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terça-feira, 14 de abril de 2009

DEUS EXISTE?

Por que se coloca em dúvida a existência de Deus?

Para muitas pessoas a fé é um mito. Para muitas pessoas, Deus é apenas imaginação dos que crêem. Mas, por que se coloca em dúvida a existência de Deus? Porque não se pode vê-lo? Não se pode tocá-lo? Será que tudo o que não se pode ver nem tocar não existe? Nem tudo! Nós vivemos num mundo que nos aguça os sentidos; estamos acostumados a tocar, a ver, a sentir o odor das diversas substâncias, ouvir sons, ruídos, etc.

Os sacramentos da Igreja estão cheios de sinais e símbolos que servem para que possamos experimentar melhor e mais profundamente o mistério envolto no sacramento. Mas são apenas sinais e símbolos, a Essência é intocável, é invisível. Somente a fé pode sondar essa Essência, somente pela fé podemos contemplar o mistério!

E aí vem novamente a pergunta: Deus realmente existe?

Se quisermos provar a existência de Deus pelos nossos sentidos, então teremos poucas e ineficazes ferramentas para tal experimentação. Deus está além dos nossos sentidos! Não porque é um Deus distante, mas porque seria reduzi-lo à condição da materialidade e, Deus não é matéria; Ele é Espírito. E, como Espírito, é invisível, é intocável. Mas Ele se deixa encontrar pela visão da fé. “Tomé, acreditaste porque viste, tocaste, felizes os que acreditarem sem ter visto, sem ter tocado!” Pela crença, pela fé, aqueles que acreditarem serão felizes, nos diz Cristo. E Cristo é real, é personagem histórico, é Homem em carne e osso e, sobretudo é Deus, o Filho de Deus encarnado!

Mas, se ainda assim, fica a dúvida sobre a realidade da existência de Deus, porque é invisível e intocável, então podemos perguntar: — O frio existe? Alguns poderão responder, mas claro que existe! Que pergunta absurda! Podemos responder, não! O frio não existe! Mas como, se eu sinto o frio? Verdade, realmente se sente o frio. Entretanto, o frio não existe, o que existe é a ausência do calor. As leis da Física nos afirmam isso.

Outro questionamento: — A escuridão existe? Não! Na verdade, o que existe é a ausência da luz. A Física estuda a luz, mas estuda a escuridão? Não! Simplesmente porque ela não existe! Em Física se fala, portanto, em presença ou ausência de luz. A luz branca pode ser estudada em seus diversos espectros, seus diversos comprimentos de onda, mas a escuridão não. Num ambiente escuro, quando se acende uma lâmpada, sua luz dissipa as trevas. Portanto, a palavra ‘escuridão’ foi criada apenas para exprimir o que ocorre quando não há luz.

Não se pode tocar o calor, assim como não se pode tocar a luz, o calor é intocável, a luz é intocável. Podemos sim, sentir o calor, podemos sim, ver a luz. Pela fé, podemos ‘sentir’ Deus presente no meio de nós; pela nossa crença, embora não possamos ‘ver’ Deus, podemos perceber sua presença, sua inspiração, sua intimidade conosco quando em oração, entramos em sintonia com Ele.

Se pararmos para observar com atenção o mecanismo de um desses relógios antigos de corda, percebemos que cada engrenagem tem sua função, cada peça por menor que seja, tem valor, pois o relógio como um todo não pode prescindir de nenhuma delas sob pena de não mais funcionar. Que inteligência está por trás desse mecanismo? A inteligência humana! O relógio é invenção humana. E o homem é criatura de Deus!

Hoje, experimentamos a era da computação. Pensemos por um momento na maravilha que é um computador em funcionamento... às vezes parece até que ele tem pensamento próprio! Quem está por trás dos “chips”, da “internet”, das grandes descobertas da Ciência, das viagens espaciais, etc., etc.? O homem, com toda sua capacidade de produção. E o homem é criatura de Deus!

Einstein, ao criar a Teoria da Relatividade, afirmou que o universo tem um raio e, que poderia ser medido utilizando-se a velocidade da luz. Ao fazer tal afirmação, ele também disse que o universo teve um começo (a Teoria do Big-Bang), está em expansão e tem um limite. Segundo seu pensamento, se o universo teve um começo e tem um limite, um fim, alguém começou. Para Einstein, quem deu origem ao universo foi Deus, por isso ele acreditava no Criador.

