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segunda-feira, 22 de março de 2010

22 de março - Santo do dia

São José Oriol

O santo deste dia, São José Oriol, tornou-se um santo sacerdote, não porque fez coisas extraordinárias, mas por viver o ordinário de modo extraordinário. Nasceu em Barcelona, em 1650 de uma família muito pobre.

José sofreu muito com a pobreza e pelo fato de ser órfão de pai; no seu coração, desde cedo, sentiu o chamado ao Sacerdócio, que somente com muitas lutas e graça da Providência conseguiu corresponder, pois padre se tornou com 26 anos. Apaixonado pela Sagrada Escritura, estudou as línguas originárias – hebraico, aramaico e grego – para assim evangelizar os judeus.

São José Oriol era um sacerdote simples, caridoso e pobre, porém de grande eficácia evangelizadora, tanto assim que cuidou de sua mãe e também das almas de todos os que o Senhor foi colocando na vida.

Ao fazer uma romaria penitencial para a Cidade Eterna, recebeu um ministério do Papa de grande importância, mas mesmo assim não deixou de catequizar crianças, visitar doentes e socorrer pobres. José queria ser missionário no Japão, porém uma doença ajudou-lhe a discernir sua missão em Barcelona que durou até entrar no Céu em 1702.


São José Oriol, rogai por nós!

domingo, 21 de março de 2010

21 de março - Santo do dia

São Nicolau de Flue

Bruder Klaus nasceu no dia 21 de março de 1417, na Suíça. Oriundo de família pobre, ainda jovem queria ser monge ou eremita. Nesta época não pôde realizar o sonho porque tinha que ajudar os pais nos trabalhos do campo. Mais tarde também não o conseguiu, pois se casou. Felizmente a escolhida era uma moça muito virtuosa e religiosa, chamada Dorotéia, com a qual teve dez filhos. Vários deles se tornaram sacerdotes, e um dos netos, Conrado Scheuber, morreu com o conceito de santidade.

Ainda neste período Klaus não pôde se dedicar totalmente às orações e meditações como queria. Os escritos da época narram que, devido ao seu reconhecido senso de justiça, retidão de consciência e integridade moral, foi convocado a assumir vários cargos públicos, como, juiz, conselheiro e deputado.

Finalmente, aos cinqüenta anos de idade conseguiu a concordância da família e abandonou tudo. Adotou o nome de Nicolau e foi viver numa cabana que ele mesmo construiu, não muito longe de sua casa, mas num local ermo e totalmente abandonado. Tinha por travesseiro uma pedra e como cama uma tábua dura. Naquele local viveu por dezenove anos e há um fato desse período que impressionou no passado e impressiona até hoje. Há provas oficiais de que ele, durante todos esses anos, alimentou-se exclusivamente da Sagrada Comunhão. Entretanto, não conseguia se manter na solidão. Amável e receptivo, não fugia de quem o procurasse. E a pátria precisou dele várias vezes.

Pacificador e inimigo das batalhas, conhecido por seus atos e pela condição de eremita, foi chamado a mediar situações explosivas como a ameaça de guerra contra os austríacos e a eclosão iminente de uma guerra civil. Mas, quando não houve jeito de alcançar a paz no diálogo, ele também não fugiu de assumir seu lugar nos campos de batalha, como soldado e mesmo oficial. Entretanto, seu trabalho na reconciliação entre as partes envolvidas nestas questões de guerra repercutiu muito na população. Nicolau passou a ser venerado pelo povo, que logo o chamou de "Pai da Pátria".

Porém, à qualquer chance que tinha voltava para sua cabana, até ser solicitado novamente. Foi conselheiro espiritual e moral de muita gente, tanto pessoas simples como ocupantes de cargos elevados. Era muito respeitado por católicos e protestantes. Há quase um consenso em seu país de que a Suíça é hoje um país neutro e pacífico, que dificilmente se envolve em guerras ou conflitos internacionais, graças à influência do "Irmão Klaus", como era, e ainda é, carinhosamente chamado por todos os suíços.

