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domingo, 18 de dezembro de 2016

Evangelho do Dia



EVANGELHO COTIDIANO


"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


4º Domingo do Advento

Evangelho segundo S. Mateus 1,18-24.
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo.
Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. 
Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um Filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz:
«A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus conosco’».
Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.

Comentário do dia:  Leão XIII (1810-1903), papa
Encíclica «Quanquam pluries»
«José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa»

As razões e os motivos pelos quais S. José é especialmente patrono da Igreja e que fazem com que, em troca, a Igreja espere muito da sua proteção e do seu patrocínio, são que José foi o esposo de Maria e foi considerado o pai de Jesus Cristo. Daí a sua dignidade, o seu favor, a sua santidade, a sua glória. É certo que a dignidade da Mãe de Deus é tal, que nada pode ser criado acima dela. Todavia, como José esteve unido à bem-aventurada Virgem através do laço conjugal, não se pode duvidar de que se tenha aproximado mais do que ninguém dessa dignidade supereminente pela qual a Mãe de Deus ultrapassa em muito todas as naturezas criadas. Com efeito, o matrimônio é a relação pessoal e a união mais íntima de todas; ele pressupõe, pela sua própria natureza, uma comunidade de bens entre os cônjuges. Por isso, ao dar-lhe José como esposo, Deus deu à Virgem, não apenas um companheiro para a vida, uma testemunha da sua virgindade e um guardião da sua honra, mas também, em virtude do próprio pacto conjugal, um participante na sua dignidade sublime.

De maneira semelhante, José brilha entre todos pela sua enorme dignidade, porque foi, por vontade divina, o guardião do Filho de Deus, considerado seu pai pelos homens. Donde resultava que o Verbo de Deus estava humildemente submetido a José, lhe obedecia, e cumpria todos os deveres que as crianças devem cumprir com seus pais.

Desta dupla dignidade decorriam naturalmente os encargos que a natureza impõe aos pais de família, de tal maneira que José era o guardião, o administrador e o defensor legítimo e natural daquela família divina da qual era o chefe. [...] Ora, a divina família que José governava com autoridade de pai continha as primícias da Igreja nascente. [...] São estas as razões pelas quais o bem-aventurado Patriarca considera que lhe está particularmente confiada a multidão dos crentes que constitui a Igreja. 




Nossa Senhora do Ó

Nossa Senhora do Ó - Festa católica de origem espanhola 

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja

 

Festa católica de origem claramente espanhola, a festa de hoje é conhecida na liturgia com o nome de “Expectação do parto de Nossa Senhora”, e entre o povo com o título de “Nossa Senhora do Ó”. Os dois nomes têm o mesmo significado e objetivo: os anelos santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. Anelos de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos. A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogênito; é o desejo inspirado e sobrenatural da “bendita entre as mulheres”, que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo.


As antífonas maiores que põe a Igreja nos lábios dos seus sacerdotes desde hoje até a Véspera do Natal e começam sempre pela interjeição exclamativa Ó (“Ó Sabedoria… vinde ensinar-nos o caminho da salvação”; “Ó rebento da Raiz de Jessé… vinde libertar-nos, não tardeis mais”; “Ó Emanuel…, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus”), como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de “Nossa Senhora do Ó”. É ideia grande e inspirada: a Mãe de Deus, posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume e pela presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugênio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.

Primeiro comemorava-se hoje a Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo. Santo Ildefonso estabeleceu-a definitivamente e deu-lhe o título de “Expectação do parto”. Assim ficou sendo na Hispânia e passou a muitas Igrejas da França, etc. Ainda hoje é celebrada na Arquidiocese de Braga.


Nossa Senhora do Ó, rogai por nós!

Santo do dia - 18 de dezembro

São Graciano


 Graciano foi um dos sete missionários cristãos enviados por Roma, para evangelizar na região da Gália, futura França. Conforme os registros da diocese de Tours, consta que Graciano foi o primeiro bispo dessa diocese.

Tudo começou no ano 249, quando Graciano chegou a Tours, local que o papa Fabiano, agora santo, lhe designara para exercer o cargo de bispo. A cidade não possuía igreja, os pobres eram maltratados e os enfermos, marginalizados; era dominada, completamente, pelo paganismo. Desde o início, como representante do catolicismo, passou a ser perseguido pelos infiéis, que não queriam deixar a adoração dos falsos deuses.

Em certos períodos, a perseguição era tanta e tão feroz que Graciano precisava esconder-se em lugares solitários. Lá, reunia os cristãos e os interessados em converter-se para poder celebrar os sacramentos, a missa e pregar a palavra de Cristo.

Mas o bispo perseverou e o grupo de cristãos foi crescendo. Os pobres da cidade, pela primeira vez, começaram a receber atenção e ajuda comunitária. Ele fundou, até, um hospital para os doentes abandonados, que antes não existia para eles. Esse árduo e fecundo apostolado durou cinqüenta anos.

Segundo a tradição, o próprio Jesus teria aparecido ali para avisar o bispo Graciano que a sua morte se aproximava. De fato, logo depois ele morreu, numa data imprecisa, mas no ano 301. Seu corpo foi sepultado no cemitério cristão que ele mesmo implantara nos arredores da cidade.

