"Não há uma relação direta entre o celibato e a conduta desviada de alguns sacerdotes", afirmou o cardeal Bertone, secretário de Estado do Vaticano, em uma entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia.
"Pelo contrário: é justamente a inobservância do celibato o que produz uma progressiva degradação da vida do sacerdote, que deixa de ser um exemplo, um dom, um guia espiritual para os demais", completou o cardeal na entrevista.
"Está mais que demonstrado que o celibato, observado fielmente, é um grande valor para a missão sacerdotal e para a ajuda do Povo de Deus", disse o cardenal Bertone, entrevistado por ocasião da beatificação neste domingo em Barcelona do religioso catalão Josep Tous i Soler.
A Igreja Católica está no olho do furacão depois da revelação nos últimos anos de que muitos menores de idade sofreram abusos sexuais por parte de religiosos na Europa, América do Norte e América Latina, geralmente silenciados pela hierarquia católica.
Os casos afetaram o Papa Bento XVI, acusado na Alemanha e Estados Unidos de ter acobertado os crimes.
Agora, o Vaticano parece decidido a punir os religiosos, de acordo com uma política de tolerância zero anunciada pelo Papa em 2008 durante as viagens aos Estados Unidos e Austrália, nas quais se reuniu com vítimas de abusos.
O cardeal Bertone provocou polêmica ao declarar no início do mês: "Muitos psicólogos, muitos psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e me disseram recentemente, que há relação entre homossexualidade e pedofilia".
O Vaticano tentou retificar ao destacar que o cardeal falava sobre os casos de pedofilia no clero.
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