Ele morreu no dia 21 de março de 1487, exatos setenta anos do seu nascimento. O corpo de Nicolau está sepultado na Igreja de Sachslen. Beatificado em 1669, foi canonizado pelo Papa Pio XII em 1947. A memória de São Nicolau de Flue é venerada pela Igreja, no dia 21 de março e como herói da pátria, no dia 25 de setembro. Ele é o Santo mais popular da Suíça.

São Nicolau de Flue, rogai por nós !

Evangelho do dia

Evangelho segundo São João - 5º Domingo da Quaresma

Evangelho segundo S. João 8,1-11.

Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar.

Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

João Paulo II
Encíclica « Dives in Misericordia »

«Também Eu não te condeno»


É precisamente a Redenção a última e definitiva revelação da santidade de Deus, que é a plenitude absoluta da perfeição: plenitude da justiça e do amor, pois a justiça funda-se no amor, dele provém e para ele tende. Na paixão e morte de Cristo — no facto de o Pai não ter poupado o Seu próprio Filho, mas «o ter tratado como pecado por nós» (2Cor 5, 21) — manifesta-se a justiça absoluta, porque Cristo sofre a paixão e a cruz por causa dos pecados da humanidade. Dá-se na verdade a «superabundância» da justiça, porque os pecados do homem são «compensados» pelo sacrifício do Homem-Deus.

Esta justiça, que é verdadeiramente justiça «à medida» de Deus, nasce toda do amor, do amor do Pai e do Filho, e frutifica inteiramente no amor. Precisamente por isso, a justiça divina revelada na cruz de Cristo é «à medida» de Deus, porque nasce do amor e se realiza no amor, produzindo frutos de salvação. A dimensão divina da Redenção não se verifica somente em ter feito justiça do pecado, mas também no facto de ter restituído ao amor a força criativa, graças à qual o homem tem novamente acesso à plenitude de vida e de santidade que provém de Deus. Deste modo, a Redenção traz em si a revelação da misericórdia na sua plenitude.

O mistério pascal é o ponto culminante da revelação e actuação da misericórdia, capaz de justificar o homem, e de restabelecer a justiça como realização do desígnio salvífico que Deus, desde o princípio, tinha querido realizar no homem e, por meio do homem, no mundo.

sábado, 20 de março de 2010

EXORCISMO - Fórmulas de Oração

Fórmula depreciativa e Fórmula imperativa

Leia abaixo dois exemplos de orações usados nas cerimônias de exorcismo


Exemplo da Fórmula Depreciativa

Ó Deus, criados e defensor do gênero humano,
olhai para este vosso servo
que criastes à vossa imagem
e chamais para o convício da sua glória.
O antigo inimigo o tortura terrivelmente,
com crueldade o oprime
e forzmente o conturba.
Enviai-lhe o vosso Espírito Santo
para que o fortifique na luta,
ensine a suplicar na tribulação
e o defenda com sua poderosa proteção.

Atendei, ó Pai santo,
o gemido da Igreja suplicante.
Não permitais que o vosso filho
seja possuído pelo pai da mentira
e que vosso sevo,
remido pelo preço do sangue de Cristo,
esteja preso nas garras do Diabo;
não deixeis que o templo do vosso Espírito
seja habitado por um espírito imundo.

Atendei, ó Deus de misericórdia,
as preces da Bem-aventurada Virgem Maria,
cujo Filho, morrendo na cruz,
esmagou a cabeça da antiga serpente
e confiou todos os seres humanos
a sua Mãe como filhos e filhas.
Brilhe neste vosso servo
a luz da verdade,
entre nele a alegria da paz
e o possua o Espírito da santidade
que, morando nele,
lhe restitua a serenidade e a pureza de coração.

Atendei, ó Senhor,
a súplica de São Miguel Arcanjo
e de todos os Anjos que vos servem.
Ó Deus das forças celestes,
repeli a violência do Diabo;
ó Deus da verdade e do perdão,
afastai suas ciladas enganadoras;
ó Deus da liberdade e da graça,
desatai as correntes da maldade.
Senhor Deus,
Que, no vosso amor de Pai,
salvastes a humanidade,
atendei a oração
dos vossos Apóstolos Pedro e Paulo
e de todos os Santos,
pois, pela vossa graça,
eles venceram o Maligno.
Livrai este vosso servo
de toda força hostil
e guardai-o ileso,
para que, tendo retornado
à serenidade e à comunhão convosco,
vos ame de todo o coração e vos sirva por suas obras,
vos glorifique com louvores e exalte com a vida.