Mais tarde, suas relíquias foram transferidas para a antiga Catedral de Tours, que era dedicada a são Martinho e, atualmente, é dedicada a são Graciano. Por isso ela é chamada, pela população francesa, de "La Gatienne". A festa do primeiro bispo de Tours foi fixada pela Igreja no dia 18 de dezembro. 


São Graciano, rogai por nós!

São Vunibaldo

Vunibaldo dedicou sua vida à oração contemplativa e ao apostolado. Preferia ficar retirado na solidão, mas colocava-se sempre disponível para difundir o Evangelho. Era um príncipe da realeza dos Kents, nascido em 701. Antes dessa importância e riqueza material, porém, teve o privilégio de descender de uma família de santos, pois era filho de são Ricardo, rei da Inglaterra meridional, irmão de são Vilibaldo e de santa Valburga.

Em 720, partiu com o pai e o irmão em peregrinação para a Terra Santa, passando, antes, por Roma. Mas seu pai adoeceu durante a viagem e morreu na cidade italiana de Luca. Os dois irmãos ficaram juntos em Roma, por dois anos. Depois se separaram, Vilibaldo partiu para a Palestina e ele ficou ali, estudando, por mais dezesseis anos.

Seu tio Bonifácio era, então, o bispo da Alemanha, e estava empenhado na evangelização da região, para o que solicitou sua ajuda. Em 738, Vunibaldo foi ordenado sacerdote e foi auxiliar a missão do tio no interior das terras germânicas. Cinco anos depois, foi chamado para a Corte, por solicitação do duque Odilon.

Por mais algum tempo, ficou acompanhando o tio na sua obra apostólica. Porém, cada vez mais, ansiava pela vida monástica e pela contemplação na solidão. Resolveu construir um mosteiro. Comprou o terreno em Heidenheim, para onde se retirou com alguns companheiros, para cultivarem, enquanto também construíam o mosteiro. Na época, seu irmão e futuro santo, Vilibaldo, era bispo de Eichestat, e o ajudou a estabelecer-se.

Contudo o tempo para os estudos e a contemplação foi curto, porque logo foi nomeado abade. Nesse cargo, dedicava-se ao apostolado para reforçar a fé da população, que recaía, sempre, no paganismo. Os habitantes eram supersticiosos, e viviam nos prazeres mundanos. Vunibaldo combateu com muita firmeza tais vícios, comprometendo a integridade física dos monges e do próprio mosteiro, pois sofriam constantes ameaças de morte e de incêndio.

Sonhando, ainda, com a paz do retiro, decidiu acabar os seus dias no Mosteiro de Monte Cassino. Escreveu ao abade e aos monges de lá pedindo para ser acolhido pela comunidade. A resposta veio através de um caloroso convite. Mas Vunibaldo estava muito doente e teve de desistir do projeto. Quando já não conseguia mais caminhar até a igreja, pediu para colocarem um pequeno altar em sua cela, ficando, na quietude da oração, a contemplar o Santíssimo Sacramento. Pouco tempo depois morreu, em 18 de dezembro de 761.

A sua veneração só fez aumentar, pois já tinha fama de santidade em vida. Seu culto difundiu-se, principalmente, entre os povos germânicos, que o festejam neste dia. A biografia de são Vunibaldo foi escrita por sua irmã, santa Valburga, que relatou com detalhes os prodígios que aconteciam com sua simples presença, prodígios também confirmados por outros registros, e pela tradição oral, divulgada entre os cristãos através dos tempos.



São Vunibaldo, rogai por nós!

sábado, 17 de dezembro de 2016

Santo do dia - 17 de dezembro

São João da Mata


A missão de salvar cristãos prisioneiros dos turcos foi mostrada a João da Mata em uma visão que teve ao celebrar logo a sua primeira missa. Essa foi a motivação que tornou possível a Ordem da Santíssima Trindade e da Redenção dos cativos, ou somente Padres Trinitários, como são conhecidos, que tinha como objetivo resgatar cristãos presos e mantidos como escravos pelos inimigos muçulmanos. Nessa época, o Império Otomano, dos turcos muçulmanos, dominava aquelas regiões.

A nova Congregação foi fundada em 1197 por João da Mata, com o apoio do religioso Félix de Valois, considerado seu co-fundador, também celebrado pela Igreja. A autorização da Igreja veio através do papa Inocêncio III, um ano depois. Mas João, antes de procurar o auxilio de seu contemporâneo Félix, já levava uma vida social e religiosa voltada para a luta a favor dos oprimidos.

João da Mata nasceu em 23 de junho de 1152, em Francon, no sul da França, e desde pequeno mostrou sua preocupação para com os injustiçados. Ele chegava a dividir com os pobres todo o dinheiro que recebia dos pais para seu divertimento. Depois de tornar-se sacerdote e ter-se doutorado em teologia em Paris, procurou Félix, que vivia recluso e solitário, com o qual conviveu por três anos. Nesse período, planejaram a criação da nova Ordem e a melhor maneira de lutar pela liberdade dos cristãos, então subjugados, segregados e muitos mantidos em cativeiro.

