfeitamente conservado. Apesar de parecer apenas uma tradição católica, no deserto do Egito foi encontrada uma sepultura contendo um corpo incorrupto de uma certa penitente de nome Maria, justamente no lugar indicado pelo santo monge, com anotações que correspondem a esse episódio.

Santa Maria do Egito é celebrada pelos católicos orientais e ocidentais no dia 2 de abril, data que ela deixou anotada como sendo da sua morte, e que corresponde à data indicada também por são Zózimo. 


Santa Maria do Egito, rogai por nós! 


Santo Abôndio
Segundo a tradição, Abôndio teria nascido na Tessalônica, Grécia. Alguns estudiosos não aceitam esta informação, porque o seu nome tem raiz latina e, além disso, não existe registro algum sobre sua vida antes de sua ordenação sacerdotal. Entretanto, temos dele uma rica documentação do exercício do seu apostolado e das vitórias que trouxe à Igreja.

Assim, começamos a narrá-lo a partir de 17 de novembro de 440, quando foi consagrado bispo de Como, Itália. Era nesta cidade que Abôndio vivia, exercendo a função de assistente do bispo Amâncio, o qual sucedeu.

Mas dirigiu por pouco tempo essa diocese, pois o papa Leão Magno o chamou para trabalhar a seu lado em Roma. Abôndio era um teólogo muito conceituado, falava com fluência o latim e o grego, por isso foi designado para resolver uma missão delicada, até mesmo perigosa, para a Igreja. Deveria ir para Constantinopla como representante do papa junto ao imperador Teodósio II. Ali sua missão seria restabelecer de modo duradouro a unidade da fé, depois do conflito doutrinal gerado pelo  bispo Nestório. Tal heresia, conhecida como nestoriana, estava ocasionando uma séria divisão dentro do clero da Igreja, pois tratava sobre a pessoa humana e divina de Cristo.

Embora as discussões pudessem ser feitas em Roma, um território neutro, como Constantinopla, era mais prudente para evitar algum ataque pessoal mais grave. Mas quando chegou, em 450, o imperador havia morrido e o sucessor era Marciano. Assim, organizou e presidiu um Concílio, no qual defendeu com tenacidade a doutrina católica sobre a natureza de Cristo, tal como estava exposta na carta escrita pelo papa ao bispo Flaviano, patriarca de Constantinopla que havia aderido ao cisma, e da qual Abôndio era seu portador.

Abôndio finalizou com sucesso a sua missão em Constantinopla, com todos os bispos do Oriente, inclusive o imperador Marciano, aceitando e assinando o documento enviado pelo papa, colocando um fim na questão nestoriana. Quando regressou para Roma em 451, foi acolhido com festa pelos fiéis. Cumpriu uma outra missão similar no norte da Itália e foi para a sua diocese em Como. Só então pôde exercer seu episcopado plenamente, sendo reconhecido em toda a região como um eficiente e iluminado pregador.

Abôndio morreu em 2 abril de 469, no dia da Páscoa, e logo após ter feito o sermão. O culto a santo Abôndio se espalhou entre os fiéis, que em certas localidades passaram a homenageá-lo no dia 31 de agosto. Mas sua festa oficial ocorre no dia de sua morte. 


Santo Abôndio, rogai por nós!


São Francisco de Paula

Tiago era um simples lavrador que extraia do campo o sustento da família. Muito católico, tinha o costume de rezar enquanto trabalhava, fazia seguidos jejuns, penitências e praticava boas obras. Sua esposa chamava-se Viena e, como ele, era boa, virtuosa e o acompanhava nos preceitos religiosos. Demoraram a ter um filho, tanto que pediram a são Francisco de Assis pela intercessão da graça de terem uma criança, cuja  vida seria entregue a serviço de Deus, se essa fosse sua vontade. E foi o  que aconteceu: no dia 27 de março de 1416, nasceu um menino que recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao Pobrezinho de Assis.

Aos onze anos, Francisco foi viver no convento dos franciscanos de Paula, dois anos depois vestiu o hábito, mas teve de retornar para a família, pois estava com uma grave enfermidade nos olhos. Junto com seus pais, pediu para que são Francisco de Assis o ajudasse a ficar curado. Como agradecimento pela graça concedida, a família seguiu em peregrinação para o santuário de Assis, e depois a Roma. Nessa viagem, Francisco recebeu a intuição de tornar-se um eremita. Assim, aos treze anos foi dedicar-se à oração contemplativa e à penitência nas montanhas da região.
Viveu por cinco anos alimentando-se de ervas silvestres e água, dormindo no chão, tendo como travesseiro uma pedra. Foi encontrado por um caçador, que teve seu ferimento curado ao toque das mãos de Francisco, que o acolheu ao vê-lo ferido.

Depois disso, começou a receber vários discípulos desejosos de seguir seu exemplo de vida dedicada a Deus. Logo Francisco de Paula, como era chamado, estava à frente de uma grande comunidade religiosa. Fundou, primeiro, um mosteiro e com isso consolidou uma nova ordem religiosa, a que deu o nome de "Irmãos Mínimos". As Regras foram elaboradas por ele mesmo. Seu lema era: "Quaresma perpétua", o que significava a observância do rigor da penitência, do jejum e da oração contemplativa durante o ano todo, seguida da caridade aos mais necessitados e a todos que recorressem a eles.

Milhares de homens decidiram abandonar a vida do mundo e foram para o mosteiro de Francisco de Paula, por isso teve de fundar muitos outros. A fama de seus dons de cura, prodígios e profecia chegou ao Vaticano, e o papa Paulo II resolveu mandar um comissário pessoalmente averiguar se as informações estavam corretas. E elas estavam, constatou-se que Francisco de Paula era portador de todos esses dons. Ele previu a tomada de Constantinopla pelos turcos, muitos anos antes que fosse sequer cogitada, assim como a queda de Otranto e sua reconquista pelos cristãos.

Diz a tradição que os poderosos da época tinham receio de suas palavras proféticas, por isso, sempre que Francisco solicitava ajuda para suas obras de caridade, era prontamente atendido. Quando não o era, ele dizia que não deviam esquecer que Jesus dissera que depois da morte eles seriam inquiridos sobre o tipo de administração que fizeram aqui na terra, e só essa lembrança era o bastante para receber o que havia pedido para os pobres.
Depois, o papa Sixto IV mandou que Francisco de Paula fosse à França, pois o rei, Luís XI, estava muito doente e desejava preparar-se para a morte ao lado do famoso monge. A conversão do rei foi extraordinária. Antes de morrer, restabeleceu a paz com a Inglaterra e com a Espanha e  nomeou Francisco de Paula diretor espiritual do seu filho, o futuro Carlos VIII, rei da França.