Por Cristo, nosso Senhor.
Amém


Exemplo da Fórmula Imperativa

Eu te esconjuro,
Satanás, enganador do gênero humano.
Reconhece a justiça e a bondade de Deus Pai,
que condenou tua soberba e inveja
com justo juízo.
Afasta-te deste servo de Deus,
que o Senhor criou à Sua imagem,
agraciou com seus benefícios
e, em sua bondade, adotou como filho.

Eu te esconjuro,
Satanás, príncipe deste mundo.
Reconhece o poder e a força de Jesus Cristo,
que te venceu no deserto,
te superou no horto,
e te despojou na cruz;
e, ressurgindo do sepulcro,
transferiu teus troféus para o reino da luz.
Retira-te desta criatura,
que, ao nascer, Jesus Cristo fez seu irmão
e, ao morrer, o conquistou com seu sangue.

Eu te esconjuro,
Satanás, enganador do gênero humano.
Reconhece o Espírito da verdade e da graça,
que relepe as tuas ciladas
e confunde as tuas mentiras.
Sai desta criatura de Deus,
que ele marcou com um sigilo divino;
afasta-te deste homem,
a quem Deus tornou templo santo
por uma unção espiritual.

Afasta-te, pois, Satanás,
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo;
afasta-te pela fé e pela oração da Igreja;
afasta-te pelo sinal da santa cruz
de nosso Senhor, Jesus Cristo,
que vive e reina para sempre.

Amém.

Fonte: Ritual de Exorcismo e Outras Súplicas, Ed. Paulus / Rituale Romanum

Papa anuncia a realização de investigação em várias dioceses e seminários

O Papa Bento XVI expressou a "vergonha" e o "remorso" de toda a Igreja ante o escândalo de pedofilia registrada entre o clero irlandês, anunciando iniciativas em favor "da cura e de uma renovação", segundo sua carta enviada aos católicos da Irlanda, publicada neste sábado.

O Papa se disse "profundamente desolado" com os sofrimentos das vítimas de abusos cometidos por padres, mostrando-se disposto a encontrá-las como o fez outras vezes (na Austrália e nos Estados Unidos, em 2008).

No documento que será lido neste domingo em todas as paróquias irlandesas, Bento XVI afirma que os homens da Igreja culpados desses atos deverão "responder" não apenas "diante de Deus", mas ante a justiça comum.

Entre as medidas anunciadas polo pontífice em sua carta está o anúncio de uma "visita apostólica", isto é uma investigação "em várias dioceses da Irlanda", assim como em "seminários" e "congregações religiosas". A medida deverá ajudar a Igreja local "no caminho da renovação".

O Papa também denunciou "os graves erros de julgamento" cometidos pelo episcopado irlandês, acusado de ter encoberto centenas de casos de pedofilia cometidos por sacerdotes durante varias décadas.

O primaz da Igreja católica na Irlanda, cardeal Sean Brady, reagiu imediatamente expressando esperança de que a carta pastoral conduza a um "renascimento", descrevendo a data de sua divulgação como um "dia histórico". Por sua vez, uma das principais associações de vítimas, a Survivors of Child Abuse, considerou que a carta de Bento XVI deixa muitas questões sem resposta.

John Kelly, dirigente da associação, acolheu positivamente alguns aspectos do documento, mas considerou serem necessários numerosos esaclarecimentos.