Para isso ele ergueu, então, a primeira comunidade em Cerfroi, região deserta nos arredores de Paris, que depois se tornou a Casa-mãe da Ordem dos Trinitários. De lá os sacerdotes missionários formados passaram a soltar os cativos, levando-os, em triunfo, a Paris. O próprio João da Mata organizou uma expedição à África, onde resgatou, pessoalmente, um grande número de cristãos em cativeiro. Em uma segunda viagem, caiu nas mãos dos muçulmanos, foi espancado e deixado sangrando pelas ruas de Túnis, na Tunísia.

Recuperou-se, reuniu os cristãos e os embarcou num navio que devia levá-los a Roma. O barco acabou sendo atacado, teve as velas rasgadas e o leme quebrado. Os registros e a tradição contam que João da Mata tirou o manto, rezou, transformou-o numa vela, pediu a Deus que guiasse o navio e, assim, chegaram ao porto da cidade italiana de Óstia. Depois, muitos outros cristãos foram libertados dessa maneira, na África, pelos integrantes que engrossavam a nova Congregação.

A Ordem dos Trinitários cresceu tanto que seu fundador teve de construir várias outras casas comunitárias, tamanha era a solicitação para o ingresso. João da Mata morreu santamente, no dia 17 de dezembro de 1213. O papa Inocêncio XI elevou à honra dos altares são João da Matha, cuja celebração foi estabelecida para o dia de sua morte. 


São João da Mata, rogai por nós!


São José Manyanet y Vives
 José Manyanet y Vives nasceu, em 7 de janeiro de 1833, no seio de uma família numerosa e cristã, em Tremp, Lleida, Espanha. Inteligente, mas pobre, para completar os seus estudos secundários teve de trabalhar na Escola Pia de Barbastro, e os eclesiásticos completou nos seminários diocesanos de Lleida e Urgell. Foi ordenado sacerdote em 1859.
A preocupação com a formação moral e cristã das famílias era, sem dúvida, sua motivação maior. Sua grande aspiração era que "todas as famílias imitassem e bendizessem a Sagrada Família de Nazaré"; por isso queria formar "uma Nazaré em cada lar", fazer de cada família uma "Santa Família". Após anos de intenso trabalho na diocese de Urgell, a serviço do bispo, quando já ocupava o cargo de secretário de visita pastoral, sentiu-se chamado por Deus para fundar duas congregações religiosas.

Contando com o apoio do bispo, em 1864 fundou a Congregação dos Filhos da Sagrada Família Jesus, Maria e José, e, dez anos depois, a Congregação das Missionárias Filhas da Sagrada Família de Nazaré, cuja missão era imitar, honrar e propagar o culto à Sagrada Família de Nazaré e procurar a formação cristã das famílias, principalmente por meio da educação e instrução católica da infância e juventude e do ministério sacerdotal.
Promoveu a construção do Templo Expiatório da Sagrada Família, em Barcelona, destinado a perpetuar as virtudes e exemplos da Família de Nazaré e a ser o lar universal das famílias. A obra é do arquiteto servo de Deus Antônio Gaudí. Impulsionado por este carisma, escreveu várias obras; fundou a revista "A Sagrada Família"; as associações laicas dos Camareiros e Camareiras da Sagrada Família, hoje Associações da Sagrada Família, vinculadas aos seus institutos para se tornarem discípulos, testemunhas e apóstolos do mistério de Nazaré.

Peregrinou em Lourdes, Roma e em Loreto para aprofundar-se no carisma da Família de Nazaré. De tal modo que o próprio carisma lhe penetra por toda a vida, pautada no mistério de uma vocação evangélica expressa nos exemplos de Jesus, Maria e José no silêncio de Nazaré.

Padre José Manyanet pregou, abundantemente, a Palavra de Deus e suas obras foram crescendo apesar das grandes dificuldades. Teve uma vida de dolorosos sofrimentos por causa das doenças corporais que o atingiram e o atormentaram ao longo dos anos. Os últimos dezesseis anos ele conviveu com o que chamava de "as misericórdias do Senhor": chagas abertas espalhadas pelo corpo. No dia 17 de dezembro de 1901, o fundador foi, serenamente, para a casa do Pai. Seus restos mortais descansam na capela-panteão do Colégio Jesus, Maria e José, onde morreu, em Barcelona.

Continuamente acompanhados pela oração e agradecimento de seus filhos e filhas espirituais e de inumeráveis jovens, crianças e famílias que se aproximaram de Deus atraídos por seu exemplo e seus ensinamentos. Atualmente, os dois institutos estão em vários países da Europa, nas duas Américas e África.

A fama de santidade que o acompanhou em vida se estendeu por todos esses lugares. Foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1984. A sua festa foi fixada pela Congregação para o Culto dos Santos em 16 de dezembro. O novo calendário litúrgico, entretanto, coloca esta festa em 17 de dezembro. O mesmo pontífice declarou santo José Manyanet y Vieves em 2004. 

São José Manyanet y Vives, rogai por nós!


São Lázaro de Betânia
 

Lázaro reviveu e este fato bíblico acabou levando muitos à fé em Jesus Cristo - Amigo de Jesus Cristo


Lázaro de Betânia, na Judéia, teve a honra de merecer a amizade de Jesus e de desfrutar de sua companhia em sua própria casa. Este santo deve à amizade de Jesus, além da espetacular ressurreição do túmulo, o culto que recebe da Igreja ao longo dos séculos.

