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terça-feira, 19 de março de 2013

Cerimônia no Vaticano inaugura pontificado do Papa Francisco

Durante a cerimônia de entronização nesta terça-feira, o Papa Francisco ressaltou a figura de José, patrono da Igreja, e pediu aos fiéis que sejam guardiões da dádiva de Deus. A missa que inaugura o pontificado do argentino Jorge Bergoglio foi celebrada na presença de mais de 150 mil pessoas, além de líderes religiosos e chefes de Estado do mundo todo. Confira os textos da missa de entronização na íntegra:

 Papa caminha até o altar durante a missa inaugural GABRIEL BOUYS / AFP

“Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do ministério petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.

Saúdo, com afeto, os irmãos cardeais e bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos representantes das outras igrejas e comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos chefes de Estado e de Governo, às delegações oficiais de tantos países do mundo e ao corpo diplomático.

Ouvimos ler, no evangelho, que “José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa” (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: “São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo” (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egito e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.

Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projeto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a Davi, como ouvimos na primeira leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu espírito. E José é “guardião”, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação.

Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Gênesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!
E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem Herodes que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.

Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos guardiões da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para guardar, devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura. A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!

Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.

Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou com uma esperança, para além do que se podia esperar (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.

Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu! Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! 

Amém”.

Missa inaugural do Pontificado do Papa FRANCISCO

‘Verdadeiro poder de um Papa é o serviço humilde, concreto e rico de fé’, diz Francisco

Em sua homilia, o Pontífice destacou a figura de São José e conclamou todas as pessoas, não apenas os cristãos, a serem ‘guardiões das dádivas de Deus’

Francisco fez um apelo aos líderes mundiais para não deixarem que os sinais da destruição tomem conta do mundo

Papa chegou à Praça São Pedro em um jipe branco aberto e desceu para abraçar e beijar fiéis
Usando pela primeira vez o palio (estola) de lã e o anel do pescador, o Papa Francisco celebra sua missa inaugural FILIPPO MONTEFORTE;FILIPPO MONTEFORTE / AFP
Quem esperava mais demonstrações de simplicidade e humildade por parte do Papa Francisco não se decepcionou com a missa inaugural de seu pontificado. Ao chegar à Praça de São Pedro em um jipe branco aberto, o Pontífice driblou mais uma vez o protocolo e desceu do veículo para abençoar doentes e beijar crianças. Na cerimônia, mesmo vestindo as roupas cerimoniais, o primeiro Papa latino-americano continuou a falar com a voz da humildade, dizendo na homilia que o “verdadeiro poder de um Papa é o serviço humilde, concreto e rico de fé”. Além de homenagear seu antecessor, o Papa Emérito Bento XVI, Francisco destacou a figura de São José, patrono da Igreja, lembrando que ele foi escolhido por Deus para ser o guardião de Maria e Jesus. Tomando o exemplo do santo, o líder pediu aos fiéis que “sejam guardiões das dádivas de Deus”. 
- José é o guardião porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas - disse o Papa. - Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!
Francisco lembrou que essa vocação não diz respeito somente aos cristãos, mas tem uma dimensão humana. - Guardar a criação inteira, como nos diz Gênese e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda criatura de Deus e pelo ambiente em que vivemos. Sejam guardiões das dádivas de Deus.

O Papa Francisco pediu aos dirigentes que viajaram a Roma para assistir sua entronização que não deixem os sinais da destruição tomarem conta do mundo. O líder da Igreja Católica pediu ainda proteção aos pobres, respeito às criaturas de Deus e à natureza. - Gostaria de pedir a todos que ocupam papéis de responsabilidade, sendo na política ou na economia, sejamos parte do projeto de Deus na natureza. Não deixemos que sinais de destruição e morte tomem conta desse mundo. Mas para cuidar do outro, temos que cuidar de nós mesmos. O ódio, a soberba são destrutivos. Cuidar quer dizer ser vigilante, cuidar de nossos pensamentos - disse o Pontífice, que terminou sua homilia pedindo, mais uma vez, que os fiéis rezem por ele.

Pelo Twitter, internautas afirmaram que o barulho da multidão para saudar o Papa abafou os sinos da Basílica de São Pedro. Francisco, que tem conquistado o público pela informalidade e bom humor, parou para abraçar e beijar os fiéis enquanto atravessava a Praça de São Pedro em direção à basílica para dar início à cerimônia. Desde o atentado sofrido pelo Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, é comum que os líderes da Igreja Católica utilizem um papamóvel com vidros blindados em eventos públicos.

