Malafaia não cai no truque primário do PT-SP e de parte da imprensa e separa alhos de bugalhos, dizendo, como sempre, o que pensa — concordem ou não com ele
Tentaram envolver o pastor
Silas Malafaia numa trapaça óbvia, comparando o material produzido pela Secretaria de Educação de
São Paulo contra várias formas de preconceito ao kit gay do MEC, elaborado na
gestão Haddad. Reportagem publicada pela
Folha Online não hesitou: afirmou que “Serra
distribuiu” (sic) material semelhante ao kit gay. Nota: a Folha nunca atribuiu o material do MEC a Haddad
pessoalmente. Sigamos.
Como o pastor Malafaia gravou um vídeo em apoio à candidatura
Serra, começou uma cobrança para que, acreditem!, Retirasse o seu apoio ao
tucano — que é dele, pessoal, não da sua igreja. Igreja não vota, como ele meso
destacou. E ele gravou um novo vídeo dizendo o que pensa e reafirmando o apoio
a Serra, deixando claro que não concorda com todos os aspectos do material
preparado pela Secretaria de Educação. Eu também não concordo, diga-se. As
minhas restrições são diferentes das dele. Ocorre que estamos entre aqueles
capazes de tolerar a divergência — o que não é verdade no mundo petralha. Segue
o novo vídeo. Volto em seguida.
Voltei
No vídeo, como vocês viram, Malafaia faz referência ao senador Lindberg Farias (PT-RJ) a partir dos 50 segundos. Esclareço do que ele está falando reproduzindo parte de uma post que escrevi aqui no dia 5 de abril deste ano:
No vídeo, como vocês viram, Malafaia faz referência ao senador Lindberg Farias (PT-RJ) a partir dos 50 segundos. Esclareço do que ele está falando reproduzindo parte de uma post que escrevi aqui no dia 5 de abril deste ano:
Comecemos pelo lead, pela notícia do dia, porque o início dessa
história está lá atrás, em junho do ano passado. Já conto. O Setorial LBGT (lésbica, gays, bissexuais e transgêneros) do PT divulgou nesta quinta uma nota de
repúdio ao senador do partido Lindberg Farias. O que ele fez? Num discurso
em plenário, solidarizou-se com o pastor
Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, que está sendo acusado de homofobia
pelo Ministério Público Federal. Mas o que fez, afinal de contas, o pastor?
Então agora é preciso recuar a junho do ano passado.
O tema da marcha gay de 2011,
em São Paulo, a maior do país, fazia uma óbvia provocação ao cristianismo: “Amai-vos uns aos outros”. Nem eles nem os
cristãos são ingênuos, não é? O “amar”, no caso, assumia um conteúdo
obviamente “homoafetivo”, como eles
dizem. Como provocação pouca é bobagem, a organização do movimento espalhou na
Avenida 12 modelos masculinos, todos seminus, representando santos católicos em
situações “homoeróticas”.
Tratava-se de uma agressão
imbecil a um bem, destaque-se, protegido pela Constituição. Na época, escrevi:
“Sexualizar ícones de uma
religião que cultiva um conjunto de valores contrários a essa forma de
proselitismo é uma agressão gratuita, típica de quem se sente fortalecido o
bastante para partir para o confronto. Colabora com a causa gay e para a
eliminação dos preconceitos? É claro que não! (…) Você deixaria seu filho
entregue a um professor que achasse São João Batista um, como posso dizer,
“gato”? Que visse São Sebastião e não resistisse a o apelo ‘erótico’ de
um homem agonizante, sofrendo? O que quer essa gente, afinal? Direitos?”
Ah, sim: a proposta então,
não sei se levada a efeito, era distribuir 100 mil camisinhas que trouxessem no
invólucro a imagem dos “santos gays”.
A hierarquia católica fez um muxoxo de
protesto, mas nada além disso. Teve uma reação notavelmente covarde.