A casa de Lázaro era um lugar onde Jesus costumava passar alguns momentos de descanso. Apenas a três milhas de Jerusalém, era uma próspera propriedade agrícola, em Betânia. Lázaro era estimado e respeitado pela comunidade hebraica, pela origem nobre, honestidade e religiosidade da família. Tinha duas irmãs, Marta e Maria, e, ao que parece, os três eram solteiros. Essa amizade, não se sabe quando começou. As narrações feitas pelos evangelistas mostram Jesus sendo confortado pelas atenções dessas irmãs devido à sincera e confiante amizade do dono da casa. Notadamente, Lázaro era um amigo predileto, talvez um de seus primeiros discípulos.

Certo dia, o amigo adoeceu gravemente e as irmãs mandaram avisar Jesus, que estava pregando na distante Galiléia. Aparentando indiferença, Jesus continuou lá, em atividade, mais alguns dias. Veio, então, a triste notícia: "Lázaro, nosso amigo, dorme, vou despertá-lo do sono" disse Jesus. Os discípulos só entenderam que Lázaro havia morrido após a explicação clara de Jesus: "Lázaro morreu, mas me alegro por vossa causa por não estar presente, a fim de que acrediteis. Vamos vê-lo!" (Jo 11,14).

Quatro dias após o sepultamento, Jesus chegou. Marta chamou sua irmã Maria, e junto com Cristo foram ao sepulcro. As duas irmãs choraram e os amigos que estavam presentes se comoveram. O próprio Jesus também chorou. "Vejam quanto o amava", exclamaram os judeus que notaram o rosto de Jesus com lágrimas. Então, Jesus mandou abrir o sepulcro, entrou nele e, vendo Lázaro enfaixado, ordenou que ele saísse e andasse. Jesus tinha nas palavras a autoridade sobre a vida e a morte. E Lázaro viveu novamente. Alguns dias depois, Lázaro e suas irmãs ofereceram um banquete em agradecimento a Jesus pelo milagre realizado.

Depois desse evento, as Sagradas Escrituras não citam mais os três irmãos. A ressurreição de Lázaro assumiu valor simbólico e profético como prefiguração da ressurreição de Cristo. A casa de Betânia e o túmulo de Lázaro se tornaram as primeiras metas das peregrinações dos cristãos. Este santo é o único a ter o privilégio de ocupar dois túmulos, porque morreu duas vezes.

Embora uma antiga tradição Oriental diga que Lázaro foi bispo e mártir na ilha de Chipre e outra que ele teria viajado para a França e se tornado o primeiro bispo de Marselha, o certo é que Lázaro encerrou sua vida, santamente, como "amigo de Jesus" e, assim, merecedor de nossa veneração. A Igreja escolheu o dia 17 de dezembro para seu culto. 


São Lázaro de Betânia, rogai por nós!


Santa Olímpia

Ao ficar viúva do governador de Constantinopla, Olímpia recebeu muitas propostas para um novo casamento, mas recusou todas porque queria entregar-se à vida religiosa. A sua insistente recusa motivou, mesmo, o confisco de todos os seus bens.

Olímpia nasceu em 361, na Capadócia. Pertencia a uma família muito ilustre e rica dessa localidade, mas ficou órfã logo cedo. Foi educada por Teodósia, irmã do bispo Anfíloco, futuro santo, o que lhe garantiu receber, logo cedo, os ensinamentos cristãos. Aos vinte anos de idade, casou-se com o governador de Constantinopla, ficando viúva alguns meses depois. Desejando ingressar para a vida religiosa, afastou-se de todos os possíveis pretendentes. O fato muito contrariou o imperador Teodósio, que queria vê-la como esposa do seu primo, um nobre da Corte espanhola. Olímpia, entretanto, perseverou na sua decisão. Como vingança, o soberano mandou que todos os seus bens fossem confiscados e administrados pelo prefeito da cidade. Ao invés de reclamar, Olímpia agradeceu, porque não precisaria mais perder tempo com a administração das propriedades. Pediu que os bens fossem definitivamente confiscados e doados aos pobres. Não foi atendida.

Em seguida, o imperador fez uma longa viagem e, ao voltar, três anos depois, ficou tão impressionado com as informações sobre sua vida santa e repleta de humildade e caridade que restituiu os bens a ela. Assim, Olímpia continuou suas obras de caridade com maior intensidade. Mas seu sofrimento não acabou. Contraiu doenças dolorosas. Conta a tradição que Olímpia jamais pronunciou qualquer reclamação. Desse modo, tornou-se um modelo perfeito aos cristãos de seu tempo.

Seu nome foi envolvido em denúncias graves infundadas, por isso se tornou vítima de perseguições injustas. Foi acusada de ser cúmplice de são João Crisóstomo no incêndio de uma catedral. Mas ela declarou, categoricamente, que nada fizera, muito menos Crisóstomo, que doava muito dinheiro para a construção de igrejas, portanto não poderia destruir uma.

Essas acusações partiam do antipatriarca Arsácio, inimigo declarado de Crisóstomo, que mandou Olímpia deixar a cidade. O principal motivo desse exílio foi porque ela era a mais estimada assistente de Crisóstomo, chamado de "o maior pregador da Antigüidade". Era tão competente que, aos trinta anos de idade, se tornou diaconisa da Igreja, dignidade só concedida às viúvas com mais de sessenta anos.