Francisco de Paula teve a felicidade de ver a Ordem dos Irmãos Mínimos  aprovada pela Santa Sé em 1506. Ele morreu aos noventa e um anos de  idade, no dia 2 de abril de 1507, na cidade francesa de Plessis-les-Tours, onde havia fundado outro mosteiro. A fama de sua santidade só fez aumentar, tanto que doze anos depois, em 1519, o papa Leão X autorizou o culto de são Francisco de Paula, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte. 

Oração
Ó glorioso São Francisco de Paula que tanto vos aprofundastes na humildade, único alicerce de todas as virtudes, alcançando através dela um grande prestígio junto de Deus, a tal ponto de jamais lhe terdes pedido graça alguma que prontamente não vos fosse concedida. Aqui venho aos vossos pés para suplicar-vos. Extinga do meu coração todo afeto de soberba e vaidade e em seu lugar floresçam os preciosos frutos da humildade para que possa Ser verdadeiro devoto e imitador vosso e merecer o grande patrocínio que de vossa eficaz intercessão espero e rogo me alcanceis de Deus a graça de que tanto necessito não sendo contra a vontade do Altíssimo. Amém.

A minha oração
“Ó Francisco, grande milagreiro e exemplo de vida devota, ajudai-nos a viver uma vida profundamente piedosa. Ensina-nos o caminho da penitência e da pobreza que me cabe, mas sobretudo o amor e a santidade”. Amém.


São Francisco de Paula, rogai por nós!

 

sábado, 8 de outubro de 2022

Santo do Dia - 8 de outubro

São Luis Beltran


Muito se ocupou com a salvação das almas, sem descuidar de profetizar e denunciar as injustiças cometidas contra os indígenas e os negros escravos.  Luis Beltran nasceu em Valência (Espanha) em 1526, e foi o tipo de jovem aventureiro, aberto aos desafios. Obediente a voz do Senhor, venceu a oposição do pai e ingressou na Ordem Dominicana para ser sacerdote.

Com passos largos em direção à santidade (tinha apenas 23 anos quando recebeu a ordenação sacerdotal), assumiu a importante função de mestre dos noviços, até que decidiu aventurar-se na evangelização do novo mundo. Na Colômbia, Luis Beltran muito se ocupou com a salvação das almas, sem descuidar de profetizar e denunciar as injustiças cometidas contra os indígenas e posteriormente contra os negros escravos.

O preço da conversão de milhares de indígenas espalhados por toda Colômbia foi o sofrimento promovido por exploradores espanhóis. Por duas vezes procuraram envenená-lo e em outras quatro ocasiões o assaltaram ameaçando-o de morte. São Luis não se deixou amedrontar e só voltou para a Espanha pela obediência aos superiores e com a intenção de melhor recrutar e formar apóstolos para a evangelização da América.

Este bondoso amigo de todos assumiu cargos de direção na Ordem Dominicana, exerceu com grande eficácia o ministério da pregação, chegando a operar inúmeras conversões e alcançar milagres. No ano de 1569 São Luis, já na Espanha como formador de futuros missionários, pôde partilhar com palavras o que viveu nas inúmeras missões. Ensinava que a arma mais eficaz na conversão das almas é uma intensa vida de oração e de muito sacrifício, e que a pregação necessita de ser acompanhada pelas boas obras, caso contrário, o mau exemplo destruiria de maneira fatal a proclamação da Boa Nova.

São Luis Beltran faleceu em Valência no ano de 1581, com 56 anos de idade. A tal ponto enriqueceu o povo e a Igreja com sua vivência missionária que o próprio pai, antes de morrer, declarou-lhe: “Meu filho, uma das coisas que mais me afligiu na vida foi ver-te frade, mas hoje, o que me consola é saber-te frade!”


São Luis Beltran, rogai por nós!


Santa Pelágia 

 Penitente (século IV)

São duas as santas com este nome — ou quatro, segundo o Martirológio romano. Mas trata-se de um desdobramento.

A primeira é uma jovem mártir de Antioquia, que se jogou da janela para evitar a perda da virgindade. São João Crisóstomo louva a sua coragem, dando origem a intermináveis discussões.


O mesmo santo bispo narra as vicissitudes de uma célebre atriz, belíssima tanto quanto dissoluta que, depois da conversão, levou vida austera de penitência. Mas não diz seu nome. Assim, um autor desconhecido, que se nomeia Tiago, julgou bom dar-lhe o nome de Pelágia e escrever um longo relato sobre sua história.

Ao chegar a Antioquia junto com uma companhia de comediantes, a mulher provocou logo escândalo em razão de “costumes vulgares”, virando a cabeça de vários homens, até do irmão do imperador. Conseguiu distrair o próprio bispo Nono: o bom velho se pôs a olhá-la enquanto se dirigia em procissão para o sínodo. 

Desta leviandade, o bispo extraiu um útil assunto para seu sermão: se uma mulher se embeleza desse modo para agradar a um simples mortal, como deveremos nós adornar nossa alma destinada às místicas núpcias com Deus? E com a oração e a boa palavra conseguiu realmente recolocar no redil aquela bela criatura. 

Pelágia mudou de vida, recebeu o batismo e se retirou para viver como eremita em uma cela escavada junto ao monte das Oliveiras.

O pseudo -Tiago acrescenta que a mulher, para não ser objeto de desejos, travestiu-se de homem e viveu longamente em penitência, purificando-se, assim, dos passados desregramentos.

 

A Virtude da Castidade 

Pelágia e tantos outros santos tinham a mesma convicção, e por isso não hesitaram em entregar a sua vida, afinal é melhor morrer para esse mundo do que padecer a eternidade no inferno. Essas mulheres, mártires por virtude da castidade, foram honradas com um culto público, porque aquele tirar-se a vida foi considerado como um ato de obediência a Deus. 

Muitas santas virgens assim agiram, como vimos e veremos no transcorrer dos dias e dos meses. Salvaram com a morte sua castidade. Essa atitude exalta a beleza e a virtude de modo heróico, enquanto, nos nossos dias, tantas pessoas se entregam aos prazeres da carne ou se deixam convencer a perder a sua virgindade para provarem que amam. Santa Pelágia preferiu provar seu amor a Jesus, e ali gozar das riquezas e prazeres celestes.

Minha oração

“Ó querida Pelágia, mesmo jovem, seu coração já estava maduro para compreender o valor da castidade por isso pedimos a tua virtude sobre nós para que possamos viver retamente e conscientemente. Que um dia cheguemos a amar a castidade mais que a nossa vida! Amém.”


Santa Pelágia, rogai por nós!

 

sábado, 2 de abril de 2022

2 de abril - Santo do Dia

Santa Maria do Egito (Egípcia)


Maria do Egito foi canonizada como penitente porque escolheu essa forma de expiar os pecados cometidos numa vida de vícios mundanos. Entregou-se muito jovem ao mundo dos prazeres, sem regra nem moral.

