O pontificado mais longo da história
da Igreja Católica Apostólica Romana foi o de Giovanni Maria Mastai Ferretti: 31 anos, 7 meses e 23 dias. Ao assumir o trono de
São Pedro, onde imperou de até sua morte em 7 de fevereiro de 1878, Mastai Ferretti adotou o nome de Pio IX,
deixou 41 encíclicas, assistiu a unificação do vizinho estado italiano em 1860
e, por ato de João Paulo II, restou beatificado de modo a alcançar a glória
doas altares, como se diz nos ambientes eclesiásticos e escrevem os jornalistas
italianos especializados em Vaticano (vaticanistas).
Mastai Ferretti escreveu um dos anátemas, - sentença de excomunhão da Igreja, mais pesados da história da Igreja e de matriz obscurantista: “Seja anátema quem afirma a possibilidade de mudar de religião para seguir o convencimento pessoal” (Pio IX, em Sillabo, 1864). Tal maldição papal foi cassada pelo humanizado e ecumênico Concílio Vaticano II, que completou 50 anos no dia 11 de outubro deste ano.
O Concílio Vaticano II, de iniciativa do então papa João XXIII, promoveu profundas reformas nos campos (1) ecumênico, (2) bíblico, (3) litúrgico. Mais ainda, reorganizou a vida interna na Igreja. Ele foi o 21º.concílio da Igreja católica e durou de outubro de 1962 a dezembro de 1965. Coube ao papa Paulo VI, nascido Giovanni Battista Montini, concluí-lo como sucessor de João XXIII, que faleceu em 3 de junho de 1963.
Inicialmente considerado um papa de transição pela idade provecta, João XXIII reuniu em assembléia 2.540 clérigos da mais alta hierarquia eclesiástica para sair do conservadorismo resistente e ingressar num mundo globalizado e a exigir posturas liberais, de aproximação com os fiéis e com os outros credos. Para muitos teólogos, o papa Roncalli, apelidado de ‘papa-bom’ pelos fiéis, logrou com o Vaticano II “antecipar, na Igreja, a modernidade do mundo globalizado”.
Para se ter idéia das mudanças introduzidas - e apesar do pé no freio de Montini e Wojtyla para reduzir a velocidade nas mudanças - pela primeira vez o papa Bento XVI, na véspera dos 50 anos do fundamental Vaticano II, pregou fraternamente às pessoas de língua árabe: - “Il papa prega per tutte Le persone di língua araba e Dio vi benedica tutti”.
Quando se fala em Vaticano II, logo se pensa na introdução da missa falada na língua dos países dos fiéis. O latim cedeu lugar para que os fiéis entendessem o que se estava a dizer nos altares. Os missais e os folhetos das missas foram traduzidos e impressos na língua moderna falada e tornaram mais eficientes e produtivas as interlocuções. Por evidente, os reacionários liderados pelo fundamentalista cardeal Marcel Lefebvre reagiram ao Vaticano II. Os chamados lefebvrianos promoveram uma irrelevante ruptura, que os jornais chamaram de cisma católico. No mundo laico, esse cisma repercutiu como algo que não passou de uma insistência em se celebrar em latim e manter as trevas.
Enquanto os protestantes, nas chamadas escolas dominicais, colocavam os textos sagrados à disposição dos fiéis, os ensinavam a interpretá-los e difundiam a leitura da Bíblia, a Igreja, até o Vaticano II, era fiel ao estabelecido no Concílio de Trento, o 19º. da história eclesiástica e realizado no arco temporal de 1545 a 1563. Pelo Concílio de Trento, a ampliação dada pelos protestantes era vedada e o velho e o novo Testamento ficavam como leituras exclusivas, ou melhor, prerrogativas do clero. Com o Concílio Vaticano II, ampliou-se o uso comunitário da Bíblia, dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. Nas missas, os fiéis passaram a subir aos altares para leituras de textos bíblicos e dos ensinamentos do apóstolo Paulo.