Logo Olímpia decidiu voltar, declarando ao próprio prefeito que não reconhecia autoridade no antipatriarca por ser usurpador de um poder que a Igreja não lhe concedera. Assim, tornou-se a principal vítima de Arsácio, pois Crisóstomo já havia sido exilado de sua pátria pelo cruel prefeito, cúmplice do antipatriarca. Olímpia morreu no ano 408.

Santa Olímpia é celebrada, no Oriente, nos dias 24 e 25 de julho, e, na Igreja de Roma, no dia 17 de dezembro.
 
 
Santa Olímpia, rogai por nós! 
 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Santo do dia - 16 de dezembro

São José Moscati

Foi na prática da caridade para com os pobres que se manifestou toda sua grandeza, ao ponto de receber o título de “Médico e Pai dos pobres”

O nosso Papa João Paulo II apresentou para nossa devoção São José Moscati, que muito bem soube viver a fé, a caridade e a ciência. Nasceu na Itália em 1880 no seio de uma família cristã. Com apenas 17 anos obrigou-se particularmente ao voto de castidade perpétua.

Inclinado aos estudos, José Moscati cursou a faculdade de medicina na Universidade de Nápoles e chegou, com 23 anos, ao doutorado e nesta área pôde ocupar altos cargos, além de representar a Itália nos Congressos Médicos Internacionais. Com competência profissional, Moscati curou com particular eficiência e caridade milhares e milhares de doentes.

Em Nápoles, embora procurado por toda classe de doentes, dava, contudo, preferência aos mais pobres e indigentes. Sem dúvida, foi na prática da caridade para com os pobres que se manifestou toda sua grandeza, ao ponto de receber o título de “Médico e Pai dos pobres”, isto num tempo em que a cultura se afastava da fé.

José Moscati viveu corajosamente até 1927 e testemunhou a Verdade, tanto assim que encontramos em seus escritos: “Ama a Verdade, mostra-te como és, sem fingimentos, sem receios, sem respeito humano. Se a Verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o. E se, pela Verdade, tivesses que sacrificar-te a ti mesmo e a tua vida, sê forte no sacrifício”.


São José Moscati, rogai por nós!

 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

As imperfeições morais são pecados?

“Pode haver imperfeições morais que não sejam pecados (nem sequer pecados leves)? 

Estará o homem obrigado a praticar, em tudo, o que há de mais perfeito?”

Antes do mais, convém delimitar devidamente o conceito de imperfeição moral. A seguir, determinaremos as relações desta com o pecado. Por fim, à guisa de conclusão, serão formuladas algumas normas de alcance prático.

1. Que é a imperfeição moral propriamente dita?
Por «imperfeição moral» em sentido estrito entende-se o ato que, embora não viole algum preceito explícito da lei de Deus, vem a ser contradição a um conselho dado direta ou indiretamente pelo Senhor a fim de facilitar a união da alma com Deus; seria a prática de um bem menor, com rejeição consciente de um bem maior.

conquista_virtudesEm outros termos: designa-se como imperfeição moral o ato de vontade pelo qual determinada pessoa, podendo escolher entre dois alvitres, honestos ambos, mas de valor desigual, opta deliberadamente pela solução que tal pessoa julga ser a menos perfeita do ponto de vista moral. — Não vêm ao caso, portanto, as pequenas faltas que escapam à deliberação do agente, por mais virtuoso que seja; ficam involuntárias e subtraídas à responsabilidade do sujeito (a menos que este deliberadamente dê ocasião remota a tais ímpetos da natureza).

Eis alguns exemplos assaz significativos:
Um jovem estudante, sequioso do bem, mas um tanto leviano, viu-se certa vez em situação penosa da sua vida; resolveu então durante nove dias consecutivos assistir à S. Missa celebrada na capela mesma de sua escola, ora antes, ora depois das aulas. Uma vez terminados esses exercícios de piedade, verificou que não lhe haviam prejudicado o cumprimento dos deveres de estado. Em consequência, surgiu-lhe espontaneamente no espírito, ávido de bem, uma perspectiva nova, que o começou a torturar: poderia continuar a participar diariamente da Missa, à semelhança de tais e tais colegas que o faziam sem negligenciar suas obrigações profissionais. Não indo à Missa, dedicava os três quartos de hora respectivos a leituras ilustrativas — leituras que ele poderia dispensar ou que, com um pouco de generosidade, procurando distribuir melhor o tempo, poderia fazer em outro período do dia. Em última análise, punha-se-lhe o dilema: «maior generosidade» ou «menor generosidade» no serviço de Deus?… «Mais perfeição» ou «menos perfeição» (sem que houvesse transgressão de algum preceito) no exercício da vida cristã?
Caso optasse, nas circunstâncias acima, pela não assistência à Missa fora dos dias de preceito, o jovem teria cometido um ato dos que chamamos acima «imperfeição moral». Não está claro que tal imperfeição seria também um pecado. Por isto interessa-nos neste artigo indagar se haveria pecado ou não no ato de recusa do jovem.