Ela morreu em 431, mas temos sua confissão feita no deserto, um ano antes de morrer, ao monge Zózimo, também ele canonizado mais tarde. Nessa ocasião, ainda estava vagando penitente pelo deserto, era já uma senhora e contou ao monge sua história. Disse que fugiu de casa aos doze anos e se instalou em Alexandria, no Egito, vivendo de sua beleza e sedução, arrastando dezenas de almas ao torvelinho do vício. Vida que levou durante dezessete anos, até o dia de sua conversão, que ocorreu de forma muito significativa.

Por diversão e curiosidade fútil, Maria decidiu acompanhar os romeiros que se dirigiam à Terra Santa para a "Festa da Santa Cruz". Ao chegar à porta da igreja, entretanto, não conseguiu entrar. A multidão passava por ela e ia para o interior do templo sem nenhum problema, mas ela não conseguia pisar no solo sagrado. Uma força invisível a mantinha do lado de fora e, por mais que tentasse, suas pernas não obedeciam a seu comando.

Ela teve, então, um pensamento que lhe atingiu a mente como um raio. Uma voz lhe disse que seus pecados a tinham tornado indigna de comparecer diante de Deus, o que a fez chorar amargamente. Dali onde estava, podia ver uma imagem de Nossa Senhora. Maria rezou e pediu à Santíssima Mãe que intercedesse por ela. Prometeu viver na penitência do deserto o resto da vida, se Deus a perdoasse naquele momento. No mesmo instante, a força invisível sumiu e ela pôde, enfim, entrar.

Após ter confessado e comungado, a ex-mundana tornou-se totalmente uma penitente religiosa, vivendo já havia quarenta e sete anos no deserto, rezando e se alimentando de sementes, ervas e água. Retirou-se do mundo completamente. Um dia antes de morrer, foi encontrada, pelo monge Zózimo, andando sobre as águas do rio Jordão. Ele inicialmente julgou tratar-se de uma miragem, pois estava cumprindo a penitência da Quaresma, como era seu costume. Mas foi tranqüilizado por essa idosa penitente, Maria, que, depois dessa confissão, lhe pediu a eucaristia. Voltou para o deserto, onde faleceu no dia seguinte.

A morte de Maria só foi descoberta um ano depois, quando o monge, na mesma época, foi visitá-la novamente. Encontrou-a morta na solidão, mas seu corpo estava perfeitamente conservado. Apesar de parecer apenas uma tradição católica, no deserto do Egito foi encontrada uma sepultura contendo um corpo incorrupto de uma certa penitente de nome Maria, justamente no lugar indicado pelo santo monge, com anotações que correspondem a esse episódio.

Santa Maria do Egito é celebrada pelos católicos orientais e ocidentais no dia 2 de abril, data que ela deixou anotada como sendo da sua morte, e que corresponde à data indicada também por são Zózimo. 


Santa Maria do Egito, rogai por nós! 


Santo Abôndio
Segundo a tradição, Abôndio teria nascido na Tessalônica, Grécia. Alguns estudiosos não aceitam esta informação, porque o seu nome tem raiz latina e, além disso, não existe registro algum sobre sua vida antes de sua ordenação sacerdotal. Entretanto, temos dele uma rica documentação do exercício do seu apostolado e das vitórias que trouxe à Igreja.

Assim, começamos a narrá-lo a partir de 17 de novembro de 440, quando foi consagrado bispo de Como, Itália. Era nesta cidade que Abôndio vivia, exercendo a função de assistente do bispo Amâncio, o qual sucedeu.

Mas dirigiu por pouco tempo essa diocese, pois o papa Leão Magno o chamou para trabalhar a seu lado em Roma. Abôndio era um teólogo muito conceituado, falava com fluência o latim e o grego, por isso foi designado para resolver uma missão delicada, até mesmo perigosa, para a Igreja. Deveria ir para Constantinopla como representante do papa junto ao imperador Teodósio II. Ali sua missão seria restabelecer de modo duradouro a unidade da fé, depois do conflito doutrinal gerado pelo  bispo Nestório. Tal heresia, conhecida como nestoriana, estava ocasionando uma séria divisão dentro do clero da Igreja, pois tratava sobre a pessoa humana e divina de Cristo.

Embora as discussões pudessem ser feitas em Roma, um território neutro, como Constantinopla, era mais prudente para evitar algum ataque pessoal mais grave. Mas quando chegou, em 450, o imperador havia morrido e o sucessor era Marciano. Assim, organizou e presidiu um Concílio, no qual defendeu com tenacidade a doutrina católica sobre a natureza de Cristo, tal como estava exposta na carta escrita pelo papa ao bispo Flaviano, patriarca de Constantinopla que havia aderido ao cisma, e da qual Abôndio era seu portador.

Abôndio finalizou com sucesso a sua missão em Constantinopla, com todos os bispos do Oriente, inclusive o imperador Marciano, aceitando e assinando o documento enviado pelo papa, colocando um fim na questão nestoriana. Quando regressou para Roma em 451, foi acolhido com festa pelos fiéis. Cumpriu uma outra missão similar no norte da Itália e foi para a sua diocese em Como. Só então pôde exercer seu episcopado plenamente, sendo reconhecido em toda a região como um eficiente e iluminado pregador.

Abôndio morreu em 2 abril de 469, no dia da Páscoa, e logo após ter feito o sermão. O culto a santo Abôndio se espalhou entre os fiéis, que em certas localidades passaram a homenageá-lo no dia 31 de agosto. Mas sua festa oficial ocorre no dia de sua morte. 


Santo Abôndio, rogai por nós!


São Francisco de Paula

Tiago era um simples lavrador que extraia do campo o sustento da família. Muito católico, tinha o costume de rezar enquanto trabalhava, fazia seguidos jejuns, penitências e praticava boas obras. Sua esposa chamava-se Viena e, como ele, era boa, virtuosa e o acompanhava nos preceitos religiosos. Demoraram a ter um filho, tanto que pediram a são Francisco de Assis pela intercessão da graça de terem uma criança, cuja  vida seria entregue a serviço de Deus, se essa fosse sua vontade. E foi o  que aconteceu: no dia 27 de março de 1416, nasceu um menino que recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao Pobrezinho de Assis.

Aos onze anos, Francisco foi viver no convento dos franciscanos de Paula, dois anos depois vestiu o hábito, mas teve de retornar para a família, pois estava com uma grave enfermidade nos olhos. Junto com seus pais, pediu para que são Francisco de Assis o ajudasse a ficar curado. Como agradecimento pela graça concedida, a família seguiu em peregrinação para o santuário de Assis, e depois a Roma. Nessa viagem, Francisco recebeu a intuição de tornar-se um eremita. Assim, aos treze anos foi dedicar-se à oração contemplativa e à penitência nas montanhas da região.
Viveu por cinco anos alimentando-se de ervas silvestres e água, dormindo no chão, tendo como travesseiro uma pedra. Foi encontrado por um caçador, que teve seu ferimento curado ao toque das mãos de Francisco, que o acolheu ao vê-lo ferido.

