Santo Inácio de Antioquia
Bispo e mártir (+107)"Inácio,
o teóforo” (aquele que conduz a Deus, como ele mesmo gostava de ser
chamado), bispo do coração ardente (Inácio — Ignatius — quer dizer
precisamente “fogo”), ficou na memória dos cristãos de todos os tempos
por causa das inusitadas expressões de amor dirigidas a Cristo e à
Igreja, as quais se leem nas cartas escritas durante a viagem que, de
Antioquia, devia levá-lo a Roma, para ser jogado às feras, sendo vítima
ilustre da perseguição de Trajano.
Inácio ocupava, desde o ano
79, a sede episcopal de Antioquia — a metrópole síria, terceira em ordem
de grandeza no vasto Império Romano —, e o historiador Eusébio de
Cesaréia o tem na conta de sucessor imediato de são Pedro.
Informa-nos de que “Inácio
foi mandado da Síria a Roma para ser lançado como alimento às feras,
por causa do seu testemunho de Cristo. Realizando sua viagem pela Ásia,
sob a custódia rígida de uma guarda numerosa, nas cidades onde parava,
ia consolidando as igrejas com pregações e admoestações...”
De
Esmirna, onde era bispo seu jovem amigo Policarpo, escreveu às igrejas
de Éfeso, Magnésia e Tralli, confiando as cartas aos respectivos bispos —
Onésimo, Dama e Políbio —, que haviam acorrido a fim de o encontrar
para uma última saudação.
Chegado a Trôade, Inácio escreveu
outras cartas, entre as quais uma a Policarpo, para confiar-lhe seus
fiéis de Antioquia, a fim de que a grei não ficasse muito tempo sem
pastor: “Onde está o bispo, aí esteja a comunidade, assim como onde está
Cristo Jesus, aí está a Igreja católica”.
Esta última expressão,
destinada a passar para a história, parece ter sido cunhada por ele,
juntamente com a palavra “cristianismo”.
A viagem, depois da
travessia de Durazo a Bríndisi, prosseguiu pela via Ápia até Roma, onde
terminou seus dias no anfiteatro, devorado pelas feras, apesar de a
comunidade cristã ter-se empenhado em poupar-lhe a pena capital. Mas ele
desejava ardentemente o martírio: “Deixai-me ser alimento das feras,
pelas quais me será dado desfrutar Deus. Eu sou o trigo de Deus: é
preciso que ele seja triturado pelos dentes das feras a fim de ser
considerado puro pão de Cristo”.
Chamado
Teóforo – portador de Deus – Inácio, ao ser transportado para Roma,
sabia que cristãos de influência na corte imperial poderiam impedi-lo de
alcançar Cristo pelo martírio, por isso, dentre tantas cartas que
enviara para as comunidades cristãs, a fim de edificar, escreveu em
especial à Igreja Católica em Roma: “Eu vos suplico, não mostreis
comigo uma caridade inoportuna. Permiti-me ser pasto das feras, pelas
quais me será possível alcançar Deus, sou trigo de Deus e quero ser
moído pelos dentes dos leões, a fim de ser apresentado como pão puro a
Cristo. Escutai, antes, as feras, para que se convertam em meu sepulcro e
não deixem rastro do meu corpo. Então serei verdadeiro discípulo de
Cristo”.
Nesta mesma carta há uma preciosa afirmação sobre a presença de Cristo na Eucaristia: “Não
encontro mais prazer no alimento corruptível nem nos gozos desta vida, o
que desejo é o pão de Deus, este pão que é a carne de Cristo e, por
bebida, quero seu sangue, que é o amor incorruptível”.
Para
não ser incômodo a ninguém, almejava encontrar sepultura no ventre de
alguma fera esfaimada. É provável que os fiéis tenham conseguido
subtrair os restos de seu corpo martirizado até o extremo ultraje, pois
desde a Antiguidade os cristãos de Antioquia veneram seu sepulcro,
situado às portas da cidade, e celebram sua memória em 17 de outubro
(dia adotado no novo calendário em lugar de 1º de fevereiro).
Minha oração
“Querido Inácio, pela tua valentia, soubeste doar a tua vida em favor do Evangelho, reconhecendo que seu sangue seria semente de novos cristãos, zelai pela Igreja e seus representantes, para que tenham a mesma doação e coragem sua. Amém!”