Outro exemplo: Ludovico costuma conceder a si mesmo pequemos prazeres desnecessários, como o uso de fumo, refrescos especiais, conversas demasiadamente prolongadas… Em- determinada ocasião da vida, ele percebe que a renúncia a tais concessões lhe daria mais liberdade e vigor espiritual para procurar a Deus; passa então a experimentar continuamente o chamado da graça que o convida a mudar de regime. É assim que se põe em sua alma o dilema: «bem maior» ou «bem menor» na caminhada para Deus? Dado que não se renda ao convite, cometerá uma «imperfeição moral». Será isso um pecado?

Assim exposto o conceito de «imperfeição moral», vejamos -como se relaciona com o pecado.

2. Imperfeição moral e pecado
O assunto tem sido ardorosamente estudado pelos teólogos, ficando até hoje aberta a questão. Há, sim, autores que distinguem claramente entre imperfeição moral e pecado, julgando que aquela possa ocorrer sem culpa do sujeito respectivo. Neste caso, a pessoa se deveria arrepender sinceramente de suas imperfeições, repudiando-as por serem entraves à ação da graça na alma, mas não as deveria acusar em confissão sacramental, pois, não sendo pecados, não constituiriam matéria para absolvição. A imperfeição seria um ato defeituoso, não, porém, pecaminoso. — O primeiro autor que haja sustentado esta sentença parece ser o teólogo João de Lugo, professor de Moral no Colégio Romano de 1620 a 1641 (cf. «De paenitentia», disp. III, sect I Ti” 9s)

Outros teólogos, seguindo um ensinamento mais tradicional, afirmam que toda imperfeição consciente e voluntária (como acima descrevemos) vem a ser pecado (ao menos, leve).
Na verdade, por muito estranho que isto pareça, deve-se dizer que .as duas sentenças não se excluem; antes, completam-se mutuamente, desde que se faça o que muitas vezes se deve fazer em tais casos: uma distinção. Distinguiremos, portanto, no nosso problema entre o plano teórico, abstrato, e a linha prática, dos atos concretos.

A. Em teoria…
Consideremos a imperfeição moral em si mesma ou independentemente de quaisquer circunstâncias em que ela na realidade concreta ocorra.

Imperfeição, dizíamos, não é violação de um preceito do Senhor, mas apenas negligência de um conselho ou de uma norma que visa promover maior perfeição espiritual. Ora a execução de uma tal norma ou de um conselho ficará sempre facultativa; em si mesma nunca poderá constituir um dever; paralelamente, portanto, a sua violação por si só nunca equivalerá a um pecado. O conselho que impusesse obrigação, já deixaria de ser conselho para tornar-se preceito.

Donde se vê que, abstratamente considerada, a imperfeição moral não pode ser tida como pecado. Por si, ela ainda é um ato bom, ato concorde, sim, com a Lei de Deus; apenas se lamenta que tenha por objeto um bem exíguo, em vez de um bem maior, que o agente, se fosse mais generoso, poderia, sem dúvida, escolher. Contudo o «bem menor» não pode ser confundido com o «mal», como o «menos branco» não chega a ser «negro», nem o «menos quente» chega a ser «frio».

Consequentemente, dever-se-á dizer: em teoria, ou abstratamente falando, não peca o estudante que, voluntariamente, deixa de, assistir à S. Missa em dia de semana para se dedicar entrementes a leituras ilustrativas ou mesmo a práticas esportivas moralmente lícitas.
Contudo é de notar que na realidade prática não existem atos abstratos, independentes de circunstâncias concretas que inevitavelmente vão influir na qualificação moral da conduta humana.

Por isto faz-se mister voltemos agora a nossa atenção para outro aspecto da questão.

B. Na prática…
Todo ato humano (consciente e deliberado) é inspirado por determinada intenção do respectivo agente, que, assim agindo, visa atingir tal ou tal objetivo preciso.

Ora a intenção do agente é, sempre e necessàriamente, ou boa ou má, do ponto de vista moral; em outros termos, a intenção do agente, em todo e qualquer caso, está necessariamente voltada para um objetivo que, em última análise, ou é conforme à Lei de Deus ou contradiz a esta (todo homem age sempre, direta ou indiretamente, em vista do último Fim ou em vista de Deus, ensina a Ética geral).

Digamos então que alguém seja colocado diante de um conselho de perfeição espiritual… conselho que convida a fazer uma obra de maior virtude do que as que tal pessoa costuma praticar (tratar-se-ia, por exemplo, de renunciar ao fumo, a conversas supérfluas, assistir à S. Missa em dia de semana…). A pessoa assim intimada entrará em deliberação consigo mesma, a fim de proferir o seu «sim» ou o seu «não» ao convite do momento. … Se, depois de deliberar, ela puder sinceramente dizer: «É bom para mim não atender a tal conselho, pois essa omissão favorecerá o desenvolvimento normal da minha vida de amor a Deus», tal pessoa, deixando de praticar o conselho, estará realizando um ato bom, um ato de virtude; escolhendo um bem (em si mesmo) menor em vez do bem (em si mesmo) maior, tal pessoa não estará cometendo pecado; nem estará praticando um ato moralmente neutro ou indiferente, mas, sim, um ato positivamente bom, ato diretamente encaminhado para a maior união com Deus.

A esta altura, surge espontaneamente a questão: como justificar tão estranha sentença? Quais seriam os motivos pelos quais uma obra (em si mesma) menos perfeita poderia ser rejeitada em nome da própria virtude ou da maior união com Deus?

Leia também: O que é virtude?