Depois disso, começou a receber vários discípulos desejosos de seguir seu exemplo de vida dedicada a Deus. Logo Francisco de Paula, como era chamado, estava à frente de uma grande comunidade religiosa. Fundou, primeiro, um mosteiro e com isso consolidou uma nova ordem religiosa, a que deu o nome de "Irmãos Mínimos". As Regras foram elaboradas por ele mesmo. Seu lema era: "Quaresma perpétua", o que significava a observância do rigor da penitência, do jejum e da oração contemplativa durante o ano todo, seguida da caridade aos mais necessitados e a todos que recorressem a eles.

Milhares de homens decidiram abandonar a vida do mundo e foram para o mosteiro de Francisco de Paula, por isso teve de fundar muitos outros. A fama de seus dons de cura, prodígios e profecia chegou ao Vaticano, e o papa Paulo II resolveu mandar um comissário pessoalmente averiguar se as informações estavam corretas. E elas estavam, constatou-se que Francisco de Paula era portador de todos esses dons. Ele previu a tomada de Constantinopla pelos turcos, muitos anos antes que fosse sequer cogitada, assim como a queda de Otranto e sua reconquista pelos cristãos.

Diz a tradição que os poderosos da época tinham receio de suas palavras proféticas, por isso, sempre que Francisco solicitava ajuda para suas obras de caridade, era prontamente atendido. Quando não o era, ele dizia que não deviam esquecer que Jesus dissera que depois da morte eles seriam inquiridos sobre o tipo de administração que fizeram aqui na terra, e só essa lembrança era o bastante para receber o que havia pedido para os pobres.
Depois, o papa Sixto IV mandou que Francisco de Paula fosse à França, pois o rei, Luís XI, estava muito doente e desejava preparar-se para a morte ao lado do famoso monge. A conversão do rei foi extraordinária. Antes de morrer, restabeleceu a paz com a Inglaterra e com a Espanha e  nomeou Francisco de Paula diretor espiritual do seu filho, o futuro Carlos VIII, rei da França.

Francisco de Paula teve a felicidade de ver a Ordem dos Irmãos Mínimos  aprovada pela Santa Sé em 1506. Ele morreu aos noventa e um anos de  idade, no dia 2 de abril de 1507, na cidade francesa de Plessis-les-Tours, onde havia fundado outro mosteiro. A fama de sua santidade só fez aumentar, tanto que doze anos depois, em 1519, o papa Leão X autorizou o culto de são Francisco de Paula, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte. 

Oração
Ó glorioso São Francisco de Paula que tanto vos aprofundastes na humildade, único alicerce de todas as virtudes, alcançando através dela um grande prestígio junto de Deus, a tal ponto de jamais lhe terdes pedido graça alguma que prontamente não vos fosse concedida. Aqui venho aos vossos pés para suplicar-vos. Extinga do meu coração todo afeto de soberba e vaidade e em seu lugar floresçam os preciosos frutos da humildade para que possa Ser verdadeiro devoto e imitador vosso e merecer o grande patrocínio que de vossa eficaz intercessão espero e rogo me alcanceis de Deus a graça de que tanto necessito não sendo contra a vontade do Altíssimo. Amém.

A minha oração
“Ó Francisco, grande milagreiro e exemplo de vida devota, ajudai-nos a viver uma vida profundamente piedosa. Ensina-nos o caminho da penitência e da pobreza que me cabe, mas sobretudo o amor e a santidade”. Amém.


São Francisco de Paula, rogai por nós!

 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

2 de abril - Santo do Dia

Santa Maria do Egito (Egípcia)


Maria do Egito foi canonizada como penitente porque escolheu essa forma de expiar os pecados cometidos numa vida de vícios mundanos. Entregou-se muito jovem ao mundo dos prazeres, sem regra nem moral.

Ela morreu em 431, mas temos sua confissão feita no deserto, um ano antes de morrer, ao monge Zózimo, também ele canonizado mais tarde. Nessa ocasião, ainda estava vagando penitente pelo deserto, era já uma senhora e contou ao monge sua história. Disse que fugiu de casa aos doze anos e se instalou em Alexandria, no Egito, vivendo de sua beleza e sedução, arrastando dezenas de almas ao torvelinho do vício. Vida que levou durante dezessete anos, até o dia de sua conversão, que ocorreu de forma muito significativa.

Por diversão e curiosidade fútil, Maria decidiu acompanhar os romeiros que se dirigiam à Terra Santa para a "Festa da Santa Cruz". Ao chegar à porta da igreja, entretanto, não conseguiu entrar. A multidão passava por ela e ia para o interior do templo sem nenhum problema, mas ela não conseguia pisar no solo sagrado. Uma força invisível a mantinha do lado de fora e, por mais que tentasse, suas pernas não obedeciam a seu comando.

Ela teve, então, um pensamento que lhe atingiu a mente como um raio. Uma voz lhe disse que seus pecados a tinham tornado indigna de comparecer diante de Deus, o que a fez chorar amargamente. Dali onde estava, podia ver uma imagem de Nossa Senhora. Maria rezou e pediu à Santíssima Mãe que intercedesse por ela. Prometeu viver na penitência do deserto o resto da vida, se Deus a perdoasse naquele momento. No mesmo instante, a força invisível sumiu e ela pôde, enfim, entrar.

Após ter confessado e comungado, a ex-mundana tornou-se totalmente uma penitente religiosa, vivendo já havia quarenta e sete anos no deserto, rezando e se alimentando de sementes, ervas e água. Retirou-se do mundo completamente. Um dia antes de morrer, foi encontrada, pelo monge Zózimo, andando sobre as águas do rio Jordão. Ele inicialmente julgou tratar-se de uma miragem, pois estava cumprindo a penitência da Quaresma, como era seu costume. Mas foi tranqüilizado por essa idosa penitente, Maria, que, depois dessa confissão, lhe pediu a eucaristia. Voltou para o deserto, onde faleceu no dia seguinte.

A morte de Maria só foi descoberta um ano depois, quando o monge, na mesma época, foi visitá-la novamente. Encontrou-a morta na solidão, mas seu corpo estava perfeitamente conservado. Apesar de parecer apenas uma tradição católica, no deserto do Egito foi encontrada uma sepultura contendo um corpo incorrupto de uma certa penitente de nome Maria, justamente no lugar indicado pelo santo monge, com anotações que correspondem a esse episódio.

Santa Maria do Egito é celebrada pelos católicos orientais e ocidentais no dia 2 de abril, data que ela deixou anotada como sendo da sua morte, e que corresponde à data indicada também por são Zózimo. 