O sindicalismo gay reivindique o que quiser! Precisa, para tanto, agredir a
religião alheia? Embora, por óbvio, não
seja católico, Malafaia reagiu em seu programa de televisão. Afirmou: “É para a Igreja Católica entrar de pau em
cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É
uma vergonha!”. Ele acusou os promotores do evento de “ridicularizar os símbolos católicos”. Teve, em suma, a coragem que faltou à CNBB!
Pois é. O Ministério
Público viu na sua fala incitamento à violência!!! Ah, tenham paciência,
não é? O sindicalismo gay tem de distinguir um “pau” que fere de um “pau”
metafórico — ou “porrete”. Alguém, por acaso, já viu católicos nas ruas, em
hordas, a agredir pessoas? Isso não acontece em nenhum lugar do mundo! O
contrário se dá todos os dias: o cristianismo, nas suas várias denominações, é
a religião mais perseguida do mundo, especialmente na África e no Oriente
Médio. E, no entanto, não se ouve um pio a respeito. A “cristofobia” é hoje uma realidade inconteste. A
homofobia existe? Sim! Tem de ser coibida? Tem! Mas nem as vítimas desse tipo
de preconceito têm o direito de ser “cristofóbicas”!
É evidente que “baixar o
pau” ou “porrete”, na fala do
pastor, acena para a necessidade de uma reação da religião agredida — legal, se
for o caso. É uma metáfora comuníssima por aí afirmar que alguém decidiu pôr
outrem “no pau”, isto é, processá-lo:
“Fulano pôs a empresa no pau”, isto é,
“entrou com um processo trabalhista”. Os cristãos, no Brasil, não agridem
ninguém. Mas são, sim, molestados, a exemplo do que se viu há dias numa
manifestação contra o aborto. Faziam seu
protesto de modo pacífico, sem agredir ninguém, quando o ato foi invadido por
um grupo de abortistas. Estes queriam o confronto, a agressão. Ganharam uma oração.
A ação contra Malafaia, na verdade, tem um alcance maior. Ele é um
dos mais notórios críticos da tal lei que criminaliza a homofobia — e que, de
fato, avança contra a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. Os que
cultivam os valores da democracia não precisam, no entanto, concordar com o que
ele diz para reconhecer seu direito de deixar claro o que pensa.
Vejam como autoritarismo e
hipocrisia se cruzam nesse caso. Os agressores — aqueles que levaram os “santos gays” para a avenida — se
fazem de vítimas e, em nome da reparação a um suposto agravo, querem punir um
de seus críticos. É um modo interessante de ver o mundo: os sindicalistas
do movimento gay acham que, em nome da causa, tudo lhes é permitido. E aqueles
que discordam? Ora, ou o silêncio ou a cadeia! É assim que pretendem construir
um mundo melhor e mais tolerante.
Encerro
A ação contra Malafaia não foi nem julgada. Foi apenas extinta, tão absurda era ela, pois se tratava de uma óbvia agressão à liberdade de expressão. A propósito: quem agrediu um bem protegido pela Constituição — valores religiosos — foi o movimento gay. Malafaia apenas havia exercido um outro bem protegido pelo Artigo 5º: o direito de se expressar.
A ação contra Malafaia não foi nem julgada. Foi apenas extinta, tão absurda era ela, pois se tratava de uma óbvia agressão à liberdade de expressão. A propósito: quem agrediu um bem protegido pela Constituição — valores religiosos — foi o movimento gay. Malafaia apenas havia exercido um outro bem protegido pelo Artigo 5º: o direito de se expressar.
Quanto à questão do dia, dizer o quê? Tentaram tratar
Malafaia como um ingênuo, procurando forçá-lo a retirar o apoio a Serra ao
igualar alhos com bugalhos. Mas ele não caiu no truque e estabeleceu as devidas
distinções.
Clique aqui eveja a íntegra do vídeo - A cartilha de Serra e o kit gay de Haddad; Pastor Silas comenta
Por: Reinaldo Azevedo
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