A reforma ecumênica foi profunda e voltada à unidade cristã mediante e, assim, permitiu aproximações e diálogos com os cristãos não católicos e membros de outras religiões monoteístas. A O papa Wojtyla, por exemplo, referiu-se aos de religião judaica como irmãos mais velhos e em conformidade com o Vaticano II que condenou o antissemitismo. Ratzinger, como Wojtyla, visitaram sinagogas e pregaram em Jerusalém, em 2000 e 2009, no Muro das Lamentações. Sobre isso, conseguiu-se melhorar o relacionamento sem se olvidar o silêncio sepulcral do papa Pio XII quando tropas de Hitler, na margem romana do rio Tevere e, portanto vizinha ao Vaticano, retiraram os judeus dos guetos para os encaminhar, em precários trens estacionados na Tiburtina, à morte em campos nazistas de concentração distantes. Sob Ratzinger, o diálogo se complicou depois do episódio na universidade de Ratisbona em 2006, em aula magna e ao ofender gratuitamente os islâmicos. Por outro lado, não se pode esquecer, no campo das evoluções, as jornadas interreligiosas para a paz, no santuário de Assis.
Deve ser lembrado, na chamada aproximação recomendada pelo Vaticano II, a troca da batina por roupas iguais as vestidas pelos comuns dos mortais e leigos assumiram co-atribuições delegadas de “ministros da eucaristia”. Além do reconhecimento da liberdade religiosa, ficou assentado o princípio da igualdade entre todos os pertencentes à religião católica. Quanto a isso, no entanto, continua a resistência a impedir que as religiosas se ordenem sacerdotisas e possam celebrar as missas. No 50º. aniversário do Vaticano II, o Bento XVI abriu o chamado “Ano da Fé”. Quando ainda jovem e padre, Ratzinger, aos 38 anos de idade, foi convocado para participar, como “perito”, dos trabalhos de elaboração de um dos textos conciliares, o decreto Ad Gentes, voltado a dar um novo conceito às missões e evangelizações. A convocação partiu do respeitado cardeal Johanes Schitte, que tinha sido expulso da China maoísta dada a condição de clérigo.
Com efeito, Bento XVI conhece bem o espírito que inspirou o Vaticano II, mas, no seu pontificado, tem recaídas e se mostra mais conservador do que o seu antecessor Wojtyla. Muitas vezes, Ratzinger embarca no túnel do tempo e assume posturas do tempo pré-conciliar O recém falecido, respeitado e progressista cardeal Carlo Maria Montini, que nos legou o exemplo de como morrer com dignidade ao não desejar, sem ser caso de eutanásia, o alongamento do seu estado terminal, criticou o atraso na modernização da Igreja, algo levado adiante pelo humilde e iluminado papa Roncalli, idealizador do fundamental Concílio Vaticano II.
Fonte: Wálter Fanganiello Maierovitch - IBGF
Mastai Ferretti escreveu um dos anátemas, - sentença de excomunhão da Igreja, mais pesados da história da Igreja e de matriz obscurantista: “Seja anátema quem afirma a possibilidade de mudar de religião para seguir o convencimento pessoal” (Pio IX, em Sillabo, 1864). Tal maldição papal foi cassada pelo humanizado e ecumênico Concílio Vaticano II, que completou 50 anos no dia 11 de outubro deste ano.
O Concílio Vaticano II, de iniciativa do então papa João XXIII, promoveu profundas reformas nos campos (1) ecumênico, (2) bíblico, (3) litúrgico. Mais ainda, reorganizou a vida interna na Igreja. Ele foi o 21º.concílio da Igreja católica e durou de outubro de 1962 a dezembro de 1965. Coube ao papa Paulo VI, nascido Giovanni Battista Montini, concluí-lo como sucessor de João XXIII, que faleceu em 3 de junho de 1963.
Inicialmente considerado um papa de transição pela idade provecta, João XXIII reuniu em assembléia 2.540 clérigos da mais alta hierarquia eclesiástica para sair do conservadorismo resistente e ingressar num mundo globalizado e a exigir posturas liberais, de aproximação com os fiéis e com os outros credos. Para muitos teólogos, o papa Roncalli, apelidado de ‘papa-bom’ pelos fiéis, logrou com o Vaticano II “antecipar, na Igreja, a modernidade do mundo globalizado”.
Para se ter idéia das mudanças introduzidas - e apesar do pé no freio de Montini e Wojtyla para reduzir a velocidade nas mudanças - pela primeira vez o papa Bento XVI, na véspera dos 50 anos do fundamental Vaticano II, pregou fraternamente às pessoas de língua árabe: - “Il papa prega per tutte Le persone di língua araba e Dio vi benedica tutti”.