Telões foram distribuídos em vários pontos da praça para que as pessoas pudessem acompanhar a missa de inauguração do pontificado do argentino Jorge Bergoglio, eleito na semana passada, marcando um período único na História da Igreja. Segundo o jornal italiano “La Stampa”, mais de 200 mil pessoas assistiram à entronização de Bergoglio, que também é o primeiro Papa jesuíta e de nome Francisco.

Delegações de 132 países, monarcas, príncipes e mais de 30 chefes de Estado foram à Roma para assistir à liturgia, que coincide com as festas em homenagem a São José. Tanto a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, quando a presidente da Argentina, Cristina Kirchner - uma das primeiras a chegarem à Praça de São Pedro -, se vestiram de preto, que é considerado o traje correto do ponto de vista protocolar para esse tipo de cerimônia.
A celebração começou com uma oração de Francisco no túmulo do apóstolo Pedro - considerado o primeiro Papa -, situado abaixo do altar central da Basílica de São Pedro. O cardeal Angelo Solado, o decano do Colégio Cardinalício, entregou o anel de pescador ao Papa, símbolo do poder do Pontífice que terá de carregar até a sua morte ou renúncia, e depois será inutilizado como ocorreu com Bento XVI.

Já o pálio papal foi recebido pelo cardeal prodiácono Jean-Louis Tauran, o mesmo que anunciou o “habemus papam”. Feito de lã de ovelha e cordeiro, o pálio representa a dedicação do pastor. Após receber os trajes papais, seis cardeais prestaram o juramento simbólico do ato de obediência ao novo Pontífice em nome dos 207 religiosos que formam o Colégio Cardinalício.

Chefes da Igreja no Oriente que reconhecem a autoridade do Papa - entre elas a maronita e a Alexandrina – também assistiram à cerimônia. Além deles, líderes de outras religiões marcaram presença, incluindo o Papa Ortodoxo. As leituras da missa foram feitas em inglês e em espanhol e o Evangelho, em grego. O Papa não deu a comunhão e a hóstia foi distribuída pelos cardeais e padres.

Argentinos acompanham missa em Buenos Aires
Antes da missa inaugural, o Papa Francisco ligou para a catedral de Buenos Aires e deixou uma mensagem para os fiéis: “Não se esqueçam deste arcebispo que está longe e que gosta muito de vocês”. O Pontífice pediu, em tom de brincadeira: “Não arranquem o couro dele”.
Milhares de argentinos acompanharam a entronização na histórica Praça de Maio, onde foi instalado um enorme telão. Em alguns edifícios de Buenos Aires, foram colocadas bandeiras papais. Desde a noite de segunda-feira, jovens argentinos fizeram vigília na catedral para rezar por Francisco.


segunda-feira, 18 de março de 2013

Dilma recua e depois de dizer não, desembarca em Roma dando conselhos ao papa Francisco



Marketing eleitoral levou Dilma ao papa

Depois de dizer não, presidente viu que perderia ótima chance de aparecer bem na mídia
No sábado (16. mar.2013), a presidente Dilma Rousseff trocou 3 ministros para assegurar uma aliança sólida na sua campanha pela reeleição em 2014. Nesta semana, a petista foi a Roma para ver o papa Francisco e também atender a uma lógica do marketing eleitoral.

Num primeiro momento, Dilma Rousseff rejeitou a ideia de viajar a Roma para cumprimentar o novo papa. Depois, mudou de ideia. Por quê? Simples. Marketing eleitoral puro. A petista mais perderia do que ganharia se ficasse no Brasil.