A igreja enfrenta seus demônios - Parte 1

O Vaticano reconhece a existência do diabo em suas fileiras. E prepara seu exército para contra-atacar a presença do mal

O exorcista-chefe do Vaticano, Gabriele Amorth, espantou o mundo na semana passada ao declarar, alto e bom som, que “o demônio está à solta no Vaticano”. A justificativa para tal desabafo, que macula a residência oficial dos católicos com a fumaça do diabo, foram os inúmeros e incômodos casos de pedofilia envolvendo religiosos e o atentado ao papa Bento XVI no Natal do ano passado. Casos recentes não faltam para sustentar a indigesta frase do padre Amorth, que já tem 85 anos e dedicou os últimos 25 à realização de 70 mil rituais de expulsão do diabo do corpo de fiéis atormentados. Na Alemanha, por exemplo, surgiram denúncias de abusos feitos contra meninos dentro do milenar coral Regensburger Domspatzen, administrado até 1994 pelo irmão do papa, Georg Ratzinger.

No Chile, um padre espanhol da Congregação de Clérigos de São Viator foi preso com 400 horas de vídeos que continham pornografia infantil, boa parte produzida pelo próprio sacerdote. Já no Brasil, dois monsenhores e um padre da cidade de Arapiraca, Alagoas, foram acusados de abusar sexualmente de seus coroinhas. “Quando se fala de Satanás dentro do Vaticano, é de casos como esses que está se falando”, reitera o exorcista. Para Amorth, o diabo existe, não é uma entidade subjetiva ou simbólica, e precisa ser enfrentado. E o que poderia ser tratado como um arroubo medieval em outras épocas hoje ganha força considerável com um lobby de peso: o do próprio papa Bento XVI, que acredita no demônio e defende a volta dos rituais de exorcismo.“Quando se fala na fumaça de Satanás no Vaticano, é de casos de pedofilia e violência na Igreja que está se falando” Padre Gabriele Amorth, exorcista-chefe do Vaticano
O Sumo Pontífice quer criar um exército de sacerdotes exterminadores de demônios pelo mundo, mas tem uma tarefa árdua pela frente. Tanto o diabo quanto os exorcistas estão fora de moda pelo menos desde o século XX. Até mesmo entre os católicos, leigos e religiosos, que consideram muito caricata e teatral a figura demoníaca e preferem subjetivar o mal, deixando-o, assim, mais palatável para o racionalismo vigente. Com o advento da psiquiatria e os avanços da medicina, muito do que se atribuía ao diabo passou a ser explicado e remediado pela ciência. Desvios como os dos padres do coral Regensburger Domspatzen e dos brasileiros de Arapiraca ganharam nome de sintomas psiquiátricos. Até quem se diz possuído pelo demônio já tem diagnóstico reconhecido pela quarta edição do manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais, publicado em 1994 – a pessoa seria vítima de um “Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação”. A Satanás, cuja própria existência foi colocada em dúvida, sobrou o papel de representação simbólica do mal. Enquanto isso, o ofício de exorcista, em baixa, parou de atrair seminaristas. Com o tempo, um corpo de religiosos majoritariamente ignorante no assunto se estabeleceu na hierarquia clerical. “A quase totalidade do episcopado católico nunca fez exorcismos nem assistiu a um ritual”, acusa o padre Amorth. Também boa parte dos bispos, responsáveis pela investidura do cargo de exorcista oficial a um dos sacerdotes de suas dioceses, abandonou a obrigação. Muitos não acreditam sequer na existência do demônio.

Bento XVI começou a tentar reverter esse quadro a partir de 2005. Mas daí a mudar a Igreja, que é um dos organismos mais burocráticos e avessos à transformação que existem, há um longo caminho. Em seus discursos e documentos, constam referências diretas a uma série de pilares teóricos do catolicismo que ele pretende retomar. Entre eles está, por exemplo, o reconhecimento da existência do demônio como um espírito do mal que se manifesta de forma objetiva nas atitudes dos homens. E se as ondas dessas orientações teóricas demoram para reverberar sobre a pesada estrutura clerical, nas costas dos fiéis elas parecem ter chegado com a força de um tsunami. “Temos visto um aumento na procura por exorcismos. As pessoas estão claramente mais sensíveis à influência do diabo”, afirma Ana Flora Anderson, socióloga e biblista vinculada à Cúria Metropolitana de São Paulo. A tese é apoiada pelo frei italiano Elias Vella, autor de “O Diabo e o Exorcismo” (Editora Palavra & Prece). Ele reconhece que, entre os anos 1970 e 1990, houve uma calmaria nos casos de possessão. “Hoje, os problemas demoníacos voltaram com força”, disse à ISTOÉ o religioso, que também foi exorcista. A igreja agora corre para suprir a crescente demanda, em meio a uma grave crise de vocações e uma diminuição do número de padres no mundo.