O nosso planeta é um pequenino ponto nesse vasto espaço do Cosmo. Somos capazes de observar e contemplar essa vastidão, essa maravilha onde tudo está no seu devido lugar, equilibrado, em harmonia.

Mais perto de nós está a natureza que nos rodeia, que bela! Desde os seres infinitamente pequenos, microscópicos, passando pelas plantas e animais, tudo está em harmonia, cada qual tem sua função, tudo está perfeitamente sincronizado. Quem está por trás dessa maravilha natural que nos cerca? Só mesmo um Ser perfeitíssimo, onipotente, de grande inteligência, com uma infinita capacidade de criar, poderia ter dado início a tudo que nos cerca. Como não pensar na existência de Deus ao contemplarmos uma pequenina flor que, na sua simplicidade, manifesta a grandeza do Criador? Como não crer que Deus existe, quando observamos o mais pequenino inseto e sabemos, pela Biologia, que ele possui tecidos, órgãos e sistemas em pleno funcionamento, sincronizado, equilibrado, dentro de seu diminuto corpo? É impossível não crer nesse Ser supremo, Criador, distinto da criatura, mas que na criação percebemos sua manifestação grandiosa.

Se tivermos fé e, olharmos ao nosso redor, sempre encontraremos Deus na beleza da criação. Ele manifesta-se no céu onde residem as estrelas, pois elas com sua luz e beleza, demonstram sua existência. Ele manifesta-se na terra, no mar, nas matas e florestas, nos montes, vales e campinas! Tudo é obra de suas mãos!

Com todo o respeito por aqueles que não crêem em Deus, por aqueles que afirmam que sua existência é apenas imaginação humana; essas pessoas, talvez enxergando, não consigam ver; percebendo, não possam sentir; tocando, não sintam a sutileza do toque de Deus e, portanto, deixam de contemplar a manifestação do Criador em tudo o que nos rodeia.

A nós que cremos em sua existência, Ele nos ama e nos cerca de carinho. Igualmente, também ama e cerca de carinho, aqueles que não crêem na presença Dele em suas vidas. O Sol nasce para todos: para os bons e para os maus; para os que têm fé e para os que não têm fé. Aí está a imensidão do amor de Deus para com todos!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O que é o 'estado' do Purgatório?

O que é o purgatório?

Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório. Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo: "Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu" (CIC, §1030). Logo, as almas do Purgatório "estão certas da sua salvação eterna", e isto lhes dá grande paz e alegria. Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II: "Mesmo que a alma tenha de sujeitar´se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus."(Alocução de 03 de julho de 1991; LR n. 27 de 07/7/91) O Catecismo da Igreja ensina que: "A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados."

A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438´1445) e de Trento (1545´1563)" (§ 1031). "Este ensinamento baseia´se também sobre a prática da oração pelos defundos de que já fala a Escritura Sagrada: 'Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado' (2 Mac 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos"(§1032). Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra´se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés.

Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: "Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado". (2 Mac 12,44s) Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé. Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, §1), e gozar de sua visão face´a´face. Mas, como Deus é "Três vezes Santo", como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: "sem a santidade ninguém pode ver a Deus" (Hb 12, 14).

Então, a misericórdia de Deus dá´nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna. O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva´o a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raíz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.

Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor "receberá uma recompensa"; mas, se não resistir, o seu autor "sofrerá detrimento", isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador "se salvará, mas como que através do fogo", isto é, com sofrimentos. O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3).

O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.

Pensamentos Consoladores sobre o Purgatório

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567´1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que "é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório".

Eis o que ele nos diz:

1. As almas alí vivem uma contínua união com Deus.

2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar´se no inferno a apresentar´se manchadas diante de Deus.

3. Purificam´se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4. Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7. São consoladas pelos anjos.

8. Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9. As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama´lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11. O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor. ( Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981)

Catolicismo Romano, será mesmo cristão? conclusão

Será mesmo cristão o Catolicismo Romano?

continuação ...

2. A Bíblia Sagrada

Passamos a considerar outro capítulo do livro de Hugh P. Jeter.

2.1. O catálogo bíblico

Às págs. 32 e seguinte, diz o autor:

´´Há, de imediato, uma diferença entre a Bíblia católica e a versão protestante. A Bíblia católica inclui no Antigo Testamento os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Siraque, Baruque, e o primeiro e o segundo livros de Macabeus. Também há acréscimos aos livros de Ester e Daniel. Essa é a principal diferença entre as duas Bíblias.