Os moralistas costumam indicar quatro razões:
1) a obra mais perfeita entraria em conflito com outra obra que, embora mais modesta, não poderia ser prejudicada, por pertencer aos deveres de estado do sujeito. Em outros termos, o conselho contrariaria a algum preceito): por exemplo, a mãe de família que só pudesse ir à S. Missa em dia de semana, abandonando seu filhinho gravemente doente em casa, em nome da virtude mesma deveria desistir de praticar o conselho de perfeição;
2) a obra mais perfeita imporia ao nosso próximo sacrifícios que a caridade exigiria lhe fossem poupados: por exemplo, uma pessoa cega que só pudesse ir à S. Missa quando acompanhada por outrem, deveria levar em conta a situação da acompanhante; eventualmente, em nome da caridade mesma, teria que renunciar à S. Missa;
3) a obra mais perfeita exigiria do sujeito sacrifícios tais que este perderia a alegria necessária à restauração de suas forças ou à expansão normal de sua vida psíquica. Em outros termos: sendo ainda principiante na vida cristã, a pessoa não aguentaria a renúncia que a obra melhor exigiria de sua parte. Tal é o caso de quem ainda precisa de suas horas de recreio (conversas, leituras, divertimentos lícitos…), porque o silêncio prolongado e o isolamento seriam mais prejudiciais do que benéficos à sua saúde mental; 


4) a preocupação de seguir as obras de conselho provocaria obsessão e perturbações nervosas que entravariam a vida espiritual do sujeito. É o que se pode dar com pessoas tendentes aos escrúpulos às quais indiscriminadamente se quisesse incutir a prática do mais perfeito (facilmente perderiam o senso do equilíbrio).

Digamos, porém, que, depois de deliberar consigo, a pessoa não possa indicar algum dos motivos acima ou, em suma, algum motivo razoável para declinar o conselho. Ao contrário, ela vê claramente que a obra aconselhada, embora mortifique a natureza, muito concorreria para desenvolver a sua caridade, sem prejuízo para o próximo, sem mesmo contraindicação alguma…

No caso, como julgaria o moralista?
Omitir a obra aconselhada equivale a uma atitude desarrazoada (frequentemente mesmo, a uma atitude inspirada por negligência ou preguiça); ora comportar-se voluntariamente de maneira desarrazoada em relação a Deus é pecado…, pecado leve ou grave conforme as consequências desse comportamento desarrazoado.

Todavia não poderia alguém dizer com plena paz de espírito: «Omito a obra aconselhada, não porque nutra más intenções, mas simplesmente porque não é obra absolutamente obrigatória»? — Replicariam os moralistas que essa neutralidade seria ilusória; na verdade serviria de cobertura «honesta» ou de pretexto para o comodismo a covardia ou o egoísmo da pessoa. Em última analise, uma das leis fundamentais de todo tipo de vida (por conseguinte, também da vida cristã) é «crescer e desenvolver-se»; a vida é dinâmica, de modo que quem consente em paralisá-la, já a está sufocando; em consequência, quem voluntariamente rejeite o bem maior para praticar o bem menor sem motivo justificado,… unicamente por covardia,… está derrogando às leis de sua vida espiritual, concorrendo para atrofiá-la — o que vem a ser um ato desarrazoado ou, mais precisamente, um mal moral, um pecado.


Quem se acostuma a sufocar a voz da consciência todas as vezes- que esta indica uma obra melhor (não, porém, de preceito), arrisca-se a extinguir por completo essa voz interior assim como a ação da graça em sua alma. É de recear que o dom de Deus, sucessivamente repelido pelo cristão comodista, já não seja concedido a este; então as concupiscências tomam vulto, as paixões explodem com facilidade,.levando a alma ao pecado grave.

Em resumo: de quanto acaba de ser exposto, dever-se-á concluir que, na prática, a omissão consciente e deliberada de atos melhores (não preceituados pelo Senhor Deus, mas apenas aconselhados) em caso algum escapa a uma das seguintes classificações: «ato moralmente bom», «ato moralmente mau ou pecaminoso».

Aliás tal conclusão não constitui senão uma faceta de um princípio estabelecido por abalizados mestres da vida espiritual: na prática, todos os atos do justo (ou da alma em estado de graça) que não sejam pecados veniais, são atos meritórios.

Impõem-se agora algumas normas complementares, que o título- abaixo apresentará.

3. Ulteriores observações
3.1 Na vida cotidiana pode acontecer que não consigamos perceber com exatidão o verdadeiro motivo de nossas ações ou omissões: prudência autêntica, construtiva, ou covardia, negligência mórbida? E com efeito, difícil discernir onde termina a genuína sabedoria e onde começa o descaso. Em casos de dúvida, a alma bem intencionada optará pelo alvitre que lhe parecer mais acertado; o Senhor Deus então levará em conta a sinceridade com que essa criatura estiver procurando alcançar a perfeição.

3.2. Justamente a dificuldade que experimentamos para avaliar devidamente o motivo de nossas omissões, leva-nos a crer que cometemos imperfeições (atos pouco generosos, covardes…) não de todo conscientes e voluntárias. Essas, na medida mesma em que são indeliberadas, ficam aquém da moralidade, não podendo ser classificadas nem como atos bons nem como atos pecaminosos.