Eis 4 argumentos esgrimidos pelos assessores presidenciais para fazer Dilma mudar de ideia:
1) Eleitorado católico o Brasil tem a maior população católica do mundo. Católicos, são, por óbvio, também eleitores. Em 2010, na campanha eleitoral, ficou um ruído entre a petista e os eleitores religiosos. Avistar-se com o papa seria uma forma de diluir essa impressão deixada há dois anos;
2) Papa simpático apesar das suspeitas sobre sua atuação tímida ou omissa durante a ditadura na Argentina, o fato é que o cardeal Jorge Mario Bergoglio (o papa Francisco) apareceu de maneira muito positiva na mídia para o seu público, os católicos: sempre sorridente, tem uma estampa mais simpática que a do antecessor, o alemão Joseph Ratzinger (Bento 16). Como se não bastasse, atribuiu a um colega brasileiro a influência pela escolha do nome Francisco;
3) Photo-op de graça e mídia espontânea não ir a Roma e perder a chance de uma “photo-op” ao lado do papa Francisco seria um erro de marketing. Afinal, hoje (17.mar.2013) e amanhã (18.mar.2013) a presidente Dilma Rousseff vai ganhar o que se chama de “mídia espontânea positiva”, a melhor de todas –e muito desejada pelos publicitários. Mais vale aparecer compungida ao lado do papa no “Jornal Nacional”, da TV Globo, do que dezenas de comerciais sobre o fim da miséria;
4) Agenda nova depois de aderir “con gusto” à fisiologia trocando ministros no último sábado (16. mar.2013), Dilma força uma mudança de agenda na sua cobertura. Para melhorar a situação, seus principais adversários estarão no Brasil falando mal da gestão de seu governo e ela estará ao lado do papa tirando fotos. Uma vantagem comparativa que a presidente da República, muito focada em sua reeleição, não poderia jogar pela janela. 

Em resumo, o marketing ditou a agenda da presidente nessa sua ida ao Vaticano para cumprimentar o papa. Nada mais.


Igreja Católica Apostólica Romana, uma megacobertura




Uma megacobertura. Não há outra palavra para definir o volume de informação a respeito da Igreja Católica. A surpreendente renúncia de Bento XVI, os bastidores do conclave, o impacto da eleição do primeiro pontífice da América Latina e a próxima Jornada Mundial do Juventude, encontro do papa Francisco com os jovens, em julho no Rio de Janeiro, puseram a Igreja no foco de todas as pautas.

A cobertura do Vaticano é um case jornalístico que merece uma análise técnica. Algumas patologias, evidentes para quem tem olhos de ver, estiveram presentes em certas matérias da imprensa mundial: engajamento ideológico, escassa especialização e preparo técnico, falta de apuração, reprodução acrítica de declarações não contrastadas com fontes independentes e, sobretudo, a fácil concessão ao jornalismo declaratório.

Poucos, por exemplo, aprofundaram no verdadeiro sentido da renúncia de Bento XVI e na qualidade de seu legado. O papa emérito, intelectual de grande estatura e homem de uma humildade que desarma, sempre foi julgado com o falso molde de um conservadorismo exacerbado.  Mas, de fato, foi o grande promotor da implantação do Concílio Vaticano II, o papa que mais avançou no diálogo com o mundo islâmico, o pontífice que empunhou o bisturi e tratou de rasgar o tumor das disputas internas de poder e o câncer dos desvios sexuais.

Sua renúncia, um gesto profético e transgressor, foi um ato moderno e revolucionário. Bento XVI não teve nenhum receio de mostrar ao mundo um papa exausto e sem condições de governar a Igreja num período complicado e difícil. Foi sincero. Até o fim.
Ao mesmo tempo, sua renúncia produziu um vendaval na consciência dos cardeais. A decisão, inusual nas plataformas de poder, foi a chave para o início da urgente e necessária reforma da Igreja. O papa emérito, conscientemente afastado das bajulações e vaidades humanas e mergulhado na sua oração, está sendo uma alavanca de renovação da Igreja.

Nada disso, no entanto, apareceu na cobertura da mídia. Faltou profundidade, análise séria, documentação. Ficamos, todos, focados nos boatos, nas intrigas, na ausência de notícia. Falou-se, diariamente, do relatório dos cardeais ao papa emérito denunciando supostos escândalos no Vaticano. Mas ninguém na mídia, rigorosamente ninguém, teve acesso ao documento.

Os jornais, no entanto, entraram de cabeça no mundo conspiratório. Suposições, mesmo prováveis, não podem ganhar o status de certeza informativa. Escrevia-me, recentemente, um excelente jornalista. Acordei hoje cedo, li os jornais e me perguntei: sou só eu a me indignar muito com a proliferação de "informações" inverificáveis, oriundas de fontes em off the record ou de documentos "sigilosos" sobre os quais não há nenhum outro dado que permita verificar sua realidade e consistência?