Santa Maria do Egito, rogai por nós! 


Santo Abôndio
Segundo a tradição, Abôndio teria nascido na Tessalônica, Grécia. Alguns estudiosos não aceitam esta informação, porque o seu nome tem raiz latina e, além disso, não existe registro algum sobre sua vida antes de sua ordenação sacerdotal. Entretanto, temos dele uma rica documentação do exercício do seu apostolado e das vitórias que trouxe à Igreja.

Assim, começamos a narrá-lo a partir de 17 de novembro de 440, quando foi consagrado bispo de Como, Itália. Era nesta cidade que Abôndio vivia, exercendo a função de assistente do bispo Amâncio, o qual sucedeu.

Mas dirigiu por pouco tempo essa diocese, pois o papa Leão Magno o chamou para trabalhar a seu lado em Roma. Abôndio era um teólogo muito conceituado, falava com fluência o latim e o grego, por isso foi designado para resolver uma missão delicada, até mesmo perigosa, para a Igreja. Deveria ir para Constantinopla como representante do papa junto ao imperador Teodósio II. Ali sua missão seria restabelecer de modo duradouro a unidade da fé, depois do conflito doutrinal gerado pelo  bispo Nestório. Tal heresia, conhecida como nestoriana, estava ocasionando uma séria divisão dentro do clero da Igreja, pois tratava sobre a pessoa humana e divina de Cristo.

Embora as discussões pudessem ser feitas em Roma, um território neutro, como Constantinopla, era mais prudente para evitar algum ataque pessoal mais grave. Mas quando chegou, em 450, o imperador havia morrido e o sucessor era Marciano. Assim, organizou e presidiu um Concílio, no qual defendeu com tenacidade a doutrina católica sobre a natureza de Cristo, tal como estava exposta na carta escrita pelo papa ao bispo Flaviano, patriarca de Constantinopla que havia aderido ao cisma, e da qual Abôndio era seu portador.

Abôndio finalizou com sucesso a sua missão em Constantinopla, com todos os bispos do Oriente, inclusive o imperador Marciano, aceitando e assinando o documento enviado pelo papa, colocando um fim na questão nestoriana. Quando regressou para Roma em 451, foi acolhido com festa pelos fiéis. Cumpriu uma outra missão similar no norte da Itália e foi para a sua diocese em Como. Só então pôde exercer seu episcopado plenamente, sendo reconhecido em toda a região como um eficiente e iluminado pregador.

Abôndio morreu em 2 abril de 469, no dia da Páscoa, e logo após ter feito o sermão. O culto a santo Abôndio se espalhou entre os fiéis, que em certas localidades passaram a homenageá-lo no dia 31 de agosto. Mas sua festa oficial ocorre no dia de sua morte. 


Santo Abôndio, rogai por nós!


São Francisco de Paula

Tiago era um simples lavrador que extraia do campo o sustento da família. Muito católico, tinha o costume de rezar enquanto trabalhava, fazia seguidos jejuns, penitências e praticava boas obras. Sua esposa chamava-se Viena e, como ele, era boa, virtuosa e o acompanhava nos preceitos religiosos. Demoraram a ter um filho, tanto que pediram a são Francisco de Assis pela intercessão da graça de terem uma criança, cuja  vida seria entregue a serviço de Deus, se essa fosse sua vontade. E foi o  que aconteceu: no dia 27 de março de 1416, nasceu um menino que recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao Pobrezinho de Assis.

Aos onze anos, Francisco foi viver no convento dos franciscanos de Paula, dois anos depois vestiu o hábito, mas teve de retornar para a família, pois estava com uma grave enfermidade nos olhos. Junto com seus pais, pediu para que são Francisco de Assis o ajudasse a ficar curado. Como agradecimento pela graça concedida, a família seguiu em peregrinação para o santuário de Assis, e depois a Roma. Nessa viagem, Francisco recebeu a intuição de tornar-se um eremita. Assim, aos treze anos foi dedicar-se à oração contemplativa e à penitência nas montanhas da região.
Viveu por cinco anos alimentando-se de ervas silvestres e água, dormindo no chão, tendo como travesseiro uma pedra. Foi encontrado por um caçador, que teve seu ferimento curado ao toque das mãos de Francisco, que o acolheu ao vê-lo ferido.

Depois disso, começou a receber vários discípulos desejosos de seguir seu exemplo de vida dedicada a Deus. Logo Francisco de Paula, como era chamado, estava à frente de uma grande comunidade religiosa. Fundou, primeiro, um mosteiro e com isso consolidou uma nova ordem religiosa, a que deu o nome de "Irmãos Mínimos". As Regras foram elaboradas por ele mesmo. Seu lema era: "Quaresma perpétua", o que significava a observância do rigor da penitência, do jejum e da oração contemplativa durante o ano todo, seguida da caridade aos mais necessitados e a todos que recorressem a eles.

Milhares de homens decidiram abandonar a vida do mundo e foram para o mosteiro de Francisco de Paula, por isso teve de fundar muitos outros. A fama de seus dons de cura, prodígios e profecia chegou ao Vaticano, e o papa Paulo II resolveu mandar um comissário pessoalmente averiguar se as informações estavam corretas. E elas estavam, constatou-se que Francisco de Paula era portador de todos esses dons. Ele previu a tomada de Constantinopla pelos turcos, muitos anos antes que fosse sequer cogitada, assim como a queda de Otranto e sua reconquista pelos cristãos.

Diz a tradição que os poderosos da época tinham receio de suas palavras proféticas, por isso, sempre que Francisco solicitava ajuda para suas obras de caridade, era prontamente atendido. Quando não o era, ele dizia que não deviam esquecer que Jesus dissera que depois da morte eles seriam inquiridos sobre o tipo de administração que fizeram aqui na terra, e só essa lembrança era o bastante para receber o que havia pedido para os pobres.


Depois, o papa Sixto IV mandou que Francisco de Paula fosse à França, pois o rei, Luís XI, estava muito doente e desejava preparar-se para a morte ao lado do famoso monge. A conversão do rei foi extraordinária. Antes de morrer, restabeleceu a paz com a Inglaterra e com a Espanha e  nomeou Francisco de Paula diretor espiritual do seu filho, o futuro Carlos VIII, rei da França.

Francisco de Paula teve a felicidade de ver a Ordem dos Irmãos Mínimos  aprovada pela Santa Sé em 1506. Ele morreu aos noventa e um anos de  idade, no dia 2 de abril de 1507, na cidade francesa de Plessis-les-Tours, onde havia fundado outro mosteiro. A fama de sua santidade só fez aumentar, tanto que doze anos depois, em 1519, o papa Leão X autorizou o culto de são Francisco de Paula, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte. 


São Francisco de Paula, rogai por nós!