De modo geral, verifica-se que todo homem pratica muitos atos tão espontâneos que antecedem qualquer reflexão e uso da liberdade. Por estas circunstâncias, tais atos não acarretam sanção (recompensa ou pena) sobre si; propriamente «não contam» na vida moral do indivíduo. Contudo — deve-se dizer — são atos que. Embora não constituam um mal moral em si mesmos, ao menos interrompem a caminhada para a perfeição espiritual, impedem que a vida do sujeito seja inteiramente cheia, disseminam o vazio nas jornadas da pessoa. Faz-se mister, portanto, combater a ocorrência de tais atos, a fim de que não se perca alguma parcela de tempo e seja devidamente desdobrado o potencial de perfeição latente em cada personalidade. O combate será travado na medida em que a alma procurar mais e mais controlar suas ações, vencendo a concupiscência desregrada assim como a rotina espiritual. Verdade é que nem os santos conseguiram sempre evitar todos os atos indeliberados; contudo progrediram pela senda da perfeição na medida em que os foram debelando.

3.3. Procurando adquirir o pleno domínio sobre si, a alma justa estará enfrentando outro obstáculo para a perfeição: os atos tíbios ou «remissos». Estes são atos em que não está empenhado todo o vigor religioso da pessoa; processam-se como que na periferia da alma, deixando adormecida uma boa parte de suas energias sobrenaturais. K o que se dá, por exemplo, com quem possui dez talentos ou «dez graus de amor» a Deus, mas na realidade age como se tivesse apenas cinco talentos ou «cinco graus de amor»; e assim age porque é voluntariamente mole ou covarde… Os atos remissos ou tíbios dispõem ao pecado grave, pois deixam inexplorado o vigor sobrenatural da alma, acarretando-lhe uma espécie de atrofia espiritual (à semelhança do que se dá com quem tem dois braços, mas só se serve de um, talvez por estar engessado o outro; este outro, permanecendo inerte, tende a se atrofiar e perder). Como se compreende, a atrofia espiritual assim induzida permitirá o desenvolvimento de concupiscências e paixões, as quais cedo ou tarde sobrepujarão os bons hábitos, provocando faltas graves. 

Destas considerações se depreende a importância da luta contra a rotina ou contra todo modo de agir superficial e tíbio.

3.4. Após o que foi dito, vê-se que resposta dar à questão: está o cristão obrigado, sob pecado, a praticar sempre o que há de mais perfeito, não lhe sendo lícito optar por um ato bom menos perfeito?

A solução se reduz aos seguintes termos: o cristão está, sim, obrigado a seguir sempre o alvitre mais perfeito (em caso contrário, sufocaria a sua vida espiritual). Observe-se, porém:
pecados_e_virtudesa) não se trata do mais perfeito entendido de maneira absoluta, pois este não estaria talvez proporcionado às condições individuais e às graças que Deus distribui pessoalmente a tal sujeito. Trata-se apenas do mais perfeito proporcional às possibilidades de cada indivíduo. Assim nem todos estão obrigados a abraçar o celibato por amor a Cristo, embora este gênero de vida seja em si mais perfeito do que o estado conjugal (cf. 1 Cor 7). Há casos, sem dúvida, (e numerosos) em que o mais perfeito, para tal e tal sujeito, consiste em, contrair matrimônio; na vida matrimonial então o cristão deverá manter viva a consciência de que foi chamado a praticar a perfeição ou a ser santo;

b) para que haja obrigação de seguir o alvitre mais perfeito é necessário outrossim que a pessoa o veja como tal, isto é, tenha certeza de que é o Espírito Santo que lhe está indicando uma obra mais perfeita a realizar. Recusar arbitrariamente a inspiração do Espírito Santo percebida com clareza, dizem bons autores, não é atitude inspirada pelo amor a Deus, nem atitude que se concilie com intenção e aspirações retas; vem a ser, antes, algo de desarrazoado ou, no caso, um pecado.

3.5. Concluindo, dir-se-á de maneira geral: na prática a alma deve lembrar-se de que o seu programa de vida consiste não somente em não recair no pecado, mas em subir constantemente para Deus… e subir em ritmo acelerado; como a pedra cai com velocidade crescente na medida em que se aproxima da terra que a atrai, assim as almas devem caminhar mais e mais rapidamente para Deus, na medida em que se aproximam do Senhor e são” atraídas por Ele.

Por conseguinte, não se preocupem as almas com demasiada casuística, indagando sutilmente quais as fronteiras entre o lícito e o ilícito, onde cessa o bem e onde começa o pecado… A vida constitui algo de dinâmico; a sua lei capital é positiva: «crescer e multiplicar- se» (cf. Gên 1,28), e não meramente negativa («não se mutilar»); quem apenas pensa em não se mutilar, sem se preocupar com o desdobramento positivo e constante de suas energias, está na verdade, ocasionando o depauperamento e a extinção de sua vida. A vitalidade ou cresce ou diminui; não pode, porém, permanecer estagnada; toda estagnação é passo para a morte. Eis o que se verifica tanto no plano da vida física como no da vida espiritual cristã. Possam as almas sequiosas do bem abrir o olho para estas verdades tão importantes, mas na prática tão pouco valorizadas!

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

Revista Pergunte e Responderemos.Dezembro.1961.n.48