Por que os cristãos evangélicos rejeitam esses livros chamados ´´apócrifos´´? A seguir, expomos algumas razões:

1. Os próprios livros não se dizem inspirados. No segundo livro de Macabeus 15:37´38, lemos: ´Assim se passaram os acontecimentos relacionados com Nicanor. Como desde aquela época a cidade ficou em poder dos hebreus, eu também terminarei aqui mesmo meu relato. Se foi bem escrito em sua composição, isto é o que eu pretendia; se imperfeito e medíocre, fiz o máximo que me foi possível´.

2. Os livros apócrifos nunca foram citados por Cristo ou pelos apóstolos, mas eles, sem dúvida, citaram muitas partes da Bíblia.

3. O material não mostra nenhuma inspiração. Em 2Macabeus 12:43´45 lemos acerca de uma coleta que devia ser enviada a Jerusalém para que se oferecesse sacrifícios e oferendas pelo pecado e orações pelos mortos... algo que não figura em nenhuma parte das Escrituras.

4. Todos os livros apócrifos foram acrescentados ao Antigo Testamento. Conforme expõe Romanos 3:2, foi ´confiada a palavra de Deus ao povo judeu´. Portanto, todos deveríamos considerar de suma importância a rejeição desses livros quanto à sua inspiração.´´

Eis o que a propósito se pode observar:

1. O fato de que o autor sagrado confesse ter´se esforçado ou mesmo ter penado para escrever seu livro não significa que não usufruiu da inspiração bíblica. Esta não é um ditado mecânico, que dispense o homem de refletir, pesquisar e, em suma, fazer tudo o que deve realizar um bom escritor. A inspiração (que não é revelação) consiste em que Deus ilumine a mente do homem antigo para que, utilizando os dados de sua cultura arcaica, ponha por escrito uma mensagem que corresponde fielmente ao pensamento de Deus, mas não deixa de estar revestida da roupagem humana. Assim, o livro sagrado é, ao mesmo tempo, divino e humano. É através das vicissitudes de uma redação característicamente semita ou grega, portadora de todas as marcas do trabalho humano, que Deus quer falar aos homens. São Lucas o atesta no prólogo do seu Evangelho, quando afirma que, ´´após acurada investigação de tudo desde o princípio, resolveu escrever´´ (Lc 1,3).

2. Assim como Jesus e os Apóstolos nunca citaram explicitamente os livros que os protestantes têm por apócrifos e os católicos consideram deuterocanônicos, assim também Jesus e os Apóstolos nunca citaram alguns livros que são unanimemente reconhecidos como canônicos; tal é o caso de Eclesiastes, Ester, Cântico, Esdras, Neemias, Abdias, Naum.

Verificamos também que nos escritos do Novo Testamento há citações implícitas dos livros deuterocanônicos. Assim, por exemplo: Rm 1,19´32´>Sb 3,1´9; Rm 13,1; 2,11´>Sb 6,4.8; Mt 27,43´>Sb 2,13.18; Tm 1,19´>Eclo 4,34; Mt 11,29s´>Eclo 51,23´30; Hb 11,34s´>2Mac 6,18´7,42.

Nos mais antigos escritos patrísticos são citados os deuterocanônicos como Escritura Sagrada: Clemente Romano (em cerca de 95), na epístola aos Coríntios, recorre a Jt, Sb, fragmentos de Dn, Tb e Eclo; o Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso do Eclo e do 2Mac (cf. Semelhanças 5,3.8; Mandamentos 1,1...); Hipólito (+235) comenta o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos; cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza Tb e 1/2Mac.

3. O fato de que em 2Mac 12,43´45 se lê algo que ´´não figura em nenhuma parte das Escrituras´´ nada significa. O raciocínio de Jeter equivale a uma petição de princípio: o autor quer dizer que 2Mac 12,43´45 não pode ser bíblico porque Jeter de antemão o exclui, eliminando as Escrituras Sagradas o 2º de Macabeus. De resto, não se pode excluir tal livro, datado do século II aC, por apresentar algo que não esteja em livros mais antigos, pois é notório que a Revelação progrediu no Antigo Testamento.

4. O autor parece ignorar que a Bíblia Sagrada continha os sete livros deuterocanônicos ou ´´apócrifos´´ até Lutero. Foi Lutero que os eliminou e não foi o Concílio de Trento (1545´1563) que os acrescentou. [...]

2.2. O uso da Bíblia entre os católicos

Às págs 25´32 Hugh P. Jeter se detém em alegar que durante séculos a Igreja restringiu ou proibiu o uso da Bíblia entre os fiéis católicos. [...] [Quanto a esta questão, foi dado um breve resumo acima].