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Santo do dia - 13 de novembro

Santo Estanislau Kostka


Religioso (1550-1568)

Em resposta às agressões do irmão, que também eram físicas, e as tentações da corte, o santo e penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos
 Santo Estanislau Kostka, penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos

O santo, que lembramos com muito carinho neste dia, nasceu na nobre e influente família dos Kostka, a qual possuía uma sólida vida de piedade familiar. Nasceu no castelo de Rostkow, na vila de Prasnitz (Polônia), a 28 de outubro de 1550. Nesse ambiente é que Estanislau cresceu na amizade e intimidade com Cristo.

 A semelhança do jovem santo polonês com o contemporâneo são Luís Gonzaga é extraordinária. Ambos provinham de rica e nobre família e conservavam a mesma candura em uma sociedade frívola, à qual se subtraíram com coragem, indo fazer parte da Companhia de Jesus.

Aos 13 anos, Estanislau foi confiado aos jesuítas de Viena para completar os estudos. Dado que as autoridades austríacas haviam requisitado o edifício do colégio reservado para os estudantes forasteiros, Estanislau teve de recorrer a um quarto de aluguel, como todos os outros alunos, os quais, todavia, longe dos olhos dos severos mestres, foram presa fácil do belo mundo vienense.

Estanislau, ao contrário, manteve-se devoto e diligente, sem jamais deixar de freqüentar a vizinha igreja. Estava assim amadurecendo o propósito de consagrar-se ao Senhor e, para evitar a recusa do pai, voltou-se diretamente para o padre Pedro Canísio, provincial dos jesuítas e futuro santo.

Eludindo a vigilância do preceptor com um hábil estratagema, Estanislau deixou Viena na volta de Dillingen. A reação do pai foi mais violenta que a prevista: ameaçou de fazer expulsar todos os jesuítas da Polônia, mas o jovem não voltou atrás em seus passos. Foi enviado a Roma para completar o noviciado e os estudos de filosofia no Colégio Romano, acolhido por um outro santo, Francisco de Borja, em outubro de 1567.

Mas restava-lhe só um ano vida. Ele tinha prognosticado que morreria jovem, em um dia dedicado à Virgem, pela qual nutria uma terna devoção. Morreu efetivamente no dia da Assunção. Foi canonizado em 1767.


Santo Estanislau Kostka, rogai por nós!

 

sábado, 25 de janeiro de 2020

O SACRAMENTO DA CONFISSÃO. CONFESSAI-VOS BEM !!! - Parte 2

O SACRAMENTO DA CONFISSÃO.
CONFESSAI-VOS BEM !!!


 

Parte II.

       2. O funestíssimo “por quê”

 

D. — Diga-me, Padre; qual será o primeiro “por quê” de tantas confissões mal feitas?

M. — Os “por quês” podem ser diversos, mas o principal é sem dúvida “o medo”, ou seja a maldita vergonha pela qual o demônio fecha a boca de muitos, fazendo-os calar ou confessar mal certos pecados ou o número deles. Você sabe como é que o demônio age quando quer induzir alguém ao pecado? Cerca o infeliz de mil maneiras, vai-lhe sugerindo:

 

“— Ora, cometa à vontade esse pecado... Afinal não é assim tão grave. Deus é bom... Ele não o quer castigar... Depois, com uma confissão Ele o perdoa e esta tudo acabado..." E assim, batendo hoje, batendo amanhã, e sempre na mesma tecla, o demônio acaba triunfando, ou seja fazendo cometer e talvez até repetir os pecados. Depois, então, quando o coitado, roído pelo remorso, resolve confessar-se, o demônio muda de tática. Novamente trata de impedir que Deus tome conta dessa alma, dizendo:

 

— “Como ousas confessar esse pecado? O confessor ficará surpreendido, há de ralhar contigo, levá-lo-á a mal e é provável que te negue a absolvição. Ora, vamos, não temas, confessar-te-ás depois... Há tempo de sobra... Há sempre tempo para isso.

— E assim o mais das vezes fecha a boca de quem estaria quase resolvido a falar e induz os pobres infelizes a se calarem e a cometerem


“Como ousas confessar esse pecado?”

 

D. — É esta mesmo a tática do demônio?

M. — Certamente! Ele mesmo o confessou a Santo Antonino, arcebispo de Florença. Um dia, tendo o santo visto o demônio junto do confessionário, perguntou-lhe:

 

O quê fazes aí?

Estou esperando para fazer a restituição.

Qual restituição? Fala, ou ai de ti.

Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei quando os fiz cometer os pecados. .

 

D. — Se não me engano, parece-me que li que D. Bosco também viu o demônio em circunstâncias análogas.

M. — Justamente! E ouça como foi:

Certa noite, estava o santo confessando no coro da Igreja de São Francisco de Sales em Turim; era grande o número de jovens ali reunidos, esperando que chegasse a sua vez. Pelo confessionário passam dez, passam vinte, e chega finalmente um que, tendo já feito uma parte da confissão, pára de repente.



— Continue, diz-lhe D. Bosco, que por inspiração divina lia na consciência dos seus filhos.

— Continue! E o resto?

— Não há mais nada, Padre, mais nada!

Não temas, meu filho, continua o Santo, o Confessor não ralha, não castiga, perdoa sempre, perdoa sempre, perdoa tudo em nome de Deus; tem coragem... confessa-te bem...

— Não há mais nada! Nada mais!...

Mas por que, meu filho, queres, com uma confissão sacrílega, dar prazer ao demônio... causar tristeza a Jesus, fazê-lo chorar?

— Garanto-lhe Padre, que não tenho mais nada a dizer!

 

D. Bosco que vê o perigo que o infeliz jovem corre, inspirado por Deus, abandona a luta inútil e diz:

— Pois bem, olha quem está atrás de ti!

O rapaz vira-se de repente, solta um grito agudo e, agarrando-se ao pescoço de D. Bosco exclama:

— Sim Padre, eu tenho mais este pecado...

E conta o pecado que não ousava confessar... Os companheiros que estavam na igreja ouviram o grito; assim que saíram, cercaram o rapaz, e, curiosos, queriam saber o que tinha acontecido. E ele sorrindo, apesar de estar ainda um tanto assustado:

Se vocês soubessem... Eu tinha cometido uma falta que não ousava confessar. D. Bosco leu meu coração... e eu vi o demônio que, sob a figura de um gorila de olhos de fogo e garras afiadas, estava pronto para me agarrar!

 

D. — D. Bosco era um Santo! Que sorte confessar com um Santo; não é, Padre?

M. — Todos os confessores representam Jesus Cristo e Jesus Cristo é sempre Santo; Ele tudo sabe, Ele vê tudo, tem pena de todos, perdoa tudo!