Ninguém se questiona sobre tantos "furos" "obtidos" por jornalistas que escrevem à distância "reportagens" tão nebulosas, redigidas em uma lógica claramente sensacionalista? Ninguém mais se preocupa com a checagem de informações, com a credibilidade das fontes? Assino em baixo do seu desabafo. A enxurrada de matérias sobre abuso sexual na Igreja são outro bom exemplo desses desvios. Setores da mídia definiram os abusos com uma expressão claramente equivocada: “pedofilia epidêmica”. Poucos jornais fizeram o que deveriam ter feito: a análise objetiva do fatos. O exame sereno, tecnicamente responsável, mostraria, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que o número de delitos ocorridos é muitíssimo menor entre padres católicos do que em qualquer outra comunidade.

O conhecido sociólogo italiano Massimo Introvigne mostrou que, num período de várias décadas, apenas 100 sacerdotes foram denunciados e condenados na Itália, enquanto 6 mil professores de educação física sofriam condenação pelo mesmo delito.
Na Alemanha, desde 1995, existiram 210 mil denúncias de abusos. Dessas 210 mil, 300 estavam ligadas ao clero, menos de 0,2%. Por que só nos ocupamos das 300 denúncias contra a Igreja? E as outras 209 mil denúncias? Trata-se, como já afirmei, de um escândalo seletivo. Claro que alguns representantes da Igreja –padres, bispos e cardeais - têm importante parcela de culpa. Na tentativa de evitar escândalos públicos, esconderam um problema que é inaceitável. Acresce a tudo isso o amadorismo, o despreparo e a falta de transparência da comunicação eclesiástica.

O novo pontífice precisa enfrentar a batalha da comunicação. E dá toda a impressão de que o papa Francisco está decidido a estabelecer um diálogo direto e produtivo com a imprensa. O desejo de se reunir com os jornalistas na grande sala de audiência Paulo VI foi muito sugestivo. A Igreja, com sua história bimilenar e precedentes de crises muito piores, é um fenômeno impressionante. E, obviamente, não é um assunto para ser tocado com amadorismo, engajamento ou preconceito. A má qualidade da cobertura da Igreja é, a meu ver, a ponta do iceberg de algo mais grave.

Reproduzimos, frequentemente, o politicamente correto. Não apuramos. Não confrontamos informações de impacto com fontes independentes. Ficamos reféns de grupos que pretendem controlar a agenda pública. Mas o jornalismo de qualidade não pode ficar refém de ninguém: nem da Igreja, nem dos políticos, nem do movimento gay, nem dos funtamentalistas, nem dos ambientalistas, nem dos governos. Devemos, sim, ficar reféns da verdade e dos fatos.
Há espaço, e muito, para o bom jornalismo. Basta cuidar do conteúdo e estabelecer metodologias e processos eficientes de controle de qualidade da informação.

 Por: Carlos Alberto Di Franco, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com). E-mail: difranco@iics.org.br

18 de março - Santo do dia

São Cirilo de Jerusalém


Desde o início dos tempos cristãos a heresia se infiltrara na Igreja, mas, foi no século IV, que ocorreram as do arianismo e do nestorianismo causando profundas divisões. Cirilo viveu nesse período em Jerusalém, perto de onde nascera em 315, de pais cristãos e bem situados financeiramente. Muito preparado, desde a infância, nas Sagradas Escrituras e nas matérias humanísticas, em 345, foi ordenado sacerdote.

Em 348, foi consagrado, bispo de Jerusalém. Ocupou o cargo durante aproximadamente trinta e cinco anos, dezesseis dos quais passou no exílio, em três ocasiões diferentes. A primeira porque o bispo Acácio, de grande influencia na Igreja, cuja obra foi citada por São Jerônimo, acusou Cirilo de heresia. A segunda por ordem do imperador Constâncio que entendeu ser Cirílo realmente um simpatizante dos hereges, mas em sua defesa atuaram os bispos, Atanásio e Hilário, ambos Padres da Igreja assim como o próprio bispo Cirilo o é. A terceira, foi a mais longa , porque o imperador Valente, este sim herege, decidiu mandar de volta ao exílio todos os bispos anistiados, fato que fez Cirilo peregrinar durante onze anos, por várias cidades da Ásia, até a morte do soberano, em 378.

