O cardeal Angelo Sodano, fazendo um discurso inusitado em defesa do Papa Bento XVI na missa do domingo de Páscoa, afirmou que a Igreja Católica não será intimidada por "fofocas" sobre casos de abuso sexual de crianças por padres. Em seu próprio discurso horas depois, o Papa, procurando um clima mais amistoso, não mencionou os escândalos que envolvem a Igreja Católica quando ele completa cinco anos de pontificado. Em suas declarações, Sodano defendeu a liderança "infalível" e a coragem de Bento XVI.
- Santo Pai, o povo de Deus está com você e você não os deixará serem influenciados pelas intrigas do momento, pelos julgamentos que algumas vezes assolam a comunidade dos fiéis - disse Sodano, no primeiro discurso na memória recente a ser realizado anteriormente ao do Papa na missa do domingo de Páscoa.
A mudança de protocolo para alterar a ordem dos discursos destacou o quanto o Vaticano sente a pressão imposta pelas denúncias de pedofilia e pelos relatos de que o próprio Papa teria acobertado alguns casos. Em seu tradicional discurso "Urbi et Orbi" (para a cidade e o mundo), realizado todos os anos na Páscoa e no Natal, o Papa não mencionou os escândalos, e tratou de uma série de problemas mundiais. Já Sodano também defendeu os padres contra as denúncias de pedofilia, dizendo que eles estão do lado de Bento XVI.
- Especialmente com vocês nesses dias estão estes 400 mil padres que generosamente servem ao povo de Deus, em paróquias, centros recreativos, escolas, hospitais e muitos outros lugares, assim como nas missões nas partes mais remotas do mundo - disse o cardeal para as milhares de pessoas que seguravam guarda-chuvas enquanto assistiam à celebração na praça de São Pedro.
O discurso de Sodano foi uma clara demonstração da estratégia do Vaticano de alegar que somente uma pequena minoria de sacerdotes abusou de crianças. Suas palavras, no entanto, foram alvo de críticas de vítimas de pedofilia.
Fonte: Reuters
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