 

D. — Mas mesmo assim o demônio procura enganar e trair nas confissões?

M. — Justamente; em todas as ocasiões. Assim como o lobo agarra as ovelhas pela garganta para que não gritem, e as carrega e as devora, assim também faz o demônio com certas almas; agarra-as pela garganta afim de que não confessem os pecados e as arrasta miseravelmente para o inferno.

 

D. — Que espertalhão malvado! Mas haverá quem, depois de enganado uma vez, se deixe levar por esse impostor?

M. — Há muitos, muitíssimos, infelizmente! Ai daquele que começa a seguir por esse caminho! São geralmente os que cometem pecados contra a pureza que enveredam por tal caminho!

Geralmente não há dificuldade em confessar os pecados contra a fé, os pecados de blasfêmias, os de profanação dos dias festivos, os de desobediência, de vingança e mesmo os de furto; mas quando se trata de acusar pecados de impureza, ou ter que acrescentar certas circunstâncias que os acompanharam, ou ainda quando se trata de dizer o número bastante considerável dessas faltas, então uma maldita vergonha surge e fecha sacrilegamente a boca do penitente.

 

De mais a mais, a confissão sacrílega geralmente não fica sozinha. Depois de uma vem outras e assim essas almas infelizes continuam durante anos e anos, e além disso acrescentam a essas confissões mal feitas outras tantas Comunhões sacrílegas. E não raro, acontece que aqueles que, tendo começado a esconder pecados graves desde as primeiras confissões, chegam a uma idade avançada sem nunca fazerem uma boa confissão e sem nunca repararem a desordem de suas almas.

 

É inacreditável, nota o Padre da Bérgamo, é inacreditável como o medo e a vergonha são comuns principalmente entre os moços. Daí vem o hábito de continuar a calar os pecados para não sofrer a humilhação, o sacrifício de confessá-los. S. Leonardo afirma ter tido a seus pés pessoas que, mesmo em perigo de morte não puderam vencer a vergonha que lhes fechava a boca.

S. Afonso recomenda aos padres que falem freqüentemente nos seus sermões com calor, com insistência, sobre esse perigo da vergonha que faz calar e insiste para que façam ver ao povo como as confissões mal feitas arruínam as almas, porque essa praga das confissões sacrílegas reina por toda a parte, principalmente nos lugarejos. E, como é comum que fatos e exemplos impressionem o povo, sugere aos padres que contem muitos exemplos de almas que se perderam por causa de pecados não confessados.

 

D. — Conte alguns, Padre!

M. — Com muito prazer!

Conta-se que uma menina de sete anos tinha tido a infelicidade de cometer certos atos impuros. Envergonhada, não ousou confessá-los na ocasião e nem mais tarde. Tendo adoecido gravemente, chamou o confessor, recebeu o Santo Viático, a Extrema-Unção e morreu! Todos, mãe, irmãs, e amigas lamentaram a sua perda, mas era para elas um conforto julgá-la salva e santa.

Porém, três dias depois do enterro, quando o Sacerdote se aproximava do altar para celebrar em sufrágio de sua alma, sentiu que o seguravam pelo braço, e uma voz triste e comovente lhe dizia baixinho:

Padre, não reze por mim porque eu estou condenada! Condenada por certos pecados que ocultei na confissão desde os sete anos.

 

Uma outra menina de 13 anos na ocasião da Páscoa tinha comungado junto com as companheiras: mas eis que, logo depois de recebida a santa partícula tem um estremecimento, contorce-se e cai por terra. Os presentes acodem assustados e a carregam para uma casa vizinha. Acabada a função, o Vigário se apressa a correr à cabeceira da menina que continua a delirar e debater-se; chama-a pelo nome e diz-lhe:

 

— Coragem, confia tudo a Jesus, àquele Jesus que recebeste na Comunhão! Ouvindo essas palavras, ela arregala os olhos e, horrorizada exclama:

A Jesus?!... A Jesus?! Ah não! Eu o recebi mal, eu cometi um sacrilégio escondendo certos pecados na confissão.

— E, continuando a debater-se, expira pouco depois diante dos presentes comovidos e penalizados.

 

M. — O quê me diz desses exemplos?

D.Digo que são terríveis e bastante para demonstrar como é grande o mal das confissões mal feitas.

 

M. — Não estranhe, portanto a nossa insistência sobre a sinceridade requerida para as confissões. Eu, que, desde os primeiros anos de Sacerdócio, por graça de Deus, tive a sorte de começar a catequizar e a pregar para jovens e adultos e continuo ainda hoje a exercitar-me nesta obra consoladora e frutuosíssima, nunca perdi o hábito de falar freqüentemente sobre a necessidade da confissão sincera e posso dizer que nunca me arrependi.

Ah! quantos jovens e adultos eu consolei, reconduzi ao bom caminho; quantos eu salvei nos Exercícios Espirituais, nas Missões e mesmo nas simples conferências e palestras!

D. — Tem razão, Padre; de fato, nenhum sermão é ouvido de tão boa vontade como os que versam sobre a confissão.

 

 

3. Ai daquele que começa.

 

 

D. — Padre, se é assim tão fácil encontrar quem se deixe enganar pelo demônio e se cala, renovando o sacrilégio na confissão por quê é que os sacerdotes e os confessores não indagam, não interrogam os penitentes para impedir as confissões mal feitas?

M. — Coitados dos sacerdotes e dos confessores! Infelizmente eles sabem e vêm que algumas almas deixam muito a desejar, mas em geral receiam ser indiscretos interrogando e esclarecendo certas coisas. Até pelo contrário, com certas pessoas, não ousamos, parece-nos imprudência interrogar.

Um pai ou uma mãe gostam de fazer sempre bom juízo dos seus filhos, e ficam penalizados quando têm que duvidar da sua conduta, da sua sinceridade, da sua inocência. Do mesmo modo sente o pobre sacerdote no que diz respeito aos próprios filhos espirituais e penitentes.

 

D. — E então?

M. — E então, continua-se em tal vida até que Deus intervenha com a sua mão providencial.

Eis porque por ocasião dos Exercícios Espirituais, das Missões, da Páscoa e de outras tantas festividades do mesmo gênero encontram-se muitas almas, as quais, tendo tido a desgraça enorme de calar uma vez certos pecados na confissão e continuaram depois com sacrilégios durante anos e anos até o dia em que, tocados por graça especial, podem finalmente abrir os olhos e tranqüilizar a consciência por tanto tempo torturada pelo remorso.

 

Pregavam-se os Exercícios em uma paróquia do Piemonte. Havia já alguns dias que tinham começado as confissões e desde o princípio eu notara uma pessoa de aspecto triste e indizivelmente constrangida que rondava o confessionário. Não fazia, porém, muito caso disso, quando eis que uma noite ela caiu aos meus pés e disse:

— Padre, ajudai-me; eu sou uma infeliz. Há quinze anos que eu me confesso mal; só fui capaz de cometer sacrilégios... e desatou em pranto.