O seu trabalho, entretanto resistiu a tudo e chegou até nossos dias e especialmente porque ele sabia ensinar o Evangelho, como poucos. Em sua cidade, logo que se tornou sacerdote e no início do episcopado era o responsável por preparar os catecúmenos, isto é, os adultos que se convertiam e iriam ser batizados. Foi nesse período que escreveu dezoito discursos catequéticos, um sermão, a carta ao imperador Constantino e outros pequenos fragmentos. Treze escritos eram dedicados à exposição geral da doutrina e cinco dedicados ao comentário dos ritos Sacramentais da iniciação cristã . Assim, seus escritos explicam detalhadamente os "como" e os "porquês" de cada oração, do batismo, da crisma, da penitência, dos sacramentos e dos mistérios do Cristianismo, ditos dogmas da Igreja..

Cirilo também soube viver a religião na prática. Numa época de grande carestia, por exemplo, não hesitou em vender valiosos vasos litúrgicos e outras preciosidades eclesiásticas, para matar a fome dos pobres da cidade. Ele morreu no ano 386.

Desde o início de sua vida religiosa, Cirilo cujo caráter era afável e suave, sempre preferiu a catequese aos assuntos polêmicos, chegando quase a se comprometer com os arianos e semi-arianos. Porém, de maneira contundente aderiu à doutrina ortodoxa da Igreja no III Concílio ecumênico de Constantinopla, em 382, no qual ficou clara sua sempre fiel postura à Santa Sé e à Verdade de Cristo. Nessa oportunidade teve em seu favor a eloqüência das vozes dos sinceros bispos e amigos, Atanásio e Hilário, que o chamaram "valente lutador para defender a Igreja dos hereges que negam as verdades de nossa religião".

Sua canonização demorou porque, durante muito tempo, seu pensamento teológico foi considerado vascilante, como dizem os registros. Em 1882, o Papa Leão XIII, na solenidade em que instituiu sua veneração, honrou São Cirilo de Jerusalém, com os títulos de doutor da Igreja e príncipe dos catequistas católicos.

Nasceu no ano de 315, e foi muito bem formado em Jerusalém. Ordenado sacerdote, poucos anos depois, em 348, já era bispo. Faleceu em 386.

Empenhou-se nas catequeses para bem formar o povo de Deus, na verdade e no amor, formando-os também com sua vida.

Muitos cristãos cediam às heresias, e Cirilo pagou o preço. Por três vezes foi desterrado sendo que, na última vez, teve que ficar 11 anos fora do seu pastoreio, percorrendo cidades na Ásia, como um peregrino, tendo uma vida cenobítica até que em 362 pôde retornar.

São Cirilo ajudou os corações dos fiéis a mergulharem no mistério pascal, que é o coração da fé católica: o Crucificado que ressuscitou.

Deixou muito presente para os cristãos do século IV a verdade da Eucaristia. Ele ensinava que era preciso fazer com as mãos, um trono – mão esquerda apoiada sobre a direita, para receber o Corpo do Senhor. E de estarmos atentos aos fragmentos, onde também há a presença real de Jesus.

São Cirilo, rogai por nós!

domingo, 17 de março de 2013

Francisco fala de perdão ao celebrar sua 1ª Oração do Angelus

Francisco celebra sua 1ª oração Angelus para a Praça de São Pedro

Mantendo o tom informal, o Sumo Pontífice contou histórias de Buenos Aires na homilia, emocionando a multidão na Praça de São Pedro

O Papa Francisco celebrou na manhã deste domingo seu primeiro Angelus para a Praça de São Pedro, da janela de seu futuro apartamento papal. Antes de profetizar a oração, ele fez um discurso pedindo por mais misericórdia no mundo e contou uma história sobre sua avó na Argentina, emocionando a multidão de fiéis no Vaticano. - Quando eu era pequeno, minha avó me disse que Deus sempre perdoa. E eu perguntei: ‘Como você sabe disso, vovó? Ela respondeu: ‘Porque senão o mundo não existiria’. E é essa a linha do Espírito Santo - contou. - Gostaria de reforçar isso. Não é Deus que não perdoa, somos nós que nos cansamos de pedir perdão.

Papa Francisco celebra a oração Angelus da janela de seu futuro apartamento no Vaticano ALESSANDRO BIANCHI / REUTERS 

No pronunciamento, o Pontífice também agradeceu aos presentes pelo apoio e pediu que os fiéis continuem rezando por ele. - Gostaria de dirigir um cordial agradecimento aos que estão assistindo essa celebração. Continuem rezando por mim. Eu estendo o agradecimento a todos vocês. Àqueles de Roma, assim como os que vieram de outros países e os que estão nos assistindo pela mídia.