Muitos outros pontos do livro de Hugh P. Jeter poderiam ser considerados, evidenciando´se a sua inconsistência. Em geral, a literatura polêmica protestante se ressente de preconceitos que obcecam os respectivos autores e os levam a atribuir à Igreja Católica o que ela jamais disse ou fez. O amor à VERDADE há de ser característica do autêntico cristão.

De resto, o baixo nível das acusações se depreende de outras objeções propagadas em folhas volantes. Assim, por exemplo:

´´A 500 anos atrás o Papa mandou ´matar´ Galileu só porque ele disse que a terra é redonda. A 2.700 anos atrás a Bíblia já dizia que a terra é redonda (Isaías 40:22)´´.

Estas frases contêm várias imprecisões, próprias de quem fala sem saber ao certo ao que diz:

Galileu faleceu em 1642, portanto há pouco mais de 350 anos; faleceu de morte natural. Foi controvertido porque defendia o heliocentrismo, em lugar do geocentrismo. O dêutero´Isaías (Is 40´55) profetizou durante o exílio (587´538 aC), ou seja, há 2.500 anos aproximadamente; ao falor do ´´ciclo da terra´´, não se pode dizer que tinha em vista a esfericidade da terra.

Mais:

´´Disse Deus: ´Não é bom que o homem esteja só, dar´lhe´ei uma mulher´ (Gênesis 2,18). O papa Gregório 7º proibiu o casamento dos padres em 1074 dC´´.

O autor deste texto esquece que São Paulo, após a entrada do Reino do Messias neste mundo, recomenda a vida una ou indivisa; cf. 1Cor 7,25´35. Aliás, estes versículos são geralmente silenciados pelos protestantes quando querem impugnar o celibato. Este foi, a princípio, espontaneamente abraçado pelo clero; só aos poucos foi´se tornando lei.

domingo, 12 de abril de 2009

Mensagem de Páscoa de Sua Santidade Bento XVI

"A ressurreição do Senhor é a nossa esperança"

O Papa Bento XVI fez,
neste domingo, um apelo a favor da paz no Oriente Médio e na África, na mensagem proferida por ocasião da celebração pascal na Praça de São Pedro, no Vaticano. Perante dezenas de milhares de fiéis, o pontífice pediu "esforços renovados, perseverantes e sinceros" para a resolução do conflito entre israelenses e palestinos, a poucas semanas da sua viagem à região, prevista para acontecer de 11 a 15 de maio.
Leia abaixo a íntegra da mensagem de Páscoa de Bento XVI:

"A ressurreição do Senhor é a nossa esperança"

"Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro. A todos vós formulo cordiais votos de Páscoa com as palavras de Santo Agostinho: "Resurrectio Domini, spes nostra - a ressurreição do Senhor é a nossa esperança". Com esta afirmação, o grande Bispo explicava aos seus fiéis que Jesus ressuscitou para que nós, apesar de destinados à morte, não desesperássemos, pensando que a vida acaba totalmente com a morte; Cristo ressuscitou para nos dar a esperança."

"Com efeito, uma das questões que mais angustia a existência do homem é precisamente esta: o que há depois da morte? A este enigma, a solenidade de hoje permite-nos responder que a morte não tem a última palavra, porque no fim quem triunfa é a Vida. E esta nossa certeza não se funda sobre simples raciocínios humanos, mas sobre um dado histórico de fé: Jesus Cristo, crucificado e sepultado, ressuscitou com o seu corpo glorioso. Jesus ressuscitou para que também nós, acreditando n'Ele, possamos ter a vida eterna. Este anúncio situa-se no coração da mensagem evangélica. Declara-o com vigor São Paulo: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé". E acrescenta: "Se tão somente nesta vida esperamos em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens". Desde a alvorada de Páscoa, uma nova primavera de esperança invade o mundo; desde aquele dia, a nossa ressurreição já começou, porque a Páscoa não indica simplesmente um momento da história, mas o início duma nova condição: Jesus ressuscitou, não para que a sua memória permaneça viva no coração dos seus discípulos, mas para que Ele mesmo viva em nós, e, n'Ele, possamos já saborear a alegria da vida eterna."