Santo Inácio de Antioquia, rogai por nós!
Bispo e monge beneditino (+1066)
Rodolfo
nasceu no ano 1034, em Perugia, Itália. A sua família pertencia à
nobreza local e era muito influente na Corte. Mas, motivada pelas
pregações do monge Pedro Damião, decidiu abandonar os hábitos mundanos e
retornar o caminho do seguimento de Cristo. Esse monge fundara um
mosteiro de eremitas na vizinhança de Fonte Avelana, e a fama de sua
santidade corria veloz no mundo cristão.
Com a morte do pai,
Rodolfo e seu irmão Pedro abriram mão da herança em favor da mãe e de
João, o irmão caçula, para ingressarem no mosteiro de Pedro Damião.
Porém, algum tempo depois, mãe e irmão caçula também optaram pela vida
religiosa daquela comunidade, que os acolheu após doarem toda a fortuna
da família para a Igreja.
Fonte Avelana tornara-se um verdadeiro
viveiro de eremitas, pois desse mosteiro saíram os grandes renovadores
da Igreja. Dentre eles, os três irmãos: Rodolfo, Pedro e João,
discípulos de Pedro Damião, hoje celebrado como santo e doutor da
Igreja. Nessa nova comunidade religiosa, a vida era simples, voltada
apenas ao trabalho, à caridade aos pobres e doentes, dedicada à
penitência e à oração contemplativa. No período medieval, foi um
verdadeiro oásis que surgiu para a revitalização da vida monástica, uma
vez que a Igreja ocidental vivia um grande desgaste com os conflitos
internos, causados pela ambição e a ganância dos bispos e sacerdotes,
mais interessados nos bens mundanos do que na condução do rebanho do
Senhor.
Aos 25 anos de idade, Rodolfo recebeu a ordenação
sacerdotal e, mesmo a contragosto, foi consagrado bispo de Gubio, cidade
próspera e rica da região. Porém era uma diocese muito problemática
para a Igreja. Os bispos anteriores haviam instituído o que se chamou de
"ressarcimento", isto é, os sacramentos eram condicionados a pagamentos
e não aos méritos ou à vocação religiosa. Enquanto alguns sacerdotes
pediam dinheiro para a absolvição dos pecados, outros queriam comissões
para ordenar os sacerdotes.
Rodolfo assumiu o posto e combateu
tudo com firmeza, dentro do exemplo de fiel pastor. Vestia-se sempre
com as mesmas roupas, velhas e surradas, fosse qual fosse o tempo ou a
estação. Comia pouco, impondo-se um severo jejum. Dormia quase nada,
mantendo-se em vigília constante, na oração e penitência. Percorria toda
a diocese, e mantinha-se incansável, sempre pronto a atender os
pobres, doentes e abandonados. Tornou-se o exemplo de humildade e de
caridade cristã, um verdadeiro sacerdote da Igreja. Apenas com seu
comportamento ele conseguiu recolocar Gubio no verdadeiro caminho do
amor a Cristo e à Virgem Santíssima.
Foram cinco anos dedicados à
diocese de Gubio, durante os quais participou do Concílio Romano, em
1059, como seu bispo. Rodolfo morreu jovem, com apenas 30 anos de
idade, em 26 de junho de 1064, consumido pela fadiga e vida
excessivamente austera. Entretanto a sua obra não chegou a ser
interrompida, pois foi substituído por seu irmão João, que seguiu o seu
exemplo de bispo benevolente com o rebanho, mas rigoroso consigo mesmo.
A
figura do bispo Rodolfo tornou-se conhecida através da carta escrita
por seu mestre, Pedro Damião, para comunicar sua morte ao papa Alexandre
II. Nela, foi descrito como um homem de profundo espírito religioso e
possuidor de grande cultura teológica e bíblica. A única pessoa a quem
confiava seus escritos para serem corrigidos de possíveis distorções da
doutrina católica e para a correta interpretação do Evangelho.
As
relíquias de são Rodolfo, guardadas na Catedral de Gubio, foram
destruídas durante as reformas executadas em 1670. Entretanto isso nada
significou para seus devotos, que continuam a comemorá-lo no dia 17 de
outubro, data oficial da sua festa.
São Rodolfo de Gúbio, rogai por nós!
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