Quando se fala em Vaticano II, logo se pensa na introdução da missa falada na língua dos países dos fiéis. O latim cedeu lugar para que os fiéis entendessem o que se estava a dizer nos altares. Os missais e os folhetos das missas foram traduzidos e impressos na língua moderna falada e tornaram mais eficientes e produtivas as interlocuções. Por evidente, os reacionários liderados pelo fundamentalista cardeal Marcel Lefebvre reagiram ao Vaticano II. Os chamados lefebvrianos promoveram uma irrelevante ruptura, que os jornais chamaram de cisma católico. No mundo laico, esse cisma repercutiu como algo que não passou de uma insistência em se celebrar em latim e manter as trevas.
Enquanto os protestantes, nas chamadas escolas dominicais, colocavam os textos sagrados à disposição dos fiéis, os ensinavam a interpretá-los e difundiam a leitura da Bíblia, a Igreja, até o Vaticano II, era fiel ao estabelecido no Concílio de Trento, o 19º. da história eclesiástica e realizado no arco temporal de 1545 a 1563. Pelo Concílio de Trento, a ampliação dada pelos protestantes era vedada e o velho e o novo Testamento ficavam como leituras exclusivas, ou melhor, prerrogativas do clero. Com o Concílio Vaticano II, ampliou-se o uso comunitário da Bíblia, dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. Nas missas, os fiéis passaram a subir aos altares para leituras de textos bíblicos e dos ensinamentos do apóstolo Paulo.
A reforma ecumênica foi profunda e voltada à unidade cristã mediante e, assim, permitiu aproximações e diálogos com os cristãos não católicos e membros de outras religiões monoteístas. A O papa Wojtyla, por exemplo, referiu-se aos de religião judaica como irmãos mais velhos e em conformidade com o Vaticano II que condenou o antissemitismo. Ratzinger, como Wojtyla, visitaram sinagogas e pregaram em Jerusalém, em 2000 e 2009, no Muro das Lamentações. Sobre isso, conseguiu-se melhorar o relacionamento sem se olvidar o silêncio sepulcral do papa Pio XII quando tropas de Hitler, na margem romana do rio Tevere e, portanto vizinha ao Vaticano, retiraram os judeus dos guetos para os encaminhar, em precários trens estacionados na Tiburtina, à morte em campos nazistas de concentração distantes. Sob Ratzinger, o diálogo se complicou depois do episódio na universidade de Ratisbona em 2006, em aula magna e ao ofender gratuitamente os islâmicos. Por outro lado, não se pode esquecer, no campo das evoluções, as jornadas interreligiosas para a paz, no santuário de Assis.
Deve ser lembrado, na chamada aproximação recomendada pelo Vaticano II, a troca da batina por roupas iguais as vestidas pelos comuns dos mortais e leigos assumiram co-atribuições delegadas de “ministros da eucaristia”. Além do reconhecimento da liberdade religiosa, ficou assentado o princípio da igualdade entre todos os pertencentes à religião católica. Quanto a isso, no entanto, continua a resistência a impedir que as religiosas se ordenem sacerdotisas e possam celebrar as missas. No 50º. aniversário do Vaticano II, o Bento XVI abriu o chamado “Ano da Fé”. Quando ainda jovem e padre, Ratzinger, aos 38 anos de idade, foi convocado para participar, como “perito”, dos trabalhos de elaboração de um dos textos conciliares, o decreto Ad Gentes, voltado a dar um novo conceito às missões e evangelizações. A convocação partiu do respeitado cardeal Johanes Schitte, que tinha sido expulso da China maoísta dada a condição de clérigo.
Com efeito, Bento XVI conhece bem o espírito que inspirou o Vaticano II, mas, no seu pontificado, tem recaídas e se mostra mais conservador do que o seu antecessor Wojtyla. Muitas vezes, Ratzinger embarca no túnel do tempo e assume posturas do tempo pré-conciliar O recém falecido, respeitado e progressista cardeal Carlo Maria Montini, que nos legou o exemplo de como morrer com dignidade ao não desejar, sem ser caso de eutanásia, o alongamento do seu estado terminal, criticou o atraso na modernização da Igreja, algo levado adiante pelo humilde e iluminado papa Roncalli, idealizador do fundamental Concílio Vaticano II.
Fonte: Wálter Fanganiello Maierovitch - IBGF
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