"Portanto a ressurreição não é uma teoria, mas uma realidade histórica revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio da sua "páscoa", da sua "passagem", que abriu um "caminho novo" entre a terra e o Céu. Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e sem repetição: Jesus de Nazaré, filho de Maria, que ao pôr do sol de Sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o túmulo. De facto, ao alvorecer do primeiro dia depois do Sábado, Pedro e João encontraram o túmulo vazio. Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; reconheceram-No também os dois discípulos de Emaús ao partir o pão; o Ressuscitado apareceu aos Apóstolos à noite no Cenáculo e depois a muitos outros discípulos na Galileia."

"O anúncio da ressurreição do Senhor ilumina as zonas escuras do mundo em que vivemos. Refiro-me de modo particular ao materialismo e ao niilismo, àquela visão do mundo que não sabe transcender o que é experimentalmente constatável e refugia-se desconsolada num sentimento de que o nada seria a meta definitiva da existência humana. É um facto que, se Cristo não tivesse ressuscitado, o "vazio" teria levado a melhor. Se abstraímos de Cristo e da sua ressurreição, não há escapatória para o homem, e toda a sua esperança permanece uma ilusão. Mas, precisamente hoje, prorrompe com vigor o anúncio da ressurreição do Senhor, que dá resposta à pergunta frequente dos cépticos, referida nomeadamente pelo livro do Coeleth: "Há porventura qualquer coisa da qual se possa dizer: / Eis, aqui está uma coisa nova?". Sim - respondemos -, na manhã de Páscoa, tudo se renovou. "Mors et vita / duello conflixere mirando: dux vitae mortuus / regnat vivus - Morte e vida defrontaram-se / num prodigioso combate: / O Senhor da vida estava morto; / mas agora, vivo, triunfa". Esta é a novidade! Uma novidade que muda a vida de quem a acolhe, como sucedeu com os santos. Assim aconteceu, por exemplo, com São Paulo."

"No contexto do Ano Paulino, várias vezes tivemos ocasião de meditar sobre a experiência do grande Apóstolo. Saulo de Tarso, o renhido perseguidor dos cristãos, a caminho de Damasco encontrou Cristo ressuscitado e foi por Ele "conquistado". O resto já sabemos. Aconteceu em Paulo aquilo que ele há-de escrever mais tarde aos cristãos de Corinto: "Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. O que era antigo passou: tudo foi renovado!". Olhemos para este grande evangelizador que, com o audaz entusiasmo da sua ação apostólica, levou o Evangelho a muitos povos do mundo de então. Que a sua doutrina e o seu exemplo nos estimulem a procurar o Senhor Jesus; nos animem a confiar n'Ele, porque o sentido do nada, que tende a intoxicar a humanidade, já foi vencido pela luz e a esperança que dimanam da ressurreição. Já são verdadeiras e reais as palavras do Salmo: "Nem as trevas, para Vós, têm obscuridade / e a noite brilha como o dia". Já não é o nada que envolve tudo, mas a presença amorosa de Deus. Até o próprio reino da morte foi libertado, porque também aos "infernos" chegou o Verbo da vida, impelido pelo sopro do Espírito."

"Se é verdade que a morte já não tem poder sobre o homem e sobre o mundo, todavia restam ainda muitos, demasiados sinais do seu antigo domínio. Se, por meio da Páscoa, Cristo já extirpou a raiz do mal, todavia precisa de homens e mulheres que, em todo o tempo e lugar, O ajudem a consolidar a sua vitória com as mesmas armas d'Ele: as armas da justiça e da verdade, da misericórdia, do perdão e do amor. Tal foi a mensagem que, por ocasião da recente viagem apostólica aos Camarões e a Angola, quis levar a todo o Continente Africano, que me acolheu com grande entusiasmo e disponibilidade de escuta. De fato, a África sofre desmedidamente com os cruéis e infindáveis conflitos - frequentemente esquecidos - que dilaceram e ensanguentam várias das suas Nações e com o número crescente dos seus filhos e filhas que acabam vítimas da fome, da pobreza, da doença. A mesma mensagem repetirei com vigor na Terra Santa, onde terei a alegria de estar daqui a algumas semanas. A reconciliação difícil mas indispensável, que é premissa para um futuro de segurança comum e de pacífica convivência, não poderá tornar-se realidade senão graças aos esforços incessantes, perseverantes e sinceros em prol da composição do conflito israelita-palestino. Da Terra Santa, o olhar estende-se depois para os países limítrofes, o Oriente Médio, o mundo inteiro. Num tempo de global escassez de alimento, de desordem financeira, de antigas e novas pobrezas, de preocupantes alterações climáticas, de violências e miséria que constringem muitos a deixar a própria terra à procura duma sobrevivência menos incerta, de terrorismo sempre ameaçador, de temores crescentes perante a incerteza do amanhã, é urgente descobrir perspectivas capazes de devolverem a esperança. Ninguém deserte nesta pacífica batalha iniciada com a Páscoa de Cristo, o Qual - repito-o - procura homens e mulheres que O ajudem a consolidar a sua vitória com as suas próprias armas, ou seja, as armas da justiça e da verdade, da misericórdia, do perdão e do amor."

