São José Maria Robles Hurtado
A condição da Igreja no México foi muito difícil desde que entrou em
vigor, em 5 de fevereiro de 1917, a nova Constituição anticlerical e
anti-religiosa, depois do longo período de ditadura que a antecedeu.
O clero católico foi objeto de perseguições, ora mais ora menos
intensas, com muitos religiosos, leigos e sacerdotes sendo brutalmente
assassinados, exclusivamente por serem cristãos. Diga-se, mesmo, que não
existia processo, o julgamento era instantâneo e a sentença sumária.
Dentre esses mártires encontramos padre José Maria Robles Hurtado. Ele
nasceu em Mascota, Jalisco, na diocese de Tepic, no dia 3 de maio de
1888. Foi pároco de Tecolotlán, em Jalisco, onde difundia a fervorosa
devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Tamanho era seu entusiasmo que
escrevia pequenas orações e poesias, que distribuía entre os fiéis para
enriquecer ainda mais o culto e louvar o Senhor.
Amado e querido pelo seu rebanho, constituído de camponeses pobres e
muito carentes. Para melhor atendê-los, fundou a Congregação das "Irmãs
do Coração de Jesus Sacramentado".
Porém, no mês consagrado ao culto do Sagrado Coração de Jesus, em junho
de 1927, a horrenda perseguição atingiu a sua paróquia em Tecolotlán, e
ele foi levado e encarcerado.
Alguns dias, ou horas antes de ser morto, padre José Maria escreveu uma
poesia, na qual expressou seus últimos desejos: "Desejo amar o teu
Coração, Jesus meu, com participação total, desejo amá-lo com paixão,
desejo amá-lo até o martírio. Com minh'alma te bendigo, meu Sagrado
Coração; diga-me: aproxima-se o instante da feliz e eterna união?"
No dia 26 de junho de 1927, o padre José Maria, exatamente pelo grande
amor à Cristo, foi amarrado numa árvore, na serra da Quila, em Jalisco,
diocese de Autlan, e mantido assim até morrer. Dessa maneira, seguiu
para a feliz e eterna união no Sagrado Coração de Jesus, coroado com seu
martírio final.
O grupo de vinte e cinco mártires mexicanos no qual estava incluso foi
beatificado, em 1992, pelo papa João Paulo II. Mais tarde, o mesmo
pontífice, no ano de 2000, canonizou todos eles. A festa de são José
Maria Robles Hurtado foi designada para o dia 26 de junho.
São José Maria Robles Hurtado, rogai por nós!
São João e São Paulo
João e Paulo eram nobres, de família enraizada no poder do Império
Romano e viveram no século IV. Possuíam uma casa no Monte Célio, dentro
da cidade de Roma, tudo indicando que essa seria a cidade de suas
origens.
Ambos ocupavam cargos importantes no governo de Constâncio, filho do
imperador Constantino. Como bons cristãos, usavam a fortuna e a
influência que possuíam para beneficiar os pobres da cidade. Por esse
motivo tornaram-se conhecidos dos marginalizados, abandonados e
desvalidos.
Tal fama, no entanto, acabou por prejudicá-los, pois, quando assumiu o
imperador Juliano, apóstata convicto e ferrenho, os dois tiveram de
abandonar a vida pública por pressão do monarca. Mas o que o imperador
queria mesmo é que João e Paulo, abandonassem a fé cristã e adorassem os
deuses romanos. Afinal, dois cristãos tão populares como eles
certamente eram exemplos a serem seguidos pelos habitantes em geral.
Juliano fez tudo o que pôde para conseguir seu intento, só não esperava
encontrar tanta coragem e perseverança. O imperador tentou atraí-los
novamente para altos postos da corte, mas os irmãos recusaram. Diante
das investidas de Juliano, venderam todas as propriedades que tinham e
repartiram o dinheiro com os pobres. O fato causou a ira de Juliano e
eles acabaram sendo presos e processados.
Todavia o imperador deu-lhes mais uma semana para que renunciassem à fé.
Quando o prazo venceu, deu mais dez dias e de nada adiantou. Tentou
obrigá-los a adorar uma estátua de Júpiter, o que somente possibilitou
que fizessem um eloqüente discurso a favor do seguimento de Jesus. Como
não se dobraram de maneira alguma, foram, finalmente, decapitados.
Segundo consta nos registros da Igreja, João e Paulo foram secretamente
sepultados na casa do Monte Célio, na noite do dia 26 de junho de 362.
Eles foram os primeiros mártires da perseguição decretada por Juliano, o
Apóstata. Esses dados tão precisos estavam pintados nas paredes das
ruínas da residência quando, anos mais tarde, as relíquias dos dois
mártires foram localizadas, durante o governo do papa Dâmaso.
Esse pontífice mandou erguer uma igreja no local, dedicada a são João e a
são Paulo, que foram mais do que irmãos de sangue. Foram também irmãos
de alma e de fé no testemunho de Cristo. Mais tarde, o papa Leão Magno
levantou em honra dos dois uma basílica e, no Vaticano, um mosteiro.