Um retrato do descompasso que há hoje entre as necessidades dos fiéis e o despreparo do clero está sintetizado no livro “The Rite” (“O Rito”, em tradução livre), lançado em 2009 pelo jornalista americano Matt Baglio. Repórter free lancer na Itália, ele resolveu acompanhar um padre dos Estados Unidos durante um curso para formar exorcistas ministrado pela prestigiada Pontifícia Universidade Regina Apostolorum, em Roma, vinculada ao Vaticano. “Achei estranho existir um programa de estudos como esse em pleno século XXI”, afirma. “Mas considerei ainda mais espantoso descobrir que muitos dos padres que estavam lá não tinham ideia do que era o demônio e como se fazia um exorcismo.” Baglio lembra ainda que os calouros se diziam marginalizados pela comunidade religiosa de onde vieram por manifestar interesse por assunto tão controverso.

A igreja enfrenta seus demônios - Parte 2

O autor de “The Rite” levantou até números sobre a atividade dos exorcistas no continente americano para confirmar a tese de como o ritual está relegado. Segundo Baglio, deveria haver pelo menos 200 exorcistas ativos nas Américas do Norte, Central e do Sul. Mas em 2009 esse número não passava de 15. “Sei que mais de 95% dos supostos casos de possessão que chegam aos padres acabam diagnosticados como desvio psiquiátrico. Mas e o resto, como fica?”, questiona.TRADIÇÃO
Bento XVI é fiel ao catolicismo medieval, com demônio, pecado e fidelidade à liturgia

O americano acompanhou 18 exorcismos genuínos na Itália e é taxativo ao afirmar que, em alguns casos, a única solução é o ritual católico. “São pessoas que sofrem demais, ninguém sabe por que, e buscam atenção religiosa”, diz. Segundo o jornalista, boa parte dos rituais dura entre 30 minutos e 40 minutos, para não esgotar o possuído. Mas houve casos testemunhados por ele que renderam três horas de luta com o diabo. “É física e mentalmente exaustivo para todos os envolvidos”, admite.Padre Gabriele Amorth, ponta de lança do movimento que defende a existência concreta do diabo e a importância do retorno dos exorcismos, já está aposentado da prática dos rituais. O único exorcista oficial em atividade na Diocese de Roma atualmente é o sacerdote italiano Gabriele Nanni, que reforça a tese de seu antecessor. “Ele está bem velhinho, mas suas palavras são valiosíssimas, dada a riqueza das experiências que teve com o diabo nas décadas em que serviu como exorcista oficial do Vaticano”, afirma. Nanni, por sua vez, se tornou exorcista oficial da Diocese de Roma em 2000 e, de cara, acumulou a função de professor da Pontifícia Universidade Regina Apostolorum. Entre 2000 e 2005 fez uma média de dois exorcismos por semana – ao menos 520, todos com reconhecimento oficial. Hoje, divide seu tempo entre as aulas na universidade e os cursos que ministra no exterior. Desde 2006, por exemplo, visita a Cidade do México pelo menos uma vez por ano para treinar sacerdotes locais no ritual. Mas isso não os exime da necessidade da autorização do bispo para execução de um exorcismo. “A demanda está aumentando e a Igreja precisa se organizar para capacitar seus padres e fiscalizar melhor quem faz o rito sem autorização”, alerta. A parte que cabe a ele tem sido feita. Nanni visitou vários países a convite das dioceses locais para ministrar o curso. A Igreja Católica perdeu outro célebre exorcista oficial, o arcebispo de Lusaka Emmanuel Milingo, excomungado depois de casar com uma coreana.