Mais cedo, Francisco celebrou uma missa na Igreja de Santa Ana, paróquia que homenageia a mãe de Nossa Senhora. Durante a homilia, ele também defendeu a misericórdia, fazendo menção à leitura da liturgia sobre o apedrejamento de uma mulher adúltera. - Nós também somos como esse povo. Por um lado gostamos de escutar de Jesus, mas por outro lado gostamos de criticar os outros, condenar os outros. A mensagem de Jesus é a misericórdia - disse o Sumo Pontífice. - Eu vos digo humildemente: a mensagem mais forte do Senhor é a misericórdia. Jesus não veio pelos justos, já que eles se justificam sozinhos, mas sim pelos pecadores.

Ao chegar a paróquia, ele cumprimentou alegremente os fiéis e beijou crianças. Pela primeira vez, Francisco foi visto com uma casula roxa, usada como simbolismo dos tempos de quaresma. Mas, antes de aparecer na janela de seu futuro apartamento papal, ele retirou a vestimenta. Nos próximos dias, ele continuará hospedado na residência Santa Marta - prédio anexo à Capela Sistina e que abrigou o cardeais durante o conclave. O apartamento do Pontífice sé será de Francisco após sua cerimônia de entronização.

Dezenas de milhares de pessoas comparecem à Praça de São Pedro
O primeiro Angelus celebrado pelo Papa Francisco foi assistido por uma multidão de fiéis na Praça de São Pedro. Bandeiras da Argentina, do Brasil e diversos ouros países eram exibidas durante a cerimônia, o que deve ter inspirado o Pontífice a agradecer aos espectadores de outros países.

Evangelho do Dia

EVANGELHO COTIDIANO


Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. João 6, 68


5º Domingo da Quaresma

Evangelho segundo S. João 8,1-11.
Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras.  De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar.  Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio  e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério.
Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» 
 
Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra.  Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» 
 
E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra.  Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles.  Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» 
 
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

Comentário ao Evangelho do dia feito por: Beato João Paulo II (1920-2005), papa
Encíclica «Dives in misericordia», §2
«Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra»
«Ninguém jamais viu a Deus», escreve São João para dar maior relevo à verdade segundo a qual «o Filho unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer» (Jo 1,18). [...] A verdade revelada por Cristo a respeito de Deus, «Pai das misericórdias» (2Co 1,3), permite-nos «vê-Lo» particularmente próximo do homem, sobretudo quando este sofre, quando é ameaçado no próprio coração da sua existência e da sua dignidade.

Por este motivo, na atual situação da Igreja e do mundo, muitos homens e muitos ambientes, guiados por vivo sentido de fé, voltam-se quase espontaneamente, por assim dizer, para a misericórdia de Deus. São impelidos a fazê-lo certamente pelo próprio Cristo, o Qual, mediante o Seu Espírito, continua operante no íntimo dos corações humanos. O mistério de Deus «Pai das misericórdias» revelado por Cristo torna-se, no contexto das hodiernas ameaças contra o homem, como que um singular apelo dirigido à Igreja.

Pretendo acolher tal apelo; desejo inspirar-me na linguagem da revelação e da fé, linguagem eterna e ao mesmo tempo incomparável pela sua simplicidade e profundidade, para com ela exprimir, uma vez mais, diante de Deus e dos homens, as grandes preocupações do nosso tempo. A revelação e a fé ensinam-nos, efectivamente, não tanto a meditar de modo abstracto sobre o mistério de Deus, «Pai das misericórdias», quanto a recorrer a esta mesma misericórdia em nome de Cristo e em união com Ele. Cristo não disse, porventura, que o nosso Pai, Aquele que «vê o que é secreto» (Mt 6,4), está continuamente à espera, por assim dizer, de que nós, apelando para Ele em todas as necessidades, perscrutemos cada vez mais o Seu mistério: o mistério do Pai e do Seu amor? É meu desejo, portanto, que estas considerações sirvam para aproximar mais de todos tal mistério e se tornem, ao mesmo tempo, um vibrante apelo da Igreja à misericórdia, de que o homem e o mundo contemporâneo tanto precisam. E precisam dessa misericórdia, mesmo sem muitas vezes o saberem.