"Resurrectio Domini, spes nostra - a ressurreição de Cristo é a nossa esperança! É isto que a Igreja proclama hoje com alegria: anuncia a esperança, que Deus tornou inabalável e invencível ao ressuscitar Jesus Cristo dos mortos; comunica a esperança, que ela traz no coração e quer partilhar com todos, em todo o lugar, especialmente onde os cristãos sofrem perseguição por causa da sua fé e do seu compromisso em favor da justiça e da paz; invoca a esperança capaz de suscitar a coragem do bem, mesmo e sobretudo quando custa. Hoje a Igreja canta "o dia que o Senhor fez" e convida à alegria. Hoje a Igreja suplica, invoca Maria, Estrela da Esperança, para que guie a humanidade para o porto seguro da salvação que é o coração de Cristo, a Vítima pascal, o Cordeiro que "redimiu o mundo", o Inocente que "nos reconciliou a nós, pecadores, com o Pai". A Ele, Rei vitorioso, a Ele crucificado e ressuscitado, gritamos com alegria o nosso Aleluia!"

Domingo de Páscoa ou Vigilia Pascal

Domingo de Páscoa
O Domingo de Páscoa, ou a Vigília Pascal, é o dia em que até mesmo a mais pobre igreja se reveste com seus melhores ornamentos, é o ápice do ano litúrgico. É o aniversário do triunfo de Cristo. É a feliz conclusão do drama da Paixão e a alegria imensa depois da dor. E uma dor e alegria que se fundem pois se referem na história ao acontecimento mais importante da humanidade: a redenção e libertação do pecado da humanidade pelo Filho de Deus.

São Paulo nos diz : "Aquele que ressuscitou Jesus Cristo devolverá a vida a nossos corpos mortais". Não se pode compreender nem explicar a grandeza da Páscoa cristã sem evocar a Páscoa Judaica, que Israel festejava, e que os judeus ainda festejam, como festejaram os hebreus há três mil anos. O próprio Cristo celebrou a Páscoa todos os anos durante a sua vida terrena, segundo o ritual em vigor entre o povo de Deus, até o último ano de sua vida, em cuja Páscoa aconteceu na ceia e na istituição da Eucaristia.

Cristo, ao celebrar a Páscoa na Ceia, deu à comemoração tradicional da libertação do povo judeu um sentido novo e muito mais amplo. Não é um povo, uma nação isolada que Ele liberta, mas o mundo inteiro, a quem prepara para o Reino dos Céus. A Páscoa cristã - cheia de profunda simbologia - celebra a proteção que Cristo não cessou nem cessará de dispensar à Igreja até que Ele abra as portas da Jerusalém celestial. A festa da Páscoa é, antes de tudo, a representação do acontecimento chave da humanidade, a Ressurreição de Jesus depois de sua morte consentida por Ele para o resgate e a reabilitação do homem caído. Este acontecimento é um dado histórico inegável. Além de que todos os evangelistas fizeram referência. São Paulo confirma como o historiador que se apoia, não somente em provas, mas em testemunhos.

Páscoa é vitória, é o homem chamado a sua maior dignidade. Como não se alegrar pela vitória d'Aquele que tão injustamente foi condenado à paixão mais terrível e à morte de cruz?, pela vitória d'Aquele que anteriormente foi flagelado, esbofeteado, cuspido, com tanta desumana crueldade.
Este é o dia da esperança universal, o dia em que em torno ao ressuscitado, unem-se e se associam todos os sofrimentos humanos, as desolusões, as humilhações, as cruzes, a dignidade humana violada, a vida humana respeitada.

