O papa Bento 16 apontou nesta quinta-feira o casamento homossexual como uma ameaça "insidiosa" à sociedade, pedindo implicitamente que os portugueses se mobilizem contra um projeto de lei que o legaliza no país.
No ponto alto da sua visita a um país onde 90 por cento da população se declara católica, o pontífice rezou uma missa para 500 mil pessoas pela manhã em Fátima, e à tarde falou a voluntários e trabalhadores sociais da Igreja.
Ali, o papa alemão, de 83 anos, disse ter "apreciado profundamente" as iniciativas em prol dos "valores essenciais e primários da vida", entre os quais "a família, fundada no casamento indissolúvel entre um homem e uma mulher" -- o que no jargão do Vaticano é uma condenação ao casamento homossexual.
A plateia aplaudiu quando o papa disse que o aborto -- legalizado em Portugal desde 2007 -- e o casamento homossexual estão "entre os desafios mais insidiosos e perigosos que o bem comum enfrenta hoje."
O Parlamento aprovou em janeiro um projeto que autoriza casamentos entre pessoas do mesmo sexo, e o governo socialista rejeitou propostas da oposição de centro-direita para o estabelecimento de parcerias civis entre homossexuais e um referendo sobre o casamento gay.
O presidente Aníbal Cavaco Silva está sob forte pressão da Igreja e de grupos conservadores para não ratificar o projeto. O Parlamento tem o poder de derrubar o eventual veto, mediante nova votação.
Na manhã de quinta-feira, peregrinos carregando cartazes e bandeiras nacionais enfrentaram uma incômoda garoa para recepcionar o papa em Fátima, um dos santuários mais venerados pelos 1,2 bilhão de católicos do mundo. Ali, três crianças teriam tido visões da Virgem Maria, que teria lhes revelado três segredos, em 1917.
Os dois primeiros segredos, logo revelados, continham uma visão do inferno, uma previsão sobre a 2a Guerra Mundial, um alerta de que a Rússia iria "espalhar os seus erros" e um alerta sobre a necessidade geral de oração e conversão a Deus.
O terceiro segredo intrigou o mundo por meio século, até que em 2000 o Vaticano revelou que se tratava de uma antevisão do atentado que o papa João Paulo 2o sofreria em 1981, no dia 13 de maio, mesma data da primeira aparição da Virgem de Fátima aos meninos pastores em 1917.
O santuário recebe cerca de 5 milhões de visitantes por ano, e o comércio para os peregrinos é a principal atividade econômica da região.
Na sexta-feira, o papa visita o Porto, antes de voltar a Roma.
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