São João e São Paulo, rogai por nós!
São Sigismundo Gorazdowski
Sigismundo Gorazdowski nasceu em 1o de novembro de 1845, em Sanok,
Polônia, numa família muito religiosa, tendo saúde frágil desde a
infância.
Após concluir o segundo grau, entrou na faculdade de direito da
Universidade de Lwow. No segundo ano de faculdade, descobriu a vocação
para o sacerdócio, interrompeu o curso de direito e entrou para o
Seminário Maior em Lwow. A sua ordenação sacerdotal foi suspensa por
causa do seu grave estado de saúde. Os seus amigos escreveram em suas
memórias: "A não admissão à ordenação sacerdotal foi para Sigismundo um
golpe muito doloroso, sofreu moral e fisicamente, mas não perdeu a
confiança no Senhor Deus". Dois anos depois, o seu estado de saúde
melhorou tanto que pôde receber o sacramento da Ordem na catedral de
Lwow, no dia 25 de julho de 1871. Seu lema: "Ser tudo para todos, para
salvar pelo menos um".
Seu trabalho pastoral foi reconhecido pelo carisma excepcional de unir o
trabalho sacerdotal com o trabalho caritativo. Descobrindo a grande
pobreza espiritual de seus fiéis e várias dificuldades no anúncio da
mensagem evangélica, elaborou e editou "Catecismo", que teve a tiragem
de mais de cinqüenta mil exemplares.
Para os jovens, preparou e editou "Conselhos e admoestações".
Valorizando muito os sacramentos, especialmente o da eucaristia, iniciou
na arquidiocese de Lwow a prática da primeira comunhão comunitária para
as crianças. Foi também o grande propagador de lembranças da primeira
comunhão e do sacramento da crisma. Padre Sigismundo nunca excluiu
ninguém de sua ação de caridade, dedicando-se, especialmente, aos
marginalizados pela sociedade e aos doentes vítimas de cólera.
Em 1877, padre Sigismundo iniciou suas atividades sacerdotais e
beneficentes em Lwow, e como vigário assumiu o trabalho de catequista em
várias escolas, continuando, sempre, o seu trabalho de editor e
redator. Preparou e editou "Princípios e normas de boa educação" para os
pais e educadores. Publicou, também, muitos artigos, principalmente
pastorais, sociais e pedagógicos. Criou a "Sociedade Bom Pastor", para
auxiliar os sacerdotes, e fundou a Casa de Trabalho Benévolo, para os
mendigos. Como consta nos relatórios dessa Casa, "muitos pobres
abandonaram a mendicância e, recuperando a sua dignidade, voltaram à
vida decente".
O abrigo para incuráveis e convalescentes foi uma obra de misericórdia
cristã em resposta às necessidades de pessoas sofredoras e doentes,
vítimas de uma lei do governo que obrigava os enfermos a abandonarem o
hospital após seis semanas de internação, independentemente do estado de
saúde. Escreveram na época: "Quando ninguém soube acolher os infelizes e
doentes desenganados... ele pensou em construir um abrigo aos
infelizes".
Não se pode esquecer do "Instituto Menino Jesus" para as mães solteiras e
as crianças abandonadas. Atuou, ainda, na Sociedade de Santa Salomé,
auxiliando as viúvas pobres com seus filhos, e também na Sociedade das
Costureiras Pobres. Foi co-fundador da Associação das Sociedades
Beneficentes na Galícia, que coordenava e dirigia todas as obras cristãs
de misericórdia.
A fundação da escola e publicação do jornal enfrentaram grande oposição
dos inimigos da Igreja, o que proporcionou muitas aflições, sofrimentos,
incompreensões e humilhações ao padre Sigismundo, praticamente até a
sua morte.
Em 17 de fevereiro de 1884, fundou a Congregação das Irmãs de São José -
Irmãs Josefinas para dirigir as suas obras beneficentes. A Congregação
das Irmãs de São José, fiel ao carisma de seu fundador, dirige
institutos educacionais, engaja-se no trabalho catequético, serve aos
doentes, sofredores e vítimas de todo tipo de pobreza. A congregação
atua na Polônia, Alemanha, França, Itália, Ucrânia e nas missões da
África e da América do Sul.
Sigismundo Gorazdowski morreu no dia 1o de janeiro de 1920, em Lwow. Na
época, dizia-se que ele era "o olho do cego, a perna do coxo e o pai dos
pobres". Seu processo de beatificação foi iniciado em 1989. No dia 26
de junho de 2001, o santo padre João Paulo II beatificou esse apóstolo
da misericórdia divina, cuja memória é celebrada no dia 26 de junho. No
dia 23 de outubro de 2005, foi declarado santo pelo papa Bento XVI.
São Sigismundo Gorazdowski, rogai por nós!