A Ressurreição nos revela a nossa vocação cristã e nossa missão: aproximá-la a todos os homens. O homem não pode perder jamais a esperança na vitória do bem sobre o mal. Creio na Ressurreição?, a proclamo?; creio em minha vocação e missão cristã, a vivo?; creio na ressurreição futura? , é alento para esta vida?, são perguntas que devem ser feitas.
A mensagem redentora da Páscoa não é outra coisa que a purificação total do homem, a libertação de seus egoísmos, de sua sensualidade, de seus complexos, purificação que, ainda que implique em uma fase de limpeza e saneamento interior, contudo se realiza de maneira positiva com dons de plenitude, com a iluminação do Espírito, a vitalização do ser por uma vida nova, que transborda alegria e paz - soma de todos os bens messiânicos-, em uma palavra, a presença do Senhor ressuscitado. São Paulo o expressou com incontida emoção neste texto: " Se ressuscitastes com Cristo, então vos manifestareis gloriosos com Ele".

DOMINGO: CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA!



Senhor, afinal a morte não é um fracasso sem saída!

Se o melhor ainda está para vir, a vida está cheia de sentido: “Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disto nós somos testemunhas. Tendo sido elevado pelo poder de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo, derramando o que vedes e ouvis” (Act 2, 32-33).

Ó Jesus, a tua ressurreição é a garantia da minha., pois estou ligado a ti como os ramos da videira estão ligados ao tronco (Jo 15, 1-8). Meu Deus, é tão grande o teu projecto que até parece demasiado…. (DIÁLOGO ESPONTÂNEO COM JESUS RESSUSCITADO).

São Paulo, consciente da união orgânica que existe entre nós e Cristo exclama: “E Deus que ressuscitou o Senhor, há-de ressuscitar-nos também a nós pelo seu poder” (1 6, 14).

Agora compreendo o mistério da Eucaristia. Nós fazemos um corpo do qual tu és a cabeça. Por isso comemos um só pão (1 Cor 10, 17; 12, 27).

Certo dia, Jesus disse aos discípulos: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia” (Jo 6, 54).

Senhor, que bom é saber que a seiva da Vida Eterna é o Espírito Santo, seiva da videira que vem de ti, que és a cepa, para nós que somos os ramos…. (DIÁLOGO ESPONTÂNEO COM JESUS CRISTO)

A crença na imortalidade aconteceu muito antes de teres nascido, Senhor Jesus. A ressurreição em Cristo não é uma simples imortalidade, pois implica a assunção, através de Cristo, na própria comunhão trinitária.

Os que, porventura, estejam em estado de inferno são imortais, mas não participam da plenitude da ressurreição com Cristo: “Mas aqueles que forem achados dignos da vida futura e da ressurreição dos mortos, não se casam, sejam homens ou mulheres. Como já não podem morrer, são semelhantes aos anjos. Sendo filhos da ressurreição são filhos de Deus” (Lc20, 35-37).

Senhor Jesus ressuscitado, que eu permaneça sempre unido a ti como os ramos vivos da videira estão unidos à cepa ou como os membros do corpo estão unidos à cabeça… (DIÁLOGO ESPONTÂNEO COM CRISTO)

A certeza da ressurreição aconteceu com a experiência pascal dos Apóstolos: “Ficai sabendo, vós e todo o povo de Israel, que é em nome de Jesus de Nazaré, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, que este homem está curado” (Act 4, 10).

Maria, tu que és a maior dos ressuscitados em Cristo, ajuda-nos a ser fieis à nossa missão de testemunhas de Cristo, como tu foste fiel à missão de mãe do Messias

Ave Maria…. (DIÁLOGO COM MARIA). Após a ressurreição de Jesus apareces logo unida à primeira comunidade cristã: a comunidade apostólica de Jerusalém (Act 1, 14).

MÃE DE CRISTO SALVADOR, ROGAI POR NÓS!

CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA!

sábado, 11 de abril de 2009

Sábado Santo

Sábado Santo - De uma antiga Homilia

Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam à séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, e agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu

que dormes, levante dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: “Saí!”; e aos que jaziam nas trevas: “Vinde para a luz!”; e aos entorpecidos: “Levantai-vos!”

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu,

o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra, e fui mesmo sepultado abaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi; para restituir-te o sopro da vida original. Vê nas minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, c

onforme à minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros os pesos dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para t

i desde toda a eternidade.”

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (séc IV), de um autor grego desconhecido - Da Liturgia das Horas – II leitura do Sábado Santo

Fonte: Canção Nova

Sábado de Aleluia

Sábado Santo: Noite de Luz!