Ainda vai demorar para que a legião de expulsores do mal almejada pela Santa Sé se forme. Alguns especialistas atribuem essa carência à debandada de fiéis para algumas igrejas evangélicas, que enxotam demônios por atacado. Enquanto isso, o católico convicto se vira como pode. Se os exorcistas treinados por vaticanistas e aprovados por bispos não vêm, alguns sacerdotes católicos têm atendido aos pedidos dos numerosos fiéis que imploram pelo alívio de uma despossessão. Padre Nelson Rabelo, 89 anos, é um deles. Há 22 anos ele administra a Igreja Sant’Ana, uma bela construção do século XVIII encravada no centro do Rio de Janeiro. Lá, depois da missa das 8h30 das sextas-feiras e sábados, faz orações de cura e libertação. “Vez ou outra há pessoas que gritam, se retorcem, choram e desmaiam”, explica (leia quadro com os sinais de possessão na página 90). Essas são levadas a uma sala onde a manifestação recebe tratamento. Para confirmar se é um caso de possessão, o sacerdote faz várias perguntas. Questiona quantos demônios estão no corpo, indaga seus nomes, a que vieram e que tipo de mal esperam fazer. Algumas vezes, ouve ameaças. “A pessoa fica fora de si. Não é ela quem fala, mas o diabo”, explica. À medida que o exorcismo se desenrola, os malignos vão saindo aos poucos, um por um. “Uma vez encontrei Lúcifer numa menina de 15 anos. Ele se apresentou e disse que de nada adiantaria a minha ação. Mas, no fim, teve que sair”, conta, com ar vitorioso. Segundo os especialistas, a maioria dos possuídos pelo diabo é formada por púberes do sexo feminino, personalidades muito suscetíveis.

Tocadas pelo trabalho do sacerdote do Rio, duas devotas, a advogada Ana Claudia Cavalcante e Zulmira Maria de Rezende, escreveram o livro “Padre Nelson, o Enviado de Deus” (Editora UniverCidade). “Ele trata todas as pessoas igualmente sem receber um centavo”, diz Ana Claudia. A advogada conta que nos exorcismos conduzidos pelo padre, e presenciados por ela, as pessoas possessas reviravam os olhos, arqueavam as mãos e se arrastavam pelo chão. “Mas não ouvi mudança de tom de voz, como normalmente se vê nos filmes.” Uma vez, o próprio demônio denunciou o objeto da casa que havia contaminado para impedir a cura da vítima: o colchão. De outra feita, a mulher possuída foi ao banheiro e se autoflagelou, ficando completamente ensanguentada. Houve também o episódio em que um jovem ficou nervoso ao receber a bênção de padre Nelson e passou a espancar todos à sua volta. Foi exorcizado e hoje frequenta as sessões de oração.


Apesar de reconhecer a boa vontade de trabalhos como o de padre Nelson, a Igreja oficialmente não os aprova. “Quem exorciza sem autorização do bispo já começa errado”, sentencia dom Hugo Cavalcante, presidente da Sociedade Brasileira de Canonistas e porta-voz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele explica que o diabo é aquele que semeia, entre outras coisas, a desobediência. E não há desobediência maior, no rito do exorcismo, do que fazê-lo sem autorização superior. “O exorcista deve ser um homem virtuoso e extremamente culto, senão o diabo, que é muito esperto, pode enganá-lo”, explica Cavalcante. A opinião é compartilhada pelo teólogo Fernando Altemeyer, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Tem que ter malandragem para lidar com o demônio”, afirma. Hoje, a Igreja não habilita aspirantes a exorcistas com menos de 35 anos, doutorado em teologia e conhecimento impecável da “Bíblia” (leia quadro na página 90). São exigências criadas para evitar não só diagnósticos de possessão errados, mas também rituais de exorcismo incompletos. “Tem demônio que finge que saiu do corpo para depois voltar com ainda mais força”, alerta Altemeyer.