— Pois bem, cria coragem, eu respondi, Deus será misericordioso; para a senhora também Jesus será infinitamente bom. Diga-me: quantos anos tem? Como é que enveredou por esse caminho?

 

— Tenho vinte e sete anos; quando tinha doze apenas, por causa de uma curiosidade ilícita eu cometi um pecado que não ousei confessar. Com tal sacrilégio, aproximei-me da mesa da Comunhão e, desde aquele dia até hoje os pecados e sacrilégios sucederam-se uns aos outros. Rezei muito, chorei muito, fiz romarias mas tudo em vão! Confessava-me todos os meses e até com mais freqüência por ocasião dos Exercícios Espirituais; repetia as confissões gerais mas esses pecados eu sempre os escondi, por pura vergonha.

 

— E a senhora estava satisfeita com as suas Confissões: Comungava tranquilamente?

— Oh, Padre! se soubésseis como os remorsos amargos atormentavam o meu coração, cravando-se nele como espinhos agudos!

— Mas então por quê continuava sempre do mesmo modo?

Porque fui uma tola, eis tudo... Um medo indizível das reprimendas do confessor fechava-me a boca e um exagerado respeito humano das minhas companheiras arrastava-me para a Comunhão nesse estado.

— Há quanto tempo confessou-se pela ultima vez?

— Ah! Padre! confessei-me já três vezes durante esta Missão, com três confessores diferentes, sempre com o firme propósito de acabar com isto de uma vez por todas e dizer tudo. Mas, chegando ao ponto terrível, sentia um nó cruel que me apertava a garganta e assim calava-me.

— E agora, como conseguiu manifestar-se?

Padre, o vosso sermão de hoje sobre a necessidade absoluta da confissão bem feita, aquelas palavras tantas vezes repetidas “experimentem e verão o quanto Jesus é bom”, comoveram-me e foi então que decidi falar, custasse o que custasse.

 

Ajudada pelo confessor ela fez uma confissão geral das mais consoladoras, tendo recebido a absolvição, não parava de repetir:

— Agora chega, Padre, chega de pecados e sacrilégios. Direi a todos que experimentei e que vi como Jesus é bom!...

 

D. — São fatos que consolam, não é Padre?... E ainda bem que reconhecem suas faltas!

M.Mas quantos não as reconhecem mesmo em ponto de morte! É uma coisa muito triste, mas infelizmente verdadeira; não raro há moribundos que às portas da morte, teimam em esconder os pecados não confessados ou mal confessados desde a juventude, nesse estado deplorável passam para a eternidade.


 

“Tirem da minha frente este Cristo, não preciso dele!”

 

D. — Coitados!

M. — Pode chamá-los desgraçados! Ai de quem começa.

 

D. — Mas a misericórdia infinita de Deus não vem em auxílio?

M. — Você pode supor que Deus queira sempre, na hora da morte, usar de misericórdia com quem durante toda a vida abusando dessa misericórdia, injuriou-O com sacrilégios? E além disso na maioria dos casos, nem invocam essa misericórdia; pelo contrário, muitas vezes a desprezam. Aqui também quero persuadi-lo com fatos.

 

O Padre dal Rio conta que uma jovem empregada se confessava freqüentemente, pois que a patroa exigia, mas por vergonha e teimosia calava os pecados desonestos. Uma ocasião ela caiu gravemente enferma; sempre por causa da solicitude da patroa, confessou-se, e mais de uma vez, sacrílegamente. Depois que a curaram com muitos cuidados, chegava até a caçoar com as amigas pondo em ridículo o zelo da patroa e do confessor para induzi-la a fazer uma boa confissão.

Tendo adoecido pela segunda vez e mais gravemente do que da primeira, a patroa tornou a chamar o sacerdote o qual acudiu com presteza. Com toda a piedade e paciência que Deus concede em casos análogos, o padre procurou induzir a infeliz a uma sincera e dolorosa confissão. Mas tudo em vão! Sempre teimosa, perseverou durante a longa agonia no propósito de se esquivar e de se calar, recusando-se até a repetir a jaculatória e as invocações sugeridas pelo confessor; mostrava-se aborrecida com tudo aquilo e com a presença do Padre.

 

E, quando por fim vendo que chegava o momento da morte, o sacerdote lhe pediu que beijasse o crucifixo, ela com um esforço supremo o afastou com maus modos e olhando-o com desprezo disse:

—Tirem da minha frente este Cristo, não preciso dele!

— E voltou-se para o outro lado; assim com um suspiro horrível expirou aquela alma impenitente e sacrílega. Ai daquele que começa!

 

O Padre Agostinho de Fusignano conta-nos um fato análogo, que se deu na sua presença. Uma mulher infeliz escondia na confissão os pecados mais graves. Apesar dos sermões ouvidos contra essa vergonha sacrílega, apesar das mais amorosas exortações, apesar do mais agudo remorso da consciência ela não soube aproveitá-los. Cansada a misericórdia de Deus de esperar, feriu-a com uma doença violenta que a pos em ponto de morte. O confessor foi chamado prontamente, mas a infeliz assim que o viu, exclamou:

— Padre, chegastes a tempo para ver uma mentirosa penitente ir para o inferno. Eu me confessava com freqüência, mas deixava sempre os pecados mais graves.

— Pois bem, confesse-os agora, respondeu o confessor.

— Não posso, não posso, gritou desesperada a infeliz. O tempo da misericórdia já passou; é chegado o momento da justiça!



E, delirando e contorcendo-se raivosamente, expirou, deixando em todos os presentes a mais triste e horrível impressão. Aqui também não será demais repetir: Ai daquele que começa!

 

Santo Afonso conta o caso de um senhor cuja conduta era aparentemente boa; fazia, porém, más confissões. Tendo adoecido gravemente, foi visitado pelo Vigário o qual suplicou-lhe que recebesse os sacramentos pois estava em perigo de vida. Mas o enfermo recusava-se a confessar.

— E por que meu caro senhor não quer confessar-se? Ah! respondeu o doente, é porque estou condenado! E Deus, para castigar os meus sacrilégios, tira-me a vontade e a força de repará-los.

Dito isto, começou a morder a língua, a debater-se desesperadamente, gritando: “Maldita língua, maldito silêncio, malditos sacrilégios”. Não foi possível convencê-lo, até que miseravelmente morreu.

 

D. — Chega Padre! São coisas que arrepiam a gente. Eu por mim não quero cometer sacrilégios.

M. — Mantenha essa santa resolução. Por que deixar-se dominar pelo demônio mudo, pisar o Sangue de Jesus Cristo, mudar o remédio em veneno e obrigá-lo a nos condenar, quando pelo contrário, Ele quer a nossa salvação?