Eis a Luz de Cristo! Demos graças a Deus!
A Semana Santa é a Semana das Semanas! Neste tempo, vivemos a intensidade do Mistério Pascal, que é constituído pela Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. É certo que a cada Domingo, Dia do Senhor, nós revivemos e celebramos este Mistéiro. E é certo também que em cada Santa Missa, celebramos vivamente o Mistério Pascal. Mas, todo o ano decorre desta Semana Santa. O Tríduo Pascal é uma Fonte da graça de Deus. Nesta Semana, o nosso coração é alimentado pela força do Amor de Deus.

O Sábado Santo é precedido pelo Domingo de Ramos, onde acompanhamos Jesus no Triunfo e na Paixão. Jesus é acolhido em Jerusalém como um Rei, com hinos, ramos nas mãos, roupas jogadas pelo chão, por onde Ele ia passando e com muita euforia. E na mesma liturgia é narrada a Paixão do Senhor. O Triunfo e a Paixão de Jesus nos faz pensar nos nossos altos e baixos ao longo da nossa vida. Em Jesus, encontramos sabedoria e discernimento para louvarmos a Deus nas conquistas e confiarmos Nele nas horas amargas!

O Sábado Santo, é chamado de Vigília Pascal. Na Igreja e na Liturgia Católica, antes de todas as grandes solenidades, tem uma Celebração de Véspera ou Vigília. A Vigília Pascal, antecede o Dia da Páscoa, o Domingo da Ressurreição de Jesus.

A Vigília Pascal faz parte também do Tríduo Pascal, onde vivemos com profundidade os passos de Jesus, rumo ao Calvário, ao Sepulcro e à Ressurreição. Este Tríduo começa com a Quinta-feira Santa, pela conhecida Missa do Lava pés, através da qual Jesus instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio, com uma recomendação: "fazei isto em minha memória" (Lc 22,19). A Eucaristia e o Sacerdócio nasceram do coração de Jesus, em torno de uma mesa, para que se fosse cumprida uma Promessa do Senhor: "Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28,20). Tanto pela Eucaristia, como pelo Sacerdócio, o Senhor continua no meio de nós!

Na Sexta-feira Santa, até a natureza se silencia. O Cordeiro é imolado. Jesus, morre na Cruz, rezando: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23,46)! E aí Jesus entrega toda a Sua história e missão. Jesus entrega a Igreja e toda a humanidade. Jesus nos entrega ao Pai! Com esta entrega, Jesus, coloca em prática o Seu ensinamento: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13).

Diante da Vigília Pascal, é como se a Igreja e cada fiel estivesse escalando uma alta montanha. A cada dia, mais um passo e mais próximo do ápice! A cada celebração do Tríduo Pascal, mais perto do cume, do lugar mais alto. Depois, desta caminhada, com o coração aberto e os olhos bem atentos no Senhor, chegamos à grande noite do Sábado Santo, da Vigília Pascal.

O Sábado Santo, é celebrado ao escurecer do dia, à noite. Até as luzes da Igreja, são apagadas. Todo o povo se reúne na escuridão. Esta Liturgia é muito rica nos sinais, nos gestos e símbolos. É na Vigília Pascal que acontece a bênção do fogo. O Círio Pascal, uma vela bem grande, é aceso no fogo novo, trazendo o ano que estamos vivendo e duas letras do alfabeto grego, ou seja, o Alfa e o Ômega. Pois, representa Jesus, nossa Luz, Princípio e Fim de tudo e de todos; Senhor do Tempo e da História!

A Vigília Pascal tem quatro partes fundamentais: Liturgia da Luz, da Palavra, do Batismo e da Eucaristia. É comum crianças e adultos serem batizados nesta celebração, onde todos renovam a sua fé e a sua confiança no Deus Altíssimo. A Palavra de Deus recorda toda caminhada do Povo de Israel, aguardando o Messias, e apresenta Jesus como o verdadeiro Messias, Salvador. O Povo de Deus, pede a intecessão dos Santos para que continue perseverante no seguimento de Jesus, que trouxe ao mundo uma Boa Notícia e se alimenta da Eucaristia, Remédio Santo, que cura as enfermidades do corpo e da alma.

A Vigília Pascal é uma celebração solene e com uma catequese muito profunda. Quando participamos cheios de atenção e desejo de nos encontrarmos com o Senhor, ficamos maravilhados com a beleza e o esplendor em torno de Jesus, nossa Luz. A Vigília Pascal transforma a noite mais clara que o dia e nos impulsiona a irmos ao encontro do Senhor Ressuscitado, para vê-Lo e acreditar na vitória da Vida sobre a morte. A Ressurreição de Jesus, torna o Sábado Santo, numa Noite de Luz!

Por: Padre Silvio Andrei