Mas como reconhecer Satanás? A cultura popular costuma descrevê-lo como um ser animalesco, feio, com rabo e chifres, cheirando a enxofre e com a pele avermelhada. Para os estudiosos, essa representação surgiu no Oriente, berço da religião católica, onde o bode, que reúne as características físicas que hoje atribuímos ao diabo, tinha função expiatória. Naquela época, quando alguma suspeita de feitiço pairava sobre a comunidade, um bode era solto no deserto para vagar até a morte. Nada mais natural, portanto, que a cultura que criou esse ritual tenha atribuído características físicas semelhantes à do animal em questão ao demônio. “Mas ele é puro espírito e não existe de forma material”, afirma Cavalcante, da CNBB.

A origem do diabo não está na “Bíblia”, mas foi delineada através dos tempos por teóricos da fé. A história conta que, antes de criar o cosmo, Deus fez os anjos. Só então ele partiu para forjar o mundo material. Alguns anjos, porém, como puros espíritos, se opuseram à criação desse universo material, naturalmente imperfeito e aparentemente desnecessário para seres como eles, espirituais. Alheio às vontades dos anjos, Deus não só criou o cosmo como foi além e fez o homem à sua imagem e semelhança. Foi a gota d’água para a oposição se revoltar. A rebelião, sob a liderança do anjo Lúcifer, foi repreendida por Deus, que enviou os caídos ao inferno. De lá, porém, como demônios, eles passaram a influenciar os seres humanos. São milhões os malignos circulando pela terra, segundo a tradição católica. “Mas somos nós que deixamos as portas abertas para eles entrarem”, explica Altemeyer, da PUC-SP.

A relação homem e demônio é longa, segundo a tradição cristã. Desde os primeiros seres humanos a habitar a Terra. Agraciados com uma vida sem dor e preocupação no paraíso, Adão e Eva cederam às tentações da serpente – uma representação do diabo – e comeram o fruto da árvore proibida. Ambos acabaram expulsos do paraíso e marcaram o início da história humana. Outro marco importante na trajetória do demônio na terra é a chegada de Jesus Cristo. Ela crava a vitória divina e humana sobre o demônio, mas não o extingue. Mesmo subjugado e sem poder diante da força de Deus, ele ainda tem influência sobre o homem. Para quem se deixou levar pela tentação do demônio e se vê possuído por ele, criou-se o exorcismo. “Jesus e seus apóstolos, bem como todos os cristãos primitivos, foram exorcistas”, conta frei Elias Vella. “Era um sinal de fé”, diz.

Os exorcistas contemporâneos parecem trabalhar como no princípio do catolicismo – perseguidos, com muitas dificuldades e temerosos quanto ao futuro de seu ofício. “Meus colegas sacerdotes falam que não expulso demônio nenhum”, conta o padre paulista Cleodon Amaral de Lima, que pratica exorcismo há 25 anos sem investidura (leia boxe na página 92). Padre Nelson, do Rio de Janeiro, também conhece as dificuldades do exorcista contemporâneo. “Poucos bispos aceitam nosso trabalho”, diz o religioso, que foi expulso de duas dioceses em Minas Gerais antes de ser acolhido no Rio de Janeiro. “Quando eu parar com os rituais aqui na igreja, eles acabam.” Cabe ao Vaticano impedir que isso aconteça.

Colaborou Francisco Alves Filho

O Círio Pascal

O Círio Pascal

É a grande vela que se acende na celebração da Vigília Pascal, na noite do Sábado. Quer dizer: "Cristo, a luz dos povos". Ao acendê-la, o sacerdote canta três vezes em tons cada vez mais altos: -"Eis a Luz de Cristo!" E todos nós respondemos: - "Demos graças a Deus!".

No círio está presente uma Cruz com as letras gregas Alfa e Ômega, em cima e em baixo, representando que Cristo é o princípio e o fim de tudo. Em volta da Cruz está os números do ano em curso, para representar que Ele é o Senhor do tempo e da eternidade. Podemos ver também cinco cravos espetados, simbolizando as Chagas de Jesus, agora resplandescentes e transfiguradas.

Somente a partir da chama presente no Círio Pascal é que são acesas as velas de todos os que participam da celebração, como sinal de que é Cristo quem nos ilumina.